Em adição ao que Flavio e Adriano avaliaram com precisão, acrescentaria que o "bling" (gostei da expressão!) é próprio de mercados emergentes, em que muita gente ganha dinheiro por meio do ciclo corrupção-conexão com governos-sustentação da política vigente.
Olha-se muito na direção da China, onde neo-milionários afirmam o poder da conta bancária destruindo Lamborghinis a marretadas em praça pública, mas esquece-se do restante do BRICS - Rússia, Brasil, Índia e África do Sul.
Dias atrás, indo de casa para o trabalho, vi nada menos que três Porsches num trajeto de mais ou menos cinco quilômetros. Nem na Alemanha tantos Porsches passaram por mim quase ao mesmo tempo.
Mas se isso não surpreender ninguém, o que dizer daquela fila de supercarros passando pelo portal da Polícia Federal (Lambos, Ferraris, Range Rovers...) depois que caiu a casa da quadrilha que vendia facilidades aos prefeitos?
E o que dizer da delegada da Polícia Civil dizendo que pegaria o doleirão de Brasília para almoçar no carango novo, proporcionado pela bandalheira?
Pois é: incluam o Brasil no mercado bling-bling.
Outra: a filha da orientadora da minha mulher no doutorado trabalha no setor de vendas da Rolex, na Suíça. Aponta a Rússia como atualmente o mais importante mercado da marca - algo surpreendente, já que os chineses cada vez mais se candidatam a donos do planeta, investindo pesado em todos os continentes e fazendo nababos a cada hora.
Conversando tempos atrás com o dono de uma grande joalheria da cidade, me disse que quanto mais chamativo é o relógio, mais vende. Basta que seja grande ou suficientemente reconhecível à distância. Ser de metal precioso ou com pedrarias também ajuda.
Segundo disse, seus clientes não têm problemas em, digamos assim, preencher o cheque. Por vezes, dão de "entrada" relógios de primeira linha com menos de um ano de uso, na busca de outra peça que lhes reafirme a prosperidade ante seus pares.
No dia em que conversamos, no escritório que mantém num shopping, ostentava um Royal Oak - que, segundo me disse, na mão dele saía por R$ 38 mil.
E nem cabia no punho da camisa.
Dic.