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Tópicos - flávio

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Fórum principal / A história do El Primero
« Online: 25 Novembro 2021 às 15:36:43 »
Rapaz... Esses posts para Instagram me tomam um tempo do cacete, difícil encaixar tudo em 2200 caracteres. Fosse aqui, tinha escrito muito mais, muito embora já exista tópico sobre o assunto. Então, este é o post.

Em 1911, em um distrito de Le Locle chamado Le Ponts de Martel, Georges Pellaton Steudler fundou uma empresa que se especializou na produção de cronógrafos, a Martel Watch Co, que alguns anos depois passou a fornecer movimentos para a Zenith. Em 1958, a Zenith adquiriu a Martel, que continuou a fabricar seus produtos em Le Ponts de Martel, inclusive mantendo seus funcionários, entre os quais se encontrava um jovem projetista, chamado Charles Vermot. Ainda em 1962, com o “know how” adquirido da Martel e auxílio de Vermot, a Zenith iniciou o projeto do primeiro cronógrafo automático da história, visando lançá-lo ao mercado no seu centenário, em 1965. A tarefa, muito complexa, não foi concluída a tempo… Em 1967, a Zenith soube que um consórcio criado entre Breitling, Hamilton Buren, Dubois Depraz e Heuer Leonidas também havia entrado no páreo na disputa pelo lançamento do primeiro cronógrafo automático. Então, acelerou o passo e, em janeiro de 1969, mostrou à imprensa o mecanismo, que recebeu o nome de “El Primero” (“o Primeiro”, em esperanto). A festa durou pouco… Em 1971, os custos altíssimos do projeto e o surgimento dos relógios eletrônicos impactaram as finanças da empresa, que acabou vendida para a Zenith Radio Corporation, dos Estados Unidos. Em 1975, Vermot, agora Chefe do Departamento de Produção, recebeu ordem para cessar a fabricação do El Primero. Indignado, escreveu aos diretores, que lhe responderam: “acorde, estamos na era da eletrônica!” Não satisfeito, Vermot paulatinamente escondeu o ferramental para construção do El Primero no sótão da empresa, que lá ficou esquecido por vários anos. Em 1984, a Zenith estava praticamente falida, quando Ebel e Rolex lhe procuraram para firmar um contrato para compra de milhares de El Primero. Impossível, disseram os diretores, não temos mais o ferramental. E um emotivo Vermot disse: temos sim, escondi tudo no sótão…. A Zenith, empresa fundada em 1865, estava salva. Em agradecimento, Vermot recebeu um jantar e relógio de presente…. Adquiri este El Primero, um símbolo da resiliência da indústria suíça, há cerca de 7 anos, até que perdi o interesse em ter mais relógios: suas fantásticas histórias me bastam.


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Fórum principal / Alpina lança movimento "bumper"
« Online: 24 Novembro 2021 às 15:18:42 »
Uma das primeiras lembranças que tenho da relojoaria foi ter em mãos um Omega antigo com calibre com corda "bumper". Nestes relógios, o rotor não girava completamente, acionando um conjunto de engrenagens reversoras, mas uma cremalheira. O giro do rotor estava limitado a cerca de 120 graus e havia duas molas de anteparo, de modo que ao usar o relógio, você "sentia" em batendo (por isso "bumper") dentro, algo bem legal. Aliás, era justamente nas molinhas que os defeitos destes relógios apareciam, devido aos choques constantes.

E não é que a Alpina, que oferece sempre boas opções de custo benefício (eis que compartilha produção com a F. Constant), lançou agora um movimento bumper moderno? No modelo deles, foram-se as molinhas, em prol de um bloco metálico conectado a duas lâminas metálicas, que faz o amortecimento do choque do rotor, que neste caso gira 330 graus. Convenhamos: tecnicamente não há qualquer vantagem mecânica no sistema e, ao que parece, a Alpina provavelmente utilizou a base de movimento que já fazia (muito legal, diga-se), criando o sistema de anteparo. Deve ser legal SENTIR o relógio no pulso, em virtude dos constantes choques do rotor, mas mecanicamente, não vejo vantagem. Vejam só:

https://www.watchprosite.com/horological-meandering/alpina-startimer-pilot-heritage-manufacture-2021-/17.1457806.13672766/

