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Tópicos - flávio

#2
Fórum principal / O paradoxo do luxo
03 Junho 2025 às 18:07:40
Texto novo no blog!

https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-paradoxo-do-luxo/

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#4
Confesso que tenho que arrumar tempo para ler, pois bem longo o artigo. Mas fica aqui o registro, sobretudo porque a pesquisa foi feita pelo português Carlos Torres.

https://watchesbysjx.com/2025/05/breguet-sympathique-clock-no-1.html
#8
Texto publicado no Instagram

Em 1895, o nome Omega apareceu pela primeira vez em um anúncio publicitário. Até então, a manufatura suíça era conhecida apenas como Louis Brandt. Na imagem, um velho barbudo com asas segurava um relógio da marca numa das mãos e, na outra, uma lança.

Anos depois, em 1911, foi a vez da Longines. Num pôster que mantenho exposto em casa, o mesmo personagem está agora sentado nas nuvens. Apoiada ao lado, uma ampulheta. Nos ombros, o esforço visível de sustentar um relógio de bolso Longines.

A figura voltaria a aparecer inúmeras vezes na publicidade relojoeira do século XX. Mas quem é esse velho alado, que carrega — e às vezes parece se curvar diante — dos instrumentos criados para medir o próprio tempo?

A resposta começa com Cronus, o titã grego que destronou o pai, Urano, e devorava os filhos para evitar ser destronado por eles. Séculos depois, outra figura surgiu: Chronus, o Tempo eterno, abstrato, impessoal. A semelhança entre os nomes levou à fusão simbólica: o titã devorador tornou-se o tempo que tudo consome.

No Renascimento, essa fusão ganhou forma: nasceu o "Pai Tempo" — velho, de barba longa, asas, ampulheta e foice. Uma figura que ora ceifa, ora observa. E, mais tarde, carrega.

Nos anúncios da Omega e da Longines, esse Pai Tempo reaparece. Mas a foice cede lugar à lança, e a ampulheta, ao relógio de bolso. O tempo, antes soberano, agora parece servir. Carrega o instrumento humano que ousa medi-lo com exatidão.

Não é mais ele quem marca as horas. É a relojoaria que reivindica esse poder. A técnica se impõe ao mito. E o tempo — cansado ou rendido — repousa sobre as nuvens.



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#14
Texto que escrevi há alguns anos para Instagram que compilei agora em formato blog


https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/sincronia-e-ressonancia-na-historia-da-cronometria/


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#16
Fórum principal / Os relógios japoneses wadokei
11 Fevereiro 2025 às 14:24:21
No século XIX, potências ocidentais estavam em plena expansão comercial e colonial. Os Estados Unidos, por sua vez, buscavam novas rotas comerciais e precisavam de um ponto estratégico no Pacífico para reabastecer seus navios na rota para a China. Além disso, a indústria baleeira americana precisava de portos seguros para obter suprimentos. Em 8 de julho de 1853, Matthew Perry chegou à Baía de Edo (atual Tóquio) com uma frota de quatro navios a vapor, bem superiores em poderio militar a qualquer embarcação japonesa da época. Sua chegada gerou grande impacto, pois os japoneses nunca haviam visto embarcações tão grandes e tecnologicamente avançadas. Perry se recusou a negociar com autoridades locais e insistiu em falar diretamente com o xogum. Ele entregou uma carta do presidente dos EUA, Millard Fillmore, exigindo que o Japão abrisse seus portos ao comércio e permitisse que navios americanos reabastecessem com carvão e suprimentos. O governo japonês, surpreso e sem uma resposta imediata, pediu um ano para considerar a proposta. Perry aceitou e partiu, mas prometeu voltar com uma frota ainda maior. Em fevereiro de 1854, Perry voltou com dez navios, deixando claro que os EUA estavam dispostos a usar a força caso necessário. Sem opções, o xogunato Tokugawa assinou o Tratado de Kanagawa em 31 de março de 1854. Um dos principais termos era a abertura dos portos de Shimoda e Hakodate para navios americanos reabastecerem suprimentos. Em 1868, a humilhação de ceder à pressão estrangeira abalou a legitimidade do xogum, levando ao aumento da oposição, o que culminou com a sua queda na restauração do poder imperial sob o imperador Meiji, iniciando uma era de rápida modernização e ocidentalização. Uma das primeiras medidas do imperador foi a adoção do calendário gregoriano e do sistema horário ocidental. O sistema tradicional de medição do tempo no Japão, utilizado até 1873, era chamado de "Sistema das Horas Temporais" (wadokei), bem diferente do sistema ocidental porque a duração das horas variava ao longo do ano, ajustando-se ao nascer e ao pôr do sol. Neste sistema, o dia era dividido em 12 períodos, cada um correspondendo a uma "hora" (koku): havia 6 horas diurnas (do amanhecer ao pôr do sol) e 6 horas noturnas (do pôr do sol ao amanhecer). Como os dias são mais longos no verão e mais curtos no inverno, a duração de cada "hora" não era fixa: no verão, as horas diurnas eram mais longas e as noturnas mais curtas; no inverno, as horas noturnas eram mais longas e as diurnas mais curtas. Os relógios mecânicos japoneses, cuja tecnologia pouco havia evoluído desde sua introdução no país no século XVI por missionários jesuítas, utilizavam escapamentos de vareta e cone e precisavam ser ajustados manualmente a cada mudança de estação (24, no calendário lunisolar que utilizavam). Alguns modelos mais sofisticados possuíam dois escapamentos, que se alternavam automaticamente entre o dia e a noite, adaptando a duração irregular das "horas" entre os dois períodos. Em 1873, o Japão adotou o sistema ocidental de 24 horas fixas, como parte da modernização da Era Meiji. Isso facilitou a sincronização com o comércio internacional e o funcionamento das ferrovias, telégrafos e fábricas, lançando também as bases para a indústria nacional de relógios, como a Seikosha, fundada em 1892. Masahiro Kikuno criou um wadokei de pulso moderno, adaptando o tradicional sistema japonês de horas variáveis para um relógio mecânico portátil. Em 2011, pela primeira vez na história, o relojoeiro independente japonês Masahiro Kikuno criou um relógio de pulso que se ajusta automaticamente para refletir o sistema tradicional japonês de horas temporais (wadokei), com indicação do tempo na qual a divisão entre as 6 horas do dia e as 6 da noite muda conforme as estações do ano.


