Relógios Mecânicos

Espaço de discussões => Fórum principal => Tópico iniciado por: flávio em 15 Março 2016 às 14:51:00

Título: O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 15 Março 2016 às 14:51:00
O moderador da Zenith no The Purists postou uma análise longa do que ele acha do mercado atual, com a qual concordo quase que integralmente. O texto é denso e precisa ser lido com cuidado. Recomendo aos que não falam inglês a tradução através do Google Translator que, é claro, coloca tudo no "Mr Yoda" style, mas dá para o gasto...

O povo costuma ressaltar - e eu o fazia até alguns anos atrás - que a grande causa da quebradeira suíça nos anos 70 fora a invenção do relógio a quartzo. A mudança de paradigma, porém, responde apenas pela metade do que aconteceu. Na verdade, a grande causa da quebradeira naquela época foi a repentina desvinculação da paridade dólar/yen/ouro, o que ocasionou uma desvalorização de moedas em face ao Franco suíço. Os produtos suíços, portanto, de uma hora para outra passaram a ser pouco competitivos. E vejam, a quebradeira foi repentina...

Atualmente, o Franco mais uma vez encontra-se valorizado em relação ao dólar e, para dizer a verdade, ao que realmente interessa, o euro. Não precisa ir longe... Eu comprei na Suíça há alguns anos um Rolex Milgauss que, com os descontos, saiu por cerca de 6000 francos, o que representava, na época, cerca de uns 20% a menos do que o valor em dólar, equivalendo-se ao euro. Hoje esses 6000 corresponderiam a mais valor em euro e, pior, a Rolex SUBIU seus preços.

A saúde da Rolex não costuma servir muito de parâmetro, pois eles estão sozinhos, independentes, e vendem muito. E não costumam divulgar balanços...

Mas em média toda a indústria sofreu revezes este ano na casa dos 10%. Algumas fábricas, como já discutimos aqui, BAIXARAM seus preços, com a Zenith.

Outras, passaram a oferecer relógios em aço, antes somente vendidos em ouro, ou modelos mais acessíveis de entrada, conquanto apresentando qualidade superior, a exemplo da Montblanc.

Segundo o articulista, a salvação do mercado poderia advir em:

1) Criar inovações mecânicas de fato relevantes, que tornassem o relógio de corda interessante novamente. Concordo, mas ao contrário de turbilhões que dão saltos mortais, acredito que isso deve vir em um caminho: DURABILIDADE DO APARATO, afastando o máximo possível o consumidor de revisões chatas. As empresas tem desenvolvido materiais para isso, tanto é que várias aumentaram suas garantias, confiando que o relógio não vá dar pau antes do tempo.

2) Apresentar relógios de custo benefício imbatível. Concordo também. Eu sinceramente não sei de onde tiram esses preços para os relógios. A impressão que tenho é que jogam na sorte e o número que cai determinam para o relógio. Há preços surreais aí e, conquanto seja difícil determinar com muita certeza, num mercado "emocional", o que vale e o que não vale, acho que todos concordam, por exemplo, que um GP Laureato de aço com um movimento "pedestrian" não vale 13 mil dólares...

3) Juntar-se à moda do smart watch. Eh... Eu sei lá se isso pode dar certo. Ainda acredito que tais produtos são descartáveis e não possuem nada a ver com o que a indústria suíça faz, mesmo as abertas a esse tipo de inovação, com a Tissot.

4) Melhorar a experiência de compra para o consumidor. Concordo e venho falando isso há séculos. As empresar devem colocar na sua cabeça DE UMA VEZ POR TODAS que o pré venda, venda e pós venda de um produto de luxo tem que ter algo diferenciado para justificar ao consumidor ele ter gasto uma fábula de dinheiro na aquisição do produto. Eu já comprei relógios e outros troços de luxo que, convenhamos, os caras pareciam estar vendendo bananas na feira.

5) Considerar outras formas de retorno financeiro, sobretudo EM REVISÕES, no pós venda. Mas vejam: isso não quer dizer que tenham que AUMENTAR os preços dos serviços, pelo contrário. A abordagem deve ser em AUMENTAR o volume de serviços realizado e ganhar em volume, não em uma revisão. Esse, como já ressaltei aqui umas mil vezes, é o calcanhar de aquiles da indústria. Os filhos de quenga gastam zilhões em propaganda e venda, mas esquecem-se que se o consumidor ficar PUTO DEPOIS, nunca mais irá comprar produtos da marca. Eu acho que o serviço de pós venda e assistência técnica das empresas tende a ser caro, demorado e nem sempre bom. Pode parecer utopia, mas o serviço deveria ter preços razoáveis, ser rápido e ser SEMPRE bom.

Enfim, deixo aqui tais considerações para reflexão.

O texto do cara:

http://www.watchprosite.com/?page=wf.forumpost&fi=17&ti=1005858&pi=7082793


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: wrocha em 15 Março 2016 às 15:43:01
Excelente tópico, Flávio.

Além do que você (muito) bem pontuou, tem outro elemento a ser levado em conta.

As gerações que agora começam a ganhar seu dinheiro e logo vão poder comprar relógios não tem as mesmas referências que a nossa, assim como não tivemos as mesmas referências que as anteriores. Se no meu ajuntamento eu não vejo problemas em ter relógios a quartzo, meus filhos talvez não vejam inconvenientes em ter telefones (ou o que quer que venha a existir mais ou menos nessa função) para ver as horas, o que deixa esse mercado perigosamente próximo da ostentação pela ostentação, isto é, em pouco tempo o espaço para estes fabricantes irá se restringir ainda mais, com reflexos mais ou menos impactantes nos relógios de custo mais baixo.

Essa característica não existe apenas no mercado de relógios, nem é especificamente ruim por si, mas em poucas décadas haverá menos compradores (apesar dos onipresentes ostentadores que queiram para marcar algum tipo de posição social) e por conseguinte, menos dinheiro disponível para investimento das fábricas em geral. Não creio que esteja muito distante o dia em que relógio será "coisa de velho".

Esse descréscimo no interesse em relógios não é tão gritante agora, mas parece ser um tendência irreversível. Caso tal se concretize, é bom que os fabricantes tenham novos meios (como os citados acima) para contornar essa queda.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 15 Março 2016 às 15:57:21
Excelente tópico, Flávio.

Além do que você (muito) bem pontuou, tem outro elemento a ser levado em conta.

As gerações que agora começam a ganhar seu dinheiro e logo vão poder comprar relógios não tem as mesmas referências que a nossa, assim como não tivemos as mesmas referências que as anteriores. Se no meu ajuntamento eu não vejo problemas em ter relógios a quartzo, meus filhos talvez não vejam inconvenientes em ter telefones (ou o que quer que venha a existir mais ou menos nessa função) para ver as horas, o que deixa esse mercado perigosamente próximo da ostentação pela ostentação, isto é, em pouco tempo o espaço para estes fabricantes irá se restringir ainda mais, com reflexos mais ou menos impactantes nos relógios de custo mais baixo.

Essa característica não existe apenas no mercado de relógios, nem é especificamente ruim por si, mas em poucas décadas haverá menos compradores (apesar dos onipresentes ostentadores que queiram para marcar algum tipo de posição social) e por conseguinte, menos dinheiro disponível para investimento das fábricas em geral. Não creio que esteja muito distante o dia em que relógio será "coisa de velho".

Esse descréscimo no interesse em relógios não é tão gritante agora, mas parece ser um tendência irreversível. Caso tal se concretize, é bom que os fabricantes tenham novos meios (como os citados acima) para contornar essa queda.

Eu argumentei exatamente sobre isso no mesmo PuristS, wrocha, no comecinho do ano. Role para baixo e veja onde começa a discussão que eu iniciei em "A HUGE concern!":

http://www.watchprosite.com/page-wf.forumpost/fi-17/pi-7337513/ti-1030188/s-0/t--the-apple-watch-a-threat-a-trend-yes-a-marketing-opportunity-certainly-but-a-threat/

Os que responderam não pensam como eu e você. Acham que ainda não chegou o tempo das gerações Y e Millennials se interessarem por relógios, mas que vão se interessar, e o mercado tende, inclusive a crescer.

Eu penso exatamente o contrário e, como profissional que atua com estratégia, gostaria muito de saber qual é a da indústria suíça para daqui 30, 40 anos, 50 anos. Quando nós, que ainda amamos essas coisas caras e pouco "úteis" formos deixando de comprá-las.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: jvitor_amaral em 15 Março 2016 às 16:23:28
Só pra complementar, a empresa que eu trabalho (Deloitte) faz um estudo anual sobre a indústria de relógios suíça. Esse link aqui é o de 2015:

http://www2.deloitte.com/ch/en/pages/consumer-business/articles/swiss-watch-industry-study.html

Existem versões anteriores, até 2011 ou 2012 acho. Esse ano é interessante pra ver que existe sim uma movimentação em torno do smartwatch, que se hoje não tem quase nada a ver com um relógio, pode evoluir num futuro próximo, principalmente a medida em que forem vencendo as limitações tecnológicas, como duração da bateria por exemplo.

E sobre o resto, não sei o quanto posso opinar. Em relação ao tratamento dado ao consumidor no pós venda, ele é ruim lá fora também? Porque nunca viajei pra fora do país, mas em todas as compras pela internet que já fiz no exterior, o atendimento que você recebe é água e vinho em relação ao feito aqui no Brasil. A mesma coisa vale para o uso de relógios nas gerações que estão chegando aí, vejo sim bastante gente usando, mas muita réplica, Invicta dourado, essas coisas. Sei que muitas vezes é só ostentação, mas prefiro enxergar como uma porta de entrada pra que o gosto da pessoa vá se refinando com o tempo. Eu mesmo sempre gostei de relógios, mas não conhecia nada. No passado comprava réplicas - e ainda tenho algumas desses tempos - mas hoje eu sei que com o dinheiro de uma réplica dessas melhorezinhas dá pra comprar um relógio de verdade (Seiko ou Orient por exemplo).
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 15 Março 2016 às 16:27:10
Sim, o atendimento - sobretudo demora - é reclamação mundial. Ninguém quer comprar um Patek, por exemplo, de 100 mil dólares e ter que esperar meses pela sua revisão. Aliás, um exemplo de um amigo. Ele tem um Hublot Senna Fondroyante que apresentou problema e, quando ele estava morando na Inglaterra, deixou para revisão na autorizada. Foram 8, EU DISSE 8 meses para arrumar o relógio.


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 15 Março 2016 às 17:16:27
Acho o seguinte:

1) O consumidor de relógios tem que reconhecer, primeiramente, que o que traz no pulso é supérfluo e ultrapassado. Mas, ao não admitir tais limitações, alimenta polêmicas para as quais haverá inúmeras conclusões. Ainda assim, prossigo.

2) O consumidor de relógios deve reconhecer, também, que é um objeto esgotado, tal como conhecemos hoje. A fronteira desconhecida hoje está nos smart watches. A extensão desta união é que ainda não se consegue mensurar. A revolução do quartzo, que quase sepultou os relógios mecânicos, serve de parâmetro? Não. Até então, as experiências eletrônicas envolvendo relógios não passavam do básico da miniaturização. Hoje, com a informática sendo um mundo à parte e de possibilidades inesgotáveis (a robótica, por exemplo, está ainda no útero), é impossível antever seus efeitos para a indústria, de um modo geral, nos próximos dez anos.

3) O consumidor de relógios precisa entender que, por ser supérfluo, consome quem quer e pode. Quem acha que ao comprar um relógio de alta gama terá um custo de manutenção de relógio barato, está no lugar errado. Qualquer hobby ou paixão embute custos. Até culinária.

4) O consumidor de relógios deve se conformar que quanto maior é a paixão, mais vontade de subir degraus. O cara começa combinando sopa de entulho com Brahma e termina "harmonizando" (até a definição muda) consommé com Barolo. Com relógios é o mesmo, pelo menos se o bolso permite.