Na foto abaixo, utilizando recursos super avançados de computação gráfica, eu indico o tal bloco metálico



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Fórum principal / Kari Voutilainen compra a Urban Jurgensen
« Online: 24 Novembro 2021 às 14:56:21 »
Sou suspeito, pois sempre gostei muito da Urban, mesmo suas iterações mais recentes. O Kari trabalhou para a Urban no passado e, para dizer a verdade, a época da qual mais me lembro da marca é aquela na qual um dos maiores (senão o maior...) relojoeiro das últimas décadas, Derek Pratt, fazia relógios para a marca. Mas a Urban nunca se tornou muito conhecida e, agora, tendo Kari como dono e CEO, talvez a coisa engrene. Vejamos o que ele tem guardado para a Urban...


https://watchesbysjx.com/2021/11/kari-voutilainen-urban-jurgensen.html

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Fórum principal / As assinaturas secretas Breguet
« Online: 16 Novembro 2021 às 15:31:59 »
Post que fiz agora no Insta

Apesar de Breguet trabalhar para a aristocracia e, inclusive, ser considerado o relojoeiro preferido de Luiz XVI, ele nutria simpatia pelas ideias políticas que fervilhavam na França da época. Breguet, então, uniu-se aos Jacobinos, grupo político liderado pelo radical Jean-Paul Marat. Em 1793, porém, os Jacobinos dividiram-se em dois grupos: os moderados Girondinos e os radicais Montagnards, liderados por Robespierre. Marat filiou-se aos Montagnards e, apesar da posição mais moderada de Breguet, ambos permaneceram amigos.
Em abril de 1793, Breguet e Marat resolveram visitar um amigo em comum em Paris. Enquanto estavam na sua residência, uma multidão partidária ao rei se aproximou e passou a gritar, exigindo a cabeça de Marat. Breguet, então, vestiu Marat como se fosse uma mulher, inclusive o maquiando, e deixou a residência fingindo estar acompanhado, enganando a multidão furiosa.
Os meses passaram e a situação em Paris ficou perigosa… As ligações de Breguet com aristocracia e sua nacionalidade suíça o transformaram em um alvo dos radicais. Marat, então, retribuiu o dia no qual Breguet salvou sua vida e confidenciou-lhe que o relojoeiro estava marcado para morrer na guilhotina. No dia 12 de agosto de 1793, com um salvo conduto fornecido por Marat, Breguet fugiu para a Suíça.
Algum tempo depois, Breguet soube que vários relógios fabricados por ele e confiscados de aristocratas guilhotinados haviam alcançado preços altíssimos em leilões. E tais preços haviam incentivado a falsificação dos seus produtos… Na Suíça, Breguet contatou Jean Pierre Droz, que projetou e fabricou um pequeno pantógrafo, através do qual ele podia inserir uma minúscula assinatura com cerca de 3mm nos mostradores dos seus relógios. A assinatura “secreta” de Breguet é utilizada até hoje nos relógios da marca, muito embora inserida através de raio laser. Inspirou outros fabricantes, como por exemplo Cartier e Rolex, a colocarem escritos “anti falsificação” em seus relógios.


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Fórum principal / Novos Excelsior Park
« Online: 12 Novembro 2021 às 16:36:43 »
Vocês já sabem minha opinião a respeito do relançamento de marcas (na verdade nomes), quando os novos donos não possuem qualquer relação com os anteriores: cautela. Muitas vezes a marca "honra" sua história, mesmo não tendo NADA a ver com os antigos donos. Exemplo? A Lange. A original foi extinta logo após a 2a Guerra Mundial e a nova nada mais é do que o "nome" comprado, e a presença do Walter Lange, contratado para dar legitimidade à nova empresa. Mas o que fizeram foi impressionante, os relógios e a tradição mantida falam por si.

Por outro lado... George Graham deve se revirar no túmulo todos os dias ao ver o que estão produzindo hoje e dizendo que possui alguma relação com ele.