#17
Fórum principal / O mercado indiano de relógios
05 Fevereiro 2025 às 16:47:01
A Deloitte publicou, além do estudo sobre mercado secundário, um específico sobre a Índia. A consultoria já havia indicado o país como a grande promessa do luxo, algo contestado pela Luxe Consult (Morgan Stanley) por alguns motivos.

Em primeiro lugar, há a tributação elevada. Impostos de importação chegam a 40%, encarecendo produtos de luxo. Além disso, as Diretrizes de Investimento Direto Estrangeiro impõem restrições à participação de empresas estrangeiras, forçando joint ventures. Outro fator apontado é o hábito de consumo: indianos de alta renda preferem comprar no exterior para evitar impostos.

No entanto, mudanças recentes podem validar a previsão da Deloitte. Segundo o estudo:

Os tributos, antes de 40% (um dos mais altos do mundo, atrás apenas do Brasil, com 78%), serão zerados em 7 anos, restando apenas o imposto local de 18%.
O PIB da Índia deve crescer 6% em 2025, o dobro da média global, tornando-se a terceira maior economia mundial em 2030.
78% dos entrevistados planejam comprar um relógio no próximo ano, impulsionados pela forte cultura de presentes de casamento.
A reputação da marca é fator decisivo para 64% dos consumidores, beneficiando marcas já consolidadas.
70% das compras de luxo são feitas online, o dobro da média global, devido à falta de lojas físicas adequadas.
Marcas de luxo têm adaptado produtos aos gostos locais e firmado parcerias com astros de Bollywood.
Como destacou Pascal O. Ravessaoud, VP da Fondation Haute Horlogerie: "A oportunidade para as marcas investirem na Índia é agora, ou correm o risco de perder um mercado lucrativo devido às condições comerciais favoráveis, ao crescimento do PIB e ao crescente interesse dos consumidores."

O luxo finalmente encontrou seu caminho na Índia?




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#18
Resumo do estudo que li agora

A Deloitte Consultoria divulgou um estudo sobre o mercado secundário de relógios de luxo, com base em 6.000 entrevistas realizadas entre agosto de 2020 e setembro de 2024. Para quem acompanha o setor, os resultados não surpreendem, mas algumas tendências merecem destaque:
 Após a explosão de transações na pandemia e a queda nos últimos dois anos, o mercado caminha para a estabilização em patamares superiores aos de 2020.

A influência das celebridades – tanto ao usarem determinados modelos quanto ao investirem em plataformas de venda – vem redefinindo a forma como os relógios de luxo são encarados na era digital.

 A certificação oficial tem tornado as transações mais seguras, aumentando a liquidez e o comércio online. Apesar do ceticismo inicial, a entrada da Rolex no mercado CPO (Certified Pre-Owned) consolidou essa tendência. Como destacou um gestor: "O apetite por relógios de segunda mão está crescendo, com marcas como a Rolex aderindo a esse mercado por meio de programas CPO. Isso adicionou credibilidade ao setor e impulsionou nosso volume."

 O interesse por relógios "neo-vintage" cresceu: nos leilões, seu valor subiu 123%, enquanto modelos modernos caíram.

 A paciência com as "listas de espera" está diminuindo: 57% dos consumidores afirmam que escolheriam outro modelo caso precisassem enfrentar filas no mercado primário.

 O fator mais importante para a maioria, inclusive a Geração Z, é o custo-benefício de um relógio usado – superando design, imagem da marca e sustentabilidade.

 Para a Geração Z, a conveniência é essencial: apenas 34% faz questão do contato presencial com vendedores. Isso impulsiona novas plataformas digitais que garantam autenticidade e segurança. O futuro pode estar na fusão dos dois mundos: uma oferta online estruturada e detalhada, combinada a showrooms físicos com assessoria especializada.