5) O consumidor de relógios sabe o que é uma complicação útil? Eu não me atrevo a definir. Dias atrás, espinafrei aquela apresentada pelo novo Globemaster, que corrige automaticamente os meses. Tudo será inútil fora do trinômio hora-minuto-segundo. Para quê mais do que isso, a não ser em situações incomuns? E qual a proporção, entre os aficcionados, daqueles que as vivem realmente?

6) Como consumidor de relógios, considero a média de cinco anos para manutenção absolutamente razoável. É um objeto que, em tese, trabalha ininterruptamente. Não existem máquinas submetidas a esse nível de estresse - todas pedem manutenção bem antes. As fábricas poderão chegar aos dez, vinte anos sem obrigar o usuário a fazer manutenção? Já chegam. Meu pai esbagaçou um Piaget por quase 40, que só parou quando não dava mais. Atrasava barbaramente? Não, como pude testemunhar. É a exceção que confirma a regra? Quem garante?

7) O consumidor de relógios tem que trabalhar com a seguinte equação para os suíços: preços estratosféricos = custo da estrutura + lucro + status + impostos x custo da mão de obra. Se algumas fábricas reduzem preços, é porque também reduzem números na equação (ou o custo da estrutura, ou o lucro ou a mão de obra). Na rubrica "custo da estrutura" incluem-se desde as instalações ao pós-venda, passando por publicidade/marketing e quantidade de funcionários.

8) O consumidor de relógios deveria saber que só há duas formas de reduzir custos: baixando qualidade ao utilizar materiais de categoria inferior ou erguendo plantas em países cuja mão de obra é barata. Nem sempre redução da estrutura da matriz significa custo menor.

9) O consumidor de relógios tem a noção de que fábricas sérias investem pesadamente no pós-venda, na fidelização. Pesquisam que tipo de público consome o produto que fabrica, qual a faixa de idade, qual a faixa salarial, escolaridade, etc. Trabalham até pela proteção à privacidade do cliente. Estão cada vez mais preparadas para atender ao mais cricri dos consumidores. À medida que o "índice de chatice" sobe um degrau, estudam-no, vira "case". E se torna paradigma.

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Carbonieri em 15 Março 2016 às 17:19:52
No chutômetro, também acho que o interesse por bons relógios não vai terminar. Por experiência própria, quando era mais novo já gostava de bons relógios, mas como não tinha renda própria, nem me passava pela cabeça comprar. Depois, sobrando uma graninha, passei a me interessar mais e comprar. Se for pensar pela utilidade, já faz muito tempo que daria para descartar esse tipo objeto.
ps1. também vejo a garotada usando relógios, só precisa afinar mais o gosto com o tempo.
ps2. concordo que da pra melhorar muito no pos venda e também investir para precisar menos de revisoes.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 15 Março 2016 às 17:58:58
Eu já estou fazendo minha parte, meus dois filhos têm um gshock cada, 6 e 8 anos. No momento oportunuo terão um automático bacana. Só realmente acho que nego perdeu a mão no preço/prazo das revisões,serviços etc...

Abraços

Abraços
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Adriano em 15 Março 2016 às 21:46:13
Acho o seguinte:

1) O consumidor de relógios tem que reconhecer, primeiramente, que o que traz no pulso é supérfluo e ultrapassado. Mas, ao não admitir tais limitações, alimenta polêmicas para as quais haverá inúmeras conclusões. Ainda assim, prossigo.

2) O consumidor de relógios deve reconhecer, também, que é um objeto esgotado, tal como conhecemos hoje. A fronteira desconhecida hoje está nos smart watches. A extensão desta união é que ainda não se consegue mensurar. A revolução do quartzo, que quase sepultou os relógios mecânicos, serve de parâmetro? Não. Até então, as experiências eletrônicas envolvendo relógios não passavam do básico da miniaturização. Hoje, com a informática sendo um mundo à parte e de possibilidades inesgotáveis (a robótica, por exemplo, está ainda no útero), é impossível antever seus efeitos para a indústria, de um modo geral, nos próximos dez anos.

3) O consumidor de relógios precisa entender que, por ser supérfluo, consome quem quer e pode. Quem acha que ao comprar um relógio de alta gama terá um custo de manutenção de relógio barato, está no lugar errado. Qualquer hobby ou paixão embute custos. Até culinária.

4) O consumidor de relógios deve se conformar que quanto maior é a paixão, mais vontade de subir degraus. O cara começa combinando sopa de entulho com Brahma e termina "harmonizando" (até a definição muda) consommé com Barolo. Com relógios é o mesmo, pelo menos se o bolso permite.

5) O consumidor de relógios sabe o que é uma complicação útil? Eu não me atrevo a definir. Dias atrás, espinafrei aquela apresentada pelo novo Globemaster, que corrige automaticamente os meses. Tudo será inútil fora do trinômio hora-minuto-segundo. Para quê mais do que isso, a não ser em situações incomuns? E qual a proporção, entre os aficcionados, daqueles que as vivem realmente?

6) Como consumidor de relógios, considero a média de cinco anos para manutenção absolutamente razoável. É um objeto que, em tese, trabalha ininterruptamente. Não existem máquinas submetidas a esse nível de estresse - todas pedem manutenção bem antes. As fábricas poderão chegar aos dez, vinte anos sem obrigar o usuário a fazer manutenção? Já chegam. Meu pai esbagaçou um Piaget por quase 40, que só parou quando não dava mais. Atrasava barbaramente? Não, como pude testemunhar. É a exceção que confirma a regra? Quem garante?

7) O consumidor de relógios tem que trabalhar com a seguinte equação para os suíços: preços estratosféricos = custo da estrutura + lucro + status + impostos x custo da mão de obra. Se algumas fábricas reduzem preços, é porque também reduzem números na equação (ou o custo da estrutura, ou o lucro ou a mão de obra). Na rubrica "custo da estrutura" incluem-se desde as instalações ao pós-venda, passando por publicidade/marketing e quantidade de funcionários.

8) O consumidor de relógios deveria saber que só há duas formas de reduzir custos: baixando qualidade ao utilizar materiais de categoria inferior ou erguendo plantas em países cuja mão de obra é barata. Nem sempre redução da estrutura da matriz significa custo menor.

9) O consumidor de relógios tem a noção de que fábricas sérias investem pesadamente no pós-venda, na fidelização. Pesquisam que tipo de público consome o produto que fabrica, qual a faixa de idade, qual a faixa salarial, escolaridade, etc. Trabalham até pela proteção à privacidade do cliente. Estão cada vez mais preparadas para atender ao mais cricri dos consumidores. À medida que o "índice de chatice" sobe um degrau, estudam-no, vira "case". E se torna paradigma.

Dic

Caracas... posso comentar apenas dizendo "+1"?

Abraços!

Adriano
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Adriano em 15 Março 2016 às 22:10:01
Eu concordo com tudo. E eu vou tecer algumas palavras nas quais tentarei ser o mais imparcial possível: concordo que o prazo é um problema. E cada país tem problemas com prazos por motivos diferentes.

Esse exemplo que o Flávio citou, do Hublot, provavelmente tem a ver com escassez de profissionais. A Ásia hoje sofre com um volume de relógios para consertos gigantesco e poucos relojoeiros reparadores no mercado. Algums países na Europa, incluindo a própria Suíça, idem. Soma-se aí a inundação de modelos mais e mais complicados que ou necessitam de profissionais altamente treinados (obviamente os mais raros e caros) ou exigem que o relógio seja enviado à fábrica. Tudo isso atrasa consertos.

A facilidade com a qual se produz mecanismos altamente sofisticados faz com que o mercado se inunde de produtos cuja manutenção é complicada demais para ser feita localmente.

E em outros países, no qual nos incluímos, entra outra complicante na equação: burocracia e impostos. Isso faz com que a manutenção de um estoque local de peças seja caríssimo. É fácil gastar algumas centenas de milhares de reais, repito, centenas de milhares de reais, para montar um estoque, e ainda assim terminar tendo 25% dos consertos dependendo de importação de peças, pois é impossível ter tudo, e leva ANOS para você estabelecer uma previsão daquilo que você mais repara para adequar seu estoque aos consertos mais comuns. Imagine então para marcas que possuem peças para vintages... é totalmente imprevisível.

Soma-se aí os custos de importação, o que faz com que ninguém faça importação de uma juntinha de vedação... Tem que se esperar juntar um volume X para fechar um pedido cujo frete e todas as despesas sejam compensatórias. Daí tem o tempo de processamento disso na Suíça, depois o despacho, a incógnita da alfândega.

Sem contar as políticas de determinadas peças e condições que exigem que a peça velha seja enviada para a Suíça antes de enviarem uma nova, especialmente sob garantia de venda, o que torna a questão do prazo ainda mais delicada...

Como prever, por exemplo, quais relógios novos darão defeito, e quais defeitos, para sequer pensar em montar um estoque de peças para atender esses casos? E quem paga essa conta?

E por aí vai.

É complicado mesmo. Até por uma questão de fluxo de caixa, a assistência técnica é uma parte legitimamente não interessada em prazos longos... que dirá o consumidor.

Abraços!

Adriano
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Adriano em 15 Março 2016 às 22:48:54
Tem duas coisas que eu acho que a indústria precisa pensar urgentemente: estabelecer filosofias mais coerentes de lucratividade com peças de reposição, e projetar relógios ainda mais com a manutenção, ou a facilidade de manutenção, em vista.

Traçando isso em duas analogias: se livrar ao máximo da filosofia de fabricantes de impressora, que reduzem as margens na venda e aumentam na reposição, e se livrar de algumas filosofias tecnicamente exageradas de troca de peças. Essas duas coisas aborrecem muito o consumidor.

Todos sabem que há meia dúzia de fabricantes de certos componentes. Há sentido em uma junta do fabricante A custar X e uma junta de mesma origem, materiale dimensões do fabricante B custar 4X?

É óbvio que ninguém faz caridade. Toda a operação tem que dar lucro. Inclusive a venda de peças. E é perfeitamente compreensível que a precificação siga certos padrões, inclusive alinhados com o valor do produto e da marca. Mas há limite para tudo. E as políticas diferem bastante nesse sentido.

Abraços!

Adriano
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: pedrobsb em 15 Março 2016 às 23:03:28
Bom topico, isso se resume muito a algo que aconteceu essa semana, um colega de trabalho voltou a trabalhar e me disse que comprou um relogio apple nas ferias, em viagem a Chicago. Eu nunca vi o mesmo usando relogio, por isso perguntei sobre o novo relogio, quanto foi, quais as funçoes e se ele gosta de relogio. Ele me contou tudo, e disse que a namorada comprou uma pulseira extra de 800 reais (mesmo preço de uma hirsch topo de linha)! ai eu conclui, continua existindo demanda para tudo, mas se a industria suiça não inovar, não espera que ela sobreviva. Como o Marcelo disse, falta planejamento estrategico. Hoje são outros tempos, até o presidente dos EUA esta usando um fit nao-sei-o-que..
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FALCO em 15 Março 2016 às 23:17:30
Eu acho as manutenções e peças de reposição muito caras.
Acho que mais gente compraria pulseiras extras se estas não fossem tão caras, não existe justificativa para uma pulseira em couro ou uma fivela custar us$200/400 e uma pulseira em aço us$1,000/2,000.
Acho também que o número de pessoas que fazem revisão/manutenção em autorizadas é baixíssimo frente as vendas, acredito que um valor mais baixo traria retorno para a indústria, caso isto seja possível.