E chegamos à nova Excelsior Park. A marca se tornou conhecida no passado pelos cronógrafos, seja feitos em casa ou usando mecanismos da Valjoux, belíssimos. Aliás, o cronógrafo de bolso Technos que minha mãe me deixou usa movimento Excelsior Park.

O cabra que comprou os direitos do nome da nova Excelsior Park é o mesmo da Nivada, e não fez feio: os cronógrafos são belíssimos. O movimento escolhido é carne de vaca, um Sellita "clone" dos Valjoux 776X, que serve ao seu propósito. E manteve o preço justo, 2 mil euros.

No fundo, no fundo, a marca não tem nada a ver com o passado, mas os relógios sim, o visual é bem legal. Eu gostei. Vejam:

https://monochrome-watches.com/2021-excelsior-park-hand-wound-chronograph-collection-ep95003-ep95004-review-price/

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Fórum principal / Yema Wristmaster
« Online: 12 Novembro 2021 às 16:18:53 »
O post do ABTW é patrocinado mas... Abstraindo isso, gostei do visual retrô destes Yema e do modelo com bracelete integrado, que parece ser a moda atual. Mas o principal é que o relógio é efetivamente francês, fabricado numa cidadezinha próxima de Besançon. O calibre deles é feito em casa, vejam só! Mas o melhor é o preço: algo genuinamente francês, com visual legal e... Por menos de 500 euros. Vejam

https://www.ablogtowatch.com/yema-brings-the-wristmaster-series-to-the-21st-century/

Ps. Gostei do logotipo cursivo escrito "Wristmaster"

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Fórum principal / Resenha do livro "About Time", de David Rooney
« Online: 11 Novembro 2021 às 13:59:35 »
Soube do lançamento deste livro, obra bem recente, lançada há não mais do que seis meses, no blog da Antiquarium Horological Society que, diga-se de passagem, raramente visito. Foi bom ter dado uma olhada, pois o livro é excelente e, mesmo em tempos de ASSALTO A MÃO armada em tudo que possui preço dolarizado, de aquisição não tão cara: tem na Amazon Brasil com Prime (envio gratuito), por cerca de 150 reais, capa dura. O livro tem cerca de 250 páginas.

Gostei muito... A premissa do autor é tentar definir momentos chave da nossa sociedade através de 12 relógios. Cada um dos relógios é o ponto de partida para uma discussão mais "filosófica" de vários temas, que dão títulos aos capítulos, como guerra, paz, fé, império, etc.

O interessante é a estrutura narrativa, que começa invariavelmente com a descrição do tal relógio e sua conexão com um "fato" importante, as ramificações mais existenciais entre as relações humanas da época na qual estava inserido o objeto, sua importância atual e... Um retorno ao início do capítulo. Leitura fácil, agradável, curti muito o estilo do autor. É definitivamente um dos melhores livros que já li com a temática "tempo".

A única coisa que pode desagradar os mais "conservadores" é que há nitidamente uma opção central no livro de colocar os marcadores de tempo como instrumentos de domínio político, o que não deixa de ser verdade. Aliás, não de forma tão clara, mas essa é a posição de eminentes autores conservadores como, por exemplo, David Landes, que identifica no relógio mecânico o instrumento chave da revolução industrial. E isto porque os relógios possibilitaram o controle social pelo controle do "tempo", um tema muito caro à sociedade Vitoriana.

Enfim, curti muito mesmo este livro e, para quem tem facilidade na língua, imperdível.

