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Emerging Markets Boost Swiss Watch Industry

Iniciado por automatic, 10 Outubro 2013 às 12:39:02

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vizel

vizel

flávio

Fico feliz quando leio esses artigos e descubro que abordam temas que já estamos discutindo aqui há anos. Algumas coisas chamaram minha atenção. O mercado está evoluindo para produtos de...Menor preço, como sempre acontece, já que essa profusão de modelos e marcas "protótipo" só pegam os não conhecedores; no médio prazo, os suíços preveem um retorno aos mercados já consolidados (e agora escrevam, por minha conta: quando isso acontecer, uma nova variação na "moda" também ocorrerá, pois europeu não gosta deste "bling" adorado pelos orientais); e a busca por uma definição mais apertada do conceito de swiss made.

No final das contas, são repetições de ciclos que já ocorreram na indústria suíça no passado, com uma "pequena" diferença: o que quebrou a indústria nos anos 70 foi justamente o que os manteve no topo por anos, o "distrito industrial" com grande descentralização de produção e interferência do governo.

Hoje, pela maior verticalização e propriedade das marcas em grandes grupos, isso seria impossível. Ouso dizer que os suíços, hoje, estão numa posição melhor de enfrentamento de crises do que no passado.


Flávio

Adriano

Sim, bom texto, mas uns 5 anos atrasado. Compreensível já que o autor, especialista em economia, despertou o tema baseado num anúncio do Credit Suisse. Como a leitura do dia-a-dia do autor são revistas de economia e não de relojoaria, o cabra está meio que "descobrindo" agora esse assunto.

Mas repito, bom texto, gosto de ler, por vezes, essas coisas vindas de um ponto de vista de fora da relojoaria. É saudável (quando bem escrito, claro).

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: flavio online 10 Outubro 2013 às 15:18:45
Fico feliz quando leio esses artigos e descubro que abordam temas que já estamos discutindo aqui há anos. Algumas coisas chamaram minha atenção. O mercado está evoluindo para produtos de...Menor preço, como sempre acontece, já que essa profusão de modelos e marcas "protótipo" só pegam os não conhecedores; no médio prazo, os suíços preveem um retorno aos mercados já consolidados (e agora escrevam, por minha conta: quando isso acontecer, uma nova variação na "moda" também ocorrerá, pois europeu não gosta deste "bling" adorado pelos orientais); e a busca por uma definição mais apertada do conceito de swiss made.

No final das contas, são repetições de ciclos que já ocorreram na indústria suíça no passado, com uma "pequena" diferença: o que quebrou a indústria nos anos 70 foi justamente o que os manteve no topo por anos, o "distrito industrial" com grande descentralização de produção e interferência do governo.

Hoje, pela maior verticalização e propriedade das marcas em grandes grupos, isso seria impossível. Ouso dizer que os suíços, hoje, estão numa posição melhor de enfrentamento de crises do que no passado.


Flávio

Concordo totalmente. A análise de bancos ou grupos financeiros é demasiadamente baseada em números; é uma análise muito fria e rígida, um pouco arriscada se feita para um panorama de longo prazo. Uma coisa é falar de, digamos, commodities, outra, de bens de consumo de dependem de uma coisa extremamente dinâmica chamada MODA.

Sim, o europeu não vai engolir o "bling" asiático e quando a Ásia perceber que o que "liga" na Europa (ou nos mercados maduros/consolidados) é um estilo mais espartano, essa moda vai se deslocar de volta para a Ásia. É um círculo que se as marcas que não sacarem, vão rebolar.

Abraços!

Adriano

Dicbetts

Em adição ao que Flavio e Adriano avaliaram com precisão, acrescentaria que o "bling" (gostei da expressão!) é próprio de mercados emergentes, em que muita gente ganha dinheiro por meio do ciclo corrupção-conexão com governos-sustentação da política vigente.

Olha-se muito na direção da China, onde neo-milionários afirmam o poder da conta bancária destruindo Lamborghinis a marretadas em praça pública, mas esquece-se do restante do BRICS - Rússia, Brasil, Índia e África do Sul.

Dias atrás, indo de casa para o trabalho, vi nada menos que três Porsches num trajeto de mais ou menos cinco quilômetros. Nem na Alemanha tantos Porsches passaram por mim quase ao mesmo tempo.

Mas se isso não surpreender ninguém, o que dizer daquela fila de supercarros passando pelo portal da Polícia Federal (Lambos, Ferraris, Range Rovers...) depois que caiu a casa da quadrilha que vendia facilidades aos prefeitos?

E o que dizer da delegada da Polícia Civil dizendo que pegaria o doleirão de Brasília para almoçar no carango novo, proporcionado pela bandalheira?

Pois é: incluam o Brasil no mercado bling-bling.

Outra: a filha da orientadora da minha mulher no doutorado trabalha no setor de vendas da Rolex, na Suíça. Aponta a Rússia como atualmente o mais importante mercado da marca - algo surpreendente, já que os chineses cada vez mais se candidatam a donos do planeta, investindo pesado em todos os continentes e fazendo nababos a cada hora.