Anos atrás, na boutique da JLC me informaram que o Duomètre deveria ser revisado a cada 2 anos e o prazo estimado era 8 meses.
Em resumo, pago r$150k em um relógio e 1/4 do tempo ele fica na fábrica, não me parece lógico.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 16 Março 2016 às 08:45:31
Acho que as marcas deveriam se conter mais nos preços também.
"Do alto dos meus 24 anos", vejo que o jovem hoje não liga pra relógio, a não ser os que tiveram fortes influências vindas do pai/avô, a maioria que ganha seu dinheiro acha um absurdo pagar qualquer coisa acima de 1000 reais apenas para "ver as horas", ele pode comprar um smartwatch que faz isso e uma cacetada de coisas bem mais úteis pra eles (nós) que um Chrono ou um moonphase, ou até um relógio recheado de supercomplicações igualmente inúteis no mundo real. Sem revisões, sem dar corda, watch winder, etc...
O mundo vem ficando  mais dinâmico, direto e enxuto, menos romancista...
Outra coisa é investir mais em imagem, apesar de ser "puro marketing", estamos falando de SOBREVIVENCIA, hoje vejo relógios associados à personalidades e personagens fracos, uma das poucas que faz isso muito bem é a omega, com 007, jeremy Clarkson, carga explosiva, nasa... Isso desperta desejo, mexe com o imaginario, faz o jovem que vê a peça no pulso do personagem/personalidade desejar ter de qualquer forma, como contou o Flavio sobre o EBEL no miami vice. O jovem, cheio de ideologias e sonhos, que, se sentir proximo do seu idolo, parecido com ele. Não vai ser um movimento in house megaultrablaster complicado e custando mais que seu primeiro carro, tem que abrir um porta pra eles pelo menos olharem para a horologia.
Se as marcas conseguirem ganhar os jovem de hoje, fazendo-os se interessar e querer perder alguns momentos dos seus corridos dias pra ficar admirando uma peça no pulso do seu idolo elas garantem a proxima geração de compradores apaixonados por esse mundo incrivel que é a horologia.

Mas se deixarem os smartwatches e fata de interesse ganhar, me preocupo com o futuro dos relogios mecanicos, pelo menos pra meros mortais como à maioria de nós.

Apenas meus 2c...
Abraços.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: eduardorio em 16 Março 2016 às 09:32:51
É uma boa discussão. Mas creio que, infelizmente, não podemos fazer projeções, apenas dar nossas visões pessoais de um possível futuro. Gigantes como Apple e Google - além das próprias fabricantes suíças de relógios - gastam muito dinheiro tentando identificar caminhos adiante e não conseguem. A velocidade com que as mudanças tecnológicas acontecem hoje em dia não nos permite mais que um exercício de adivinhação.

E eu não sou adivinho. Mas posso observar o que me cerca. Entre meus amigos mais próximos na mesma faixa etária - quarenta e poucos anos -, NENHUM usa relógio mecânico. Estou considerando um universo de cerca de 30 pessoas, quase todas dentro do perfil homem - profissional liberal - classe média/média alta - nível de instrução alto - poderiam comprar. Dentre esses 30 e poucos, alguns até acham do caralho quando mostro um relógio meu ou falo com empolgação sobre essa paixão. Mas, mesmo esses, jamais se empogariam em pagar 5000 dólares num Speed novo ou mesmo 10 mil reais num Carrera usado.

Entre a garotada que conheço na faixa dos 30, o quadro é quase idêntico - NENHUM usa relógio mecânico e quase todos acham um disparate pagar mais de 1000 reais num relógio, embora paguem, às vezes, entre 3 e 4 mil reais num smartphone topo de linha...

Faixa dos 20 e poucos anos? Esses eu observo que sequer usam relógio, já caíram no paradigma "pra que relógio se tem um celular no meu bolso onde posso ver as horas"?

Uma esperança? Minha experiência pessoal. Passei quase dez anos praticamente com um único relógio a quartz, que só usava no trabalho, por uma questão profissional - precisava saber, a todo instante, a hora exata. Foi só aos 40, quando comprei um automático e comecei a pesquisas sobre o assunto, que me apaixonei novamente por relógios - aos 20 eu tinha muitos, colecionava mesmo.

O mundo muda, a gente também.

Cabe a nós passar adiante nossa paixão, mudando que está chegando agora a esse universo.


Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 16 Março 2016 às 09:55:01
Bom topico, isso se resume muito a algo que aconteceu essa semana, um colega de trabalho voltou a trabalhar e me disse que comprou um relogio apple nas ferias, em viagem a Chicago. Eu nunca vi o mesmo usando relogio, por isso perguntei sobre o novo relogio, quanto foi, quais as funçoes e se ele gosta de relogio. Ele me contou tudo, e disse que a namorada comprou uma pulseira extra de 800 reais (mesmo preço de uma hirsch topo de linha)! ai eu conclui, continua existindo demanda para tudo, mas se a industria suiça não inovar, não espera que ela sobreviva. Como o Marcelo disse, falta planejamento estrategico. Hoje são outros tempos, até o presidente dos EUA esta usando um fit nao-sei-o-que..

Valeu pela referência Pedro. Na verdade não digo que não haja, mas como uma indústria muito baseada na tradição e "old habits", suponho que não seja muito afeita ao planejamento e, menos ainda, o que é mais importante, a execução da estratégia. Tenho muita curiosidade em saber se a indústria relojoeira suíça tem uma prática de gestão estratégica estabelecida e em operação.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 16 Março 2016 às 10:02:18

Esse exemplo que o Flávio citou, do Hublot, provavelmente tem a ver com escassez de profissionais. A Ásia hoje sofre com um volume de relógios para consertos gigantesco e poucos relojoeiros reparadores no mercado. Algums países na Europa, incluindo a própria Suíça, idem. Soma-se aí a inundação de modelos mais e mais complicados que ou necessitam de profissionais altamente treinados (obviamente os mais raros e caros) ou exigem que o relógio seja enviado à fábrica. Tudo isso atrasa consertos.

A facilidade com a qual se produz mecanismos altamente sofisticados faz com que o mercado se inunde de produtos cuja manutenção é complicada demais para ser feita localmente.

E em outros países, no qual nos incluímos, entra outra complicante na equação: burocracia e impostos. Isso faz com que a manutenção de um estoque local de peças seja caríssimo. É fácil gastar algumas centenas de milhares de reais, repito, centenas de milhares de reais, para montar um estoque, e ainda assim terminar tendo 25% dos consertos dependendo de importação de peças, pois é impossível ter tudo, e leva ANOS para você estabelecer uma previsão daquilo que você mais repara para adequar seu estoque aos consertos mais comuns. Imagine então para marcas que possuem peças para vintages... é totalmente imprevisível.

Soma-se aí os custos de importação, o que faz com que ninguém faça importação de uma juntinha de vedação... Tem que se esperar juntar um volume X para fechar um pedido cujo frete e todas as despesas sejam compensatórias. Daí tem o tempo de processamento disso na Suíça, depois o despacho, a incógnita da alfândega.

Sem contar as políticas de determinadas peças e condições que exigem que a peça velha seja enviada para a Suíça antes de enviarem uma nova, especialmente sob garantia de venda, o que torna a questão do prazo ainda mais delicada...

Como prever, por exemplo, quais relógios novos darão defeito, e quais defeitos, para sequer pensar em montar um estoque de peças para atender esses casos? E quem paga essa conta?


Editando um pouco o que o Adriano falou, posso dizer que se a Hublot dá oito meses para arrumar um relógio, seu dono pode se sentir um felizardo. A Breitling dá um ano para fazer o orçamento! E mais um ano para consertar/revisar/reformar! Digo por experiência própria.

Ah, é um absurdo! Não vejo assim. Quantos Breitlings existem no mundo? Milhões, nos mais variados estados de conservação. E quantas pessoas os consertam na fábrica? Talvez umas 50, sendo "extremamentemíssimamente" otimista - e admitindo que é um setor lucrativo, que vale à pena manter tal quantidade de profissionais com essas habilidades (que certamente custam mais caro que os demais colegas da linha de montagem normal).

Mas não basta ter uma equipe apenas para cuidar da manutenção. E o compartilhamento de equipamentos? Ou a Breitling ergueu quase que uma fábrica à parte somente para os relógios que chegam para conserto? Não creio nisso. Seria um luxo. A indústria suíça, de qualquer setor, tem um histórico de administrações enxutas, espartanas.

Pouco importa também se esse setor é, eventualmente, terceirizado, como forma de baratear para a Breitling - ou qualquer outra fábrica. Haverá custos, sobretudo de mão de obra.

E como recompor um calibre Valjoux 7733, ou um Venus 170, que não são mais fabricados? Deve haver compatibilidade de peças, mas não de todas. Estarão estocadas? Não creio, mesmo porque estoque tem custo - grande é prejuízo e pequeno é problema.

Resumo da ópera: o consumidor de relógios deve se acostumar à ideia de que haverá gastos e prazos, nem sempre os que gostaria que fossem. Mas, aí meus queridos, é a vida.

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 16 Março 2016 às 10:13:46
É dic... Nossos pontos de vista são completamento divergentes, até mesmo porque foram os fabricantes, ao implodirem a figura do reparador independente com a negativa de venda de peças, e fim das instruções teórico prático que existiam, que criaram a situação. O articulista apenas disse que agora as empresas deveriam criar verdadeiros departamentos de reparo e ganhar também no volume com o qual são feitos. Afinal, você não gostaria de, por exemplo, comprar uma BMW e descobrir que, numa zica, precisaria enviá la a Alemanha. Como já dizia minha avó, quem não tem competência, não se estabeleça. Se a fábrica já sabe que não poderá reparar a contento aquilo que fabrica, nem deveria abrir suas portas...  Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: pedrobsb em 16 Março 2016 às 10:19:55
Que interesssante seu ponto de vista Flavio, porque nao sei se você tem experiência no ramo de automoveis, mas foi exatamente isso que aconteceu na industria automobilistica e principalmente para os concessionarios! Desde 2007 a area que da dinheiro para as montadoras são as oficinas, tanto na ponta final (revisão e ajustes) quanto na ponta de suprimento (peças). Talvez esse seja o caminho, pois a meu ver as duas industrias (automoveis e relogios) são parecidas e tiveram grandes desafios "superados" (crise do petroleo 79 e os Quartz dec.70).
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: edson rangel em 16 Março 2016 às 10:27:56
Acho o seguinte:

1) O consumidor de relógios tem que reconhecer, primeiramente, que o que traz no pulso é supérfluo e ultrapassado. Mas, ao não admitir tais limitações, alimenta polêmicas para as quais haverá inúmeras conclusões. Ainda assim, prossigo.

2) O consumidor de relógios deve reconhecer, também, que é um objeto esgotado, tal como conhecemos hoje. A fronteira desconhecida hoje está nos smart watches. A extensão desta união é que ainda não se consegue mensurar. A revolução do quartzo, que quase sepultou os relógios mecânicos, serve de parâmetro? Não. Até então, as experiências eletrônicas envolvendo relógios não passavam do básico da miniaturização. Hoje, com a informática sendo um mundo à parte e de possibilidades inesgotáveis (a robótica, por exemplo, está ainda no útero), é impossível antever seus efeitos para a indústria, de um modo geral, nos próximos dez anos.

3) O consumidor de relógios precisa entender que, por ser supérfluo, consome quem quer e pode. Quem acha que ao comprar um relógio de alta gama terá um custo de manutenção de relógio barato, está no lugar errado. Qualquer hobby ou paixão embute custos. Até culinária.

4) O consumidor de relógios deve se conformar que quanto maior é a paixão, mais vontade de subir degraus. O cara começa combinando sopa de entulho com Brahma e termina "harmonizando" (até a definição muda) consommé com Barolo. Com relógios é o mesmo, pelo menos se o bolso permite.

5) O consumidor de relógios sabe o que é uma complicação útil? Eu não me atrevo a definir. Dias atrás, espinafrei aquela apresentada pelo novo Globemaster, que corrige automaticamente os meses. Tudo será inútil fora do trinômio hora-minuto-segundo. Para quê mais do que isso, a não ser em situações incomuns? E qual a proporção, entre os aficcionados, daqueles que as vivem realmente?

6) Como consumidor de relógios, considero a média de cinco anos para manutenção absolutamente razoável. É um objeto que, em tese, trabalha ininterruptamente. Não existem máquinas submetidas a esse nível de estresse - todas pedem manutenção bem antes. As fábricas poderão chegar aos dez, vinte anos sem obrigar o usuário a fazer manutenção? Já chegam. Meu pai esbagaçou um Piaget por quase 40, que só parou quando não dava mais. Atrasava barbaramente? Não, como pude testemunhar. É a exceção que confirma a regra? Quem garante?

