Boa noite amigos, estou adquirindo um cronográfo Cyma watersport para restauro, porém está faltando a tige, que segundo o proprietário é uma tige dupla. A máquina é um Voljoux 22 calibre 4004 ou 404 não sei bem ao certo. Ele me disse que procurou em vários lugares e não encontrou, e isso desmotivou o restauro. Essa informação realmente procede?? Caso afirmativo alguém sabe onde posso encontrar a tige ???
Obrigado
Orestes
Boa noite, Orbu!
Amigo,
As informações que você tem, ou que nos passa, estão um tanto confusas (não entenda como crítica - mas apenas como uma orientação, ok?)
Tente conseguir (ou confirmar/corrigir) com mais exatidão modelo do movimento e peças (no caso a tige).
E, a propósito, sendo mesmo um Valjoux 22, e sua tige de fato "bipartida" (como este tipo de construção é conhecido no jargão horológico). Ela na verdade é constituída de duas partes, encaixáveis.
A referência desta peça (a tige, ou "stem" em inglês) é W1189.
E o seu aspecto físico é assim...
(http://i.ebayimg.com/00/s/MTIwMFgxNjAw/z/sZQAAMXQIfJRFdxx/$(KGrHqJHJFUFEMMhK4EHBRFd)wfoU!~~60_35.JPG)...(http://i.ebayimg.com/00/s/MTIwMFgxNjAw/$(KGrHqRHJC!E+,I081v)BP2tges4Pg~~60_35.JPG)
Eu espero ter apenas ajudado e não confundido... ;)
Procurando nas boas fornituras deve ser possível obter a tige.
Abraço!
Alberto
PS:
Ao ler os posts do Adriano e do Douglas eu editei porque a minha frase estava imprecisa e/ou apenas parcialmente informativa.
Podendo daquela forma anterior causar mais "confusão" do que informação.
Grato aos amigos!
Certifique-se de que é mesmo necessária uma tige bi-partida. Ela é uma tige desmontável, usada normalmente em caixas monobloco, ou seja, aquelas que não possuem abertura pela traseira, tipo os Omega Dynamic da década de 1970 e os Mido Commander clássicos. Como o botão ou parafuso que libera a tige fica na parte traseira do mecanismo, não se tem acesso à ele até que o mecanismo seja removido, e como para remover o mecanismo ele precisa estar sem a tige, usa-se esse tipo de tige, chamada tige dupla ou tige bi-partida. É uma tige que se desmonta se puxar ela além do último estágio. Uma parte fica no mecanismo e a outra na coroa.
Você sabe dizer se seu relógio tem tampa traseira? Pois se possuir, não vejo razões para ser usada uma tige bi-partida, que é bem mais difícil de se conseguir que uma comum, ainda mais para um mecanismo antigo assim.
Abraços!
Adriano
Via de regra a tige para o calibre Valjoux 22, não é bi-partida.
De resto, é tudo exatamente como o Adriano escreveu ;)
Se for possível, poste uma foto deste crono para nós, pois existe sim um modelo antigo de cronógrafo Cyma que possui um sistema de abertura antigo por quatro parafusos....o que não chega a ser monobloco, portanto, sem necessidade da tal tige.
Abs
Gravina
Cyma - Watersport - caseback
(http://i27.photobucket.com/albums/c195/Gravina123/65-var-scene-3-full_zpswibuim2t.jpg~original) (http://s27.photobucket.com/user/Gravina123/media/65-var-scene-3-full_zpswibuim2t.jpg.html)
fonte: Style in Time
Abs
Gravina
Amigo Gravina, eu já creio que, se a caixa for desse modo, ela tem que ser bi-partida sim. Apesar de não dar para chamar essa caixa de monobloco, na prática ela funciona igual. Esses parafusos soltam apenas a carrure. O mecanismo continua dentro desse "bloco/tampa" e não se consegue acesso à parte traseira para soltar o parafuso que libera a tige. E desse modo, a tige precisa ser bi-partida.
Existem exceções, como alguns Seiko que possuem a caixa desse mesmo tipo, mas a tige é liberada por uma alavanca que consegue-se ter acesso "por cima" do mecanismo. Mas não é o caso do Valjoux 22. Idem para alguns Constellation retangulares/quadrados cuja caixa é assim também, calibres 1012 salvo engano (ou outro série 1000), as tiges são bi-partidas.
