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Peso dos ponteiros não afeta a precisão?

Iniciado por Robson xavier, 01 Junho 2009 às 21:43:07

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Robson xavier

Olá amigos, tenho visto (e aprendido) por aqui, que por muitas vezes um  movimento que equipa um modelo com caixas sutis e ponteiros delgados  pode também equipar um modelo diver, com grossos ponteiros e uma generosa camada de material luminoso.

Pergunta: essa diferença de massa a ser "carregada" pela máquina não altera a precisão de um modelo para o outro?

Agradeço a atenção de quem se dispuser,

Robson Xavier.

Alberto Ferreira

#1
Salve!

Boa pergunta, Xavier.

Mas vamos começar considerando o seguinte.

- Qual seria o problema?
Seria o torque necessário para girar o ponteiro, ou o seu peso (massa) em si?
Teoricamente, o torque seria (bem) mais relevante.

- E o problema seria o mesmo para todos os ponteiros, horas, minutos e segundos?
Provavelmente não.
Os ponteiros que teriam maior velocidade periférica, com maior grau de "desmultiplicação" do torque a partir da fonte de tração, como é o caso dos (longos) segundeiros centrais, por exemplo, seriam mais "problemáticos".
A lenta movimentação dos ponteiros de horas e minutos, naturalmente minimiza o problema.

E como são construídos os ponteiros?
Além da parte estética, outros fatores entram também em cena.
As dimensões e o material (acarretando na sua massa) devem ser cuidadosamente calculados, em especial no caso dos ponteiros de ação mais dinâmica.

Mas apenas isso seria de fato relevante?
Não.
A distribuição do peso em relação ao eixo de giro também deve ser levada em conta.
Se um segundeiro estiver bem "balanceado" (notem que todos têm uma massa a contrabalançar o peso da parte da ponta mais fina), o torque necessário deverá basicamente vencer apenas a inércia da peça, o seu momento de inércia.

Claro está que quando um ponteiro está sendo projetado, esses fatores devem ser ponderados e por fim uma decisão deverá ser tomada com relação à adequação, ou não de um determinado ponteiro em um dado movimento.

Por essa razão, se os amigos lembram, quando foi aqui aventada a hipótese da substituição do segundeiro no projetado RM2, o nosso amigo Miguel ter comentado que seria necessária uma aprovação prévia pela Orient. E que o Rodrigo (da Orient) era muito consciencioso em concordar com uma adaptação assim, ou não.
Um ponteiro de segundos qualquer, mesmo que sendo possível de ser montado no respectivo eixo, pode vir a criar problemas se a sua distribuição de pesos não for aceitável, ou adequada para o movimento.

Embora, como em tudo na engenharia, tenhamos as chamadas "margens de segurança".

Bem,...
Isso é o que eu penso.
Mas como eu nunca me envolvi em um projeto, de relógios, eu gostaria de ver outra considerações e opiniões.

Um grande abraço a todos!
Alberto

Robson xavier

Olá Alberto,

Obrigado pela excelente explanação, mas ainda fico intrigado se o torque de um movimento 7s26, por exemplo, é suficiente para realizar o trabalho de girar um trio de ponteiros mais discos de datação de um Diver da mesma maneira que o faz em um pequeno e aparentemente leve militar.



  • Será que isso não traz nenhum prejuizo em precisão ou alguma alteração na reserva de marcha?



  • será que essa margem de segurança dá conta dessa massa extra nos ponteiros?


Fico com essa impressão pois os citizen eco-drive que tem apenas a função de marcar horas (3 ponteiros) tem muito mais reserva de marcha do que os demais com mais funções, ou seja, qualquer adição, por mais ínfima que seja, de arrasto para uma mesma capacidade de trabalho de um mesmo movimento acarreta um cunsumo maior de energia, esteja ela armazenada em uma mola mecânica ou em um acumulador (capacitor), como é o caso dos eco-drives que usei como exemplo.

Obrigado pelo seu tempo!

Robson Xavier.[/list][/list]

Adriano

De fato, o ponteiro de segundos é o mais problemático, pelas razões bem citadas pelo mestre Alberto!

Note-se por exemplo que é comum ponteiros de segundos possuírem contrapeso. Não são enfeites; servem como contrapesos mesmo, especialmente para os momentos em que o relógio encontra-se na vertical.

Mas a diferença entre um ponteiro e outro é tênue. Não é nada que necessite de grande preocupação. O que já pode ser mais drástico é por exemplo uma máquina de relógio de pulso propelir um grande relógio de bolso, com ponteiros bem maiores e pesados. Pode haver sim, nesse caso, perda de amplitude na vertical.

Mas esse não é o caso da autonomia dos relógios a quartzo. O que ocorre nesse caso é que os mecanismos quartz sem ponteiros de segundos simplesmente não possuem o motor de passo de 1 em 1 segundo, que é o grande vilão do consumo do relógio. Ao contrário, possuem um motor de 10 em 10, 20 em 20 ou até 30 em 30 segundos. Ou seja, ao invés de 60 pulsos por minuto, alguns dão só dois pulsos. A economia é enorme.

Mas é importante lembrar que isso ocorre desde que a máquina seja projetada para ter apenas dois ponteiros. Pois há muitos relógios que usam máquinas comuns, para 3 ponteiros, e o ponteiro de segundos foi apenas suprimido. Nesse caso, o consumo não muda.

Isso não ocorre nos mecânicos, pois a rodagem é a mesma, tendo ou não o ponteiro de segundos. O que muda é apenas o fato de ter o eixo da quarta roda prolongado ou não para receber o ponteiro de segundos em sua ponta (ou a presença de um eixo indireto de segundos). A quarta roda, que dá uma volta por minuto, existe de todo modo.

Abraços!

Adriano