Li agora um texto numa revista e resolvi compartilhar alguns fatos sobre o assunto.
- Antigamente, a única possibilidade de se saber as horas no escuro era através dos relógios com repetição e, para dizer a verdade, várias fábricas, talvez não atentas à revolução que ocorreria no final do século XIX e XX, a eletricidade e luz em todas as ruas, se enveredaram por esse caminho, como a Le Phare. Claro que, com a descoberta da radioatividade, isso mudou.
- Misturando rádio, que era extraído da mineração de urânio (mas se mostrava um milhão de vezes mais radioativo) e o misturando com sulfureto de zinco, obtinha-se luminosidade. Na época, como várias coisas que já vi anunciadas, como a Cocaína da Bayer, acreditava-se que o rádio curava tudo quanto é tipo de doenças e era inofensivo. Bem, a história mostrou outra coisa... Mas nessa época, a indústria utilizava muito o material, e vale a pena citar o Luminor da Panerai, que tinha por base rádio.
- Lá pelas tantas, o uso de rádio e seus perigos tornou-se conhecido e as empresas o abandonaram (isso apenas a partir da década de 1960!). Aliás, nessa época relógios de uso militar ainda usavam rádio, como os Blancpain, sendo que as versões civis não, tendo um símbolo advertindo quanto a isso.
- O rádio, então, foi substituído pelo trítio, um subproduto de fissão nuclear em reatores. Hoje também não é mais usado, salvo na forma de gás encapsulado em vidro, como usado nas marcas Luminox e Ball.
Quem fabrica é a Trigalight
http://www.trigalight.com/
- Com uma vibe de evitar tudo que fosse radioativo, ainda que o trítio pudesse ser considerado inofensivo, já que suas partículas se desintegram após pouca distância da emissão, a indústria buscou alternativas. Encontrou-a numa empresa que usava Aluminato de Estrôncio misturado com Diprósio como componente luminoso para placas, etc, chamada RC Tritec. Japoneses de uma empresa chamada Nemoto adicionaram mais Diprósio e criaram um componente chamado Luminova.
http://www.rctritec.com/index.php?id=3
- Mas não é esse componente que veio parar nos relógios. Juntamente com suíços, a Nemoto fez uma joint venture e criou a Luminova AG suíça, que desenvolveu um novo componente, o Super Luminova. Só a partir de 1994 as empresas suíças, começando com o Swatch Group, começaram a usá-lo. Hoje, o componente pode ser fabricado em qualquer cor, mas somente emite luz azulada ou verde.
- Cada mostrador de relógio tem em média 4 miligramas do material, uma quantia reminiscente da época dos materiais radioativos. Só permitiam isso... Cada GRAMA custa 43 francos suíços, mais caro do que ouro.
- Ao contrário do imaginário popular, pouquíssimas, para dizer nenhuma manufatura, aplica os luminosos nos seus mostradores. Há apenas 10 workshops na Suíça que fazem isso e recebem os mostradores já prontos das fábricas. O trabalho, pois, não admite erros, mas os preços cobrados não são absurdos, razão pela qual a indústria, seguindo o conceito de "etablisage" que já abordei alhures, prefere a especialização a integração.
Flávio
Bacana Flavio, valeu por compartilhar!
abraços
Sensacional!
Excelente !!!
Parabens Flávio. Mais materias como essa e menos mimimi no Frm
muito interessante o assunto, parabéns pelo post.
Muito bom o artigo, Flávio.
Obrigado por compartilhar.
Davi
Show de bola como sempre.
Abraços,
Marcus Lucchezi
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Maravilha!
Muito obrigado Flávio.
Abraço
Show!! cada dia que passa aprendo algo novo aqui.
Abraços.
Muito bacana Flávio!!
Abraços,
André
Bom dia.
Complicado porém acrescentou conteúdo e conhecimento.
Continue assim, Flávio.
Abs.
500 mangos o último kit de Superluminova que comprei. A porra é cara mesmo.
Abraços!
Adriano
O aluminato usado com maior eficiência hoje, é dopado com disprósio e európio, além de alguns outros componentes para criar efeitos, então junto com os aglutinadores adequados. No caso dos mostradores deve ser utilizado algum aglutinador de melhor qualidade, já que deve durar muitos anos sem ser deteriorado com a luz UV. O aluminato em si não se deteriora tão facilmente, mesmo com exposição prolongada aos UV. Hoje esse material é facilmente encontrado para compra, nos sites internacionais até em grande quantidade, se quiser até mesmo por pessoa física. Quanto maior os grânulos dos cristais maior é a eficiência.
Para quem divida, esse produto pode até ser fabricado em casa, embora não recomendado em função dos contaminantes produzidos.