Então se for esse o caso, de uma caixa assim, acredito sim que a tige tem que ser a bi-partida.
Abraços!
Adriano
Boa tarde caros amigos, as explicações foram de grande valia.
O modelo é este mesmo prezado Gravina, porém Adriano, é possível acessar a máquina conforme fotos que o proprietário me mandou, que vou postar o mais breve possível. Gostaria muito de deixar ele na condição original, por isso a preocupação em encontrar a tige, que é na verdade a única peça que falta. Só não sei dizer se o valor a ser pago + peça (tige) compensa.... Ouvi dizer que os cronos da Cyma são raros, mas não tenho a espertize no assunto.
Obrigado a todos pela ajuda e aulas gratuitas.... :D
Abraço a todos
Orestes
Para verem como é o Brasil... Sendo financeiramente viável, a falta de tige não seria empecilho para restauração em lugar algum do planeta, eis que uma das peças mais simples para se fazer num torno. Falo sério, fazer uma tige é coisa de relojoeiro principiante na gringa. Repito, sendo economicamente viável, isso não poderia nunca impedir uma restauração. Flávio
Boa tarde!
Apenas para tentar ilustrar com este meu Seiko, para os que não conheciam o sistema de tige bipartida.
Portanto apenas mais um exemplo daquilo que nós estamos falando sobre as tiges.
(http://img.photobucket.com/albums/v655/alobr/FORUM/Seiko251904b.jpg)
SEIKO 2519-0151R
(http://img.photobucket.com/albums/v655/alobr/FORUM/Seiko251905c.jpg)
(http://img.photobucket.com/albums/v655/alobr/FORUM/Seiko251906.jpg)
Abraços a todos!
Alberto
Citação de: Adriano online 02 Setembro 2015 às 12:04:57
Amigo Gravina, eu já creio que, se a caixa for desse modo, ela tem que ser bi-partida sim.
;) Valeu Adriano!
(http://i27.photobucket.com/albums/c195/Gravina123/001_zpsyaazmeew.jpg~original) (http://s27.photobucket.com/user/Gravina123/media/001_zpsyaazmeew.jpg.html)
Posso estar errado, mas se eu tivesse uma aula de como fazer uma tige, e algumas horas de empenho, já conseguiria fazer algo. ??? ???
Já uma bi-partida, não sei!
Abs
Gravina
Pois é, meus caros...
É um bom debate este. ::)
Como disse o Flavio, não é coisa tão difícil assim.
Mas, a bem da verdade, este é um dos grandes problemas para os que gostam dos vintages, já que em geral eles já não dispõem mais (ou é difícil conseguir) de peças novas para reposição.
Seja bipartida ou não, tendo a técnica e as ferramentas, um relojoeiro mediano poderia fazer, pois não se trata de uma daquelas peças assim tão "complexas", se é que eu me faço entender.
Claro que aqui no Brasil as dificuldades são muitas, mesmo entre os relojoeiros mais respeitados.
Falta muita coisa, inclusive se me permitem dizer (embora com o respeito que eles me merecem), fora do ambiente das empresas especializadas (ou seja as autorizadas) falta formação, e há muito "autodidatismo".
Pois bem,...
Eu, apenas a título de ilustração, vou mencionar um fato...
Tempos atrás, o nosso colega Wilson, que é relojoeiro, fez a adaptação (uma "gambiarra" assumida) de uma tige bipartida, e a ideia dele foi mostrar a possibilidade (e superar a dificuldade).
Infelizmente eu não consegui localizar o tópico, que se não serve como exemplo de técnica acadêmica, serve como demonstração do que a "criatividade" pode fazer... Ou força a fazer...
Isso se a tal "criatividade" for exercida, com respeito e consciência, por alguém bem intencionado, e conhecedor das suas limitações materiais, bem entendido.
Mas, evidentemente isto apenas enfatiza o real problema, a falta de materiais (oficinas bem equipadas com ferramentas) e formação técnica formal.
Abraços!
Alberto
Citação de: Alberto Ferreira online 02 Setembro 2015 às 13:38:47
Pois bem,...
