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Omega 8500

Iniciado por flávio, 16 Setembro 2022 às 10:40:38

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flávio

Post que coloquei agora no Instagram

Em 1979, Alan Banbery, representante da Patek Philippe na Inglaterra, viu o protótipo de relógio de bolso com escapamento coaxial criado por George Daniels. Alan e o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da marca, então, visitaram Daniels no seu workshop, na época situado em Londres, e combinaram um acordo para construção de protótipos equipados com o sistema. Entre 1980 e 1984, Daniels participou de várias reuniões na sede da Patek, muito embora tenha sentido que sua presença não era bem-vinda. Certo dia, um técnico da Patek sugeriu que as negociações só seguiriam adiante se Daniels conseguisse instalar o escapamento coaxial, originalmente pensado para relógios de bolso, em um dos novos movimentos da empresa, com apenas 2.5mm de espessura. Daniels sabia que isso não era possível e sentiu-se traído... Mas 2 semanas depois, num estalo criativo, ele concebeu a solução: em vez de três níveis de componentes (pinhão e 2 rodas coaxiais), utilizar uma engrenagem intermediária para impulsionar as rodas coaxiais (2 níveis). O escapamento, com altura reduzida à metade, foi então instalado no movimento Patek. Mesmo assim a marca não se interessou e sepultou o projeto, para insatisfação de Daniels.
Em 1994, quando Daniels apresentou a proposta de fabricação em massa do escapamento à ETA, o que somente viria a acontecer em 1999, a empresa não podia se dar ao luxo de projetar um novo movimento para instalar o sistema. Utilizou, então, o calibre Omega 1120 (ETA 2892), ao qual foi adaptado o escapamento coaxial extra-plano em 2 níveis (calibre 2500). Com o passar dos anos, o escapamento foi aperfeiçoado, sobretudo através da redução da frequência, de 28.800 bph para 25.200, o que possibilitou uma melhor distribuição de torque. Paralelamente aos aperfeiçoamentos no calibre 2500, a Omega passou a desenvolver um movimento especificamente pensado para o escapamento coaxial, sem as limitações de espaço do passado. O calibre, denominado 8500 e equipado com um escapamento de 3 níveis, conceito original de Daniels, foi lançado em 2007 e significou o retorno da Omega à produção de mecanismos "feitos em casa". Influenciado pelo personagem James Bond, comprei este relógio em 2014.

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CSM

este relógio é lindo, disparado o mais legal da linha.

abraços
Membro do RedBarBrazil

Jefferson

Citação de: flávio online 16 Setembro 2022 às 10:40:38
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Em 1979, Alan Banbery, representante da Patek Philippe na Inglaterra, viu o protótipo de relógio de bolso com escapamento coaxial criado por George Daniels. Alan e o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da marca, então, visitaram Daniels no seu workshop, na época situado em Londres, e combinaram um acordo para construção de protótipos equipados com o sistema. Entre 1980 e 1984, Daniels participou de várias reuniões na sede da Patek, muito embora tenha sentido que sua presença não era bem-vinda. Certo dia, um técnico da Patek sugeriu que as negociações só seguiriam adiante se Daniels conseguisse instalar o escapamento coaxial, originalmente pensado para relógios de bolso, em um dos novos movimentos da empresa, com apenas 2.5mm de espessura. Daniels sabia que isso não era possível e sentiu-se traído... Mas 2 semanas depois, num estalo criativo, ele concebeu a solução: em vez de três níveis de componentes (pinhão e 2 rodas coaxiais), utilizar uma engrenagem intermediária para impulsionar as rodas coaxiais (2 níveis). O escapamento, com altura reduzida à metade, foi então instalado no movimento Patek. Mesmo assim a marca não se interessou e sepultou o projeto, para insatisfação de Daniels.
Em 1994, quando Daniels apresentou a proposta de fabricação em massa do escapamento à ETA, o que somente viria a acontecer em 1999, a empresa não podia se dar ao luxo de projetar um novo movimento para instalar o sistema. Utilizou, então, o calibre Omega 1120 (ETA 2892), ao qual foi adaptado o escapamento coaxial extra-plano em 2 níveis (calibre 2500). Com o passar dos anos, o escapamento foi aperfeiçoado, sobretudo através da redução da frequência, de 28.800 bph para 25.200, o que possibilitou uma melhor distribuição de torque. Paralelamente aos aperfeiçoamentos no calibre 2500, a Omega passou a desenvolver um movimento especificamente pensado para o escapamento coaxial, sem as limitações de espaço do passado. O calibre, denominado 8500 e equipado com um escapamento de 3 níveis, conceito original de Daniels, foi lançado em 2007 e significou o retorno da Omega à produção de mecanismos "feitos em casa". Influenciado pelo personagem James Bond, comprei este relógio em 2014.