Flávio

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Fórum principal / Os detonadores Thomas Mercer dos mísseis Polaris
« Online: 10 Novembro 2021 às 17:12:59 »
Um dos textos mais bizarros que já escrevi mas... Ei-lo
Em 1707, após atacar a base naval francesa de Toulon, durante a Guerra da Sucessão Espanhola, o almirante Sir. Cloudesley Shovell recebeu ordens para retornar à Inglaterra. Na viagem de retorno, Shovell, em consenso com os demais navegadores da esquadra, imaginou que estava próximo da Ilha Ouessant, mas na verdade aproximava-se das Ilhas Scilly. Na época não existia um método preciso para calcular a posição de um navio no mar. A nau capitânia “Association” foi a primeira a chocar-se com as ilhas, seguida pelo resto da esquadra. 2000 vidas e 4 navios de guerra foram perdidos no naufrágio…. A resposta do Parlamento Britânico foi a “Lei da Longitude”, que oferecia um prêmio de 20 mil libras a quem apresentasse um modo prático de determinação da posição de um navio no mar. Em 1773, quase 70 anos depois da instituição do prêmio, John Harrison requereu ao Rei George III o seu pagamento, após comprovar que um relógio podia ser usado como meio prático para determinação da posição.
Com o passar dos anos, surgiram diversos fabricantes especializados na manufatura de cronômetros marítimos, entre os quais destacou-se Thomas Mercer, que fundou sua companhia em 1858. Por mais de cem anos a empresa forneceu cronômetros para a Marinha de Guerra britânica, até que a tecnologia se tornou obsoleta e houve a necessidade de diversificação de atividades.
Nos anos de 1970, a Marinha Real constatou que seus mísseis “Polaris” lançados de submarinos podiam ter suas ogivas atômicas interceptadas pelo sistema de defesa soviético, no caso de um ataque. A Inglaterra, pois, resolveu aperfeiçoar suas “bombas atômicas”, de maneira a aumentar as chances de sucesso em um ataque. Uma preocupação da Marinha era que os pulsos magnéticos causados pela explosão sucessiva de misseis nucleares danificasse os sistemas eletrônicos daqueles que ainda se dirigiam ao alvo. Para tanto, contatou a Mercer, que sugeriu que os detonadores eletrônicos de tempo dos mísseis deveriam ser abandonados, em prol de modelos mecânicos imunes aos pulsos magnéticos. E assim foi feito. Se a Inglaterra houvesse atacado a União Soviética durante a Guerra Fria, as bombas teriam sido acionadas por relógios mecânicos Mercer….



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Fórum principal / Longines passa a vender vintages certificados
« Online: 09 Novembro 2021 às 14:38:45 »
A exemplo de Vacheron e outras, a Longines agora está vendendo relógios antigos da marca restaurados nos seus workshops, na boutique de Genebra. Vejam só alguns exemplos. Eu os achei até justos no preço, mesmo o cronógrafo 30 CH zerinho por 12 mil francos: mais barato do que muuuuuuuuuuuuuuuita porcaria sendo vendida por aí com mecanismos que não chegam nem aos pés.


https://www.watchonista.com/articles/depth/exclusive-inside-look-longines-new-collectors-corner

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Fórum principal / Moritz Grossman Tremblage
« Online: 09 Novembro 2021 às 14:34:53 »
O modelo já é conhecido nosso, velho de guerra, não há muito o que comentar... Já disse aqui que o estilo me parece muito mais alemão tradicional do que, por exemplo, a Lange, a queridinha do mercado. Nos primórdios, aliás, Lange (o cara, não a marca) comprava seus ebauches de Grossaman (o cara).

Mas tem algo aí que é uma novidade para mim, nunca nem tinha ouvido falar na técnica. Chama-se Tremblage. Na técnica, ao invés de se pegar uma fina camada de metal, usar como mostrador e, depois, fixar numerais ou pintá-los, usa-se um bloco maior de metal. O artesão, então, vai entalhando o metal e retirando material até ir formando o mostrador. Ou seja, não há números aplicados ou desenhados aí, assim como a própria escala de segundos: tudo foi entalhado direto no metal, em algo que pressuponho deva demorar uma eternidade e custar uma verdadeira fábula.

Vejam

https://www.ablogtowatch.com/moritz-grossmann-debuts-tremblage-watches/


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Fórum principal / Os Omega Dynamic de 3a Geração
« Online: 04 Novembro 2021 às 17:00:16 »
Texto rápido e rasteiro que coloquei agora no Instagram