Eu, apenas a título de ilustração, vou mencionar um fato...
Tempos atrás, o nosso colega Wilson, que é relojoeiro, fez a adaptação (uma "gambiarra" assumida) de uma tige bipartida, e a ideia dele foi mostrar a possibilidade (e superar a dificuldade).
Infelizmente eu não consegui localizar o tópico, que se não serve como exemplo de técnica acadêmica, serve como demonstração do que a "criatividade" pode fazer... Ou força a fazer...
Isso se a tal "criatividade" for exercida, com respeito e consciência, por alguém bem intencionado, e conhecedor das suas limitações materiais, bem entendido.
Olá Alberto,
O tópico seria esse?
http://arquivo.relogiosmecanicos.com.br/082/01.htm (http://arquivo.relogiosmecanicos.com.br/082/01.htm)
Abs,
É... Mas ao que parece foi feita uma gambiarra, porque mesmo nos livros práticos de relojoaria (o do De Carle é um exemplo), a fabricação de uma tige (ou um pivô), é o "bê a bá" do torno de relojoeiro. É a primeira coisa que um relojoeiro construtor aprende, porque simples. Basta analisarem a construção de uma tige. É apenas um cilindro metálico cuja bitola tem que ser reduzida em determinados espaços, com uma seção quadrada ao final. Acho que a principal dificuldade reside aí, porque para cortar o cilindro ao meio, certamente deve existir uma ferramenta ou "chuck" adequado, no próprio torno. Como disse, tudo tem que ser economicamente (ou sentimentalmente) viável, mas isso é trabalho para pouco tempo no torno. O que falta no Brasil, pois, é ferramental e técnica, porque um relojoeiro de WOSTEP deve aprender a fazer isso na primeira aula de torno, falando sério.
Flávio
E quantos relojoeiros vocês conhecem, aqui no Brasil, que têm um torno em sua oficina?
Alberto
Pois então... É o mesmo que você chegar a uma loja de troca e balanceamento de rodas e eles não terem... A máquina de balanceamento.
Curiosidade que tenho Adriano: na Watchtime há algum cara que maneja razoavelmente bem (muito bem nem ouso perguntar, com o devido respeito...) um torno?
Flávio
Sim Flávio, temos um relojoeiro no Rio e pelo menos um em São Paulo, além do próprio Mauro, que usam bem o torno. O torno tem diversas funções em uma oficina.
Abraços!
Adriano
Bom saber!!! E, aliás, tem como perguntar aí para "os mano" como se corta uma tige ou peça semelhante, com a precisão necessária? É no torno mesmo, com um adaptador, ou precisa de outra ferramenta?
Flávio
Citação de: Bernardo online 02 Setembro 2015 às 14:16:16
Olá Alberto,
O tópico seria esse?
http://arquivo.relogiosmecanicos.com.br/082/01.htm (http://arquivo.relogiosmecanicos.com.br/082/01.htm)
Abs,
Obrigado, Bernardo!
Na verdade, no tal post que eu lembrava (muito antigo) eu pensava ter visto ele mostrar algumas fotos do procedimento de "criar" uma tige bipartida a partir da adaptação (modificação) de uma peça existente, mas eu posso estar enganado e o tal post ser mesmo este... ::)
Mas isto não importa.
Ao mencionar o fato eu não pretendi enfatizar o "quebra galho",
que eu ressalto bem aqui ter sido assim apresentado pelo próprio Wilson, um "quebra galho".
Portanto o que eu apenas quis comentar foi que a fabricação de uma tige não é mesmo nada de tão complicado assim, como já dito, é algo bastante básico para um relojoeiro formado e equipado.
Mas certamente desde que pelo menos exista na oficina um torno adequado
para a construção de peças (ou seja, com os implementos necessários) e obviamente alguém bem treinado para poder usá-lo.
Abraços!
Alberto
Boa tarde amigos, fico feliz que este tópico tenha levantado tamanho debate. Para simples "mortais"
como eu, foi de grande valia....
PS: É a primeira vez que posto fotos, e estou com uma certa dificuldade... Estou usando o photobucket.
Tenho 4 opções de link para determinada foto, qual devo usar?
E quando uso o pré-visualizador a foto aparece?
