Você escreveu certo Flávio, do Rupert Gould? Sim, o próprio. Desde que comecei a ler sobre relojoaria este era o livro que buscava. Além de relatar todo o processo de restauração dos "Harrisons" pelo Rupert Gould, relatava também toda a evolução da relojoaria de precisão. O problema é que estava fora de catálogo há décadas e com uma promessa de reedição também há décadas. Aguardei, aguardei e... No final do ano passado foi finalmente relançando, em edição primorosa, capa dura (um tijolo de 500 páginas com uns dois quilos).
Relutei comprá-lo durante um tempo, em virtude da quantidade de livros não lidos estocados em casa, sem contar o preço: 125 dólares. Lá pelas tantas pensei: ora, isso é história! Sabe-se-lá, também, quando irão reeditar novamente quando esgotar, e livro digital não tem graça.
Comprei numa promoção de fim de estoque da Amazon por 78 dólares.
Enfim, o livro é a reedição completa da única edição, mas não só. Antes de Gould morrer, ele planejava uma segunda edição. Para isso, anotou ao lado do original da primeira edição milhares de notas que pretendia adicionar no texto novo. Esta edição pode ser considerada a de número um e meio. O Jonathan Betts, que dispensa apresentações, teve acesso a todas as notas, aos originais da primeira edição e as compilou integralmente ao lado do texto original. Podem perceber pela diagramação das páginas que no centro está o livro original, ao lado, as notas que o próprio Gould fez pensando em alterar a primeira edição, INCLUSIVE COM SEUS DESENHOS rascunho feitos "no momento".
Não li, ainda vou demorar a ler, mas causou-me excelente impressão. Parece ser algo MUITO DENSO, embora de fácil leitura.
Recomendo. Algumas fotos. Prestem atenção no que disse sobre o texto antigo e as notas ao lado das páginas.
Flávio
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/DSC_0004_zps5bcc393e.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/DSC_0004_zps5bcc393e.jpg.html)
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/DSC_0011_zps11a8b103.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/DSC_0011_zps11a8b103.jpg.html)
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/DSC_0010_zps800d2543.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/DSC_0010_zps800d2543.jpg.html)
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/DSC_0009_zps3899f9af.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/DSC_0009_zps3899f9af.jpg.html)
Bem legal em Flavio, pra mim que não conheço nada de movimentos, ou historias da relojoaria, me deu uma curiosidade, posso imaginar em vocês que gostam de todo esse processo !!! parabéns pela aquisição, desta obra
Abraço
Tiago
Parabéns patrão, é um belo livro.
Desde que aprendi pela primeira vez a história do Harrison, a história do Gould sempre me impressionou tanto quanto à do próprio Harrison. A história pessoal de Gould é a de um obcecado por um outro cara obcecado. Além dessa obsessão, ambos também eram, digamos, leigos, em relojoaria. Um era um carpinteiro e outro um alto oficial da marinha, e ambos "piraram na batatinha" com relojoaria. Óbvio que ambos eram gênios. Como pode um cara que nunca foi relojoeiro escrever dois dos mais interessantes livros sobre relojoaria na história (na minha opinião)? Aliás, a opinião não é só minha, senão o Gould não teria ganho medalha de ouro do BIH.
Enfim, mas uma característica peculiar do Gould em comparação com Harrison é que ele, Gould, era meio doido. Além de cronômetros marítimos, ele era especialista também no, eerrrr..... monstro do Lago Ness.
De certa forma, a representação de Gould pelo Jeremy Irons (ator que dispensa apresentação) no filme/seriado "Longitude" ajudou a me impressionar mais com a personalidade de Gould, e seus picos de obsessão e fundo do poço psicológicos.
Abraços!
Adriano
Esperei tanto esse livro que passou a vontade. Gostaria de tê-lo só pra preencher espaço na estante, mas agora já não rola mais lê-lo.
P.S.: Agradece aí por eu ter te indicado, bicha, senão cê nunca ia ver que tinha saído essa edição...
Muito obrigado Iguinho! hahahaha Adriano, a biografia do Gould eu tenho, já li. Ele era absolutamente instável psicologicamente e sofria de estresse pós traumático pela primeira guerra (que, diga-se de passagem, nem lutou de forma efetiva). De anos em anos ele tinha crises que o arrebentavam por meses! Aliás, é por isso que ele demorou tanto tempo para restaurar os relógios, levando junto seu casamento, relacionamento com filho e mulheres.
Flávio
Para quem ficou curioso com a biografia citada, há um resumo em PDF na rede. São 20 páginas:
http://www.rmg.co.uk/upload/pdf/Gould-Harrison-longitude-JBetts.pdf
Flávio
Há duas semanas comecei a ler o livro, de forma mais lenta que gostaria, mas hoje deparei-me com alguns dados.
A grande questão entre a Comissão da Longitude e Harrison era sobre a marcha diária predeterminada do relógio. Explico. A grande sacada de um cronômetro não é por si só sua marcha diária, mas a manutenção dessa marcha dia após dia. Imaginemos, por exemplo, que um cronômetro marítimo seja ajustado para ganhar 5 segundos ao dia. Se ele manter durante um ano, dia após dia, esta variação, bastará fazer uma simples conta matemática para encontrar o "tempo exato" ao final do período.
Quando Harrison mandou pela segunda vez seu cronômetro para testes, a Comissão questionou-lhe: ora, como vamos saber se você não inventou essa marcha diária média após saber o resultado da longitude, justamente para nos enganar?
Então, antes de realizar o teste, ele enviou o que esperava para seu relógio.
Na temperatura de 42 graus (farenheit ou o que quer que os ingleses usassem na época...), o relógio adiantará 3 segundos em 24 horas; 52 graus, 2 segundos; 62, 1 segundo; 72, nada; 82, atrasará um segundo.
No entanto, afirmou ele, como deve haver um erro médio, já que comparações com temperaturas em toda viagem não seriam práticas, assumo que ele adiantará um segundo ao dia.
E lá foi o h4, um relógio COM ESCAPAMENTO NÃO DESTACADO, praticamente um modelo de vareta e fuso, para uma viagem de 156 dias, entre Portsmouth a Barbados, ida e volta.
Erro total, computado a marcha assumida anteriormente de um segundo por dia? 54 segundos...
Computadas as variações de temperatura? 15 segundos...
15 SEGUNDOS NA PORRA DE 5 MESES! 15 segundos PORRRRRRRRRRRRA!
Estamos falando do ano de 1764! 15 segundos. Vou repetir: 15 segundos.
Esse cara foi muito foda.
Flávio
Parabéns, sem dúvida um belo livro.
Cara ... parece ser um livro incrível mesmo ... pra mim parece forte, ainda, kkk. Mas vou colocá-lo na lista. No futuro, quem sabe .... Obrigado pelo post e pelas valiosas informações.