Em 1967, o designer Raymond Thévenaz, baseando-se em estudos anatômicos, criou um revolucionário modelo para a Omega, cujos contornos da caixa adaptavam-se perfeitamente ao pulso. O relógio, batizado “Dynamic”, chegou ao mercado em 1968 e imediatamente tornou-se um sucesso: a facilidade da troca das pulseiras, que eram oferecidas em várias cores, além do desenho radical da caixa, estavam em sintonia com a contracultura da década.
Durante a década de 1970, a direção da Omega optou por ampliar sua produção, o que afetou sua imagem como produto exclusivo e de luxo. Após, com o advento da “Crise do Quartzo”, a empresa entrou em grave recessão e, em 1984, com a falência batendo à porta, japoneses fizeram uma oferta para comprá-la.
Nicolas Hayek, porém, julgava a marca fundamental em seus planos de reestruturação da indústria suíça: se o Swatch fizesse sucesso, em pouco tempo os lucros poderiam ser reinvestidos em marcas de alta gama, como a Omega.
Em um primeiro momento, Hayek determinou que a Omega não mais fabricaria movimentos, o que ficaria a cargo da ETA (entre 1985 e 1995 a Omega usou mecanismos ETA padrão com pouquíssimas alterações estéticas, além do venerável Lemania que equipava o Speedmaster). A partir de 1995, com o lançamento do calibre 1120 certificado como cronômetro, a Omega iniciou sua trajetória de retorno ao segmento de luxo, com relógios com melhor acabamento e patrocínio de celebridades.
Em 1997, buscando atingir o público jovem que ainda não tivera contato com uma marca há muito no ostracismo, a Omega lançou um novo “Dynamic”, inspirado nos relógios militares da 2ª Guerra. O modelo, que custava menos de 900 dólares, foi descontinuado em 1999, quando a Omega, seguindo a estratégia formulada por Hayek, lançou o escapamento coaxial e passou a incrementar seus preços para novamente competir com sua rival histórica, a Rolex.
Há alguns anos, estava em um bar tomando algumas cervejas quando um amigo de adolescência me ligou, querendo encontrar-me. No bar, ele tirou uma caixa de uma sacola e disse: “admiro seu interesse por relógios… Quero que fique com este, foi o primeiro bom relógio que comprei na vida….”




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Fórum principal / The art of Breguet
« Online: 20 Outubro 2021 às 17:56:26 »
Post que lancei agora no @relogiosmecanicos

Em 1975, George Daniels publicou “The Art of Breguet”, o resultado de 15 anos de trabalho nos quais fotografou, desmontou e analisou pessoalmente a maioria dos relógios fabricados (ou concebidos) enquanto o mestre ainda estava vivo (Breguet faleceu em 1823). Nos dias atuais, a obra certamente não teria sido realizada, em virtude da paranoia dos donos (seja museus ou particulares) com questões relacionadas à segurança.
Na época, para concluir o trabalho, Daniels precisava analisar a gigantesca coleção de David Salomons, que incluía o famoso relógio “Maria Antonieta”. No entanto, apesar de protestos de Daniels, todos os relógios haviam sido transferidos para o Museu de Arte Islâmica, situado em Jerusalém. Daniels questionou, não sem razão, o motivo de objetos genuinamente europeus serem expostos em uma instituição criada para enaltecer cultura diversa.
Porém, logo após os relógios serem depositados no museu israelense, Daniels foi chamado para catalogar a coleção, algo que aceitou prontamente, eis que poderia concluir seu livro. O trabalho não foi simples e demorou 7 anos para ser encerrado, levando em conta o tamanho da coleção. Logo após Daniels concluir seu trabalho, a coleção – inclusive o “Maria Antonieta” – foi furtada do museu….
Então, advogados do museu entraram em contato com Daniels para solicitarem-lhe que, caso algum relógio aparecesse no mercado secundário, a instituição fosse avisada. Daniels respondeu: “Em primeiro lugar, vocês nunca deveriam ter deixado os relógios irem para Israel…. E se reaparecerem no mercado, o que é realmente possível, preferirei comprá-los para minha própria coleção!” Daniels nunca mais teve notícia dos tais advogados….
Por vários anos tentei comprar o livro, cuja edição estava esgotada há muito tempo.... E no ano 2010, enquanto visitava o epace horloger, na distante Le Sentier, lar de Blancpain, Audemars Piguet e Dufour, por acaso deparei-me com um exemplar na livraria do local e trouxe o calhamaço para o Brasil.… Ps. O livro foi reeditado e atualmente pode ser adquirido no conforto de casa através da Amazon, embora por quantia não irrisória.