Obrigado e desculpe as perguntas
Orestes
Citação de: orbu online 02 Setembro 2015 às 18:58:46
Boa tarde amigos, fico feliz que este tópico tenha levantado tamanho debate. Para simples "mortais"
como eu, foi de grande valia....
PS: É a primeira vez que posto fotos, e estou com uma certa dificuldade... Estou usando o photobucket.
Tenho 4 opções de link para determinada foto, qual devo usar?
E quando uso o pré-visualizador a foto aparece?
Obrigado e desculpe as perguntas
Orestes
No photobucket copie o link sob o nome "Direct" e para inserir no post, clique no botão de imagem e cole o link entre os colchetes.
Boa noite amigos, segue algumas fotos do cyma
(http://i1283.photobucket.com/albums/a545/Orestes_Buzatto/cyma/3%20-%20IMG_1928_zpssst3sc85.jpg)
(http://i1283.photobucket.com/albums/a545/Orestes_Buzatto/cyma/2%20-%20IMG_1927_zpsa8iz5q4h.jpg)
(http://i1283.photobucket.com/albums/a545/Orestes_Buzatto/cyma/4%20-%20IMG_1929_zpsgqv6gbuy.jpg)
Ficou evidente aí que o uso da tige bi-partida é obrigatório.
É frequente que relojoeiros por aí botem tiges normais nesses relógios. Ela serve, e entra. Só que quando precisar abrir o relógio, tem que puxar a tige até quebrar o tirete, e, com sorte, só quebrar a flange da tige. Canso de quebrar tirete de Mido Commander pois é o único jeito de abrir o relógio para fazer um orçamento, quando algum porcalhão já mexeu nele antes e meteu uma tige normal. Naturalmente por ser uma adaptação, orço e cobro do cliente um tirete novo. Mas se ele reprovar, além de não cobrar o orçamento, temos que botar um tirete novo obviamente sem custo. É só prejuízo, por mais que um tirete de 2824 custa uma merreca.
Agora, se a gambiarra for em um relógio mais caro e perceber que a tige desmonta, nem prosseguimos com o orçamento. Comunicamos o cliente de que há uma peça adaptada e que só vai sair quebrando. Se ele quiser que prossiga, é por seu risco, sabendo que se aprovar, vai pagar pela peça, e se reprovar vai receber o relógio de volta quebrado. Se não quiser correr o risco, passar bem.
Abraços!
Adriano
Amigos Flávio, Alberto e Adriano
O Eriton (Carpinobilis) tem um torno na oficina dele. Não sei sobre o manuseio específico, mas ele é um cara dedicado, bom (faz um polimento impecável), e tem conhecimentos. Acredito que deva "mandar bem" no torno também.
Fica aí uma dica para o amigo Orbu.
Sds a todos
Citação de: flavio online 02 Setembro 2015 às 16:05:00
Bom saber!!! E, aliás, tem como perguntar aí para "os mano" como se corta uma tige ou peça semelhante, com a precisão necessária? É no torno mesmo, com um adaptador, ou precisa de outra ferramenta?
Flávio
A tige não é algo que precise de uma precisão absurda para cortar pois você consegue dar frações de milímetro na distância dela ao dar mais ou menos aperto dela na coroa. Por isso corta-se com alicate mesmo e afia-se a ponta cortada para não deixar rebarbas que possam danificar a rosca da coroa.
Nada complicado.
Abraços!
Adriano
A pergunta se referia a cortar no sentido como foi entendido pelo Adriano, ou usinar, ou seja, fabricar a peça?
Alberto
Perguntei sobre o corte longitudinal específico dessa peça, mas não sei como isso pode ser feito com alicate. Flávio
Com um alicate de corte, mais ou menos como este...
(http://www.lojadomecanico.com.br/imagens/2/468/2358/Alicate-de-Corte-Diagonal-612-Pol-Profis-robust-815-612-1.JPG)
Depois, como disse o Adriano, acerta-se (apara-se) a ponta com uma lima, só para não forçar os fios de entrada da rosca da coroa.
Alberto
Então estamos falando de coisas completamente diferentes. Refiri me à seção cortada do eixo. Flávio
Do "eixo" onde está a rosca da tige?