Quando me aventurei a montar um marina militare encontrei a venda varios tipos e varios preços. Tinha ate um pessoal colocava café na composição pra ficar meio old stile, é claro q isso tirava qualidade da luminosidade.
Citação de: rtakami online 12 Junho 2016 às 10:26:28
O aluminato usado com maior eficiência hoje, é dopado com disprósio e európio, além de alguns outros componentes para criar efeitos, então junto com os aglutinadores adequados. No caso dos mostradores deve ser utilizado algum aglutinador de melhor qualidade, já que deve durar muitos anos sem ser deteriorado com a luz UV. O aluminato em si não se deteriora tão facilmente, mesmo com exposição prolongada aos UV. Hoje esse material é facilmente encontrado para compra, nos sites internacionais até em grande quantidade, se quiser até mesmo por pessoa física. Quanto maior os grânulos dos cristais maior é a eficiência.
Para quem divida, esse produto pode até ser fabricado em casa, embora não recomendado em função dos contaminantes produzidos.
Essa a minha maior birra na indústria. Não há nada mais desagradável do que luminosos cuja resina amarela com o tempo e ficam com aquele visual "vintage". Eu, por exemplo, tenho um Speedy de 1998 cujos luminosos ainda estão "branquinhos", talvez por submetê-lo pouco ao Sol. Digo isso porque os contemporâneos ao meu que vejo estão com os luminosos todos amarelados e, ao contrário da "modinha" atual, de até mesmo já produzir o troço com ares vintage, eu não gosto.
Flávio
Citação de: flavio online 13 Junho 2016 às 14:36:25
Essa a minha maior birra na indústria. Não há nada mais desagradável do que luminosos cuja resina amarela com o tempo e ficam com aquele visual "vintage". Eu, por exemplo, tenho um Speedy de 1998 cujos luminosos ainda estão "branquinhos", talvez por submetê-lo pouco ao Sol. Digo isso porque os contemporâneos ao meu que vejo estão com os luminosos todos amarelados e, ao contrário da "modinha" atual, de até mesmo já produzir o troço com ares vintage, eu não gosto.
Flávio
+ 1!!!!!!
Luminova da década de 90 amarela mesmo. Amarela muito, em pouco tempo. Depois dos anos 2000 não mais.
Abraços!
Adriano
Boa noite,
Amigo Flávio, fiz questão de fazer o meu log in (pois custamo acompanhar o fórum anonimamente) para agradecê-lo pelas interessantíssimas informações. Não tinha noção do quão alto era o preço das luminescências...
Atenciosamente,
PF
Ótima matéria, muito interessante....o mundo horologico vai muito além dos mecânicos...!!
Gosto bastante desses pequenos detalhes.....!!
Super interessante essa matéria, apesar de bem técnica, como bem ponderou o amigo EJR.
Eu não sei nada sobre isso, então peço desculpas se for uma pergunta muito boba: suponhamos que eu tenha um relógio que já está pra fazer 30 anos de idade e que usava o trítio como composição luminosa. Atualmente, certamente ele já "se apagou". Há alguma forma de renovar esse brilho? Abraços!
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Muito obrigado por postar, aqui se aprende mesmo.
Abraços
Edgar
aluminosidade do SM 300 é espetacular.....
Citação de: aminger online 22 Agosto 2016 às 22:24:12
aluminosidade do SM 300 é espetacular.....
Realmente! O meu é de 2007 e brilha como uma lâmpada verde, hahaha
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Já era... O trítio é radioativo, então decai com o tempo. Para iluminar de novo, só se trocar o luminoso e...Não faça isso! Já me deparei até com luminoso de Rolex trocado e, claro, acabou com o relógio. Flávio
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Citação de: flavio online 22 Agosto 2016 às 23:24:20
Já era... O trítio é radioativo, então decai com o tempo. Para iluminar de novo, só se trocar o luminoso e...Não faça isso! Já me deparei até com luminoso de Rolex trocado e, claro, acabou com o relógio. Flávio
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Bom saber, Flávio!! Obrigado pelas informações!!!
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Já pensei diversas vezes em comprar o produto e recuperar por mim mesmo o lúmem dos meus relógios mais antigos, mas o medo de cometer um erro ou dano ao relógio ainda predomina....
Parabéns Flavio, ótima matéria
Pessoal, essa noite, na absoluta escuridão do meu quarto, eu consegui ver um mínimo (muito mínimo mesmo, que sequer permite dizer as horas) de luminosidade nos marcadores do meu sub 16610 1989! Achei curiosíssimo, porque são quase 30 anos de trítio, mas ainda há um resquício de luminescência!
Quis compartilhar esse fato curioso com os amigos! Bom final de semana a todos!
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Tenho um Constellation de 1973 que brilha, ainda que fraco, até hoje.
Flávio