 Apesar da clara influência do mercado secundário no primário, 39% dos gestores dizem não monitorá-lo em suas decisões estratégicas – enquanto 36% afirmam que sim.



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#20
Os astrônomos primitivos definiram o ano solar como "o maior espaço de tempo que o Sol necessita para seu aparente giro entre as estrelas fixas". Até 45 a.C., os romanos usavam um calendário de 355 dias, dividido em 12 meses, com um mês extra de 22 ou 23 dias inserido ocasionalmente para alinhá-lo à órbita do Sol. Essa prática favorecia abusos de poder: os pontífices romanos adicionavam o mês apenas quando seus aliados estavam no governo.

Júlio César reformou o calendário, alinhando-o ao ano solar e eliminando a necessidade de ajustes humanos. O novo calendário tinha 365 dias divididos em 12 meses, com um dia extra a cada quatro anos. Contudo, o ano solar mede, na verdade, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46,7 segundos. No final da Idade Média, essa diferença acumulou um atraso de 10 dias. Em 1582, o Papa Gregório XIII ajustou o calendário, eliminando os 10 dias excedentes e mudando a regra dos anos bissextos.

O primeiro relógio a incorporar um calendário automático, que respeitava essas mudanças, surgiu em 1764, criado por Thomas Mudge. Já o primeiro relógio de pulso feito em série com este tipo de calendário (perpétuo) só apareceu em 1941, lançado pela Patek Philippe. Em 1991, após superar a "Crise do Quartzo", a Patek consolidou-se como fabricante dos relógios mais complexos do mundo, mas carecia de um modelo intermediário entre o Calatrava, de 9 mil dólares, e seu calendário perpétuo, de 40 mil dólares.

Buscando inovação, a marca desafiou estudantes de Engenharia da Universidade de Genebra a criar uma complicação útil. Cédric Fague propôs o calendário anual, ajustado apenas em fevereiro, algo inédito na relojoaria. Fugindo às amarras do tradicionalismo, ele concebeu um mecanismo robusto e simplificado, utilizando engrenagens em vez das alavancas usuais, quebrando paradigmas na construção de calendários.

Lançado na Feira da Basiléia de 1996 por 17.500 dólares, o ref. 5035 foi o primeiro relógio com calendário anual. O modelo não apenas marcou a entrada da Patek Philippe no novo milênio, como também se tornou um dos mais importantes da história da marca, consolidando sua relevância no mundo da relojoaria.



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#24
Fórum principal / Fui entrevistado no canal 7x7
14 Outubro 2024 às 09:43:05
#25
O texto não é novo, pois o publiquei em sete partes inicialmente no Instagram. Mas achei que era melhor disponibiliza lo de forma integral e com uma redação ligeiramente diferente no blog. Link abaixo

https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/a-odisseia-do-cronometro-maritimo-k2/




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#27
Fórum principal / A história da Richard Mille
28 Agosto 2024 às 13:23:15
Em 1999, o designer francês Richard Mille enfrentava um dilema. No comando criativo da divisão de relógios da joalheria Maubossin, sentia-se limitado pela filosofia da marca. Ele nunca havia criado um relógio que realmente queria produzir. Então, decidiu fundar sua própria empresa. Mille contatou Giulio Papi, responsável por movimentos complicados na Audemars Piguet, e perguntou se poderia transformar em realidade um desenho de mecanismo que idealizara. Papi, ao analisar o projeto, disse que sim.

Mille também conversou com Dominique Guenat, proprietário da Montres Valgine, que fabricara os Panerai da era "pré Vendome", sobre a viabilidade do projeto. Guenat não apenas confirmou a possibilidade, mas também investiu para tornar a visão de Mille uma realidade. Após dois anos, Richard Mille lançou seu primeiro relógio, o RM 001. Esse modelo, fabricado em apenas 17 unidades, era uma linha de protótipos para comprovar a viabilidade técnica das ideias de Mille. Alguns tinham caixa em platina, outros em ouro rosé, com movimentos em alpaca ou titânio. Esses relógios não foram feitos para venda direta, mas destinados a amigos e antigos clientes de Mille na Maubossin.

A versão comercial, RM 002, diferente de tudo que já havia sido criado na relojoaria, foi aclamada pela crítica. Restava a Mille vender o produto. Segundo a teoria do consumo conspícuo de Veblen, as pessoas compram bens de luxo não só pela utilidade, mas para exibir status e riqueza. Mille fixou o preço inicial em 135 mil dólares. Quando questionado sobre o valor, que superava o de um Patek, "a Rolls-Royce" da relojoaria, Mille respondeu: "não estamos competindo com a Patek ou nenhuma outra marca!". Richard Mille não só criou um produto revolucionário, mas também transformou uma indústria, antecipando como os ultra ricos gastariam seu dinheiro.



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#28
Estão aqui!

https://www.gphg.org/en/gphg-2024/nominated-timepieces

Sem pensar demais, os relógios que me chamaram atenção foram:

- Hajime Asaaoka
- Gosto do Berneron, creiam
- UR 102, apesar de ser uma reedição
- Remy Cools
- Otsuka Lotec


Na minha sincera opinião, o melhor custo benefício da lista toda é o Furlan Marri Perpetual, porque apresenta um mecanismo totalmente novo, num pacote bonito e por um preço acessível.