Se sim, eu estou falando da mesma coisa.
Alberto
Alberto, refiro-me ao corte longitudinal da própria peça, que caracteriza essa tige. Isso não dá para fazer com alicate, isso é coisa de torno. Não estou falando do corte final da peça para separá-la no "restante" de metal que, aliás, também acho incorreto fazer com alicate, uma vez que o adequado é tornear até o final e separar as peças. Repito, refiro-me ao corte longitudinal que caracteriza essa peça, permitindo o encaixe futuro à coroa.
Flávio
Sim, agora eu entendi.
A minha confusão foi porque o Adriano falava do corte da tige inteiriça, e não da bipartida, e quando você mencionou " corte longitudinal" eu não peguei o seu ponto.
Sim, aquele corte não pode ser feito com nenhum alicate, necessita uma ferramenta especial.
Eu nunca vi a operação sendo feita, mas apenas imagino que seja com algum tipo de serra (ou disco de corte), provavelmente rotativa.
Certamente um implemento do torno.
O corte com alicate, como mencionado pelo Adriano, seria para deixar a tige inteiriça (já pronta, portanto) no tamanho adequado, para a montagem no movimento/coroa.
Alberto
Citação de: flavio online 02 Setembro 2015 às 15:52:35...Curiosidade que tenho Adriano: na Watchtime há algum cara que maneja razoavelmente bem (muito bem nem ouso perguntar, com o devido respeito...) um torno?...
Flávio
Se na autorizada AP, Hublot, Breguer etc. não tiver o "muito bem"... melhor fechar...
Citação de: FALCO online 03 Setembro 2015 às 20:16:40
Se na autorizada AP, Hublot, Breguer etc. não tiver o "muito bem"... melhor fechar...
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Fabricar peças, hoje, em uma autorizada como a WT, é um recurso que se utiliza uma vez a cada 10.000 consertos. Não é modo de dizer, é fato, é raríssimo precisar de uma peça que não exista mais. Isso ocorre, quando ocorre, só com restaurações.
Nunca vi um relojoeiro precisar de uma tige bi-partida que não fosse possível encontrar em uma fornitura. Tentar fazer uma peça que existe, é, no mínimo, burrice.
E já que mencionaram, sabe qual a utilidade de um relojoeiro que saiba manejar bem um torno em uma autorizada AP, Hublot e Breguet? Zero. Absolutamemte zero. Hublot, desnecessário dizer o motivo. Não existe Hublot que não existam peças. E se aparecer um Breguet ou AP tão antigo a ponto de precisar disso, certamente ele nem poderia passar por manutenção fora da Suíça.
Agora, já que a conversa claramente descambou para o tom escroto de sempre, o padrão, eu aproveitaria para dizer que pensar que um relojoeiro que saiba manejar um torno seja garantia de suas habilidades gerais como relojoeiro reparador nos moldes necessários para uma assistência autorizada moderna é muita inocência ou muita falta de conhecimento de relojoaria.
Primeiro porque simplesmente não é. Nada garante que o cara que saiba fazer uma tige no torno saiba revisar sequer um 7750, quanto mais um Breguet ou um AP. É uma habilidade útil em 0,0001% dos consertos. É uma habilidade que beira a inutilidade em uma assistência nos moldes da WT. A necessidade é de quem saiba fazer os relógios que entram todos os dias e tenha qualidade técnica e estética. Esses são os pré-requisitos.
Cara, por que raios eu perco meu tempo falando dessa merda? Por que raios eu perco meu tempo por aqui, ainda mais quando o papo vai para esse nível?
Pronto, agora podem vomitar as lamúrias e queixumes no Whatsapp.
Adriano
Adriano, pelo post do Falcão o que "EU" entendi é que ele quis qualificar a WT como uma excelente assistência técnica, acho que foi isso, pelo menos foi isso que eu senti na postagem dele.
Fica a dica do Estrela, sente em uma varanda (se não tiver, serve um banco de praça mesmo, fazemos isso direto aqui) acenda um belo Cubano e relaxxx, a vida é curta e as vezes as palavras não conseguem "mostrar" o real sentido do texto ok.