7) O consumidor de relógios tem que trabalhar com a seguinte equação para os suíços: preços estratosféricos = custo da estrutura + lucro + status + impostos x custo da mão de obra. Se algumas fábricas reduzem preços, é porque também reduzem números na equação (ou o custo da estrutura, ou o lucro ou a mão de obra). Na rubrica "custo da estrutura" incluem-se desde as instalações ao pós-venda, passando por publicidade/marketing e quantidade de funcionários.

8) O consumidor de relógios deveria saber que só há duas formas de reduzir custos: baixando qualidade ao utilizar materiais de categoria inferior ou erguendo plantas em países cuja mão de obra é barata. Nem sempre redução da estrutura da matriz significa custo menor.

9) O consumidor de relógios tem a noção de que fábricas sérias investem pesadamente no pós-venda, na fidelização. Pesquisam que tipo de público consome o produto que fabrica, qual a faixa de idade, qual a faixa salarial, escolaridade, etc. Trabalham até pela proteção à privacidade do cliente. Estão cada vez mais preparadas para atender ao mais cricri dos consumidores. À medida que o "índice de chatice" sobe um degrau, estudam-no, vira "case". E se torna paradigma.

Dic


Perfeito. +1
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 16 Março 2016 às 10:29:31
Pedro, é bem por aí. O articulista fala em 170 milhões de relógios a serem reparados. Ora, se não existem funcionários para tal, que se criem os postos e, claro, mais empregos, que não faz mal em nenhuma economia. E se o problema é a falta de "revenue" das empresas, que elas próprias encampem a manutenção autorizada e comecem a ganhar por volume, não por peça. Afinal, é melhor revisar 10 Rolexes a 1000 reais do que 1 a 3 mil. E creiam - e eu sou exemplo - , há pessoas que simplesmente não revisam seus relógios porque acham caro paca, além de outros problemas...

Fato é que a formação de relojoeiros demanda tempo. Porém, é fato também que um relojoeiro reparador não precisa ser formado no WOSTEP. Ao invés de a Suíça gastar um tempo precioso formando relojoeiros que poderiam, se quisessem, fabricar relógios, devem se voltar ao "cursos rápidos". Resta saber, porém, se a profissão ainda é interessante para as novas gerações. E claro, se remunera bem... E as fábricas devem começar a gastar nisso, o tempo urge.

Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 16 Março 2016 às 10:33:31
É uma questão bem complicada. No ramo automotivo, você tem centenas de opções às mais variadas ranges de veículos, você não precisa da BMW pra revisar sua BMW, ou da mercedes para revisar a mesma, ou Ferrari, ou Lamborghini... Você tem meios de comprar as peças (originais/paralelas/upgrades) e fazer no seu mecanico de confiança dentro dos manuais da fábrica.

No cenário relojoeiro você vira quase que refem das marcas, não se tem peças, sem peças no mercado você não pode levar ao seu relojoeiro de confiança.

Revisando um carro, por mais complexo que seja, não vai tomar muito mais de 1 mês, o relógio demorar um ano para orçamento e um ano pelo serviço beira o insano!
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 16 Março 2016 às 11:22:32
É dic... Nossos pontos de vista são completamento divergentes, até mesmo porque foram os fabricantes, ao implodirem a figura do reparador independente com a negativa de venda de peças, e fim das instruções teórico prático que existiam, que criaram a situação. O articulista apenas disse que agora as empresas deveriam criar verdadeiros departamentos de reparo e ganhar também no volume com o qual são feitos. Afinal, você não gostaria de, por exemplo, comprar uma BMW e descobrir que, numa zica, precisaria enviá la a Alemanha. Como já dizia minha avó, quem não tem competência, não se estabeleça. Se a fábrica já sabe que não poderá reparar a contento aquilo que fabrica, nem deveria abrir suas portas...  Flávio

Flavinho,

Mas terá sido mesmo a proibição de vender peças que implodiu o reparador independente? Ou será que o reparador independente já vinha usando sucata recondicionada, mais barata e que dava o mesmo resultado? Ou será porque já vinha usando, sei lá, peças japonesas compatíveis? Ou chinesas de qualidade tão boa quanto as suíças?

Essa inflexão da indústria sobre a questão das peças não terá sido porque, ano a ano, a procura e a solicitação do reparador independente caiu? Custo a acreditar que seja uma medida meramente protecionista, egoísta ou coisa do gênero pelas fábricas.

Talvez não compense ter uma prensa para estampar engrenagens, trabalhando 24 horas - sei lá -, para a linha de produção e para o abastecimento do mercado. Talvez com esse equipamento trabalhando somente 30 minutos se consiga a produção para seis meses, comprometida para um percentual de venda acima dos 80%.

Ou seja, tudo é especulação.

A questão de fundo é que se trata de uma indústria pouquíssimo transparente, que não abre números - como você mesmo lembrou, a Rolex não publica balanços. Assim mesmo, balanço se maquia. Os do Richemont, do LMVH ou do Kerring satisfazem os investidores? Se os caras se contentarem com aquilo que leem nos jornais, sim.

Sobre competência, a maior prova de que não se aguentam sozinhas é que muitas fábricas importantes estão sob um único guarda-chuva administrativo. Aquelas que são independentes (tipo Rolex ou Breitling) não revelam os milagres que praticam - e será que o fazem por serem extremamente bem administradas?

E há uma lista de fábricas que desapareceram. Você as conhece melhor do que eu. Não se estabeleceram somente por causa de gestão?

Enfim...

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: pedrobsb em 18 Março 2016 às 15:02:35
Li hoje o relato de um forista do PuristS, em que afirma que teve de volta seu Patek de um conserto, APOS UM ANO E DOIS MESES de espera. Isso so demonstra um exemplo de um dos problemas da industria abordados anteriormente pelo Flavio, e eu adiciono a seguinte indagação: Sera que a nova geração de consumidores esperaria esse tempo, por um produto que é "superfluo" no cotidiano?

Gostaria de externar ainda, que concordo com o Matt5, carros são bem diferentes ainda, mas meu intuito era falar da evolução historica, que é BEM DIFERENTE do que você relatou corretamente dos dias de hoje. Em 2004 eu comecei a importar peças alemãs para Goiânia, eu vendia tanto para Brasilia e Goiânia que tive que arranjar um parceiro em Brasilia para continuar no mercado de la, depois de mim vieram no ano seguinte dois outros em Brasilia por ter visto que estava dando certo. Mesmo caso com oficina, em 2008 quando a Audi largou a concessão aqui no Centro-Oeste (Goiania e Brasilia era a mesma Saga Audi) devido a brigas entre os Senna com os concessionarios, varios mecânicos deles (então demitidos) começaram a montar suas proprias oficinas, isso ficou conhecido aqui como o "boom" dos carros Audi no Brasil todo, e imediatamente seguido por BMW e Mercedes, e com o aumento dessas oficinas foi criando uma demanda, que antes estava retraida, pelos carros de luxo no Brasil. principalmente os chamados "luxo de pobre" que são usados dessas marcas (alto custo de manutenção).
Com intuito informativo, a dificuldade de peças para as oficinas "quase-especializadas" era suprida de dois modos: a industria começou a produzir no Brasil algumas peças paralelas (Bosch por exemplo, Fras-le..) e a importação (para peças mais especificas).
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 18 Março 2016 às 15:58:46
Tem duas coisas que eu acho que a indústria precisa pensar urgentemente: estabelecer filosofias mais coerentes de lucratividade com peças de reposição, e projetar relógios ainda mais com a manutenção, ou a facilidade de manutenção, em vista.

Traçando isso em duas analogias: se livrar ao máximo da filosofia de fabricantes de impressora, que reduzem as margens na venda e aumentam na reposição, e se livrar de algumas filosofias tecnicamente exageradas de troca de peças. Essas duas coisas aborrecem muito o consumidor.

Todos sabem que há meia dúzia de fabricantes de certos componentes. Há sentido em uma junta do fabricante A custar X e uma junta de mesma origem, materiale dimensões do fabricante B custar 4X?

É óbvio que ninguém faz caridade. Toda a operação tem que dar lucro. Inclusive a venda de peças. E é perfeitamente compreensível que a precificação siga certos padrões, inclusive alinhados com o valor do produto e da marca. Mas há limite para tudo. E as políticas diferem bastante nesse sentido.

Abraços!

Adriano




Perfeito
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 18 Março 2016 às 17:42:07
Eu sinceramente acho que se os fabricantes parassem com esta palhaçada de não vender peças para terceiros melhoraria muito esta questão.....

Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 26 Abril 2016 às 21:22:08
Saiu mais um artigo hoje no Hodinkee sobre o assunto. Segundo estatísticas da FH, o declínio de vendas global girou em torno de 16%, mas não só. No maior mercado do mundo, Hong Kong, a queda foi de impressionantes 30%! O artigo ressalta que várias fábricas, algumas delas dinossauros do luxo, perceberam que não dava para lançar a torto e direito relógios de zilhões de dólares, pois iriam encalhar. A Vacheron, a título de exemplo, lançou recentemente o Quai de Ile em aço, num preço... well my friends... "acessível". O texto indica que a "nova" Tag Heuer acertou em cheio com o seu smart watch, que está vendendo como água. Por outro lado, Thierri Stern teme que a "tradição" da indústria caia por terra com essa crise.

Minha opinião.

A indústria, ao quebrar nos anos 70, alterou a concepção de seus produtos para algo desejável e de luxo. A utilidade passou a ficar em segundo plano... E como a mera lei da oferta e procura não poderia explicar os novos tempos, voltaram-se para Veblen, para quem ao aumento de preços, nas classes abastadas, ocorre incremento de desejo e, ao contrário do pensamento tradicional, aumento de vendas.

E assim foi... Aumentos sucessivos de preços ano após ano, de modo que um Rolex Submariner, por exemplo, que custava uns 3000 dólares quando comecei a brincar com isso e era algo mais ou menos acessível, tornou-se um verdadeiro roubo de 8500 dólares.

Algumas pessoas poderiam dizer, então, que o mercado dita tudo: enquanto houvesse pessoas comprando, haveria aumentos de preços. Elementar meu caro Watson!

Porém, não só acho que o mercado saturou-se de coisas extremamente caras como afastou os compradores de vários relógios por ano do hobby. Eu, por exemplo, passei a me sentir enganado com aumentos sucessivos de preços em produtos que, convenhamos, não mudaram tanto assim tecnicamente para justificar o incremento.

Eu acho, sim, que pode estar havendo uma saturação do mercado em face às novas tecnologias, mas as empresas devem começar a descer do sapatinho e imaginar que, para conquistar as novas gerações, a tradição é sim imprescindível, mas o luxo, sobretudo para essas pessoas, dever ser "acessível". A palavra acessível aí é a chave da questão. Uma bolsa Vuitton de cinco mil reais divididos de dez vezes é luxo acessível; uma Hermés de cem mil não!

Ou seja. O Thierri Stern pode ter suas justificativas, mas é impossível explicar para um leigo, e até mesmo para um expert, que seu relógio mais barato, vejam, o MAIS BARATO, custe quase 30 mil dólares.

Lanço aqui a discussão.

O texto do Hodinkee

https://www.hodinkee.com/articles/amid-sharp-sales-drop-tag-smartwatch-an-unexpected-hit-pateks-stern-warns-against-erosion-of-watchmaking-values


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 27 Abril 2016 às 09:35:50
(https://c2.staticflickr.com/6/5446/9623828641_61067eb723_z.jpg)

É o custo da prepotência, que deitem na cama que fizeram.  :-*
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Warlord_brazil em 27 Abril 2016 às 11:24:44
Concordo com quase tudo que o Flavio disse.


Porem não consigo dimensionar muito bem esses números. Ok houve uma retração de 15% a 30% em alguns mercados, mas estes mesmos mercados, de dez anos atras para hoje, cresceram quanto %?

Talvez o mercado esteja apenas se adequando a realidade, o boom tenha passado e as coisas estão voltando ao normal, volto a dizer, não consigo dimensionar os números...
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 27 Abril 2016 às 12:35:57
Antes de entrar no assunto, faço uma breve reflexão sobre como o Brasil chegou a esse ponto de desequilíbrio financeiro.