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Fórum principal / IWC "Markus Buhler"
« Online: 20 Outubro 2021 às 11:42:17 »
O SJX publicou um artigo sobre um interessante IWC que, presumo, deve ser um dos, senão O, mais raro já feito pela marca. A história é um tanto quanto bizarra... O tal Markus Buhler era aprendiz na IWC e participou de um concurso de design, no qual sagrou-se vencedor. Seu design era, na opinião do SJX, "bobinho" (eu continuo achando que é...): adicionar duas "turbinas" no relógio (uma delas substituindo o segundeiro, girando uma vez por minuto) feitas em alumínio para evocar o espírito de aviador do relógio. Fato é que a IWC autorizou a fabricação e comercialização de 12 exemplares, que foram equipados com movimentos Unitas, muito, mas muito mais simples do que os Calibre 5000 que equipavam o relógio. O interessante, porém, é que os 12 exemplares foram construídos por aprendizes na IWC, o que é ressaltado pelo acabamento totalmente feito a mão no movimento (como listras de genebra circulares, chanfrados, etc).

Ao fim e ao cabo, ao contrário do SJX, eu continuo achando o conceito "bobinho" e o relógio um tanto quanto tabajara, comparando-o ao que a IWC fazia na época (o design é de 2003, o sinal verde para a linha 2004 e... A entrega dos modelos aos donos só ocorreu em 2008! ). Porém, o fato de ter sido feito por aprendizes da IWC, conter as "marcas" do feito à mão no movimento, etc, fazem deles uma linha muito singular. Vejam só que curioso:


https://watchesbysjx.com/2021/10/iwc-big-pilot-5003-markus-buhler.html

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Fórum principal / O túmulo de John Harrison
« Online: 15 Outubro 2021 às 11:32:00 »
Post agora do Instagram

“Em memória do finado Sr. John Harrison, da Praça Red Lion, Londres.
Inventor do marcador de tempo para determinar a Longitude no mar.
Ele nasceu em Foulby, no Condado de York, e era filho de um construtor local que ensinou-lhe a profissão.
Antes de completar 21 anos, e sem nenhuma instrução, ele passou a consertar relógios de pedestal e portáteis, tendo fabricado alguns, majoritariamente em madeira.
Aos 25 anos, ele empreendeu todos os esforços na melhoria da marcação do tempo. Ele foi o inventor do “Pêndulo Grelha” e do método para evitar o efeito do calor e do frio sob os marcadores de tempo, através da utilização de duas barras de metais diferentes fixadas em conjunto; ele inventou uma “Mola Intermediária” para permitir que continuassem funcionando enquanto recebiam corda; e foi o inventor da maioria (se não todos) dos aprimoramentos em relógios portáteis e de pedestal da sua época.
Em 1735, seu 1º marcador de tempo foi enviado a Lisboa, e em 1764, seu 4º, mais aprimorado, foi enviado a Barbados, sendo que a “Comissão da Longitude” certificou que ele havia determinado a posição em um sexto de grau, tendo variado não mais do que 40 segundos de tempo.
Após quase 50 anos de dedicação aos objetivos acima, ele partiu desta vida, no dia 24 de março de 1776, aos 83 anos de idade.
A Sra. Elizabeth Harrison, esposa do Sr. John Harrison, partiu desta vida em 5 de março de 1777, aos 72 anos de idade.”



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Fórum principal / Calatrava 6119 no SJX
« Online: 14 Outubro 2021 às 15:52:03 »
O SJX continua provado que é o único blog atual que publica continuamente "coisas que prestam" na rede. Desta vez foi uma análise profunda do 6119 que, aliás, conheço uma pessoa que tem. Desde o princípio achei este um dos lançamentos, senão melhor lançamento da Patek dos últimos anos. Não só pela beleza do relógio, efetivamente Pateks em sua essência (o hype criado em torno dos Pateks Nautilus e Aquanaut, para mim, é inexplicável. Para mim são Pateks no nome, não na essência... Minha opinião, claro), mas porque apresentaram melhorias visíveis de qualidade para os anteriores. Sim, não há Patek mal feito. Mas há Patek que não entrega na sua faixa de preço...

