Aproveitando o gancho então, vou listar família da Omega baseada no 2890 e 2892. Mas antes, explicar as diferenças entre 2890, 2892 e 2892-A2.
"Senta que lá vem história", como dizia aquele programa da TV Cultura.
Como já falei aqui, o 289x usa um sistema de automático que é o mais arcaico que há, é o original da Eterna, o primeiro sistema bidirecional que a Eterna bolou, lá da década de 1940 (final dela), com uma roda inversora só. O livro do Gazeley tem um raro diagrama desse projeto e é ridículo como ele é praticamente o mesmo do 289x. O 2824 usa uma versão mais moderna do sistema Eterna, com duas rodas inversoras. O "defeito" do 289x é de nascença. A razão é bem simples: o sistema original da Eterna foi bolado numa época que os rleógios funcionavam a 18.000 a/h, 21.600 a/h no máximo, ou seja, com cordas longas, de baixa tensão, ou seja, uma molezinha de enrolar elas na árvore. Com o andar da carruagem, já na década de 1960, a frequência alta começou a virar moda. Vale lembrar, ou informar, já que pouca gente sabe, a família 282x/3x já teve versões de 36.000 a/h. Umas belezinhas, mas que pouca gente adotou pela preocupação com durabilidade. Essas versões foram abandonadas. Quase ninguém queria elas. Eram o 2826, que é que nem o 2824, só com data, o 2832 que era como o 2836, ou seja, day-date, e o 2838, que era como o 2834, ou seja, day-date com dia por extenso às 12 horas. Tem também as mesmas versões de corda manual com 36.000 a/h. Menos gente ainda sabe que a Zenith, para manter sua tradição de alta frequência, usou o 2832.
Voltando, o causo é que esse sistema da Eterna funcionava bem com cordas "molinhas". Mas alguém teve a idéia de manter esse mesmo sistema em mecanismos de alta frequência: o nosso amigo 2890, de 28.800 a/h, obviamente, com uma corda dura pacas, curta, com muita tensão. Resultado? A carga sobre o sistema do automático é enorme e a eficiência é bem prejudicada. Continuando, o 2890 é o original, pouca gente sabe, mas seu diâmetro era maior, tinha 12 1/2''' ou 29mm de diâmetro. Para caber em caixas menores, havia a opção de 11 1/2''', ou 25,6mm, que é o 2892. Resultado? O sistema de carga que já era capenga para carregar a corda de alta tensão, ficou ainda mais capenga pois o diâmetro do rotor diminuiu e ele perdeu muito momento de inércia. O 2892 original é uma lástima. Na tentativa de dar uma corrigida, a ETA veio com o 2892-A2, onde aumentou a massa do rotor, seu momento de inércia melhorou, mas... todo mundo já sabe.
Agora, aos Omegas:
- 1110, o pai de todos, era um 2892 cuspido. Dourado.
- 1111, era a versão chronometer do 1110, dourado também. Você encontra eles naqueles em Constellations e Seamasters 200m, os "tartarugas" como chamam.
- 1108, versão aprimorada do 1110, baseado no 2892-A2, ou seja, melhorado ao mesmo tempo que a base da ETA, e passou a ser rodiado.
- 1109, versão aprimorada do 1111, ou seja, chronometer.
E nesse meio termo, teve aí uma porção de 111x, de séries limitadas, esqueletos, etc. E aí veio o:
- 1120, que esse sim é um 2892-A2 consideravelmente modificado pela Omega no sistema do automático. Rolamento menor e de baixa inércia, modificações na ponte, roda inversora... A mesma abordagem que a Girard Perregaux fez, e que sabe-se lá por que razão, a ETA nunca fez. O 1120 portanto é a evolução do 1109, ou seja, ele é chronometer e com ele deixou de existir parentes sem COSC. O único baseado em ETA 289x (sem crono) passou a ser o 1120.
E sim, aí há as versões com crono e outros módulos. Mas os cronos (1140, 1141, 1143, 3220, 1138...) sempre se mantiveram baseados nos 2890 e não 2892, por seu diâmetro maior, que permite o acoplamento do módulo. Mas também por alguma razão desconhecida, nunca usaram o sistema de carga aprimorado pela Omega... vai entender.
E por fim, a evolução final do 1120, o 2500, que é um 1120 com escapamento co-axial. O resto todo mundo já sabe.
Abraços!
Adriano