Resumidamente: chegou porque acreditou que a bonança chinesa duraria para sempre. E passou a estourar dinheiro com megalomanias.

Esqueçam a questão eleitoreira e concentrem-se no prático da economia: 1) programas sociais e salário mínimo crescendo nos mesmos percentuais da proporção inflação-aumento do PIB; 2) gastos vertiginosos em obras públicas de necessidade duvidosa (legados da Copa e da Olimpíada, portos e refinarias, complexo petroquímico do Rio); 3) criação de uma semi-estatal para exploração do pré-sal (Sete Brasil); 4) atribuições dadas à Petrobras acima da sua capacidade de investimento (tinha de participar de TODOS os leilões de blocos de exploração de petróleo e gás)... E tem muito mais.

Ora, se o Brasil embarcou na canoa da eterna pujança chinesa, por que as fábricas de relógios não fariam o mesmo?

Primeiro foi o surto russo, com os magnatas que assaltaram o antigo estado soviético rateando os setores de negócios e ganhando rios de dinheiro. VC, PP, AP e outras devem ter batido palmas de alegria.

(Um dado pessoal: a filha de uma dileta amiga, professora aposentada da UnB, trabalha na parte de vendas da Rolex SÓ PARA O MERCADO DA RÚSSIA.)

Depois foi o surto chinês, com os magnatas do partido faturando horrores nas compras externas e nos investimentos em vários países. Os grupos do mercado de luxo tiveram orgasmos múltiplos.

Mas a economia russa começou a colapsar. A chinesa está esgasgando.

As commodities foram caíndo de preço (a ponto de a Arábia Saudita hoje já pensar numa fonte de energia pós-petróleo) e o mercado do luxo sentiu os efeitos.

Assim, as fábricas suíças (cujo mantra devia ser "há sempre alguém disposto a pagar qualquer preço") perceberam a mudança nos ventos.

Há quanto tempo discutimos esse assunto, dos preços astronômicos dos relógios, aqui? Pelas minhas contas, uns três anos. E não terá sido coincidência.

A economia chinesa cresceu acima dos 10% por uns dez anos. Para 2016, a expectativa é de crescimento em torno dos 7,5%. O que para o Brasil seria uma dádiva, para eles é a expressão do fracasso.

E com todo mundo mais pobre, alguém vai pensar em comprar relógio?

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: ThiagoDF em 27 Abril 2016 às 14:39:15
(https://c2.staticflickr.com/6/5446/9623828641_61067eb723_z.jpg)

É o custo da prepotência, que deitem na cama que fizeram.  :-*

Os comentários do Sr. Thierri Stern mostram que eles ainda relutam em entender o que está acontecendo...
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 27 Abril 2016 às 15:28:26
particularmente no mercado brasileiro eu "agarantcho" que a operação lava jato esta impactando diretamente na venda de relógios de luxo, principalmente aqui no rio de janeiro. e não é piada.

abraços
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 22 Junho 2016 às 16:07:24
Saiu mais um editorial hoje, e na EuropaStar. Achei que foram até modestos na análise, que de fato afasta os smart watches da equação, mas culpa o grande decréscimo de vendas (vejam os números no início), ao excesso de "bling" criado pela indústria, que passou a fazer criações para os endinheirados que não sabem onde gastar. Entenda-se, pessoas cujo patrimônio foi adquirido de forma no mínimo suspeita, como os mafiosos russos.

Somente no pé da página eles abordam, ao citar a estratégia agressiva da Frederic Constant de apresentar peças com complicações a preços "justos", a questão dos preços completamente sem sentido. Ou seja, a tendência é a estabilização de preços ou diminuição e, claro, visuais mais sóbrios. Os visuais mais sóbrios tem sido sido uma tônica no último ano, já os preços...

http://www.europastar.com/magazine/editorials/1004088832-watchmaking-is-dead-long-live-watchmaking.html
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 15 Julho 2016 às 18:39:57
Volto ao tópico, porque hoje o Swatch Group comunicou que seu lucro para o semestre irá cair entre 50 a 60%. Não há um zero a mais aí, os números são esses mesmos...

http://www.thelocal.ch/20160715/swatch-shares-plummet-after-drop-in-sales


Claro que as ações despencaram...

E antes que digam que isso diz respeito apenas ao Swatch Group, o fato de as vendas do GRUPO terem caído diz muito sobre TODA indústria suíça, porque, para citar apenas um exemplo, a parte mais importante de um relógio, o escapamento, é o SG que detém praticamente o monopólio da sua fabricação. Sim, mesmo nas empresas ditas "manufaturas", podem ter certeza que balanço e espiral vem do SG.

Ontem li uma entrevista com o dono da Bayer, que é o maior revendedor suíço, e ele disse que os suíços são as pessoas no planeta que mais repetem os seus próprios erros.

E é verdade... Não precisa ser expert na história da relojoaria para ver que os suiços sempre aproveitaram momentos efêmeros de grandes vendas para extrair o máximo do mercado e, sem preocupar com o futuro, quebrar depois. Foi assim na crise de 1875, no pós primeira guerra, nos anos 70 e 80 e, parece, tudo caminha para nova crise. Os sinais estão aí e o que nós, de um simples fórum brasileiro de relojoaria, estamos falando há séculos, parece que eles não ouvem.

Os caras deveriam olhar para um consumidor como eu, que tinha por hábito comprar um relógio por ano, e agora não compra nenhum, e questionar: como perdemos esse consumidor que gastava uma boa grana com relógios? Mas não fazem isso...

No final das contas, os problemas são os mesmos. Se você vende um produto em sua natureza ultrapassado, deve "vender" ao consumidor uma ideia de que ele está comprando algo "mágico". Caso contrário, ele não teria interesse no bem.

Em síntese, o interesse em um relógio mecânico de luxo advém de:

1) A imagem de sucesso que este passa;
2) Valores intrínsecos culturais, o tal "heritage", tanto ressaltado pelas empresas;
3) A perpetuidade do bem para gerações futuras;
4) A beleza do acessório.

E no final das contas, isso só piorou na última década. Ora, quando comecei a mexer com relógios, você enviava um e mail para a Omega ou Longines e este era respondido pelo curador do museu, na mesma semana! "Contato humano", parte do heritage... Um relógio se vende porque VENDEM a imagem de que aquilo ali foi fabricado por "duentes encantados" numa fábrica encantada, o que não é verdade. Hoje, falta o contato humano, o que só pode ser encontrado em fábricas pequenas como, por exemplo, tive a oportunidade de ver (por exemplo, a Glashutte Original).

A imagem de sucesso do bem... Ora, atualmente a nova geração sequer usa relógios. Como conquistá-los? Nunca vi campanhas das empresas neste sentido, a não ser eventualmente, como a interessante jogada da Heuer de vender o seu smart watch e, depois, por um preço menor, colocar um mecanismo a corda lá dentro.

Perpetuidade dos bens futuros. Bah... Não sei se sabem, mas quando o Timex foi lançado, no inícios dos anos 60, os suíços chiaram. Vejam, esse troço não tem PERPETUIDADE, sua caixa é rebitada, sequer pode ser reparado! Tá... Mas como cada Timex da época custava uns 5 dólares e um Omega, como já viram em anúncios, cerca de 50, a Timex não estava nem aí, muito menos seus consumidores. Eles jogavam fora o relógio e compravam outro.

E hoje? Ora, eu tenho pelo menos uns 5 relógios que hoje, novos, custariam cerca de 10 mil reais simplesmente jogados em gavetas sem uso porque, após pouco mais de dez anos de uso, desvalorizaram-se a um ponto que a revisão deles em autorizada custa MAIS CARO DO QUE O PRÓPRIO RELÓGIO! Como convencer um comprador de um relógio de 10 mil reais que, ao levá-lo para revisão em dez anos, esta custará o preço do relógio? A indústria de carros NUNCA conseguiria vender seus automóveis se, no plano de revisões programadas de um carro como o meu, um Focus, que custa uns 90 mil, indicasse que a primeira iria custar, digamos, 45 mil reais... Perpetuidade? Que perpetuidade? Os relógios são descartáveis nas gamas "baixas", se é que posso assim dizer, de até dez mil reais...

A beleza do acessório é onde os suíços ainda se sobressaem, mas como estão conquistando, volto no tema, as novas gerações que sequer querem usar relógios?

Olha, eu ADORO a horometria, acho que nunca foi deixar de estudá-la, mas às vezes tenho vontade de que a indústria se foda de vez para deixar de ser besta...

Se eu tivesse a oportunidade de me encontrar com figurões da indústria, iria lhes dizer: venham cá, sentem aqui comigo que o titio vai lhes contar algumas verdades... Ouçam bem...


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 15 Julho 2016 às 20:45:19
+1.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Carbonieri em 15 Julho 2016 às 21:42:32
particularmente no mercado brasileiro eu "agarantcho" que a operação lava jato esta impactando diretamente na venda de relógios de luxo, principalmente aqui no rio de janeiro. e não é piada.

abraços
Magina em Brasília então  kkkk
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Adriano em 16 Julho 2016 às 17:48:51
Só posso dizer uma coisa, já que não posso dizer mais nada: é foda...

Abraços!

Adriano
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 18 Julho 2016 às 15:12:18
Deu na Bloomberg também: 11 mês seguido de quedas em toda indústria...

http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-07-15/swatch-says-first-half-profit-slumped-as-much-as-60-percent


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: automatic em 19 Julho 2016 às 09:54:19
Uma coisa é certa... nosso hobby é coisa de velho...

Acredito que o mesmo aconteceu com o mercado de canetas tinteiro.
Quem coleciona canetas ?? Bem menos gente do que relógios...

Mas quando estive na feira de Basel ano passado fiz a pegunta: De onde saíram tantas fábricas e público interessado em relógios ??!? Parecia que o mundo relojoeiro estava todo concentrado na feira. Se explodisse uma bomba lá acabava o hobby. ;D
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 19 Julho 2016 às 12:01:24
Automatic, sabe o grande problema dos chefões da indústria, mesmo o sagaz biver, que diz estar olhando para frente para cultivar gerações futuras? Não olhar para trás. Eles deveriam olhar para fanáticos como eu, mas que não adquirem mais relógios, e questionar: onde foi que erramos? São incapazes de fazê lo... E vou além, todas as vezes que a indústria suíça ficou em apuros, isso ocorreu em poucos anos, não décadas. Estava tudo bem e, como um terremoto, de uma hora para a outra tudo desabou. Quem são esses metidos a entendedores da rede, diria o próprio Biver. Pois é... Eu acredito sinceramente que se a indústria continuar nessa toada ela passará por maus bocados quando nossa geração envelhecer. E isso está ali, logo ali... Flávio

Enviado de meu MotoG3 usando Tapatalk
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Alberto Ferreira em 19 Julho 2016 às 12:32:51
Sim, Flavio!
Perfeita a sua análise.

Faltam "olhos de (querer) ver"...

E a história, melhor dizendo, a História, se repete.

Abraços!
Alberto
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: jfestrelabr em 19 Julho 2016 às 13:47:55
Automatic, sabe o grande problema dos chefões da indústria, mesmo o sagaz biver, que diz estar olhando para frente para cultivar gerações futuras? Não olhar para trás. Eles deveriam olhar para fanáticos como eu, mas que não adquirem mais relógios, e questionar: onde foi que erramos? São incapazes de fazê lo... E vou além, todas as vezes que a indústria suíça ficou em apuros, isso ocorreu em poucos anos, não décadas. Estava tudo bem e, como um terremoto, de uma hora para a outra tudo desabou. Quem são esses metidos a entendedores da rede, diria o próprio Biver. Pois é... Eu acredito sinceramente que se a indústria continuar nessa toada ela passará por maus bocados quando nossa geração envelhecer. E isso está ali, logo ali... Flávio

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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 19 Julho 2016 às 17:41:47
Fica evidente a preocupação do Biver naqueles vídeos da Revolution. É ir atrás de mercados não consolidados e procurar cativar as novas gerações.

