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Sobre os escapamentos Rolex Chronergy

Iniciado por flávio, 09 Agosto 2021 às 12:45:12

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flávio

Há um longo texto no SJX sobre o tema, que resumi (meio porcamente) pelo menos os conceitos num post agora de insta.

O artigo está aqui, para os pacientes e nerds:

https://watchesbysjx.com/2021/05/rolex-chronergy-analysis.html

Meu post é esse

Na relojoaria teórica, o "Fator de Qualidade" (Fator Q) de um oscilador (o balanço ou pêndulo) é a razão entre a energia total armazenada no sistema (E) e a quantidade perdida e recuperada a cada vibração (ΔE). Q=E/ΔE. Durante cada oscilação do balanço, este perde energia em virtude do atrito. Em um sistema perfeito, a quantidade de energia perdida a cada oscilação deveria equivaler à quantidade de energia recuperada. Isto, porém, não ocorre na prática. Para melhorar a eficiência do escapamento de um relógio – o mecanismo responsável por "energizar" o balanço ou pêndulo -, algumas soluções podem ser implementadas como, por exemplo: reduzir o tempo que o escapamento fica em contato com o balanço; reduzir a fricção no sistema; utilizar componentes com menor massa e fabricar componentes com tolerâncias mais restritas.
O escapamento Rolex Chronergy, que vem sendo instalado em modelos desde 2015, possibilitou que a marca garantisse aos consumidores uma marcha diária média de ínfimos 2 segundos ao dia. Considerando que a empresa continuou utilizando o modelo de escapamento de âncora, inventado por Thomas Mudge ainda nos anos de 1750, o que foi feito para incrementar sua eficiência e, consequentemente, precisão?
Inicialmente, alterou-se o desenho da roda de escape e levees, de modo a reduzir as perdas em virtude do atrito. As modificações também visaram incrementar a recuperação de energia do balanço a cada oscilação. Passaram a utilizar, ainda, uma roda de escape totalmente perfurada e com menor massa. Finalmente, reduziram a espessura das paredes do tambor pela metade, o que possibilitou a utilização de cordas maiores (a autonomia dos relógios aumentou para 70 horas).
Mudanças aparentemente simples na teoria, mas que somente foram possíveis na prática em virtude da utilização de novos métodos de fabricação e materiais, certamente fariam Thomas Mudge orgulhar-se da sua invenção....



flávio

Olhem esse teste de um desses calibres

https://www.watchtime.com/featured/rolex-pepsi-review-gmt-master-ii/

Sigam até o final e vejam as variações:

Dial up: +3
Dial down: +1
Crown up: 0
Crown down: +1
Crown left: 0
Crown right: +1
Greatest deviation: 3
Average deviation: +1
Average amplitude:
Flat positions: 269°
Hanging positions: 249°


Olha só que fantástico, o escapamento é o de âncora, mas "tunado" pela Rolex (reprojetado). Raríssimo ver um desempenho tão bom. Uma coisa que notei é que este escapamento parece trabalhar numa amplitude um pouco mais baixa do "normal", a exemplo do Coaxial...

Adriano

Os erros de balanceamento no aro do balanço se anulam nas verticais a 270° de amplitude. Por isso projetos modernos com mais reserva de marcha podem trabalhar com tensões mais baixas e ainda ser capazes de manter essa tensão ao longo das primeiras 24 horas ou mais. E de quebra, ainda submeter todo o trem a menos esforço.

Calibres mais antigos tinham em mente outros problemas, como lubrificantes inferiores, que se degradavam mais cedo, reservas de marcha de menos de 50 horas, às vezes menos de 40 horas, o que fazia que com 24 horas a tensão já caísse muito... E sem uma amplitude mais alta no "0 hora", ou eles sofreriam mais após 24 horas, ou sofreriam mais cedo ao longo dos anos...

Afinal 24 horas ainda é o intervalo padrão para mensurar isocronismo... Mas hoje os relógios são muito mais capazes de manter a mesma energia após 24 horas. Logo, melhor manter a amplitude perto dos ótimos 270°, já que eles são capazes de manter isso nas próximas 24 horas ou mais.

George Daniels fala sobre isso no "Watchmaking".

Aliás, cada vez mais os treinamentos falam para que os relojoeiros "desapeguem" dessa coisa da amplitude alta como uma qualidade essencial.

Abs.,

Adriano

flávio