Adriano, agora vou pedir sua ajuda, pois há parâmetros no boletim de marcha que eu não sei do que se tratam. Primeiro o boletim dos vencedores:
O que é variação complementar e reprise de marcha?
Mas enfim, se todos já leram o tópico de boletins de marcha
http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=5251.0 irão compreender que esses resultados do Tissot são absurdos, já que nada, seja marcha diária média, variações entre maior e menor marcha, diferença nas verticais, etc, ultrapassam um segundo ao dia. Estão na casa dos décimos. Não sei como os resultados se comparam, por exemplo, a última competição de observatório do passado e se é razoável fazer isso, já que hoje há o teste em condições de uso. No passado os testes eram estáticos e hoje, como é notório, há mais marcas "dançando" no teste em condições de uso do que no estático, como relógios que param, atrasam demais, etc.
Eu não conheço esse calibre a82, o que é? Na última vez que a Tissot botou para quebrar nessa competição usou mesmo um 2824, mas "tunnado" com espiral de silício e, claro, ajustado para os testes. Em 2009 eles também se deram bem e disseram que pegaram um calibre e relógio stock da linha de produção, sem ter passado por ajustes o que sinceramente não acredito, mas a propaganda é a alma do negócio.
Algumas críticas.
É óbvio que com o retorno das competições as maiores fábricas não quiseram se arriscar a perder sua fama, salvo a JLC, que aliás ganhou tudo ano passado. É óbvio que essas competições atuais nem de longe lembram as imensas do passado e que geravam lucros, afinal, para a Tissot pode ser um bom negócio colocar em seus anúncios a vitória, mas já imaginaram se a Rolex compete e PERDE para a Tissot?
Enfim, hoje poucos competem e, aliás, nem mesmo o resultado global é divulgado, o que só acontece por "vazamentos" no futuro.
A crítica que faço é a seguinte. Um relógio, antes de tudo, é um...RELÓGIO! A indústria atual parece ter se esquecido disso... Quando comecei a mexer com esse lance de relojoaria, achava o máximo a tal da "complicação" e relógios complicados. Hoje gosto cada vez menos disso. Não é por outro motivo que aprecie, de uns tempos para cá, relógios que possuem um PUTA acabamento, mas na sua essência são...Relógios ora! Não são caixas de música, não são aparelhos para marcar data, não são nada disso, mas simples relógios. Talvez por isso goste da simplicidade estética de um Urban Jurgensen, Roger Smith (artesanais) e, por que não, os industriais Rolex e Omega carne de vaca (aliás, no quesito frescura mas nem tanto, os novos calibre 8500 da Omega são matadores).
O que quero dizer é que esse povo da indústria começou a dar tanto valor a acabamento, chanfros, polidos não sei onde, que se esqueceram que antes de fazer isso, a parte funcional deve ser perfeita. Um Rolex é tosco por natureza, mas quantas vezes aqui já disse que possuem um escapamento da pesada e, por isso, funcionam bem como um coelho da Duracell por anos? Podem falar o que quiser da Rolex, para citar apenas um exemplo, que não fazem um acabamento estético legal, é aquela tosqueira (é mesmo...) mas... Pelo amor de Deus, ESTAMOS FALANDO DE RELÓGIOS! Ainda que seja algo do passado, mecânico, é um relógio!
Por outro lado, vendo a lista de pessoas que efetivamente prezam pelo acabamento, mas não se esquecem de que estão fazendo relógios, é decepcionante ver que mais uma vez Kari Voutlainen, Laurent Ferrier, etc (a lista de participantes aqui
http://www.thehourlounge.com/thread/view/concours-international-de-chronometrie-2013_87260_87260.html ) não se deram bem, e nem até pelo ajuste dos mecanismos, mas pela prova de campo.
Voltando às competições do passado, confesso que acho bacana a introdução da prova de campo, afinal, um relógio não é um movimento enviado ao COSC, mas algo que se usa no dia a dia. De que adianta um movimento com escapamento de cronômetro - o rei dos escapamentos de precisão - funcionar bem num cronômetro de bordo com suspensão cardã se no pulso dá pau.
Acabei falando demais, mas ficam os questionamentos e pensamentos.
Flávio