Mas em relação a queda atual, creio que ela se equipara em diversos setores do alto luxo, é reflexo de um momento que passamos. Imagino que, se olhar para trás, 8 anos atrás, você vai encontrar outra queda dessas.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 20 Julho 2016 às 03:08:36
Olhando os links num topico que ajunta links legais aqui do forum, achei interessante essa imagem logo de cara no site do Otto Frei:
(http://uploads.tapatalk-cdn.com/20160720/cc00d3114b7f6c0ae098bc8061dab1f7.gif)
Achei interessante pois reflete bem o atual momento e pega muito do que o Flavio fala.


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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FALCO em 20 Julho 2016 às 09:11:56
...Acredito que o mesmo aconteceu com o mercado de canetas tinteiro.
Quem coleciona canetas ?? Bem menos gente do que relógios...

Eu acho que os dois colecionismos são muito diferentes.
É verdade que o universo de canetas é muito menor do que o de relógios, mas ao mesmo tempo, é muito mais consolidado e maduro.
Me parece que este mercado, das tinteiro, continua como sempre foi.
Talvez, ou provavelmente, pela menor percepção de valor das canetas, estas não atraiam os menos éticos.
A chance de ser deliberadamente prejudicado em um negócio ou conserto de caneta é infinitamente menor do que em relógios, aqui, bandidos são chamados de mestre e ladrões são os melhores relojoeiros do Brasil.
Uma hora isto cansa.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: vinniearques em 20 Julho 2016 às 10:01:04
Eu acho que os dois colecionismos são muito diferentes.
É verdade que o universo de canetas é muito menor do que o de relógios, mas ao mesmo tempo, é muito mais consolidado e maduro.
Me parece que este mercado, das tinteiro, continua como sempre foi.
Talvez, ou provavelmente, pela menor percepção de valor das canetas, estas não atraiam os menos éticos.
A chance de ser deliberadamente prejudicado em um negócio ou conserto de caneta é infinitamente menor do que em relógios, aqui, bandidos são chamados de mestre e ladrões são os melhores relojoeiros do Brasil.
Uma hora isto cansa.

Perfeito Falco, não poderia escrever melhor.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 21 Julho 2016 às 14:56:53
Mais no SJX

http://watchesbysjx.com/2016/07/swatch-group-half-year-profit-slumps-but-optimism-reigns.html

A declaração do Swatch Group

So the group expects sales in the second half to pick up, resulting in a full-year result similar to that of 2015, something an analyst quoted in Bloomberg termed a “a bigger miracle”. The Swatch Group also foresees a recovery in demand for its products in 2017, and since it is neither cutting workforce nor investment, the group states its will be able to “rapidly meet increasing demand”.

Estou tão otimista quanto o analista da Bloomberg...


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 25 Julho 2016 às 17:24:08
https://www.hodinkee.com/articles/mid-year-swiss-watch-sales-results-show-industry-beset-by-perfect-storm

abraços
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: dsmcastro em 25 Julho 2016 às 20:18:26
(http://i1383.photobucket.com/albums/ah300/dsmcastro/watch-industry-owner_zpsp7ihuzut.jpg)

https://www.instagram.com/p/BIR2X-9DwQL/?taken-by=fratellowatches
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 14 Setembro 2016 às 14:12:31
Mais um balanço: vendas do Grupo Richemont em relojoaria caem 18%

http://watchesbysjx.com/2016/09/richemont-profits-continue-to-decline-forecasts-45-drop-for-half-year.html
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 14 Setembro 2016 às 14:50:17
Feia a situação, e se confirma com todas. Ainda acho que cai mais.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Leontap em 14 Setembro 2016 às 15:58:00
O problema é de escala geral. Explico, de uma maneira ampla, os produtos em si estão sendo feitos para durar menos, do que antigamente.
Carros, eletrodomésticos, celulares etc estão sendo feitos para propositalmente duraram menos.
Por que?
Porque a tendência no mercado é se sustentar pela venda de peças e serviços do pós.
Certamente mesmo ocorre com os relogios.


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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 21 Setembro 2016 às 11:09:01
Saiu ontem novo boletim da FH: quedas acentuadas nos relógios custando acima de 3 mil francos e recuperação nos modelos até... 300 francos.

http://www.fhs.ch/scripts/getstat.php?file=comm_160808_a.pdf

A análise, para mim, é clara: o consumidor "normal" está percebendo que deve procurar custo benefício.


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Shostners em 21 Setembro 2016 às 12:58:26
A análise, para mim, é clara: o consumidor "normal" está percebendo que deve procurar custo benefício.

Sim. É o que chamam, em economia, de "bem substituto inferior": aquele cuja demanda aumenta em desfavor de um produto mais caro de funcionalidade parecida (ex: na crise, cai a demanda por carne e aumenta a demanda por frango - http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/nosso-campo/noticia/2016/03/demanda-por-carne-mais-barata-aquece-mercado-do-frango.html)

O Jean-Claude Biver diz que é a "crise mundial" (Dilma/Mantega feelings):
Citação de: https://www.businessoffashion.com/articles/intelligence/jean-claude-biver-the-watch-industry-is-not-in-trouble-the-world-is
“The industry is not in trouble, the world is in trouble,” he says, thumping his fist on the table (which is made of pine and heat-stamped with a line drawing of a Hublot watch and what might be edelweiss). ‘And that’s very different. Syria is in trouble; the refugees are in trouble; Putin is in trouble; Ukraine is in trouble; Brexit is in trouble; Europe is in trouble; Al-Qaeda and Islamic State are in trouble; Paris is in trouble; currency is in trouble; the finance market is in trouble; the stock market is in trouble… Goddamn, the whole world is in trouble! And we? We should sell watches like crazy?”

Essa mesma matéria, mais à frente, diz que Hong Kong é "para onde muitos chineses viajam para comprar seus relógios".

Pesquisei um pouco sobre a situação atual do consumo de luxo em Hong Kong e esse artigo do Financial Times traz algo que corrobora a análise do Flávio:
Citação de: https://www.ft.com/content/5f9f7dc0-759c-11e6-bf48-b372cdb1043a
Hong Kong Losing Status as China's Great Mall
Anti-corruption clampdown, testy relationship with Beijing and changing consumer habits hurt sales
(...)
“There’s a real debate as to whether what we call traditional luxury — handbags or watches — will come back to the same extent that we saw before because there’s been a huge behavioural shift,” she says. “We still see the Chinese travelling extensively, but spending on goods has moderated and spending on hotels, restaurants and entertainment has gone up.”

Achei interessante a matéria citar também a "campanha anticorrupção" na China. Aparentemente a turma recebia a propina e corria a Hong Kong convertê-la em artigos de luxo.

Aqui um outro artigo (longo) sobre como este aperto contra a corrupção na China afetou a economia como um todo, porque a burocracia estatal de aprovações praticamente emperrou e ninguém consegue mais tirar projetos do papel. Ele também cita de raspão a questão dos artigos de luxo dados como "presentes" a autoridades:
Citação de: http://www.ibtimes.com/how-chinas-anti-corruption-campaign-putting-pressure-slowing-economy-2308834
“There is an estimate that some 20 percent of spending on luxury goods was for gifts, and as soon as the campaign started there was an immediate impact and an obvious decrease in sales,” said Yann Jaussaud, Shanghai-based general manager of French communication agency Mazarine Asia Pacific, which advises clients in the luxury sector.China’s proportion of the world luxury market reportedly contracted from 11 percent in 2013 to 10 percent in 2014, while sales of luxury goods inside the country fell 11 percent over the same year, according to one survey.More than 80 percent of fashion brands have closed stores in China, with more closing predicted. Sales of expensive watches, once popular with officials but now often held up as a symbol of corruption, have been hard hit, too. Even prices of some of China’s most prized teas, once a popular gift for officials, have fallen significantly in recent years.

Aparentemente ostentar relógio caro virou sinal de corrupção na China, em alguma medida. Chola mais, Biver :)
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 21 Setembro 2016 às 13:46:15

Ora, se o Brasil embarcou na canoa da eterna pujança chinesa, por que as fábricas de relógios não fariam o mesmo?

Primeiro foi o surto russo, com os magnatas que assaltaram o antigo estado soviético rateando os setores de negócios e ganhando rios de dinheiro. VC, PP, AP e outras devem ter batido palmas de alegria.

Depois foi o surto chinês, com os magnatas do partido faturando horrores nas compras externas e nos investimentos em vários países. Os grupos do mercado de luxo tiveram orgasmos múltiplos.

Mas a economia russa começou a colapsar. A chinesa está esgasgando.

As commodities foram caíndo de preço (a ponto de a Arábia Saudita hoje já pensar numa fonte de energia pós-petróleo) e o mercado do luxo sentiu os efeitos.

Assim, as fábricas suíças (cujo mantra devia ser "há sempre alguém disposto a pagar qualquer preço") perceberam a mudança nos ventos.

A economia chinesa cresceu acima dos 10% por uns dez anos. Para 2016, a expectativa é de crescimento em torno dos 7,5%. O que para o Brasil seria uma dádiva, para eles é a expressão do fracasso.

E com todo mundo mais pobre, alguém vai pensar em comprar relógio?

Dic

Citando partes do que escrevi, em abril passado.

Alguém se surpreendeu com esses novos resultados da indústria suíça de relógios?

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Leontap em 21 Setembro 2016 às 18:06:56
A Swatch deveria estar atenta a isso. Já perceberam que aumentaram e muito os preços das suas peças? Mido, Tissot e Longines principalmente.



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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 22 Setembro 2016 às 09:47:33
Uma nova análise no ABTW, feita pelo Ariel Adams, o "dono" do site que... Bem, tendo a não gostar muito dos seus textos, simplistas demais, mas dá para extrair algo útil aí. Útil é óbvio: se você pode, por exemplo, comprar um Rolex GMT Master em aço por 8 mil dólares, por que diabos vai comprar um em ouro branco por... 35? A crise dos relógios em metais preciosos, é óbvio, não acontece apenas por isso, como temos reiterado aqui. O problema começa na venda, passa pelo pós venda e segue até a revenda do usado.

http://www.ablogtowatch.com/demand-platinum-gold-watches-plummets/
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 22 Setembro 2016 às 10:16:44
As colocações são meio óbvias mesmo, mas refletem a realidade em que nos encontramos.

Gostei de terem citado o exemplo que sempre coloco, Bátima vs Pepsi. Eu realmente não consigo encontrar a motivação para gastar 4x mais, é o mesmo relógio na minha visão, aliás, até prefiro o em aço, dado o "estilo" do relógio.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: fugas em 22 Setembro 2016 às 10:28:20
o engraçado que os modelos pepsi antigo não tinha uma revenda muito boa, atualmente os usados tem um procura grande(até cogitei em comprar um) além de ter disparado no preço.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 22 Setembro 2016 às 10:31:50
o engraçado que os modelos pepsi antigo não tinha uma revenda muito boa, atualmente os usados tem um procura grande(até cogitei em comprar um) além de ter disparado no preço.

é um lindo relógio, tenho muita vontade de ter um.  ;)
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 22 Setembro 2016 às 13:51:02
(Tenho vontade de um coke)

Alem do fato que ouro arranha mais que massinha. Cruzes.


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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 10 Novembro 2016 às 14:53:09
Sinal dos tempos... A IWC acabou de firmar parceria com a loja de vendas online Net a Porter. A partir de agora, de forma oficial, relógios IWC poderão ser compradas através de uma "Privalia" virtual... Vejam



https://www.revolution.watch/iwc-to-retail-on-mr-porter-net-a-porter/
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 10 Novembro 2016 às 15:26:46
Sinal dos tempos... A IWC acabou de firmar parceria com a loja de vendas online Net a Porter. A partir de agora, de forma oficial, relógios IWC poderão ser compradas através de uma "Privalia" virtual... Vejam



https://www.revolution.watch/iwc-to-retail-on-mr-porter-net-a-porter/
Seria ótimo se os preços também fossem padrão Privalia.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 10 Novembro 2016 às 15:31:18
Como diria o Rick Harrison do "Trato Feito": nem em seu sonho! hahahahahahaha
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 10 Novembro 2016 às 15:54:13
nossa que mulambagem.....
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 29 Novembro 2016 às 08:44:05
Lia ontem uma edição da revista Watchtime e deparei me com esse comentário sobre a indústria...

