Salve, amigos!
Com base num recente comentário do Flávio, a respeito do desempenho, do ponto de vista "térmico", de um relógio a quartzo, enquanto no pulso e fora dele, eu gostaria de levantar a questão para que nós debatêssemos e informássemos.
Bem...
O ponto central do "papo" é mais ou menos o seguinte...
Relógios a quartzo funcionam melhor, com relação à precisão e "termo-compensação" quando estão no local para o qual foram projetados para estar, os nossos pulsos.
Pois é...
Mas como assim? ;)
Alguém gostaria de comentar mais a respeito?
::)
Abraços!
Alberto
No pulso a variação de temperatura é menor do que se o relógio estivesse "em repouso". E como num relógio quartzo a temperatura é o principal elemento que influencia na regularidade do ressonador (ie. cristal de quartzo), quanto mais constante é a temperatura, mais preciso será o relógio.
Um abraço,
Igor
Salve!
Isso mesmo!
De certa forma, no pulso, em contato com a pele, nós usamos a "regulagem" de temperatura do nosso próprio organismo, que tende a se manter constante, dentro de certos parâmetros, bem entendido.
Mas,...
Para quem se "aprofundou" mais na questão... ::)
Aquela temperatura "corporal", digamos, naquela faixa dos trinta e sete (teoricamente) graus é "pensada" no projeto?
Ela é levada em conta, quando o movimento é "criado/ajustado"?
Ou,...
Basta que a temperatura seja razoavelmente "constante", sem considerar tanto o valor?
Dentro de que parâmetros?
Abraços,
Alberto
Lógico.
Um relógio de pulso é projetado para ser utilizado no pulso, então o movimento recebe a calibragem de tal forma que responda melhor quando está em contato com a pele do pulso.
Porém, se o relógio estiver fora do pulso, mas num local com temperatura constante equivalente à temperatura média do pulso, ele funcionará tão bem quanto.
Um abraço,
Igor
Para ajudar na compreensão do que ocorre com um quartz normal, vejam as figuras. Mas vale lembrar que essa variação ocorre também nos termocompensados, por isso mesmo os fabricantes recomendam que o relógio seja usado mesmo, pois o efeito máximo da termocompensação ocorre se o relógio for usado diariamente no pulso. Ou seja, fora do pulso, a eficiência da termocompensação é menor.
(http://img.photobucket.com/albums/v652/adenoma/quartztemp1.jpg)
(http://img.photobucket.com/albums/v652/adenoma/quartztemp2.jpg)
Abraços!
Adriano
Salve!
Grato pela esclarecedora contribuição, Adriano. Assim como as do Igor.
Mas eu vou tentar prosseguir no sentido de levantar alguns pontos que talvez possam permitir aos interessados no tema que nos lêem focarem um pouco mais os seus conceitos teóricos a respeito.
Bem...
Sempre considerando que a "precisão" possa ser mais ou menos "relevante", em cada caso...
Pelo menos do ponto de vista prático e mais "imediato", de uso real, etc...
E se o relógio for usado numa atividade menos "desk", digamos, menos "CNTP" (condições normais de temperatura e pressão)? :D
De dezenas de graus de variação... ::)
Se ele for usado por um alpinista, por um mergulhador, etc? ::)
De que variação de "precisão" nós estaríamos falando?
Daria para se ter uma idéia?
Abraços,
Alberto
Depende muito da qualidade de cada mecanismo, mas pode-se estimar que, no momento em que relógio permanecer fora da gama de 15ºC a 35ºC, ele tenderá a atrasar, cada vez mais, conforme a parábola. Pode chegar a algo em torno de -30s/mês a -120s/mês, ou mais, mas somente naqueles momentos em que permanecer fora dessa gama, ou seja, não significa que no fim do mês o relógio estará atrasado, pois os momentos de uso fora do pulso em uma temperatura perto dos 25ºC, ele adiantará e compensará.
Mas se ele passar um mês todo em ambiente muito quente ou muito frio, sim, o resultado final será um atraso de alguns minutos por mês.
Considerando-se que mesmo em uso profisisonal, o relógio, como um de mergulho, por exemplo, deva ficar algumas horas por mês em baixa (ou alta) temperatura, a influência no resultado final no fim do mês é pequena.