Dito isso, sem sequer precisar traduzir o texto, chamo a atenção de vocês para as fotos no artigo. Algumas considerações.

1- O padrão de qualidade do mostrador melhorou, pois a Patek usava muita estamparia comum nos Calatrava de entrada, sem nada que os diferenciasse de um relógio "comum". Agora não, há um acabamento escovado no mostrador, indexes aplicados em dupla (uma bolinha e um "tracinho"), etc.

2- O movimento foi pensado para melhor performance cronométrica, não esse carnaval de besteiras que se tornou a relojoaria nos últimos anos, onde se pensa em tudo, menos naquilo para que serve o relógio, que é marcar as horas. Se alguém pensou nas aberrações criadas pela Jacob e outras, pensou certo. Esse tipo de relógio "brinquedo" me dá nos nervos!

Pois bem, no novo Calatrava, a ideia foi aumentar o tamanho do movimento (porque os antigos já apresentavam sinais de desgaste, pequeninos dentro das caixas) mas aproveitar o maior espaço para retirar dele melhor desempenho. Foram usados, portanto, 2 tambores de corda pareados (a exemplo do que a Omega já faz em seus calibres há um bom tempo...), duplicando o torque disponível. Eles funcionam conectados por um pinhão que... Fosse num espaço pequeno, estariam ligados diretamente a uma roda no seu próprio eixo, aumentando a altura do mecanismo, mas tornando possível tudo caber por ali. Mas com maior espaço, eles conectaram uma roda intermediária a este pinhão, "espalhando" o conjunto de engrenagens e tornando o movimento mais fino (são apenas 2.5 mm). Resultado? Um relógio elegante.

3- Nem ousaram utilizar ESSES MALDITOS DESIGNS de pontes atuais horríveis, sem fluidez alguma, que tornam o desenho do mecanismo parecido com uma estrutura em treliça dos prédios, nada chique. Quem pensou nessas aberrações da Hublot, Tag, Horage, até mesmo Zenith, nos modelos mais futuristas, vai entender o que estou falando.
Aqui não! Usaram o tradicional esquema de pontes "lepine" dos relógios de bolso antigos.

4- Diz o SJX, e tenho que confiar nele, que os chanfrados foram feitos em máquina e, depois, polidos manualmente. Eu sinceramente não consigo dizer isso pelas fotos e, se foi, demérito algum: que se dane se foi feito em máquina e depois polido. Eu quero saber é do resultado final, e este é muito bom! Todos os chanfrados são brilhantes, arredondados, e seguem o caminho fluído das pontes, causando uma boa impressão. Aliás, que se dane também a ausência dos tais ângulos internos, para dizer a verdade, eu prefiro assim, é fluído, sem paradas, gostei.

Enfim, este relógio, pelo conjunto, é o Patek que se eu estivesse disposto a gastar atualmente, compraria. Seria minha escolha. Nautilus e Aquanaut? Podem jogá-los no fundo do mar, os nomes até são sugestivos a isto.


Flávio





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Fórum principal / Mais uma quadrilha de assaltantes presa em São Paulo
« Online: 10 Outubro 2021 às 12:31:15 »
O melhor, ou pior detalhe da reportagem é: "estavam em liberdade condicional"... Vou lhes dizer sinceramente, até mesmo porque minha área de atuação profissional é a segurança pública: eu nunca, vou repetir, nunca me deparei, em 20 anos com um "ex ladrão". Já me deparei com ladrão morto, e por isso com carreira encerrada. Mas ex ladrão? Jamais. Esses aí ficarão presos, agora que a casa caiu 4 vezes, até por um bom tempo, e logo após sair retornarão à profissão. Porque as coisas são assim....


https://youtu.be/rFTiMjLpn1U

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Fórum principal / A criação do "Vibrograf"
« Online: 08 Outubro 2021 às 12:59:44 »
Post que lancei agora no Instagram