(http://uploads.tapatalk-cdn.com/20161129/05694d640102d368042107ef886f6e0b.jpg)

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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FelipeP em 29 Novembro 2016 às 11:56:26
Pô, mas nossa seleção ta voltando a ser relevante  ;D ;D ;D

Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: AlexandreMed em 29 Novembro 2016 às 12:15:00
Pô, mas nossa seleção ta voltando a ser relevante  ;D ;D ;D
chegou quem faltava: professor adenor
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Leontap em 06 Dezembro 2016 às 00:33:58
Lia ontem uma edição da revista Watchtime e deparei me com esse comentário sobre a indústria...

(http://uploads.tapatalk-cdn.com/20161129/05694d640102d368042107ef886f6e0b.jpg)

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Acho que o autor do artigo pegou pesado tanto com nós como os suíços.


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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Alberto Ferreira em 06 Dezembro 2016 às 10:29:11
 ;D ;D ;D
Olá!

Na minha modesta opinião, "artigos" deste tipo servem primordialmente para "causar".  ::) :-X

Mas, talvez, com diria o Jack Palance...
"Acredite (e leia), se quiser."

Ou, agora por minha conta e "risco", sobre o autor...
"Falem mal, mas falem de mim."  ;)

Ah!
Eu sei que poderá haver "defensores", que pensam e agem de forma diferente, defendem o "direito" de falar ou escrever o que pensam, etc...
Já vimos  filme...  Não é?
Até aqui mesmo, no FRM.

Ou seja...
Somos...
Mas quem não é?
 ;D ;D ;D

Alberto
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Adriano em 07 Dezembro 2016 às 13:03:41
Olha, mas eu vou ser sincero, amigo Alberto: eu tenho achado a mesma coisa da indústria em geral...  :( :( :(
E não é de hoje. E essa comparação beirou a perfeição.

Abraços!

Adriano
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Alberto Ferreira em 07 Dezembro 2016 às 13:23:22
 ;D

Pois é, amigo Adriano.
Eu não discordo do seu comentário... Não totalmente.

Ou, tentando ser mais "objetivo"...
Talvez por "vias tortas" a mensagem do artigo seja mesmo verdadeira...  ::)

Um grande abraço!
Alberto

PS:
E nós vamos fazendo o possível para não deixar a "peteca" cair por aqui... Não é?  :D

E quando ela "cai"...
Nós nos abaixamos (no sentido da humildade objetiva) e pegamos, Sô!   ;)
 8)

Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 21 Dezembro 2016 às 10:31:34
Novo artigo no Hadunken diz que 2016 será o pior ano para a indústria suíça, mas o curioso é que na tabela percebe-se claramente que houve um brutal acréscimo de vendas na categoria superior a 3000 dólares e, ainda, um aumento de preço por unidade. Excelente para as vendas no curto e médio prazo mas, na minha opinião, repito NA MINHA OPINIÃO, deletério no longo prazo, sobretudo porque não acredito que as novas gerações serão convencidas a usar relógios de pulso. A crise que está sendo desenhada é muito pior do que a do quartzo. Na era do quartzo, a tecnologia embarcada no relógio de pulso alterou-se, mas o marcador de tempo de pulso continuou a existir. Hoje o que se avizinha, pelo menos para as novas gerações, é o FIM do marcador de tempo de pulso, sobretudo porque você tem um "relógio de bolso" (seu telefone) que é mais usado pela garotada.

https://www.hodinkee.com/articles/bloomberg-2016-worst-year-since-1984-swiss-watch-industry


A realidade, como já disse aqui, é que é difícil justificar aos entendidos como nós que um bem que custava 1000 dólares há dez anos possa custar hoje quase 10 mil. Mas não só: se essa conversa de heritage, leprechauns fabricando os produtos, etc, não cola conosco, imaginem com as novas gerações...


Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FelipeP em 21 Dezembro 2016 às 12:10:50
Olha, da forma como eu vejo o mundo, a grande maioria das pessoas compra relógios de luxo como uma das formas de transmitir aos demais o seu status social, sendo que a beleza, qualidade, heritage, etc, não são tão relevantes para este tipo de consumidor.

Logo, acredito que enquanto o ser humano for ser humano, ele vai continuar se preocupando com a sua imagem perante os outros e querendo se "distinguir" dos demais com itens como carros, relógios, jóias, roupas, etc.

O que eu acho que está acontecendo é que muita gente, especialmente mais nova, não está tão disposta a gastar tanto dinheiro em um item supérfluo como o relógio, até porque eles estão cada vez mais caros, então o pessoal prefere gastar com celular, carro e roupa e ai compra um suíço de entrada (na maioria das vezes um Tissot) pra ficar bonito no trabalho, afinal, quase todos usam a mesma coisa.
Se entrar uma grana a mais eles vão preferir trocar de carro, de celular, comprar novas roupas ou fazer uma viagem, não vão dar tanta atenção a gastar com um "novo relógio".

Desta forma, com a indústria querendo subir cada vez mais o preço, ela vai acabar elitizando mais e mais este mercado, e correndo o risco de, no futuro, acabar ficando sem este mercado, simplesmente porque pode não ter mais gente suficiente pra manter ele.
Só queria ressaltar que esta é a forma como eu enxergo as coisas, é só a minha opinião.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Matt5 em 22 Dezembro 2016 às 22:12:29
 Mercado vai continuar a existir, mas de forma mais pasteurizada. As pessoas ainda gostam de relogios, mas cada vez menos se interessam pelo mundo horologico, somos minoria. Para a grande maioria só presta existe invicta, tag heuer e hublot.


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Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 23 Dezembro 2016 às 08:58:10
Como foi colocado, essa visão do mundo, onde esses relógios "de luxo" se encaixam, é coisa do passado, um linha de pensamento antiquada.

As novas gerações, GRAÇAS A DEUS, estão mais preocupadas em vivenciar experiências.

Não vão deixar de fazer uma viagem legal, de comer em um restaurante bacana, de ter gadgets novos, para comprar relógios.

Você tem o seu celular 24hs por dia contigo, e isso para a grande maioria já basta.

Se as montadoras de veículos já estão preocupadas com essa meninada, imagina a indústria relojoeira.

A grande verdade é que nossos relógios, assim como nós, são dinossauros.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Carbonieri em 23 Dezembro 2016 às 10:11:38
Acho que a industria diminue mas nao desaparece. Mulheres nao pararam de usar jóias, logo homens não deixarão os relógios
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 29 Dezembro 2016 às 11:51:03
Saiu mais uma análise da FH: queda livre, salvo na Inglaterra, em virtude de uma diferença de câmbio favorável pela queda da libra. E detalhe: a maioria das vendas do país acontecem em Heathrow. Segundo o Ariel Adams, que eu sinceramente considero um cara meio "jornalista de economia", ou seja, não sabe nada mas apresenta suas cabalas, o mercado tende a se estabilizar em 2017, sabe-se-lá porque... Já que é para fazer cabala, eis a minha: não estou tão certo disso...

http://www.ablogtowatch.com/falling-swiss-watch-exports-top-markets/

Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 29 Dezembro 2016 às 12:34:51


Se as montadoras de veículos já estão preocupadas com essa meninada, imagina a indústria relojoeira.

Ano passado eu criei um tópico com este tema no PuristS. Eu também acho que a moçada não comprará relógios como quem tem hoje de 40 a 'n' anos, e que a indústria sofrerá, mas muitos discordaram de mim.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 29 Dezembro 2016 às 13:06:29

Ano passado eu criei um tópico com este tema no PuristS. Eu também acho que a moçada não comprará relógios como quem tem hoje de 40 a 'n' anos, e que a indústria sofrerá, mas muitos discordaram de mim.
Achei!

http://www.watchprosite.com/page-wf.forumpost/fi-17/pi-7337883/ti-1030188/s-0/t--a-huge-concern/
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: GutoDelf em 29 Dezembro 2016 às 13:10:13

Ano passado eu criei um tópico com este tema no PuristS. Eu também acho que a moçada não comprará relógios como quem tem hoje de 40 a 'n' anos, e que a indústria sofrerá, mas muitos discordaram de mim.

eu concordo com você heim, vendo por mim mesmo (25 anos), nenhum dos meus amigos "vê graça" em relógio... sou o hipster por gostar de "relógio de corda" e caneta tinteiro hahahaha  :D

o hype de hoje em dia é smartphone e gadgets pra ficar o mais conectado possível, de resto, só o que ficar bonito nas selfies
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FALCO em 29 Dezembro 2016 às 13:54:14
...mas apresenta suas cabalas, o mercado tende a se estabilizar em 2017, sabe-se-lá porque... Já que é para fazer cabala, eis a minha: não estou tão certo disso...

É difícil fazer qualquer previsão, tantos produtos são cíclicos, tanto interesse vem e vai.

Falar que vai melhorar ou piorar não significa nada, 50% de chance.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: mmmcosta em 29 Dezembro 2016 às 16:45:07
eu concordo com você heim, vendo por mim mesmo (25 anos), nenhum dos meus amigos "vê graça" em relógio... sou o hipster por gostar de "relógio de corda" e caneta tinteiro hahahaha  :D

o hype de hoje em dia é smartphone e gadgets pra ficar o mais conectado possível, de resto, só o que ficar bonito nas selfies
É isso aí, Guto.

Gente de sua geração que curte relógio mecânico é coisa raríssima.

Agora caneta tinteiro né brinquedo não! Até eu, que tenho 47 anos, chamo a atenção com as minhas.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 16 Janeiro 2017 às 11:25:51
Vendas do Richemont crescem 5% no trimestre... Considerando que caiu 51% no primeiro semestre, a situação é péssima. Há, ainda, uma diferença nas vendas entres boutiques (maior) e revendedores (menor), o que indica que os autorizados não querem correr o risco de ficar com coisas encalhadas.

http://watchesbysjx.com/2017/01/richemont-shows-meagre-improvement-in-quarterly-results-ahead-of-sihh.html
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: marujo em 25 Janeiro 2017 às 16:27:25
Volto ao tópico, porque hoje o Swatch Group comunicou que seu lucro para o semestre irá cair entre 50 a 60%. Não há um zero a mais aí, os números são esses mesmos...

http://www.thelocal.ch/20160715/swatch-shares-plummet-after-drop-in-sales


Claro que as ações despencaram...

......

Olha, eu ADORO a horometria, acho que nunca foi deixar de estudá-la, mas às vezes tenho vontade de que a indústria se foda de vez para deixar de ser besta...

Se eu tivesse a oportunidade de me encontrar com figurões da indústria, iria lhes dizer: venham cá, sentem aqui comigo que o titio vai lhes contar algumas verdades... Ouçam bem...


Flávio

Simplesmente brilhante seu post Flávio!
Obrigado pelas observações!
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 27 Janeiro 2017 às 11:19:14
Do Estadão de hoje:

(https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/09/f2/12/09f212ee26d96b87ca254e47536ebaa0.jpg)

Acabou a bonança dos mercados emergentes - Brasil incluído.

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FelipeP em 27 Janeiro 2017 às 12:25:16
Outra coisa interessante que eu li ontem e que talvez possa se estender ao mercado de relógios é a intenção do Trump de taxar mais agressivamente produtos importados.

A matéria não dava detalhes, só indicava que ele pretendia taxar mais pesadamente produtos importados.....e eu logo pensei, vai sobrar pros relógios também. E como muita gente, acho que não só daqui, mas de outros países, compram seus relógios nos EUA por causa do preço, variedade, grey Market e etc., é possível que a indústria leve outro direto no queixo...