Nunca esquecer que isso depende da qualidade do oscilador. Ou seja, a parábola é mais ou menos acentuada de acordo com a qualidade.
Abraços!
Adriano
Boa abordagem caro Alberto, sempre tive algumas dúvidas em relação á temperatura/ precisão dos quartz!!
Vi que só tem professores na abordagem do tema, só restou eu puxar uma cadeira e assistir a aula !! ;D
Tenham uma ótima semana!! 8)
Também gostei do tópico......Na realidade, a grande máquina, é o corpo humano....
No caso de ele estar no pulso porém a temperatura ambiente está muito baixa como antártida isso influenciará em alguma coisa?, ou não como ele esta no pulso funcionara regularmente?
abraço
O que influencia o regulador, isto é, o cristal de quartzo é a temperatura do relógio como um todo, e não a temperatura do pulso.
O pulso do sujeito ajuda a esquentar o relógio, porém, se o ambiente estiver muito frio, o relógio vai esfriar, e aí a marcha será alterada.
Um relógio na Antártida, se estiver por fora do agasalho, não receberá boa parte do calor dessa pessoa e terá sua precisão afetada (dependendo da temperatura e da qualidade do relógio, vai até parar). Por outro lado, se o relógio estiver no pulso da pessoa e por dentro do agasalho, quentinho, não será afetado em nada.
Um abraço,
Igor
Salve!
Pois é!
Exatamente isso que nos disse o amigo Igor.
Mas,...
Por via das dúvidas,... ::)
Eu só usei um automático...
(http://img.photobucket.com/albums/v655/alobr/FORUM/Seiko7S26Esrocolomo01.jpg)
...quando eu estive lá, bem próximo do Círculo Polar (Àrtico), no norte da Suécia.
;)
Abraços s todos!
Alberto
:D :D
Caracas!
Eu já judiei do X-33 em Jungfraujoch. A temperatura estava por volta dos -18ºC por causa do vento, mas debaixo da manga, mesmo sem luva, o bicho nem sentiu o drama.
(http://img.photobucket.com/albums/v652/adenoma/DSC01487.jpg)
(http://img.photobucket.com/albums/v652/adenoma/DSC01465.jpg)
Abraços!
Adriano
Mas pro X-33, -18°C é fichinha... Ele não foi desenhado pensando em EVA?
Um abraço,
Igor
Igor, acho que o X-33 não foi projetado para EVA não. Era só para ficar dentro do ônibus espacial, pois o problema é justamente o LCD. Acho que vai "para o espaço" (com o perdão do trocadilho rsrsrs) na temperatura tão baixa à sombra em uma EVA.
Para as EVA's, continuam usando o velho e bom Professional à corda. Aliás, temos fotos recentes de astronautas com "moon" no pulso nos trajes para EVA. É só ele que "güenta".
Abraços!
Adriano
Achei que o X-33 havia sido projeto para uso dos astronautas em Marte, e que, portanto, além de aguentar a atmosfera de lá, aguentaria EVA.
Falha nossa, então...
Um abraço,
Igor
Citação de: Adriano online 19 Outubro 2010 às 10:28:22
:D :D
...
Eu já judiei do X-33 em Jungfraujoch. A temperatura estava por volta dos -18ºC por causa do vento, mas debaixo da manga, mesmo sem luva, o bicho nem sentiu o drama.
...
;D
Mas, aí, dá até pra fumar um "puro". Numa boa! :D
Lá em Kiruna, onde eu estive várias vezes (aquela foto não é de lá, é um pouco mais ao Sul)...
Kiruna fica bem acima do Círculo Ártico, e
no inverno a coisa é braba.
O meu "record" por lá foi - 47
o C.
Mas a coisa pode ser bem pior...
Aí, não dá para "brincar", não.
Tem que seguir as regras e, se "der mole",... Dança!
Eu acho que, a céu aberto, até a brasa do "puro" congela... ;D
Abraços!
Alberto
8)
PS:
Voltando ao tema do tópico e continuando com as "provocações" para os debates e esclarecimentos, ok?
E os LCD's, hein?
Como é que a coisa fica? Qual é a posição técnica sobre o assunto?
Que limites?Eu já "brinquei" com um quartz... Fiz um teste e deixei o "coitado" lá, fora da janela...