Flávio
#29
Galeria Lafayette inaugura brechó de joias e relógios em Paris https://exame.com/casual/galeria-lafayette-inaugura-brecho-de-joias-e-relogios-em-paris/?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=barra-compartilhamento via Exame

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#30
Fórum principal / O relógio do juízo final
08 Agosto 2024 às 15:40:03
No dia 06 de agosto de 1945, militares japoneses na cidade de Hiroshima detectaram a aproximação de 3 aviões, mas decidiram não enviar nenhum caça para averiguar: não imaginaram que uma esquadrilha tão pequena pudesse oferecer alguma ameaça. Pouco tempo depois, um bombardeiro Boeing B29 denominado "Enola Gay", capitaneado pelo coronel Paul Tibbets, lançou uma única bomba, contendo em seu interior 65 quilos de urânio 235. Às 8h15 da manhã, horário local, o artefato foi detonado e iniciou uma reação nuclear em cadeia que liberou energia equivalente a 15 mil toneladas de TNT, destruindo tudo que estava num raio de 1.6km do epicentro. Autoridades japonesas calcularam que 255 mil pessoas viviam em Hiroshima naquele momento e que 70 mil tenham sido mortas instantaneamente após a explosão. Logo após a detonação de uma 2a bomba sobre a cidade de Nagasaki, alguns cientistas que participaram do Projeto Manhattan, surpresos com os efeitos devastadores das explosões, resolveram lançar a publicação "Boletim dos Cientistas Atômicos", com o intuito de esclarecer e alertar a sociedade a respeito da energia nuclear. Einstein e Oppenheimer se juntaram ao grupo alguns anos depois. Em 1947, o editor da revista convidou a artista Martyl Langsdor, cujo marido trabalhara no Projeto Manhattan, para desenhar a capa de uma edição. Langsdor, então, desenhou um relógio que simbolizava o quão próximo a humanidade estava da "meia-noite", ou seja, da autodestruição, buscando alertar as autoridades sobre como suas ações estavam levando o mundo para um ponto de não retorno. O relógio foi inicialmente ajustado para 7 minutos para a meia-noite. Após a explosão do 1o dispositivo atômico soviético, o governo americano deu o sinal verde para o projeto do físico Edward Teller, no qual uma bomba atômica de fissão nuclear poderia ser usada como catalisadora de uma reação de fusão em cadeia. Em 1o de novembro de 1952, utilizando estes conceitos, uma bomba de hidrogênio foi testada no atol de Eniwetok, liberando quantidade de energia equivalente a 10 milhões de toneladas de TNT, 700 vezes mais do que a bomba de Hiroshima. O "Relógio do Juízo Final", então, foi reajustado para 2 minutos para meia-noite....



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#31
Fórum principal / Atualização do FRM
06 Agosto 2024 às 08:48:56
Galera, o blog e o FRM foram invadidos neste final de semana por vírus e, então, o Bruno Recchia se dipôs a corrigir tudo. Aproveitando o ensejo, pedi-lhe que atualizasse o engine do FRM, que pode ter sido a causa dos ataques. Ainda não sei se tem alguma vantagem prática este novo engine, mas no celular fica melhor, pelo que percebi.
Vamos testando.
Flávio
#32
Fórum principal / Jack Heuer e o cinema parte 2
19 Julho 2024 às 15:17:10
Alguns meses antes do lançamento dos primeiros cronógrafos automáticos Heuer, que viriam a ser equipados com o lendário calibre 11, a marca concluiu que não possuía recursos suficientes para marketing. Enquanto praticava golfe, Jack Heuer comentou o fato com Claude Blancpain, diretor da cervejaria Cardinal, de Friburgo, que perguntou: "por que não patrocina o piloto Jo Siffert, meu conterrâneo? Ele é uma das grandes promessas da Fórmula 1!" Alguns dias depois, Jack Heuer se encontrou com Siffert e firmaram uma parceria: a partir daquele momento, o piloto utilizaria um cronógrafo Heuer em todas as corridas e o emblema da marca seria colocado em seu macacão e carros. Na mesma época, a fabricante de caixas Piquerez mostrou a Jack Heuer um novo modelo, o primeiro à prova d´água em formato quadrado, e um contrato de fornecimento exclusivo foi firmado. O modelo, batizado Mônaco, entraria para os anais da história em circunstâncias inusitadas. Em 1970, Don Nunley ligou para Jack Heuer e disse que havia sido escolhido como Diretor de Produção do filme Le Mans, estrelando Steve McQueen no papel principal. Nunley explicou que precisava de todo tipo de equipamento para marcação do tempo para produção do filme e que estes deveriam ser entregues o mais rápido possível em Le Mans, antes do início das filmagens. Jack Heuer, ciente que não conseguiria exportar os relógios de forma legal para a França, instruiu o motorista da empresa, Gerd Lang (que depois se tornaria um dos maiores especialistas em cronógrafos e fundador da marca Chronoswiss) a contrabandear tudo, o que foi feito em uma viagem de carro. Coincidentemente, Jo Siffert havia sido contratado para ensinar McQueen a pilotar o Porsche 917 usado no filme. No início das filmagens, o Diretor perguntou a McQueen qual figurino seu personagem deveria usar. McQueen, sem pestanejar, afirmou: "quero ficar parecido com ele (Siffert)"! O Diretor, ainda, ofereceu-lhe um Omega para compor o personagem, mas McQueen recusou, temendo que sua imagem pudesse ser usada pela marca. Como nunca havia ouvido falar na Heuer, escolheu o Mônaco. Após, o ator nunca mais usou o relógio, descontente com o uso indevido de sua imagem pela Heuer...