A qualidade de um relógio mecânico é determinada pela precisão de sua marcha diária em diferentes posições e temperaturas, bem como sua capacidade em mantê-la durante longos períodos de tempo.
Até o início da década de 1940, a regulagem consistia em um tedioso procedimento no qual o relojoeiro ajustava o relógio em uma posição, conferia o resultado após 24 horas, alterava sua posição, aguardava mais uma vez, verificava a marcha, e assim sucessivamente até considerar satisfatório o ajuste. O processo podia demorar semanas e havia departamentos inteiros nas manufaturas especializados nisso.
Em 1943, Rudolf Greiner projetou um aparelho revolucionário que solucionou as questões relativas ao ajuste de relógios, o Chronomatic B.
Em um relógio mecânico, as engrenagens são liberadas sucessiva e continuamente em pequenos intervalos de tempo por um mecanismo chamado “escapamento”. Nos modelos tradicionais de relógios, o escapamento assume a forma de uma âncora de navio, cujas pontas regularmente bloqueiam - e depois deixam prosseguir - o giro das engrenagens. E é o impacto constante das pontas da “âncora” sobre a última engrenagem (chamada “roda de escape”), que produz o peculiar “tic e tac” dos relógios. Por projeto, um relógio tem o número de “tic e tacs” definido, sendo que os comuns o fazem 28.800 vezes por hora. Na verdade, deveriam fazer… É justamente o número a mais ou a menos de “tic tacs” fora do padrão que determina se o relógio está atrasando ou adiantando.
A ideia de Greiner foi a seguinte: amplificar o som dos “tic tacs” emitidos pelo relógio, contá-los e compará-los ao de outro relógio instalado no aparelho, de maneira que o desvio da marcha padrão pudesse ser verificado instantaneamente. O ajuste em várias posições, algo que demorava semanas, passou a ser realizado em minutos.
O aparelho, inicialmente eletromecânico, evoluiu para modelos completamente transistorizados, como o famoso Vibrograf, ainda hoje utilizado nos rincões do país, a modelos complexos de diagnóstico, como aqueles fabricados pela Witschi. Em outro post analisarei os parâmetros que o relojoeiro e usuário podem verificar em um “boletim de marcha” extraído destes aparelhos.



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Fórum principal / Tissot High Tech Escapement
« Online: 06 Outubro 2021 às 10:48:03 »
Após um comentário em outro tópico, resolvi pesquisar mais profundamente os calibres Powermatic 80 usados pela Tissot, e cheguei à conclusão - algo que não havia me atentado no seu lançamento - que existem 3 versões do movimento: comum, com escapamento em liga metálica (antimagnética), certificado como cronômetro com escapamento metálico antimagnético e espiral em silício e o misterioso modelo de entrada, com escapamento em plástico. Misterioso porque não encontrei nenhuma foto deste escapamento na rede e a própria Swatch parece nem tê-lo na sua base de dados, muito embora Tissot e Certina o usem aos zilhões, pelo que pude perceber.

Pesquisando a história do mecanismo, o tal "high tech escapement" não se refere ao fato de usar plástico, mas ao fato de o relógio ser totalmente montado (e ajustado) sem a necessidade de intervenção humana. Aliás, por isso mesmo ele NÃO TEM REGULADOR instalado (os ETACHRON clássicos. Sabem aquele ajuste de abertura e + - nos ETA normais? Pois é... Olhem a foto abaixo, ele não tem) e são completamente ajustados por processos automatizados na fábrica (cortes a laser). Os cortes a laser para equilíbrio do balanço já eram feitos pela maioria das fábricas, inclusive as top de linha, como Patek, Lange, etc. Porém, o ajuste ainda era manual. Nestes calibres novos, tudo é automatizado.

Porém, eu vi comentários na rede no sentido de que o calibre não mais seria ajustável ao sair da fábrica. Mas... Parece-me claramente que o escapamento é "free sprung", mas com ajuste de marcha através de pesos no balanço. Vejam na foto. Alguém pode me confirmar isso?

E eu vi comentários também no sentido de que mesmo o modelo com escapamento de plástico atinge, ao sair da fábrica, marchas diárias médias excelentes, no padrão COSC. Alguém também pode confirmar isso?

Flávio



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