Adriano, pela primeira vez eu também não concordo com seu ponto de vista, e olha que costumo concordar com todos. Qual o melhor lugar, por exemplo, para fazer uma revisão num porsche? Na autorizada porsche ora, pois possuem total acesso a peças e equipamentos e, então, basta o mecânico seguir um padrão razoável que terá sucesso no reparo. Aliás, um colega meu de Brasília tinha um e o vendeu porque certo dia deu um pau na central eletrônica e ele teve que mandar o carro para são Paulo para simplesmente conectar o troço num computador e ajustar novamente. Hoje há autorizada aqui, mas na época nem o melhor mecânico do mundo conseguiria reparar o carro, eis que necessário não o conhecimento, mas acesso a programações que apenas a fábrica possuía. Ou seja, não é demérito com as autorizadas que não exista um relojoeiro com total conhecimento de tornos, pois a proficiência, na autorizada, não é mesmo requerida. Mas sejamos honestos, um mecânico que construiu carros para o piquet aqui em Brasília conseguirá trabalhar fácil numa autorizada porsche, mas o mecânico autorizado, por outro lado, não conseguirá construir um carro. A discussão é apenas de proficiência e necessidade, naquele trabalho, de tal proficiência. E nada além disso. Flávio
Pô, o tópico estava indo tão bem, técnico, explicativo, ontem mesmo eu ia comentar o quanto eu tinha achado interessante as explicações dadas aqui e elogiar, mas como não tinha nada a acrescentar na minha "ingnorãncia" preferi ficar quieto na minha sem dar pitaco. Uma pena ter desandado......
abraços
Basta voltarmos aos trilhos da discussão. Flávio
Citação de: flavio online 04 Setembro 2015 às 09:59:07
Basta voltarmos aos trilhos da discussão. Flávio
Sim, fácil.
Citação de: Adriano online 04 Setembro 2015 às 09:13:59
.. eu aproveitaria para dizer que pensar que um relojoeiro que saiba manejar um torno seja garantia de suas habilidades gerais como relojoeiro reparador...
Adriano
100% de acordo!
Abs
Gravina
Pois é eu esqueci que aqui no fórum o problema é dos olhos de quem lê, não das mãos de quem escreve.
Respondendo então diretamente à resposta do Flávio, e entendendo que um cara que maneje muito bem um torno seja um cara que domine o instrumento de cabo a rabo como orienta o livro do De Carle ou do Archie Perkins, certo? Então a resposta é não, não conheço nenhum. E segundo a opinião grosseira do Falco (ops, desculpem, a grosseria está nos meus olhos, esqueci), assistência AP, Breguet e Hublot deve fechar as portas. Procurem um profissional assim então na Rolex e na Breitling, quem sabe.
E Flávio, você está me dizendo então que você mandaria um Omega calibre 9300 para o Alberto pivotador revisar, numa boa, né? Que ele vai tirar de letra né, afinal, ele pivota tudo em um torno (e é a ele a quem recorremos corriqueiramente para serviços de eixos).
Você acha mesmo que a sua analogia é precisa, e que um mecânico, seja quem ele for ou quando ele fez isso, mas que construiu carros para o Piquet, com certeza absoluta saberá pegar o computador de diagnósticos da Porsche, todo em inglês, provavelmente, ligar em um 911 ano 2015 e escanear a central eletrônica por problemas? Sim, ele talvez saberá preparar um pistão para esse carro, coisa que será necessária uma vez a cada 1000 reparos, mas saberá mesmo lidar com todas as ferramentas de diagnóstico modernas, por dedução, sem treinamento?
Enfim, a resposta é não, acho que não tem cara no Brasil que domine um torno de relojoeiro como um relojoeiro formado na Suíça domine. Quando o Brasil tiver pelo menos um WOSTEP, esperamos a primeira turma se formar, e depois de uns 5 anos de formados, voltamos a conversar sobre o assunto. Quem sabe as notícias serão mais positivas para quem espera esse nível de proficiência na relojoaria no Brasil.
Pode não ser demérito para você que a autorizada AP, Breguet e Hublot não possua um profissional assim, mas aparentemente para outros, é. Fecha, ninguém lá sabe o que faz mesmo e suas famílias não dependem do trabalho difícil e honesto que lá é feito.