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#33
Fórum principal / Jack Heuer e o cinema
15 Julho 2024 às 15:13:13
Em 1958, enquanto analisava estatísticas comerciais, Jack Heuer percebeu que a venda de cronógrafos havia aumentado cerca de 20% em todos os mercados nos quais a Heuer estava presente, salvo nos Estados Unidos, que apresentara apenas 3% de incremento. Louis Eisenstein & Bros, representantes Heuer nos Estados Unidos, certamente não estavam fazendo um bom trabalho... Então, Jack Heuer e seu tio viajaram até Nova Iorque e comunicaram ao seu representante oficial que assumiriam a venda direta dos seus produtos naquele mercado a partir de 1959. Anos depois, Jack Heuer resolveu realizar uma pesquisa de mercado para descobrir como seus concorrentes atuavam nos Estados Unidos. Contatou inicialmente, então, o representante Rolex e solicitou-lhe uma reunião. Quando chegou ao escritório Rolex, situado na 5ª Avenida, percebeu várias fotos autografadas de astros de Hollywood penduradas na parede, com dedicatórias ao presidente da marca. Sem rodeios, perguntou ao Diretor de Operações Rolex como ele conseguira que tantos astros usassem relógios da marca. Para sua surpresa, o Diretor lhe contou o segredo: bastava "compensar financeiramente" algum Chefe de Produção de estúdio que seus relógios seriam escolhidos para compor o figurino dos personagens. Assim, Jack Heuer telefonou para Barney Feldmar, um cliente que adquiria cronógrafos Heuer para Diretores de cinema calcularem a duração das cenas, e pediu-lhe um contato de um Chefe de Produção que trabalhasse em filmes com temática esportiva. Um certo Don Nunley lhe foi apresentado e, entabulada a "comissão" que ele receberia, pouco tempo depois aconteceria a mais icônica vinculação de um cronógrafo Heuer a um personagem de filme.



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#34
Para quem se lembra, a NY retratada nos anos 70 e 80 era um caos completo, parodiada até em filmes como Desejo de Matar 3. O movimento da Lei e Ordem pegou por lá, a cidade ficou bem menos violenta e, agora, uma série de assaltos a mão armada de relógios, nos quais os ladrões entram nos restaurantes finos e promovem arrastão, está ocorrendo. Foram vários já, coisas que normalmente só ouvíamos falar acontecendo nos Jardins em Sampa. Vejam

https://robbreport.com/food-drink/dining/restaurant-thefts-nyc-rolex-patek-philippe-1235698756/
#35
Olha que contraponto de mercado interessante. Entrevistado um grande player no Japão, este diz que a maioria das marcas japonesas, que tem valor na faixa de 300 dólares, tem se movido para o "upmarket" em virtude da concorrência com smartwatches. Por exemplo, a Casio tem sofrido com tal concorrência. No Japão, portanto, a regra tem sido: vá para um nicho superior de mercado.

Por outro lado, o CEO da Tissot foi entrevistado e... Ele disse que como a Tissot atua em todo tipo de mercado, a concorrência com os Smart não é um problema e ele, na verdade, não pretende subir preços, mas aumentar produção, com um objetivo de chegar a 5 milhões de relógios vendidos! Ps. Segundo ele, aliás, contrariando o que nós achamos, o maior volume de venda da marca não é a linha PRX, mas Le Locle e, na Suíça, acreditem se quiser, a Touch.

Os dois artigos estão aqui:

https://www.europastar.com/the-watch-files/swatch-group/1004114474-i-ve-set-tissot-a-target-of-5-million-watches-a.html


