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Grand Seiko 9SC5

Iniciado por Devenalme Sousa, 08 Agosto 2023 às 19:25:46

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Adriano

Citação de: flávio online 29 Agosto 2023 às 12:14:47
Caras... Sobre durabilidade... Tá aí um teste que eu gostaria que alguém da área realizasse... Será mesmo, estou falando sério, que um escapamento de âncora comum, funcionando a seco, com todo o atrito gerado no impulso e, para dizer a verdade, no bloqueio também (o escape inclusive recua um pouco para segurança da retenção do sistema) detonaria com o tempo? Eu gostaria de ver um escapamento de âncora comum lubrificado e um não lubrificado para ver a performance inicial e depois de 1 ano funcuon para ver se seriam tão diferentes assim. Já pensou nisso Adriano, ou já pegou algum escapamento de âncora funcionando a seco por, sei lá, esquecimento do reparador?

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Vários! A maioria dos relógios chega para manutenção com escapamento seco. Aliás eu arriscaria dizer que uma boa parte, e boa mesmo, quando chega para manutenção não está só seco, mas passou mais tempo funcionando seco do que lubrificado.

Mas tem duas questões aí: seco, mas limpo, é uma coisa. Seco pq o lubrificante secou e arregou é o veneno. É o que arrebenta com qualquer coisa. É um evolução muito rápida pois progride geometricamente. Um pouco de sujeira no óleo começa a ficar abrasivo, que aumenta a quantidade de sujeira, que fica ainda mais abrasiva, até comer eixo. Como tem aquelas várias fotos no meu Insta.


Mas tem outro X aí que é a qualidade dos materiais. Tá cheio de relógio dá década de 1950, 60, 70 que trabalhou morrendo de seco e você vai inspecionar e o desgaste é ZERO, seja no escapamento ou onde mais quiser. Enquanto tem relógio novo que esfarela dentro dos dois anos de garantia. Tudo lubrificadinho certinho, mas a roda de escape já está até falhando bloqueio em vários dentes de tanto que "encurtaram" pelo desgaste.

Mas sendo objetivo: com materiais de qualidade, eu ACHO que o maior problema de trabalhar a seco seria a baixa amplitude, mais do que o desgaste.

Abs.,

Adriano

flávio

Pois é bicho. Estou lendo um livro super técnico sobre relojoaria, o The Science of Clocks and Watches, do Rawlings, coisa de 1948, e ele deixa no ar que, conquanto no relógio de pedestal o escape de âncora e dead beat precisem de lubrificação, ele acredita que num relógio de pulso, pelas diminutas forças envolvidas, a impressão que se tem é que tudo poderia funcionar não lubrificado que talvez não tivesse problema algum... Diz ele que parece mais uma convenção da tradição do que necessidade mesmo, muito embora ele não desenvolva o assunto.

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Devenalme Sousa

Citação de: flávio online 29 Agosto 2023 às 13:07:56
Pois é bicho. Estou lendo um livro super técnico sobre relojoaria, o The Science of Clocks and Watches, do Rawlings, coisa de 1948, e ele deixa no ar que, conquanto no relógio de pedestal o escape de âncora e dead beat precisem de lubrificação, ele acredita que num relógio de pulso, pelas diminutas forças envolvidas, a impressão que se tem é que tudo poderia funcionar não lubrificado que talvez não tivesse problema algum... Diz ele que parece mais uma convenção da tradição do que necessidade mesmo, muito embora ele não desenvolva o assunto.

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Pelo que o Adriano expôs, o que esse sujeito afirmou em 1948 só era verdade e só valeria pra aquela época,  já que os metais usados eram de melhor qualidade. Se ele vivesse (ou escrevesse) hoje em dia, atualizaria a tese por conta da baixa qualidade dos materiais.