Preciso começar a dar minha opinião sobre a profissão dos outros aqui no fórum, como esse mesmo tom. Vamos ver quanto tempo vai demorar para dar uma treta.
Abraços!
Adriano
O tópico está bem legal, vamos seguir em frente.
Citação de: Gravina online 04 Setembro 2015 às 10:07:36
100% de acordo!
100^10 de acordo!
Citação de: flavio online 04 Setembro 2015 às 09:59:07
Basta voltarmos aos trilhos da discussão. Flávio
De acordo novamente!
PS.: Se precisar operar um torno ou um centro de usinagem é só me falar, agora, se for para reparar um relógio, não conte comigo...kkkk
E vou reiterar a pergunta, aqui isoladamente, para ela ficar clara: levante a mão quem acha que o famoso pivotador de São Paulo é capaz de revisar um Omega 9300 com a qualidade exigida pela Omega, com tranquilidade?
Alguém já parou para pensar se os treinamentos e testes qualificatórios da Omega, AP, Hublot, Breguet, Zenith, Parmigiani requerem que o relojoeiro sequer saiba ligar um torno na tomada? Ou se algum delegado técnico internacional que auditou e autorizou essas autorizadas sequer perguntou se ali havia um torno?
Abraços!
Adriano
Citação de: Adriano online 04 Setembro 2015 às 10:22:39
E vou reiterar a pergunta, aqui isoladamente, para ela ficar clara: levante a mão quem acha que o famoso pivotador de São Paulo é capaz de revisar um Omega 9300 com a qualidade exigida pela Omega, com tranquilidade?
Abraços!
Adriano
O famoso pivotador de SP é meu amigo, então posso dizer: Ele não é relojoeiro, ele mesmo sabe disso.
Ele não faz revisão em relógios.
Por outro lado, relojoeiros, penso, queriam ter a habilidade dele..........se eu fosse relojoeiro, gostaria de ter... ;) ;D
Sem dúvida! E não têm, por isso recorremos tão frequentemente aos seus serviços! Esse é o ponto, são habilidades diferentes, eu creio, ainda que seja, idealmente, complementares. Mas relojoeiro ou relojoaria nenhuma fecha a porta se não tiver essa capacidade.
Abraços!
Adriano
Citação de: cesar online 04 Setembro 2015 às 09:56:01
Pô, o tópico estava indo tão bem, técnico, explicativo, ontem mesmo eu ia comentar o quanto eu tinha achado interessante as explicações dadas aqui e elogiar, mas como não tinha nada a acrescentar na minha "ingnorãncia" preferi ficar quieto na minha sem dar pitaco. Uma pena ter desandado......
abraços
+1 :(
Ainda que seja tarde;
Orbu, obrigado por compartilha sua peça.
Adriano, valeu pela aula.
Abs
Boa tarde Amigos....
Diga-se de passagem, foi um bom tópico :D
Mas na verdade o que eu gostaria de salientar é que gosto das peças como elas devem ser, longe de "gambiarras" ou adaptações.....
Não sou profundo conhecedor da arte, mas estou aprendendo graças a disponibilidade dos SRs em dividir os conhecimentos ou situações vividas.
Antes de comprar uma peça para restauro, tento pesquisar se peças faltantes são encontradas, nem que demore algum tempo.
Dexei de comprar por uma micharia um Citizen Record Master para restauro completo pq estava faltando o ponteiro de segundos, sou iniciante e portanto não conheço profundamente o caminho do sucesso....
Mas acredito que quando se compra um relógio para restauro, ele tem que chegar o mais próximo possível de qdo saiu de fábrica....
Abraço a todos
Orestes
Citação de: Adriano online 04 Setembro 2015 às 10:43:52
Sem dúvida! E não têm, por isso recorremos tão frequentemente aos seus serviços! Esse é o ponto, são habilidades diferentes, eu creio, ainda que seja, idealmente, complementares. Mas relojoeiro ou relojoaria nenhuma fecha a porta se não tiver essa capacidade.
Abraços!
Adriano
Para mim, isto está muito claro. Na minha empresa de Consultoria temos os profissionais que fazem parte do nosso core business: Estratégia, Finanças e Processos de Negócios. Os demais, RH, Produção, etc., temos parceiros porque as oportunidades que surgem são poucas e fogem da nossa expertise. É uma questão de perfil, foco e habilidades. Perfeito Adriano!