Não é nada concreto, mas foi algo que me passou pela cabeça de imediato quanto vi a notícia.

abs,
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 21 Fevereiro 2017 às 16:21:24
O mercado está um lixo.. Qual a solução? Aumente preços! Tenha dó... Que a libra está desvalorizada de uns tempos para cá, é fato, mas talvez fosse a hipótese de alinhar os preços do continente ao da "Ilha", não o contrário!

http://www.ablogtowatch.com/swatch-group-increase-prices-uk/
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Alberto Ferreira em 21 Fevereiro 2017 às 17:14:31
Pois é...

Tem coisas que até o pipoqueiro da esquina tem que saber,...
...para não morrer com a boca cheia de pipocas.  :P

E se querem saber, seja por lá, ou por aqui, volta e meia nós vemos aquela tal "equação" se repetindo...

Caem as vendas?
A "tentação" fácil seria...  Tudo bem, aumentemos o preço.   ::)  :o

O único "problema" é que com a queda das vendas, ou com as vendas caindo, se elas hipotética ou realmente "tenderem" ao zero...
Lá naquilo que os matemáticos chamam de "limite"...

Qualquer coisa multiplicada por "zero"... No tal "limite" acaba dando zero. 
Sô!

Abraços!
Alberto
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 22 Fevereiro 2017 às 08:20:56
Eu acho que o futuro é esse mesmo.

Relógio mecânico ser item de luxo, smartwatches para as massas.

Faz sentido para a indústria, faz sentido para o povo também.

Cada dia mais caro, esse é o caminho.  ;D
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Dicbetts em 22 Fevereiro 2017 às 10:58:18
Eu acho que o futuro é esse mesmo.

Relógio mecânico ser item de luxo, smartwatches para as massas.

Faz sentido para a indústria, faz sentido para o povo também.

Cada dia mais caro, esse é o caminho.  ;D

Verdade. Tem nego com quase 20 anos de idade que não saber ver horas nos ponteiros.

Smartwatch  para os inseridos. Celular para o proletariado e o lúmpen.

Dic
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 03 Abril 2017 às 14:23:43
Mais uma análise e...

https://www.hodinkee.com/articles/latest-fh-figures-show-continued-decline-exports

Volto a repetir, muito embora vários já tenham me dito pessoalmente que meu pensamento é furado: se as empresas de relojoaria fizessem uma autocrítica e ponderassem os motivos que levaram consumidores como eu, que compravam pelo menos um relógio na faixa dos 5000 dólares por ano, a não mais fazê-lo, aprenderiam muito. E a questão não se resume a preços, muito embora este seja sim o maior fator. Mas se eu pudesse resumir, poderia ser assim:

- Preços altos para produtos cujo valor intrínseco não parece ser justificável;
- A cultura do "heritage" explorada pelos departamentos de marketing, mas que não se coaduna com a verdade;
- Pré venda;
- E sobretudo, na minha opinião, como tenho martelado aqui, pós venda.

Flávio



Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: TUZ40 em 03 Abril 2017 às 14:44:59
O que eu mais gosto de ler sempre em qq matéria são os comentários.

E o melhor comentário certamente foi esse: "I blame date windows."  ;D
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: GuilhermeAzeredo em 03 Abril 2017 às 17:08:16
Será que a resposta da indústria vai ser subir os preços? :-\

Abraços!
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Enéias em 03 Abril 2017 às 21:10:22
Igual carro no Brasil. As vendas caem e os preços disparam.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: Shostners em 04 Abril 2017 às 08:41:19
https://www.hodinkee.com/articles/latest-fh-figures-show-continued-decline-exports

Na matéria tinha um link pro site da Federação da indústria de horologia suíça, que tem uma seção de estatísticas com algumas informações interessantes. O que mais me chamou a atenção foram esses dados (http://www.fhs.swiss/scripts/getstat.php?file=histo_gp_170202_a.pdf):
(http://i.imgur.com/2Go8Lqf.png)

Conclusão: o problema está no "high end". O negócio de relógios abaixo de 3000 CHF está estagnado em termos de receita há 15 anos ao menos. Por outro lado, o segmento de relógios mais caros praticamente triplicou de tamanho neste período. É como se tivessem duplicado a Suíça inteira só em venda de relógios acima de 3000 CHF.

Aqui uma quebra dos principais mercados: http://www.fhs.swiss/scripts/getstat.php?file=histo_pays_170202_a.pdf . Não vai dar tempo de digitar tudo pra botar em gráficos, mas dá pra ver que Hong Kong, China e Emirados Árabes é que são a história.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 16 Novembro 2017 às 14:20:44
Segundo notícias recentes, parece haver uma leve recuperação no mercado mas... Vejam essa notícia do Richemont: ainda existe muito relógio no mundo. Segundo o CEO do grupo, foi gasto 250 milhões de euros só para "recomprar" mercadoria encalhada nas lojas, de modo que estas não caíssem (com muito desconto) nas mãos de revendedores não autorizados.


https://www.hodinkee.com/articles/still-too-many-watches-in-the-world-says-richemont-group
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: CSM em 16 Novembro 2017 às 14:41:58
caraio que pica hein......
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: valenca em 16 Novembro 2017 às 20:44:05
Tava vendo um video no youtube e li o comentario abaixo quando um usuario questionou o pq dos altissimos preços de alguns relogios... achei bacana e vou compartilhar:

"I'll take a shot at it Benjamin.  A couple of years ago I was standing in the Musée d'Orsay in Paris and I was looking at the Vincent van Gogh Self Portrait from 1889.  I thought it was quite amazing; one of just many amazing pieces of art in that museum in fact.

Now I can take a pretty awesome photo of someone with my iPhone.  If I pull out my Sony mirrorless camera, I can take an even better picture.

Technically, my photograph would be a more accurate reproduction of a person's face than an oil painting.

Does this mean that the Musée d'Orsay should just take their priceless works of art and toss them in the Seine and put up some iPhone selfies instead?

Obviously, a mechanical watch cannot compete with a modern cell phone which pulls time from an atomic clock.  But it isn't just about telling time.  It's about a piece of art that was produced by craftsman who can still produce something mechanical that can measure time without computers, microchips or batteries.  Some of those high end pieces can measure moon cycles, the alignment of planets, even know when there is a leap year.

I was in Las Vegas last year and I held in my hand a Patek Philippe that can tell me the correct day and date for the next 100 years, without me having to adjust anything.  It's a mechanical piece, and it even knows how to measure leap years!  That's just amazing; all with a few cogs and springs.

If that doesn't fill you with wonder, then maybe mechanical watches are not for you.

If I look back at milestones in my life, I can tell you exactly what mechanical watch I was wearing.  But not which phone was in my pocket."

É claro que há "n" outros motivos envolvidos, mas acho q ele conseguiu se expressar melhor do q eu conseguiria... rs
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: marcelomelgaco em 16 Novembro 2017 às 22:18:35
Tava vendo um video no youtube e li o comentario abaixo quando um usuario questionou o pq dos altissimos preços de alguns relogios... achei bacana e vou compartilhar:

"I'll take a shot at it Benjamin.  A couple of years ago I was standing in the Musée d'Orsay in Paris and I was looking at the Vincent van Gogh Self Portrait from 1889.  I thought it was quite amazing; one of just many amazing pieces of art in that museum in fact.

Now I can take a pretty awesome photo of someone with my iPhone.  If I pull out my Sony mirrorless camera, I can take an even better picture.

Technically, my photograph would be a more accurate reproduction of a person's face than an oil painting.

Does this mean that the Musée d'Orsay should just take their priceless works of art and toss them in the Seine and put up some iPhone selfies instead?

Obviously, a mechanical watch cannot compete with a modern cell phone which pulls time from an atomic clock.  But it isn't just about telling time.  It's about a piece of art that was produced by craftsman who can still produce something mechanical that can measure time without computers, microchips or batteries.  Some of those high end pieces can measure moon cycles, the alignment of planets, even know when there is a leap year.

I was in Las Vegas last year and I held in my hand a Patek Philippe that can tell me the correct day and date for the next 100 years, without me having to adjust anything.  It's a mechanical piece, and it even knows how to measure leap years!  That's just amazing; all with a few cogs and springs.

If that doesn't fill you with wonder, then maybe mechanical watches are not for you.

If I look back at milestones in my life, I can tell you exactly what mechanical watch I was wearing.  But not which phone was in my pocket."

É claro que há "n" outros motivos envolvidos, mas acho q ele conseguiu se expressar melhor do q eu conseguiria... rs
Esse cabôco é bão no argumento!
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FALCO em 17 Novembro 2017 às 18:44:23
...Vejam essa notícia do Richemont: ainda existe muito relógio no mundo. Segundo o CEO do grupo, foi gasto 250 milhões de euros só para "recomprar" mercadoria encalhada nas lojas...

Grupo Richemont né... nem precisaria falar mais... portfólio ruim...
Quase todas as suas marcas ou são caras pelo que entregam ou não tem heritage, quando não os dois.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: GuilhermeAzeredo em 17 Novembro 2017 às 20:28:07
Falco disse tudo aí....
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 19 Novembro 2017 às 21:09:08
Mais ou menos né? Tem muita coisa pica no richemont, como le coultre, Cartier, panerai, Lange...

Enviado de meu Lenovo A6020l36 usando Tapatalk

Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 12 Abril 2018 às 14:34:15
Eis que nesse ano houve um acréscimo em vendas na indústria suíça! Devem estar pensando: então é uma recuperação? Well... De acordo com o texto abaixo não. O que ocorreu foi uma maior concentração de riquezas, as marcas acima de 10 mil dólares e conhecidas ganhando mais e alavancando o bolo (se pensaram em Rolex, Patek, etc, pensaram certo), enquanto no mid range, entre 5 a 10 mil dólares, a competição tornou-se mais acirrada ainda, com a readequação de preços. Ou seja, para algumas marcas, como a Rolex, o futuro é promissor; para outras não.

A realidade, como já ressaltei aqui algumas vezes, é que existe um monte de marcas novas no mercado que simplesmente não tem como sobreviver. São marcas que não são tão pequenas como os independentes da AHCI, que sequer fazem propaganda, vendem-se por si, e estão ali no meio: custam caro mas não tem justificativa para custarem tão caro.

Enfim, aguardemos... Ah, a Longines, acreditem se quiser, tornou-se a terceira marca em giro de grana no planeta, só perde para Rolex e Omega.


https://www.hodinkee.com/articles/switzerlands-uneven-watch-recovery-business-news



Flávio
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: FALCO em 12 Abril 2018 às 17:22:59
"If you are a Rolex dealer, you are happy. Everybody else is hurting."

Isso eu já sabia
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 12 Março 2020 às 14:02:47
Análise fresquinha, que apenas ressalta uma tendência que vem ocorrendo há anos... A indústria suíça vendeu em média 15% relógios a menos do que no último ano, embora tenha crescido em giro de grana em 3 por cento, sobretudo na alta gama. Nas camadas mais baixas e intermediárias, a competição com os smart watches se faz sentir. Mas não só... Vejam o gráfico: apenas 5 empresas abocanham praticamente a metade de todo giro da indústria suíça, sendo que a Rolex movimenta o dobro da segunda colocada, a Omega, com quase 6 bi de francos. Impressionante no gráfico, como já havia ressaltado há alguns anos, é a recuperação da Longines, que parece ter acertado seu nicho e fica em terceiro lugar, pouco atrás da Omega. O que me pareceu bizarro, mesmo levando em conta o astronômico preço dos seus relógios, é a Mille figurar na lista.

O artigo ressalta, porém, que a tendência é que até 60 empresas desapareçam do mercado nos próximos anos, muito embora haja uma tendência para as "micro brands", sobretudo através do co funding.

https://watchesbysjx.com/2020/03/swiss-watch-industry-report-2020.html
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: fbmj em 12 Março 2020 às 14:25:23
Impressionante eu achei foi a posição da Breguet.
Título: Re:O estado atual da indústria de relógios
Enviado por: flávio em 19 Março 2020 às 17:27:05
Primeiras estatísticas a respeito do Coronavírus e, como sabemos, a peste ainda nem chegou ao seu ápice: queda de 10% nas exportações.

https://monochrome-watches.com/the-start-of-the-downturn-swiss-watch-exports-down-9-in-february-2020-and-its-just-the-beginning/