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Flávio,

Sei que o grande sonho de Daniels era ver o escapamento coaxial adotado pela industria suiça e parece que sua grande frustação que carregou para o tumulo foi a rejeição da sua ideia. Até o fim da sua vida criticava bastante os suiços, dizendo que eram preguiçosos por não adotar sua brilhante invenção. Diga-se de passagem a primeira grande mudança no conceito até então vigente do escapamento de ancora, tão largamente utilizado até hoje pela industria em geral e não só a suiça.

Fico imaginando como foram os bastidores que fizeram somente a Omega adota-lo, que inclusive no escapamento coaxial de linha de produção, nem aparece o nome do Daniels como seu criador.

E aí vem umas dúvidas: Até quando será uma exclusividade da Omega? Até que ponto este escapamento representa um real salto de qualidade em relação aos tradicionais de ancora? Será que as outras marcas estão de olho no escapamento coaxial da Omega?

Saudações,

Jefferson.

flávio

#3
Não acho que nenhuma outra marca utilizará isso, salvo o Roger Smith que, aliás, é discípulo de Daniels e usa um modelo diferente de escape coaxial (roda única). E por quê? Porque apesar de todo trilili trololó da Omega, a realidade é que o ganho de performance com o escapamento coaxial é marginal, para dizer inexistente, se comparado aos "modernos" escapamentos de âncora mesmo, como o Chronergy da Rolex. Tem um detalhe na equação do custo de investimento de empresas hoje em coisas que aumentam performance: PRECISÃO É ALGO BARATO DE SE OBTER! E precisão não vende mais! Ou seja: para que investir em precisão se o consumidor não está nem aí para ela? Fato. Mas o consumidor está aí para que empresas de luxo se mostrem como baluartes do desenvolvimento tecnológico e, quando a Omega escolheu o escapamento coaxial, isso fazia parte de sua nova estratégia de marketing que recuperar LEGITIMIDADE no mercado de luxo ao apresentar uma "revolução" técnica. Ou seja, o escapamento coaxial é muito mais um instrumento de marketing para atribuir legitimidade à Omega do que efetivamente algo pensado a dar ao consumidor uma vantagem competitiva em relação às outras empresas.

Flávio


Ps. Coloco aqui um PS pois acabei não respondendo à sua pergunta. As patentes em regra duram 20 anos e a do coaxial é de 1979, portanto, já era. A da ETA é mais moderna, pois o modelo de escapamento deles não é o original de Daniels e, claro, envolve um monte de técnicas de produção em massa também. Mas qualquer um pode usar, pelo menos, a patente original, já expirou há muito

Jefferson

Entendi, mas isso não desmerece as qualidades técnicas do escapamento coaxial como performance, durabilidade, menor necessidade de lubrificação, que obviamente os escapamentos de âncora modernos de alto desempenho também trazem seus beneficios.

Certamente se Daniels estivesse vivo e lesse sua avaliação do seu invento mais amado ficaria puto da vida. rsrsrs...

Adriano

Eu concordo 100% com o Flávio. É mais uma das "verdades inconvenientes" desta indústria. O Co-axial se justifica infinitamente mais pelo marketing do que pelo desempenho cronométrico.

Mas a tempo: não significa que é um "engodo". O problema aí é de "timing", com o perdão do trocadilho. Quando Daniels bolou o troço, era um breakthru no potencial cronométrico daquili que havia à época. Tivesse isso entrado em produção em série na década de 1970 ou de 1980, ou até no começo da de 1990, teria dado um pau em qualquer coisa que havia em escala industrial nessa época.

O que lascou? Que foi entrar mesmo em produção em larga escala nos anos 2000 e o que acoteceu ao mesmo tempo? Todo mundo já havia ficado meio riquinho e podiam investir não apenas em projetos novos, mas materiais e métodos de fabricação nunca antes usados, leia-se silício e LIGA, que permitiram um puta salto de precisão dimensional/tolerâncias mecânicas na produção dos componentes fundamentais dos velhos e bons escapamentos de âncora suíça, espirais e etc., a ponto de fazer disparar o desempenho de calibres relativamente simplórios, fossem novos ou já existentes.

Vide que hoje tá cheio de calibre meio "boqueta" que atinge COSC com o pé nas costas graças à esses dois avanços: silício e LIGA. Ou seja, essas duas coisas apagaram o brilho do escapamento Co-axial no senso estritamente técnico. Restou tirar proveito do marketing, já que o entusiasta médio ainda entende muito pouco daquilo que ele abre a carteira para comprar. "Se é diferente, exclusivo, tem um nome estranho e umas letrinhas a mais, vale mais dinheiro".

Aliás, sem fugir do assunto mas aproveitando o ensejo: silício e LIGA ajudaram no decrécimo de qualidade dos novos calibres (seja projetos novos ou versões aprimoradas de existente). Antigamente para dar precisão, tinha que ser bem feito. O silício e LIGA permite usar materiais bundas, feitos "no facão" e ainda dá precisão. Mas obviamente são só meus dois centavos, como sempre. Ningué precisa concordar. Principalmente por ser mais uma "verdade inconveniente".

Abs.,

Adriano