Olha, a grande crítica que se faz atualmente aos cursos de relojoaria na Suíça (e seu equivalente em Glashutte), é que são excessivamente complexos e duradouros para o que a indústria realmente precisa. Afinal, às vezes o cara senta a bunda na escola, estuda 4 mil horas, uns 5 anos, sai de lá sabendo fazer um relógio de cabo a rabo e... É empregado na indústria para no máximo montar, e quando digo montar, falo repetir tarefas relativamente simples numa linha de produção.
Numa série de livros que tenho aqui sobre a indústria Alemã, a briga entre os professores e empresas sempre foi quanto ao currículo. As empresas queriam currículos enxutos, já especializações, que ensinassem o cabra a fazer tarefas mais simples e, assim, que ele pudesse ser rapidamente absorvido pela empresa rapidamente.
A tônica atual das empresas, pois, é reduzir o ensino ao estritamente necessário para que aquele relojoeiro realize determinada função. Rápido, barato e eficaz.
Por outro lado... Por outro lado, outro dia li uma entrevista com o Roger Smith, que disse que todos os seus 3 ou 4 funcionários, conquanto especialistas durante determinado tempo em alguma parte da produção, tem que passar por todos os estágios. Ele disse que o relojoeiro que trabalha com ele tem que ser capaz de fazer tudo, muito embora não vá fazê-lo no "daily basis", porque pode se isso não ocorresse, a mera demissão de um dos responsáveis por determinado setor em sua empresa (ou atelier, como queiram...), travaria toda produção.
Então chego à conclusão. Uma assistência técnica, e a linha de produção que até mesmo é a tônica da indústria suíça, na qual especialistas constroem determinadas partes que, depois, unem-se num todo, funciona muito bem, até melhor do que com um clínico geral que faz tudo.
Porém, contudo, no entanto, é simplista dizer isso. Um relojoeiro do WOSTEP, como citado acima, seria uma boa aquisição em qualquer assistência autorizada do planeta, isso é fato.
Portanto, reitero o que disse acima, que em nenhum momento mostrou-se demérito para com as assistências daqui. Porém, o que vem além, em qualquer meio, é sempre bem vindo. E repito: não só numa loja de reparos de relógios, em qualquer profissão.
Flávio
Citação de: Adriano online 04 Setembro 2015 às 09:13:59...Cara, por que raios eu perco meu tempo falando dessa merda? Por que raios eu perco meu tempo por aqui, ainda mais quando o papo vai para esse nível?...Adriano
Adriano, você não entendeu nada do que eu disse... Não estou dizendo com isto que a culpa disto seja sua... Minha opinião grosseira foi uma reação à uma pergunta grosseira (mas esta só eu não gostei, pelo jeito).
Pela consideração que tenho por você, vou escrever mais estas linhas:
Eu tenho certeza que a WT tem profissionais capazes de usar um torno muito bem. Certeza! Com isto não estou dizendo que eles sejam capazes de curar o câncer com esta ferramenta - até porque quem entende um pouco de mecânica sabe que um torno é uma ferramenta bastante limitada - mas operar muito bem, certeza!
Se eu encerrar aqui com um "com o devido respeito..." tudo fica bem?
Falco, eu certamente não entendi assim a sua mensagem. Mas direi, também pela sincera consideração por você, que aproveite para refletir o seguinte: você se conhece melhor que ninguém, e sabe a maneira como escreve. Você é um cara EXTREMAMENTE gentil, educado e cortez pessoalmente, inacreditavelmente diferente, e ao inverso, da maneira como escreve. Reflita se a má interpretação não vem daí. Numa boa.
Explicação aceita, de todo modo.
Abraços!
Adriano
Citação de: Adriano online 04 Setembro 2015 às 21:11:27
"Você é um cara EXTREMAMENTE gentil, educado e cortez pessoalmente, inacreditavelmente diferente, e ao inverso, da maneira como escreve. Reflita se a má interpretação não vem daí. Numa boa."
Creio que têm muitos assim aqui. Pessoalmente tudo muda, inclusive as diferenças e as animosidades são anuladas.