Conversando tempos atrás com o dono de uma grande joalheria da cidade, me disse que quanto mais chamativo é o relógio, mais vende. Basta que seja grande ou suficientemente reconhecível à distância. Ser de metal precioso ou com pedrarias também ajuda.

Segundo disse, seus clientes não têm problemas em, digamos assim, preencher o cheque. Por vezes, dão de "entrada" relógios de primeira linha com menos de um ano de uso, na busca de outra peça que lhes reafirme a prosperidade ante seus pares.

No dia em que conversamos, no escritório que mantém num shopping, ostentava um Royal Oak - que, segundo me disse, na mão dele saía por R$ 38 mil.

E nem cabia no punho da camisa.

Dic.


flávio

Dic, concordo com tudo. Aliás, como já indiquei aqui, há um livro lançado há uns dois anos que aborda todos esses temas. Chama-se "Time to change" e, apesar de abordar especificamente o mercado de relojoaria, tem também o mercado mais amplo de luxo como foco. Eu o indico à sua esposa, que trabalha no ramo, e aos foristas que tem GRANDE interesse por mercado. Digo isso porque é um livro com uma abordagem às vezes cansativa (eu o li quando lançou), mas impar no mercado.

Aqui:

http://www.hautehorlogerie.org/en/media/books/fhh-publications/time-to-change/


Flávio

Adriano

Estão certos!

Mas Dicbetts, se me permitir fazer uma outra síntese do que você falou (corretamente): nem precisamos fazer uma análise muito profunda. O fator "bling" vende bem em países emergentes por causa da desigualdade de renda/desigualdade social.

Pois esses países são vítimas de uma cultura onde a ascenção financeira ocorre por todo lado e como isso é para o ser humano o símbolo do sucesso como ser humano (queiramos ou não, gostemos ou não), o cara precisa de símbolos que mostrem que ele está ficando rico.

"Qual a graça de ficar rico e ninguém ficar sabendo"? É simples assim e é curioso como a escala disso permeia por todos os níveis da sociedade. Vejam o tal do funk ostentação: os símbolos são até mais fortes que a própria tarjeta de preço: o sonho dos caras é boné e camiseta de marca, relógio Aqualand (sério!), e tênis Asics não-sei-o-que. Um relógio VC e um sapato, digamos, S. Ferragamo, não diz nada no mundo deles.

Porque isso não ocorre em economias consolidadas, ou não com tanta magnitude? O suíço, por exemplo, não tem essa necessidade de ostentar porque não tem essa noção clara da ascenção... claro, caras ficam ricos lá, mas num geral o cara lembra do avô, do pai, de si mesmo e de seus filhos todos na mesma condição financeira/social. Qual a graça de parecer ser rico onde todo mundo é rico?

E a prova de que isso é fruto de desigualdade é que em países pobres mas sem desigualdade aberrante, ocorre o mesmo: o cubano por exemplo não tem essa necessidade. Ostentação para um cubano é ter aparelho de DVD em casa, e esmalte de unha para a mulher. Não precisam mais que isso pois sabem que o vizinho ganha a mesma merda que ele.

Quando você mete desigualdade com economia crescente, você desperta o desejo do cara mostrar seu "sucesso" ou aparentar um sucesso que não tem. Aí entra o bling. E junto, entra o interesse pela falsificação, entra a tentação do cara roubar/traficar só para ter um tênis que não pode pagar... coincidência?

Abraços!

Adriano

lucius

Análises  muito bem colocadas!

Todavia como explicar o bling nos EUA?

Lucius

Corruptissima re publica plurimae leges

Adriano

Os EUA têm todos esses componentes, exceto um: o de ser uma economia emergente. Mas a desigualdade lá não é pouca. E a cultura do consumismo ajuda mais ainda.

E mais: os EUA é grande demais para ser avaliado como um só. São quase vários países diferentes em termos econômicos e principalmente culturais. Dentro dos EUA você mercados de diferentes maturidades.

Abraços!

Adriano

mmmcosta

Citação de: Dicbetts online 10 Outubro 2013 às 17:08:10

No dia em que conversamos, no escritório que mantém num shopping, ostentava um Royal Oak - que, segundo me disse, na mão dele saía por R$ 38 mil.

E nem cabia no punho da camisa.

Dic.

Feio demais! Mas acham a melhor coisa do mundo e fazem questão de abotoar a manga no segundo botão. Afinal, de que vale um relógio de 40k se o dono não puder esfregá-lo na cara dos outros?
Marcelo

lucius

Adriano,

De fato, são "Estados Unidos"  ;D

Agora que renascimento dessa industria hein !

Depois o fenômeno do quartz eles foram ao fundo do poço e agora se reinventam !

Mais ou menos como o vinil, muito embora em um nicho muito menor.

Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

Dicbetts

Citação de: Adriano online 10 Outubro 2013 às 20:36:32
Estão certos!