https://www.europastar.com/the-watch-files/watchmaking-in-japan/1004114441-japanese-brands-have-all-come-to-the-same.html
#36
Durante os primeiros 30 anos do reinado de Elizabeth I, o Conde de Leicester, Robert Dudley, transformou-se da figura política mais importante da Inglaterra. Como amante de Elizabeth, seus aposentos ficavam ao lado dos ocupados pela Rainha e, nas cerimônias oficiais, ambos comportavam-se como consortes "não oficiais". Era um costume da época oferecer presentes à Rainha nas festas de ano novo e, na passagem de 1571 para 1572, o Conde lhe deu um "bracelete ricamente cravejado de pedras preciosas, tendo em seu fecho um relógio". Esta é a primeira referência histórica a um relógio de pulso, muito embora o modelo fabricado não tenha sobrevivido ao tempo. Nos séculos posteriores, as mulheres da aristocracia continuaram a usar relógios de pulso. Em 1809, quando Eugênio de Beauharnais casou-se com Amélia de Leuchtenberg, a Imperatriz Josefina a presenteou com dois relógios de pulso fabricados pela Nitot, de Paris. Em 1812, por sua vez, Breguet também fabricou um relógio de pulso para a Rainha de Nápoles. No final do século XIX, o uso de relógios de pulso difundiu-se inclusive entre a classe média, como indicado em um artigo de 1887 da "Horological Journal", revista oficial do Instituto Britânico de Relojoaria, que ainda é publicada: "já faz algum tempo que está na moda as mulheres usarem, quando cavalgam ou caçam, relógios em pulseiras de couro presas ao pulso, dispostas de tal maneira que, com o mostrador exposto, o usuário possa ver imediatamente a hora sem retirá-lo (do bolso). Pulseiras com finalidade semelhante também são feitas em ouro e transformam o relógio em um objeto bonito e, ao mesmo tempo, útil". Os homens da época, porém, não estavam dispostos a aderir à moda: na era vitoriana, a sociedade esperava que os cavalheiros se apresentassem com ternos e relógios de bolso. Relógios de pulso eram vistos como afeminados e essa barreira social só seria superada pelos homens alguns anos mais tarde...



#38
Alguma boa alma pode me explicar isto?

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#39
Em 1981, a equipe de Hayek iniciou a auditoria dos grupos suíços de relojoaria SSIH e ASUAG e, apesar de não possuir nenhuma experiência no ramo, concluiu pela existência de uma estrutura completamente arcaica de gestão. A primeira providência sugerida em relação ao ASUAG foi a demissão de todo Conselho e sua substituição por representantes dos bancos e especialistas, como Ernst Thomke, diretor da ETA e, inclusive, o próprio Hayek. Em 1982, em uma reunião no hotel Victoria Jungfrau em Interlaken, o destino dois dois grupos foi traçado: ambos seriam fundidos e isso teria que acontecer rápido, pois um pedido de falência do ASUAG já havia sido protocolado. Para criação da nova companhia, denominada SMH, os bancos credores, que eram seus maiores acionistas, despenderam a quantia de cerca de 1 bilhão de francos. Os bancos, é certo, não pretendiam permanecer como acionistas por muito tempo se o plano de Hayek desse certo, e apostaram que poderiam receber dividendos e, depois, vender suas participações com algum lucro. Por este motivo, aliás, resolveram não aceitar a proposta da Seiko para compra da Omega, por cerca de 400 milhões de francos. Se isso ocorresse, segundo Hayek, a "cabeça" da nova companhia seria cortada. Em 1984, um ano após a fusão, a nova empresa apresentou pequeno lucro.... Na época, em um almoço com Peter Gross, Hayek, que já era um homem rico com um patrimônio de cerca de 200 milhões de francos, comentou que pretendia investir parte do seu dinheiro em empresas de alta tecnologia. Gross, então, disse-lhe: "ora, não seja idiota, a oportunidade está na sua frente! Por que não investe na companhia de relógios que ajudou a criar?" Ao apresentar sua proposta aos bancos, que queriam se ver livres do "abacaxi", esta foi aceita: Hayek adquiriu, com seu próprio dinheiro, 7% do capital. Temendo o aumento do preço das ações, Hayek resolveu se comprometer ainda mais e, ao formar um consórcio de investidores, conseguiu abocanhar o controle da empresa, com 51% do capital social. No final das contas, o grupo de investidores havia se tornado "dono" da maior empresa de relojoaria suiça, pagando apenas 150 milhões de francos.
#40
Na década de 1970, a situação da indústria suíça de relógios era desesperadora. Os dois maiores grupos relojoeiros, SSIH (Omega-Tissot) e ASUAG (Ebauches/SA, Longines, Rado, Certina e Mido), que sozinhos detinham 30% do mercado suíço, perdiam cada vez mais espaço para a concorrência oriental. Em vez de alterarem seus métodos de produção e marketing, tais grupos, acostumados com o apoio estatal que existira na indústria relojoeira desde os anos de 1930, resolveram partir para uma rede de corrupção e lobby. Incentivos fiscais foram aprovados e relatórios contábeis sobre as empresas, que indicavam que o pior ainda estava por vir, acabaram ocultados do público. Em 1980 a situação se mostrava insustentável: SSIH devia 160 milhões de francos a bancos suíços, enquanto o ASUAG cerca de 200 milhões. Os bancos credores, então, exerceram pressão sobre os acionistas, parte deles parentes dos fundadores, para uma reorganização. O medo dos credores era que a Omega falisse e, como na época era a marca de relógios mais conhecida do planeta, gerasse uma reação em cadeia que afundasse de vez toda indústria suíça. Em reuniões turbulentas nas quais vários xingamentos foram proferidos, os principais bancos convenceram credores a abrirem mão de milhões de francos em créditos, ao mesmo tempo em que reduziam o valor nominal da cota dos sócios. Após a emissão de novas ações, os bancos se tornaram efetivamente os acionistas majoritários. No ASUAG, seus 13500 funcionários ingressaram num programa de redução de jornada de trabalho. A situação das empresas não melhorou e, em 1981, os credores estavam perdendo a paciência. Peter Gross, diretor do Union Bank, porém, sugeriu aos demais que uma decisão açodada seria ruim para todos e necessitava de uma análise imparcial de uma consultoria externa. Numa terça-feira, em março de 1981, Peter Gross telefonou para Nicolas Hayek, sócio-proprietário da Hayek Engineering, empresa de consultoria de Zurique especializada na reestruturação de metalúrgicas da Alemanha, e pediu-lhe apoio. No mesmo dia, em um restaurante de Biel, Hayek e Gross esboçaram as principais cláusulas do contrato de consultoria no verso do menu. A sorte estava lançada....
#45
Pierre Yves Donze, que dispensa apresentações, lançou semana passada um livro sobre a Rolex e que, pasme, tem o aval da própria marca, que normalmente é bem secreta nessas coisas.

