A Cartier investe em coleções de relógios esportivos e luxuosos para aumentar suas vendas entre os homens endinheirados
13/06/2014
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/estilo/20140613/tentacao-masculina/163259.shtmlMassoni, presidente da Cartier para as Américas: “A ideia é lançar cada vez mais novidades” ( foto: Thiago Bernardes/Frame)
Ao passar pela entrada da butique Cartier, no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, com suas janelas emolduradas de mármore, e entrar no espaço de 280 m² repleto de requinte, com tons que variam do bege ao preto e um belíssimo lustre de cristal, o consumidor endinheirado se depara com colares, anéis, bolsas de couro e lenços, tudo que agrada às exigentes mulheres, aficionadas da grife. Mais alguns passos e lá estão os relógios, acessório que fez a fama da marca entre os brasileiros, já no início do século passado, ao projetar um modelo de pulso para ninguém menos do que Santos Dumont, o inventor do avião.
São eles também os responsáveis por quase metade do faturamento da marca, estimado em € 3,5 bilhões por ano, e a aposta para que a receita da empresa seja ainda mais relevante no mercado. “A estratégia agora é atingir o público masculino”, afirma Christophe Massoni, presidente das Américas da Cartier. “Para isso, a ideia é lançar cada vez mais novidades para os homens no segmento da relojoaria de alto padrão.” Segundo o executivo, a Cartier vende mais para mulheres porque a grife também é famosa por suas joias elaboradas com ouro, prata, diamantes e pedras preciosas.
Para encurtar a distância, porém, a ideia é lançar até o fim do ano diversos modelos esportivos para o público masculino. Na verdade, as novidades já começaram, como o lançamento do Calibre Diver, seu primeiro relógio para mergulho. O Calibre Diver está disponível em duas versões: ouro rosa, por R$ 85.000, e aço, por R$ 24.800, ambos dotados de pulseira de borracha, com espessura de 11 mm e resistência de até 300 metros de profundidade. Em setembro, também será lançada a versão com pulseira de aço, que ainda assim mantém o ar esportivo desejado pela companhia controlada pelo grupo Richemont, dono de outras marcas de alta relojoaria como Panerai, IWC e Van Cleef & Arpels.
“Queríamos um relógio que fosse esportivo e elegante ao mesmo tempo”, diz Massoni. “Dá para usar com terno, mas também com camiseta e bermuda.” Para Luciano Deos, presidente da consultoria de marcas Gad’Lippincott, a estratégia da Cartier faz sentido, uma vez que universo masculino está cada vez mais vaidoso. “Relógio não é mais funcional. Afinal, dá para ver as horas no celular”, afirma Deos. “Hoje, o acessório tem status de joia e os homens estão, sim, mais preocupados com a aparência e inseridos no mundo da moda.”
Para uma marca de luxo incrementar o faturamento, segundo o especialista, há três alternativas: ampliar o portfólio e o gênero do público alvo, como é o caso da Cartier, ou explorar uma outra categoria econômica. “É preferível esgotar todas as possibilidades antes de partir para a terceira, e mais arriscada, opção para uma marca de luxo”, diz. Com duas butiques no País, uma na capital paulista e outra no Village Mall, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e 24 pontos de venda para a comercialização de relógios em estabelecimentos multimarcas, a Cartier tem planos de abrir mais duas lojas nos próximos cinco anos.
“Mais uma em São Paulo e outra talvez em Brasília ou Curitiba”, diz Massoni. Potencial consumidor não falta, já que ainda a maior parte dos brasileiros que adquirem as jóias e relógios Cartier se abastece no Exterior (de acordo com Massoni, cerca de 70% das vendas são feitas lá fora). “Principalmente em Miami, Nova York e Paris”, diz o executivo, para quem é importante estar presente no País. “Faz parte da cultura local fazer compras fora do País, até por causa das taxas”, diz ele. “Mas é bom ter butiques no Brasil para ocasiões especiais, como aniversários ou casamentos.”