Adriano

Citação de: Devenalme Sousa online 29 Agosto 2023 às 17:05:07
Pelo que o Adriano expôs, o que esse sujeito afirmou em 1948 só era verdade e só valeria pra aquela época,  já que os metais usados eram de melhor qualidade. Se ele vivesse (ou escrevesse) hoje em dia, atualizaria a tese por conta da baixa qualidade dos materiais.

É... Eu não disse bem que os materiais de antigamente eram melhores. Pois eu não tenho dúvida nenhuma de que existem hoje mecanismos com materiais de mesma qualidade. Assim como não sei se existiram os de má qualidade como existem hoje, e de repente a gente não os vê justamente porque viraram pó ao longo das décadas. Ou seja, só sobreviveram os bons.

Mas me chama sim a atenção o fato de que vejo até hoje mecanismo daqueles antigos mesmo dos mais baratinhos, equipando aquelas marcas genéricas, e que estão bem inteiros, principalmente escapamento. E tenho lá minhas dúvidas se esses que vejo esfarelando em poucos anos estarão aí daqui 50, 60 anos...

Abs.,

Adriano

Adriano

Citação de: flávio online 29 Agosto 2023 às 13:07:56
Pois é bicho. Estou lendo um livro super técnico sobre relojoaria, o The Science of Clocks and Watches, do Rawlings, coisa de 1948, e ele deixa no ar que, conquanto no relógio de pedestal o escape de âncora e dead beat precisem de lubrificação, ele acredita que num relógio de pulso, pelas diminutas forças envolvidas, a impressão que se tem é que tudo poderia funcionar não lubrificado que talvez não tivesse problema algum... Diz ele que parece mais uma convenção da tradição do que necessidade mesmo, muito embora ele não desenvolva o assunto.

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Na verdade sim, nos pontos de maior velocidade/menor pressão, o risco de desgaste é muuuuuito menor. Tanto que há pontos em que a prática recomenda não lubrificar, pois o óleo vai criar mais resistência. Tipo pivôs de âncora, acumuladores de minutos dos cronos... Aquilo funciona a seco a vida toda e nunca vi um eixo desse gasto.

É fato que o maior índice de desgastes recai nos pontos de maior pressão, não nos de maior velocidade.

Abs.,

Adriano

AlexandreMed

Citação de: Adriano online 29 Agosto 2023 às 12:54:59
Vários! A maioria dos relógios chega para manutenção com escapamento seco. Aliás eu arriscaria dizer que uma boa parte, e boa mesmo, quando chega para manutenção não está só seco, mas passou mais tempo funcionando seco do que lubrificado.

Mas tem duas questões aí: seco, mas limpo, é uma coisa. Seco pq o lubrificante secou e arregou é o veneno. É o que arrebenta com qualquer coisa. É um evolução muito rápida pois progride geometricamente. Um pouco de sujeira no óleo começa a ficar abrasivo, que aumenta a quantidade de sujeira, que fica ainda mais abrasiva, até comer eixo. Como tem aquelas várias fotos no meu Insta.


Mas tem outro X aí que é a qualidade dos materiais. Tá cheio de relógio dá década de 1950, 60, 70 que trabalhou morrendo de seco e você vai inspecionar e o desgaste é ZERO, seja no escapamento ou onde mais quiser. Enquanto tem relógio novo que esfarela dentro dos dois anos de garantia. Tudo lubrificadinho certinho, mas a roda de escape já está até falhando bloqueio em vários dentes de tanto que "encurtaram" pelo desgaste.

Mas sendo objetivo: com materiais de qualidade, eu ACHO que o maior problema de trabalhar a seco seria a baixa amplitude, mais do que o desgaste.