Sairá em inglês também no futuro. Vejam

https://coron.et/new-1minute-reads/rolex-fabrique-du-temps-book-donze
#47
Encerrando a análise do estudo da Morgan Stanley sobre o mercado suíço em 2023, é importante ressaltar o desempenho da Omega, que pela primeira vez foi desbancada no ranking de faturamento pela Cartier. A Omega, com um desempenho 4% maior do que 2022, alcançou 2,6 bilhões de francos em faturamento, ao comercializar 570 mil relógios. A estratégia atual da marca é tentar uma maior penetração das linhas Seamaster e Speedmaster na China, da qual seu faturamento depende em 29%: a linha da Omega com maior número de produtos vendidos no oriente é a Constellation. O sucesso da Cartier, com 3,1 bilhões em faturamento (+8% e 660 mil relógios vendidos), deve-se a uma linha composta majoritariamente por produtos icônicos, além da excelente penetração no mercado feminino. Aliás, se as joias vendidas pela Cartier forem computadas, seu faturamento atinge a cifra dos 10,7 bilhões de francos. O sucesso da Hermès também pode ser explicado pelo grande interesse do público feminino, sobretudo chinês e coreano, que enxergam na marca a epítome do status. A obsessão das mulheres chinesas e coreanas por bolsas de grife é a mola propulsora deste crescimento, uma vez que a aquisição de tais itens normalmente é feita através da "venda casada" com relógios. A Breitling, exemplo de gestão na indústria, também passou a focar o público feminino, que hoje representa 20% de suas vendas: a contratação de Charlize Theron e Victoria Beckham como embaixadoras da marca é um exemplo disto. Finalmente, 2023 já é considerado o ano dos relojoeiros independentes, que pela primeira vez figuraram na lista das 50 empresas com maior faturamento, muito embora com participação global no mercado risível, se comparados aos grandes grupos (FP Journe faturou 98 milhões, com 37º lugar na lista; Moser 91 milhões, 38º lugar; Greubel Forsey 50 milhões, 49º lugar). Os estudos anuais da Morgan Stanley sobre o mercado costumam ser criticados pela falta de transparência na coleta de dados e conclusões baseadas em suposições. Aliás, o Swatch Group manifestou-se recentemente no sentido de os dados estarem equivocados. De qualquer maneira, prestam-se à discussão de uma indústria tão complexa como a dos relógios suíços.


#48
Além de uma visão global da indústria, o estudo publicado ano a ano pela Morgan Stanley também costuma analisar individualmente as marcas mais relevantes. Afinal, das 350 marcas existentes, apenas Rolex, Cartier, Omega e Patek, juntas, dominam 50% do mercado (as 25 empresas com maior faturamento representam 90% do mercado). Entre as marcas, a Rolex é a indiscutível líder: seu faturamento é maior do que o das outras 5 maiores marcas em conjunto! A tendência é que a Rolex, que possuía toda sua distribuição realizada através de terceirizados, passe a atuar de forma mista: a aquisição da Bucherer, que pode vir a gerar cerca de 7.5% do faturamento da marca no curto prazo, é um exemplo. Se a Rolex possuísse, a exemplo da Richard Mille, um canal de distribuição integrado através de boutiques próprias, seu faturamento seria muito maior, na casa dos 15 bilhões de francos. A Richard Mille, aliás, é o maior caso de sucesso da história da relojoaria, com margens de lucro de cerca de 50%, sem paralelo na indústria do luxo. Com um crescimento de 18% em 2023, nas palavras da Morgan Stanley, a marca está num "círculo virtuoso no qual a lucratividade aumenta desproporcionalmente ao número de produtos vendidos, que é relativamente estável (cerca de 5500 relógios por ano)". Na "tríade sagrada" da relojoaria suíça, a Patek incrementou seu faturamento em 14%, impulsionada pelo maior controle dos seus canais de venda (descredenciamento de vários revendedores) e encerramento da produção de modelos, com relançamento posterior com alguma "inovação" a justificar o constante aumento de preços. A Audemars Piguet também reduziu drasticamente seus pontos de venda (de 470 para 81) e em apenas 10 anos quadruplicou seu faturamento. Vacheron Constantin ultrapassou, pela primeira vez, 1 bilhão de francos em faturamento (+18%), certamente impulsionada pela grande procura pelos relógios das suas concorrentes diretas, AP e Patek. Resta saber se este crescimento será constante, uma vez que seus produtos costumam não reter valor no mercado secundário, o que impacta o desejo do consumidor em adquirir o bem.