Mas Dicbetts, se me permitir fazer uma outra síntese do que você falou (corretamente): nem precisamos fazer uma análise muito profunda. O fator "bling" vende bem em países emergentes por causa da desigualdade de renda/desigualdade social.

Pois esses países são vítimas de uma cultura onde a ascenção financeira ocorre por todo lado e como isso é para o ser humano o símbolo do sucesso como ser humano (queiramos ou não, gostemos ou não), o cara precisa de símbolos que mostrem que ele está ficando rico.

"Qual a graça de ficar rico e ninguém ficar sabendo"? É simples assim e é curioso como a escala disso permeia por todos os níveis da sociedade. Vejam o tal do funk ostentação: os símbolos são até mais fortes que a própria tarjeta de preço: o sonho dos caras é boné e camiseta de marca, relógio Aqualand (sério!), e tênis Asics não-sei-o-que. Um relógio VC e um sapato, digamos, S. Ferragamo, não diz nada no mundo deles.

Porque isso não ocorre em economias consolidadas, ou não com tanta magnitude? O suíço, por exemplo, não tem essa necessidade de ostentar porque não tem essa noção clara da ascenção... claro, caras ficam ricos lá, mas num geral o cara lembra do avô, do pai, de si mesmo e de seus filhos todos na mesma condição financeira/social. Qual a graça de parecer ser rico onde todo mundo é rico?

E a prova de que isso é fruto de desigualdade é que em países pobres mas sem desigualdade aberrante, ocorre o mesmo: o cubano por exemplo não tem essa necessidade. Ostentação para um cubano é ter aparelho de DVD em casa, e esmalte de unha para a mulher. Não precisam mais que isso pois sabem que o vizinho ganha a mesma merda que ele.

Quando você mete desigualdade com economia crescente, você desperta o desejo do cara mostrar seu "sucesso" ou aparentar um sucesso que não tem. Aí entra o bling. E junto, entra o interesse pela falsificação, entra a tentação do cara roubar/traficar só para ter um tênis que não pode pagar... coincidência?

Abraços!

Adriano


Sem reparos, Adriano. Concordo com rigorosamente tudo.

Dicbetts

Citação de: mmmcosta online 11 Outubro 2013 às 08:30:14
Citação de: Dicbetts online 10 Outubro 2013 às 17:08:10

No dia em que conversamos, no escritório que mantém num shopping, ostentava um Royal Oak - que, segundo me disse, na mão dele saía por R$ 38 mil.

E nem cabia no punho da camisa.

Dic.

Feio demais! Mas acham a melhor coisa do mundo e fazem questão de abotoar a manga no segundo botão. Afinal, de que vale um relógio de 40k se o dono não puder esfregá-lo na cara dos outros?

Exatamente, Marcelão. Mas, no caso dele, é parte do marketing da prosperidade.

Sabe como é: "se eu vendo Porsches, não posso andar de Grand Vitara" (sem menosprezo a quem tem um).

Também não gosto do Royal Oak, só que não diria que não teria um.

Mas, antes dele, teria outros que me agradam (e que admiro) bem mais.




flávio

Lucius, para a FHH (Federation de Haute Horlogerie), apenas a costa oeste dos Estados Unidos é considerada mercado "maduro", estabilizado. O resto dos Estados Unidos é considerado mercado "emergente". Pior: mercado emergente com a maior capacidade econômica do mundo.

Flávio

Dicbetts

Citação de: flavio online 11 Outubro 2013 às 12:14:51
Lucius, para a FHH (Federation de Haute Horlogerie), apenas a costa oeste dos Estados Unidos é considerada mercado "maduro", estabilizado. O resto dos Estados Unidos é considerado mercado "emergente". Pior: mercado emergente com a maior capacidade econômica do mundo.

Flávio

Tinha curiosidade de saber onde o Texas entra nesta avaliação - se é que entra, e de que forma (pela região ou pela renda per capita).

É o estado mais rico dos EUA, até com arroubos independentistas em relação à confederação.

Só que rico texano não é rico novaiorquino. Vai para Cozumel, mas não vai para Ann Arbour. E tem um jeito próprio de se apresentar (estão aí os Bush, Howard Marshall, Biz Stone que não ostentam o patrimônio que têm).

Se você tiver esse dado, ou uma informação, fico grato.

Abs

lucius

Flavio,

Isto explica as aberrações e excessos que vem de lá.

Tenho conhecidos morando por lá e a percepção da California é de que o estado é verdadeiramente outro país, pelas suas caracteriscas culturais e punjança enconômica (só a California teria 31 milhões de veículos licenciados   :o).


Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

TUZ40

Citação de: lucius online 11 Outubro 2013 às 12:44:10
Flavio,

Isto explica as aberrações e excessos que vem de lá.

Tenho conhecidos morando por lá e a percepção da California é de que o estado é verdadeiramente outro país, pelas suas caracteriscas culturais e punjança enconômica (só a California teria 31 milhões de veículos licenciados   :o).


Lucius


Eu acredito que a Califórnia é um caso a parte mesmo. rsrsrs... Outro país quase.
"All your base are belong to us"