Abs.,

Adriano
Adriano
Boa tarde
A simples aferição da amplitude rápida na assistência é capaz de sugerir tal problema? Ou é necessária obrigatoriamente inspeção visual?
Abracos
Alexandre


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Doutor Isnobson

Cara nesse quesito desgaste pela minha leiga visão os Rolex são imbatíveis mesmo. Tenho dois rolex um de 1968 e outro de 1972 que foram revisados ambos pela watchtime e só trocaram as juntas e lubrificaram e estão funcionando super bem é impressionante passaram dos 50 anos e não foi aferido desgaste para ser efetuado troca de peças do mecanismo. Eu adoro isso essa robustez da Rolex sempre me impressionou ! Abs


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Adriano

Citação de: AlexandreMed online 11 Setembro 2023 às 11:52:03
Adriano
Boa tarde
A simples aferição da amplitude rápida na assistência é capaz de sugerir tal problema? Ou é necessária obrigatoriamente inspeção visual?
Abracos
Alexandre


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O problema é que queda de amplitude pode ser causada por um zilhão de problemas, isolados ou agindo em cascata.  A deterioração da lubrificação em partes de baixa pressão a alta velocidade - como no escape - causa queda de amplitude mais notável do que quando isso ocorre em peças de alta pressão e baixa velocidade, por isso dá para dizer que a queda de amplitude DENTRO DE UM CONTEXTO de um relógio moderno, que já esteve bom, que não sofreu abusos, impactos, que não está magnetizado, é um sugestivo de deterioração de lubrificação do escapamento.

Mas para um diagnóstico preciso, considero a inspeção visual imprescindível. Eu pelo menos gosto de me utilizar de todas as informações que estiverem disponíveis para tecer um diagnóstico. Fazendo uma analogia boba, gosto de cruzar os dados do exame clínico com os exames laboratoriais, e ainda colocá-los no contexto do paciente, como idade, hábitos, doenças pré-existentes...  ;D

Abs.,

Adriano

AlexandreMed

Citação de: Adriano online 11 Setembro 2023 às 13:37:08
O problema é que queda de amplitude pode ser causada por um zilhão de problemas, isolados ou agindo em cascata.  A deterioração da lubrificação em partes de baixa pressão a alta velocidade - como no escape - causa queda de amplitude mais notável do que quando isso ocorre em peças de alta pressão e baixa velocidade, por isso dá para dizer que a queda de amplitude DENTRO DE UM CONTEXTO de um relógio moderno, que já esteve bom, que não sofreu abusos, impactos, que não está magnetizado, é um sugestivo de deterioração de lubrificação do escapamento.

Mas para um diagnóstico preciso, considero a inspeção visual imprescindível. Eu pelo menos gosto de me utilizar de todas as informações que estiverem disponíveis para tecer um diagnóstico. Fazendo uma analogia boba, gosto de cruzar os dados do exame clínico com os exames laboratoriais, e ainda colocá-los no contexto do paciente, como idade, hábitos, doenças pré-existentes...  ;D

Abs.,

Adriano
Perfeito Adriano! Obrigado!


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flávio

Outra coisa Adriano: considerando a proliferação de casebacks transparentes, vocês se aproveitam disso para olhar se os mancais ainda tem óleo ou mesmo as contra-pedras, sem precisar abrir os relógios?

Adriano

Citação de: flávio online 12 Setembro 2023 às 11:53:17
Outra coisa Adriano: considerando a proliferação de casebacks transparentes, vocês se aproveitam disso para olhar se os mancais ainda tem óleo ou mesmo as contra-pedras, sem precisar abrir os relógios?

Depende muito da máquina, o quanto dela é exposta... Contra pedra até para ver, mas não significa muita coisa... Uma contra pedra bem lubrificada é um dos últimos pontos a arregar a lubrificação, e a idéia dela é justamente essa. A condição dela não serve muito de parâmetro, ou melhor, ela estar boa não revela nada sobre os outros pontos de lubrificação. Por outro lado, se até ela estiver seca, nem precisa olhar o resto...

Mas muitos não dá por exemplo para avaliar bem lubrificação do escapamento. Nem da rodagem. Um 2824, 2892 mesmo, sem remover a ponte do automático, não dá para ver nenhum rubi da rodagem e nem avaliar o escape.

Para mim pelo menos não revela muita coisa.

Abs.,

Adriano