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Sobre o Big Ben...

Iniciado por flávio, 07 Maio 2021 às 16:46:19

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flávio

Influenciado pelo regulador de pedestal que tenho em casa, que toca a melodia, além de outras, bem como por leituras que voltei a fazer sobre tais relógios, eis um resumo rápido sobre o Relógio da Torre ou, como é apelidado (incorretamente, diga-se de passagem...) de Big Ben.

Em 16 de outubro de 1834, o antigo Palácio de Westminster, construído no século XI, foi consumido por um incêndio provocado pelo superaquecimento da chaminé de um dos seus fogões.

O prédio ficou tão danificado que uma restauração se mostrou impossível e, ainda no ano de 1835, a Coroa propôs uma competição para escolher um projeto que o substituísse. Entre as 97 inscrições, foi escolhida a de número 67, dos arquitetos Charles Barry e Augustus Pugin, um prédio em estilo neogótico com uma imensa torre contendo um relógio.

O Astrônomo Real George Biddell Airy, então, foi contatado para especificar os requisitos do relógio a ser instalado: necessitava bater as horas, e com uma precisão de no máximo um segundo ao dia. Impossível, disseram os relojoeiros, um relógio tão grande e sujeito a tantas intempéries nunca alcançará esta precisão. Mas Biddell não se convenceu e insistiu na tal "precisão de um segundo ao dia".

O relojoeiro amador Edmund Beckett (Lord Grimthorpe), então, debruçou-se sobre a questão e, depois de 5 projetos diferentes, apresentou a Biddell Airy um sistema que isolava completamente o pêndulo do relógio dos gigantescos ponteiros, de modo que variações de torque, chuva, neve, não influenciariam sua precisão.

Beckett, que havia estudado em Cambridge, incorporou às batidas do relógio a melodia, na verdade um louvor, idêntica a do relógio instalado na universidade ("All through this hour/Lord be my guide/And by Thy power/No foot shall slide")

O relógio, cuja construção foi deixada a cargo de E.J Dent, foi concluída em 1859, com precisão inferior aos requerimentos (cerca de 5 segundos por semana). A corda, realizada de forma manual até os dias de hoje, precisava ser dada 3 vezes por semana. O ajuste de precisão, por sua vez, podia ser feito a partir da colocação de pequenas moedas no topo do pêndulo (cada penny adianta o relógio em 4 décimos de segundo).

Com a criação do telégrafo, o horário do Observatório de Greenwich passou a ser transmitido todos os dias para o relógio, de forma a mantê-lo ajustado com os melhores reguladores de precisão lá instalados. Atualmente, os relojoeiros que o ajustam ligam para o "Hora Certa" local.

A precisão absurda do relógio e o toque da melodia em seu sino, apelidado "Big Ben", tornaram-se símbolos do Reino Unido e da chamada "pontualidade britânica".



raulfragoso

Muito bacana a história, Flávio!

Estive em Londres em fevereiro do ano passado, aliás, foi na mesma semana em que identificaram o primeiro infectado por Covid-19 em solo britânico, e infelizmente não pude admirar a Elizabeth Tower (nome correto da torre onde está instalado o relógio), e pude apenas ver a face do relógio, quase todo o resto estava coberto por andaimes devido ao processo de restauração que se iniciou em 2017 - previsto para terminar este ano.

Sobrou apenas a foto da reforma rsrs

"It's easy to make something complicated, but much less easy to make it simple." - François-Paul Journe

flávio

Tem uma coisa na foto que tirou que já é possível ver: os ponteiros azuis. Sim, os ponteiros do relógio eram azuis na sua gênese, mas foram ficando tão encardidos pela poluição, mas tão encardidos, que lá pelas tantas, na década de 30, pintaram tudo de preto e que se dane.

Agora, na restauração, restauraram os ponteiros para o azul da inauguração. Se não estou enganado, há a opção, agora, de um motor elétrico ser acoplado a alavanca de corda para que não seja necessário girar a manivela para subir os pesos (cada operação de corda, feita 3 vezes por semana, leva uma hora e meia! Com auxílio de motor elétrico ou não...)