Bem, eu gostaria de ter sabido mais sobre isso, e eu ia escrever uma matéria na Pulso sobre, SE tivesse havido alguém da Timelab no local e horário previstos no convite feito à imprensa durante Baselworld... Não fui só eu, outros jornalistas estavam lá também e deram com a "cara na porta".
Enfim, acho exagero já especular o fim do COSC ou algo assim. O COSC não vai acabar; e sim; quase todo o trabalho do COSC é para a Rolex e Omega. Acredito que quem quiser chegar hoje e agendar certificações, vai ter que esperar pois a capacidade deles já deve estar no limite, há anos.
Sobre certificar o relógio montado... SE for uma certificação que certifica o relógio todo, tipo uma Cronofiable, obviamente requer que todo o relógio seja testado. Caso contrário, se a certificação é meramente de precisão, dentro da norma ISO, não apenas não faz sentido algum mandar o relógio completo como só há desvantagens. Aliás, é por isso que não se faz isso hoje no COSC.
Questão de praticidade:
- primeiro porque devem saber que o relógio certificado nunca é vendido com exatamente a mesma marcha que foi constatada na certificação. Se for, é por acidente, pois os relógios são re-regulados antes de serem vendidos, justamente porque foram enviados por dias e dias para fora da fábrica, voltaram e tiveram que ser montados para venda.
- mesmo que os relógios fossem mandados montados, duvido que um fabricante sério botaria os relógios a venda sem retestar tudo, vedação, etc. Ou seja, mandar relógios montados só dobraria o trabalho. Especialmente se forem reprovados.
Questão de segurança elementar:
- duvido que fabricantes estejam muito dispostos a mandar milhares e milhares de relógios caríssimos todas as semanas, montadinhos, dentro de um caminhão, andando por aí por quilômetros.
- duvido também que os laboratórios esteja muito dispostos a manter sob seus cuidados milhões e milhões de CHF por vez. Podem fazer, mas haja segurança e seguros.
- vão dizer: "ah, mas na Suíça não tem grilo". Bancos na Suíça possuem cofres, boutiques de relógios possuem portas monstruosas, vidros blindados...
Questão de segurança quanto a danos:
- shit happens, nem fabricantes nem o laboratório devem estar muito a fim de se responsabilizar por caixas riscadas, e etc. Ah sim, podem botar aquela parafina anti-riscos? Sim, mas o trabalho para remover isso tudo antes de retestar e vender...
E o que considero o principal, a questão técnica:
- o COSC não é uma salinha com meia dúzia de relógios sendo testados num Witschi. São equipamentos enormes para testar centenas, milhares de relógios por vez.
- os relógios são avaliados opticamente. Para que o equipamento faça a leitura precisa, os mecanismos têm que ser montados com mostradores especiais e ponteiros de alto contraste. Além disso, as máquinas são montadas em suportes padronizados para se fixarem nos aparelhos de testes. Essa montagem dos mostradores, ponteiros e suportes padrão são feitos pelo fabricante.
- isso significa também que, pelo menos a aparelhagem do COSC, não é capaz de ter relógios completos com caixa e tudo pois eles não podem ser fixados no mecanismo e nem conseguem fazer a leitura em mostradores sem contraste e principalmente SEM MARCAÇÃO DE SEGUNDOS.
- ou seja, é preciso todo um novo sistema para testes, para ser possível testar todo e qualquer relógio montado. E sim, pode ser que tenham feito isso. Mas gostaria de saber principalmente como é feita a aferição, pois se for óptica, não dá para fazer co. qualquer mostrador de fábrica. É impossível certificar, por exemplo, um Rolex com 12 diamantes no mostrador e nada mais.
Por isso creio que, recapitulando, se a idéia é testar de acordo com a norma ISO, só há desvantagens em testar o relógio completo. E norma é norma: se for isso, ele será apenas uma nova alternativa de certificação cronométrica. Não é melhor nem pior.
O que é totalmente diferente de selos, como o de Genebra ou de Fleurier...
Abraços!
Adriano