E uma vez eu esqueci a câmera desprotegida... Fui andar de "snowmobile" com ela pendurada para fora do casaco... :P
Os trecos apagaram...
Mas, felizmente, não chegaram a "óbito", depois de reaquecidos, eles voltaram, numa boa...
Sobre EVA temperatura não é problema...
Lembrando que este é feito no quase-vácuo o que significa ausência de matéria (sic), considerando que a temperatura diminui por troca de energia com outra matéria, mesmo o espaço estando bastante frio, demora muuuuuito tempo para algo que sai da nave cair poucos graus.
Se eu não estiver errado.
PS. Tudo isto dito simplificando as leis da termodinâmica, pois, se nos aprofundarmos, como temperatura é medida pela energia cinética das partículas, onde não tem partículas não tem temperatura, logo no vácuo não existe temperatura, mas Zeroth não concorda.
PS2. Dizem que, nos confins, a temperatura do espaço é perto de 3 kelvin, é frio.
Fernando, tem razão com relação à transmissão de calor, mas ela se dá por 3 maneiras: condução (contato direto dos objetos que trocam calor), convecção (torca do calor por meio de uma atmosfera entre os objetos) e irradiação (calor transmitido à distância sem necessidade de haver um meio).
A temperatura é muito baixa, permanece assim por não haver atmosfera, mas quando bate sol, o objeto é submetido à uma radiação muito intensa que aquece muito.
No espaço, não temos condução de calor por convecção, mas por condução naturalmente e principalmente por irradiação quando bate a luz do Sol.
Pelo menos sempre pensei que esse era um dos problemas com todos os objetos que vão para o espaço: a questão das temperaturas extremas e suas bruscas mudanças. Isolamento térmico sempre foi um desafio em todo programa espacial.
Não está certo?
Mas acho que entendi a questão: o objeto sai de dentro da nave na temperatura ambiente para humanos. A roupa do astronauta idem. Logo, saindo no vácuo, na sombra, a roupa e o relógio permanecerão nessa temperatura por muito tempo, pois não perderão calor para o ambiente já que ele não existe. Não há perda de calor por convecção e haverá uma perda muito lenta de calor apenas por algum contato e uma mínima irradiação.
Então o frio, desde que fique na sombra, não é problema. Mas quando bate o Sol, esquenta pacas.
Fernando, pode-se dizer que é isso? O frio pode não ser problema, mas irradiação do Sol sim?
Abraço!
Adriano
Salve!
O Fernando tem razão, no espaço sideral a coisa não funciona como na presença de uma atmosfera, não.
E, como o Adriano comentou, eu também acho a questão da radiação pode ser de alguma forma relevante... ::)
Mas,...
Também sem entrar em detalhes técnico-científicos... (não seria bem a "praia" aqui... ;)), naquelas condições as teorias são outras.
O conceito de "temperatura ambiente", no mínimo, não é bem aquele com o que nós estamos acostumados (sempre considerando que nós não estamos falando de forma estritamente cientifica...), digamos, para tentar simplificar a questão.
Mas,...
E aqui, na nossa "maltratada" esfera azul, como é que nós devemos encarar a questão das condições "aceitáveis" para um display de cristal líquido do nosso relógio a quartzo?
Para que ele possa até ser acometido de um "desmaio"...
...mas que não morra. ;)
Abraços!
Alberto
Adriano, bem lembrado, estava pensando só no extremo de baixo e esqueci o de cima...
Este é um dos maiores problemas no espaço (alta temperatura), existe até um conceito para isto, solar absorptivity ou a quantidade de radiação que os materiais absorvem e IR emissivity que é o limite onde o material deixa de absorver a radiação e passa a apenas emitir ondas infra-vermelhas. Resumidamente, o material absorve radiação até atingir uma temperatura onde ele passa a emitir toda esta radiação em forma de onda, sendo assim, todo material tem uma temperatura máxima no espaço, que pode ser calculada.
Por isto que quase tudo que é de metal lá em cima tem algum revestimento, é por isto também que sempre, em órbita, o ônibus espacial fica com as portas do compartimento de cargas abertas, eles não precisam de um forno gigante...
Mas... chegamos em um ponto aqui que não consigo mais contribuir...