Depois irei compilar todos os textos num artigo completo para o blog, para não ficar perdido no fórum
Quando o Capitão Folger zarpou de Pitcairn com o K2, imediatamente saiu à procura de um local para caçar baleias e focas. Para abastecer seu navio com provisões, seguiu para Juan Fernandez, na costa do atual Chile, na época uma colônia espanhola. O bloqueio naval operado pela Inglaterra durante as Guerras Napoleônicas em curso diminuíra drasticamente o comércio das colônias, e Folger sabia que atos de pirataria poderiam ocorrer. Para se prevenir, pediu permissão para aportar ao Governador de Juan Fernandez, que não só a concedeu como o convidou para almoçar em sua casa. Quando se aproximou da costa, porém, o Topaz foi alvejado por vários disparos de canhão, capturado pelos espanhóis e saqueado: o K2 foi então colocado sob guarda espanhola e levado ao continente. Em 1840, 32 anos depois, a fragata britânica Calliope, sob o comando de Thomas Herbert, aportou em Valparaíso. Ao desembarcar, um certo Alexander Caldcleugh o contatou e disse-lhe que um criador de mulas havia comprado um relógio em Concepcion décadas antes e o trazido através dos Andes até Santiago, em uma viagem de milhares de quilômetros. O criador havia falecido recentemente e sua viúva queria vender o relógio. Espantado, Herbert leu as inscrições no objeto: Larcum Kendall, London, AD 1771. Sabendo tratar-se do famoso cronômetro perdido, o comprou por 50 guineas e, então, zarpou em direção à China para tomar parte na 1ª Guerra do Ópio, onde chegou a bombardear fortes e desembarcar soldados. Em 1843, ao retornar à Inglaterra como herói, Herbert doou o K2 ao museu do United Services Institution. Em 1963, quase 200 anos depois de sua fabricação, o K2 foi finalmente transferido para exposição no local onde tudo começou: o Observatório de Greenwich! Em 2005, após ler a obra Longitude, de Dava Sobel, decidi que era o momento de colocar os pés no meridiano primo e ver os relógios fabricados por John Harrison. Após deixar as lágrimas rolarem em frente aos relógios, dirigi-me ao anexo Museu Naval, onde deparei-me com o K2, uma pequena máquina do tempo, repositório de inúmeras aventuras...
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Muito massa a saga desse relógio. É muita história pra um objeto só!
Ótimos textos!
Tenho agora que compilar todos num texto único para o blog para não se perderem no tempo. Vou fazer isso assim que tiver saco e tempo.