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#49
Conforme ressaltado na postagem anterior, a indústria suíça de relógios caracteriza-se pela concentração. Os 4 maiores conglomerados suíços, com efeito, dominam 75% do mercado: Rolex com 31,9%, Swatch Group 19,4%, Richemont 18,7% e LVMH 5.8%. O faturamento do Swatch Group e Richemont, por sua vez, com grande portfólio de marcas, é diretamente impactado pela performance discrepante de cada uma das suas manufaturas. No Richemont, por exemplo, Lange & Sohne, Vacheron Constantin, Cartier e Van Cleef & Arpels apresentaram bons resultados. A Cartier, aliás, superou a Omega pela primeira vez na história (7.54% vs 7.49% do mercado). No entanto, o faturamento global do conglomerado foi afetado pelo desempenho ruim da IWC (-13%), o que é explicado no estudo por uma política desproporcional de preços da marca: a Omega, sua concorrente direta, por exemplo, oferece produtos tecnicamente mais avançados e com melhor preço. O Swatch Group também tem problemas causados pelo seu grande portfólio de marcas. Apesar de Tissot e Swatch terem tido bom desempenho (somente o Moonswatch gerou 480 milhões de francos para o grupo), o Swatch Group se mostrou como o maior "doador" de fatia de mercado para outros grupos, sobretudo Rolex. A realidade é que o Swatch Group depende muito da Omega, que gera cerca de 60% de seu faturamento. Empresas outrora relevantes, como Breguet, atualmente representam pouco dentro do conglomerado. E mesmo entre as empresas mais lucrativas do grupo, como a Longines, há problemas estruturais a serem superados: a marca, por exemplo, teve uma queda de 6% em seu faturamento, o que é explicado pela extrema dependência do mercado chinês (65% da sua produção é vendida na China), que só agora demonstra sinais de reaquecimento. Os conglomerados com número pequeno de empresas também tiveram seus "problemas": no grupo Rolex, por exemplo, a Tudor teve sua primeira queda de faturamento (-4%) desde 2017! E o fato por ser explicado por fatores atribuídos à sua empresa irmã, a Rolex. Com a queda de preços da Rolex no mercado secundário e maior disponibilidade no regular, o consumidor se volta para esta marca em vez da Tudor.



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#50
Pelo 7° ano consecutivo, a empresa de consultoria Morgan Stanley, em parceria com a LuxeConsult, disponibilizou um profundo estudo sobre o mercado relojoeiro suíço. As tendências verificadas em 2022 persistiram e intensificaram-se: incremento da polarização, com as maiores empresas adquirindo parcelas cadas vez mais expressivas do mercado; e a "premiumização", a criação de produtos mais caros e que reflitam a posição social do consumidor. Indicarei em uma sequência de postagens os mais relevantes dados extraídos da pesquisa. É importante ressaltar, inicialmente, que os smartwatches, ao contrário do propalado há alguns anos, pouco impacto tiveram sobre a indústria suíça de relógios como um todo: com a reabertura do mercado chinês, a Suíça ultrapassou, pela primeira vez, a barreira de 50 bilhões de francos em vendas em 2023, um crescimento de 8%. Duas exceções à "premiumização" foram verificadas: a Swatch teve o maior crescimento entre todas as empresas analisadas (faturamento 63% maior) e contribuiu com 75% do aumento de volume de vendas de toda indústria (900 mil unidades a mais); a Tissot, por sua vez, aumentou em 14% o seu faturamento, impulsionada pela linha PRX (60% de seu crescimento se deve a esta linha específica). Rolex, Audemars Piguet, Patek e Richard Mille subtraíram parcela de mercado de todas as outras empresas, intensificando a polarização: elas respondem sozinhas por 43,9% de todo faturamento da indústria. Os grandes grupos (Richemont, LVMH e Swatch) foram os maiores "doadores" de parcela de mercado, em virtude da performance discrepante de suas marcas. Swatch, Tissot, Vacheron Constantin e Cartier, por exemplo, tiveram bom desempenho; por outro lado, IWC, Panerai, Jaeger Le Coultre e Piaget não, o que impactou o faturamento total dos grupos aos quais pertencem. A Rolex se mostrou como a principal ganhadora de fatia de mercado das demais, ultrapassando, pela primeira vez na história, 10 bilhões de francos em faturamento. Seu domínio de mercado (30,3%) é algo sem precedentes na indústria do luxo (a título de exemplo, a Louis Vuitton, considerada exemplo de concentração o mercado de luxo, detém "apenas" 19% de todo mercado de bolsas).