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« Online: 26 Janeiro 2017 às 09:32:45 »
Sem dúvida nosso poder de compra não acompanhou o crescimento ocorrido nos EUA nesse período, Flavio. Mais - seguramente nossa realidade é muito mais diferente da realidade de lá, hoje, do que era em 1973, quando seu avô te deu o Constellation. A desigualdade social se agigantou em nosso país nesses 43 anos, curiosamente a minha idade. Acho até que, para ter um salário de 25 mil reais, é necessário ser muito mais que um trabalhador altamente qualificado - pelo menos no meu meio, o jornalismo, só cargos de gerência e profissionais de vídeo muito bem reconhecidos chegam nesse valor.
E concordo plenamente contigo - a percepção do consumidor é que alimenta a engrenagem que só roda para cima no que diz respeito aos preços. Não tenho bagagem pra falar sobre alta relojoaria. Minha paixão por relógios, que é antiga, só voltou com força há poucos anos, quando conheci o FRM e voltei a comprar/colecionar relógios, agora automáticos. Mas posso fazer uma comparação com outra paixão minha, oriunda do passado (beeem passado) como atleta e da minha área profissional, o jornalismo esportivo - tênis de basquete. Faço parte de um grupo de colecionadores no WhatsUp e vejo caras pagando 1k, 2k de trumps num par de tênis "exclusivo". Ora, NADA justifica, para mim, esse nível de investimento num bem que, se usado, vai durar tão pouco (um relógio, pelo menos, te dá a ilusão de que vai te acompanhar pela vida toda; um sneaker, por melhor que seja, não passa de alguns poucos anos). Então como justificar esse valor? Apenas pela exclusividade? Hmmm... Pelo marketing absurdo que empresas como Nike e Adidas fazem? Qual a fagulha que acende nas pessoas o prazer de ter algo assim?
Não tenho essas respostas. Mas tenho a mesma resposta que você tem para os relógios - NENHUM tênis vale tal soma, ainda mais hoje, em que um Air Jordan retrô costuma durar metade do tempo que durava um original, dos anos 80 ou 90. E, como na relojoaria, ainda há aqueles casos incríveis, como um Air Jordan relançado semana passada pela Nike, aqui e nos EUA. Algum louco comprou, achou estranho o nível de amortecimento e resolveu abrir. Resultado - não havia a bolsa de ar (o Air) acompanhando todo o calcanhar, como a Nike anunciava no site (como era no tênis original, de 16 anos atrás). Dois dias depois, a Nike retirou a informação improcedente (na verdade, a tremenda mentira) dos sites daqui e de lá...
Enfim, acho que essa questão qualidade x preço vale para quase tudo hoje - relógios, tênis, carros, barcos...
Grande abraço.