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Como NÃO fazer balanceamento dinâmico...

Iniciado por Adriano, 17 Julho 2014 às 17:12:00

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Adriano

As fotos dizem por si só:








Abraços!

Adriano

lucius

Credo, o que é isso, cola, cera?

Macgyverism level 1000 !!!!


Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

shun

O cara tava gripado e deu uma catarrada no balanço e esqueceu de limpar gente.bahuahahahauah

igorschutz

Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

marck

ola pessoal,

                   e voces acham que já viram de tudo..... pta q' pariu... sempre  tem como fder + um pouquinho....

                      sds,

                           marck

                       

flavio

Tá aí. Nos balanços mono metálicos o balanceamento é feito retirando material. Pode mostrar a ferramenta para isto Adriano? Flávio

heracles


ThiagoDF

Nossa senhora....

Adriano, qual é o movimento e o relógio?
Membro do RedBarBrazil

flávio

ETA 2834, que é o 2824 com calendário completo.


Flávio

flávio

#9
Resolvi postar duas fotos, pois tenho certeza que há foristas lendo isso e pensando: que diabos esses caras estão falando? Pois bem...

Antigamente, os balanços eram bimetálicos, feitos de uma lâmina de aço e latão. Devido aos diferentes coeficientes de expansão destes metais no frio e calor, a tendência do aro do balanço, porque partido no meio, era envergar (para dentro, no calor, para fora, no frio). O relojoeiro usava os pesos de número dois, que estão ligados ao braço do balanço, para ajustar a marcha do relógio (como, aliás, é feito atualmente nos movimentos free sprung da Omega, Rolex, etc). Os outros pesos serviam para compensação da temperatura e, basicamente, funcionava assim. Se a compensação estivesse deficiente para o calor, ou seja, se no calor o relógio não estivesse adiantando o suficiente para compensar o atraso causado pela diminuição da elasticidade da mola do balanço (o cabelo), o relojoeiro jogaria mais peso para a extremidade do aro. Ao envergar, ele iria mais para "dentro", fazendo o balanço girar mais "rápido", falando de uma forma bem tosca. E vice versa (na verdade aumenta-se o momento de inércia colocando mais massa na extremidade, mas a explicação tosca é mais fácil de entender).

Mas imaginem que este balanço, que é igual a uma roda de bicicleta, empenasse. O que faria o relojoeiro? Ele utilizaria os mesmos pesos para compensação de temperatura como método de equilibrar o balanço, igual numa roda empenada de bicicleta, adicionando ou tirando peso (com arruelas) em um parafuso, e depois fazendo o mesmo naquele em sentido oposto, para manter o equilíbrio.

Não entenderam nada? Vejam essa foto e tentem imaginar o que falei. Os conceitos de física bem básicos devem estar na mente, senão embola tudo. Foto da wiki



Mas o tempo passou e uma nova liga, praticamente invariável à temperatura (ué, mas como então fazem a compensação hoje? Outra história... A mola do balanço é também feita de uma liga com coeficiente baixo de expansão, de modo que balanços bimetálicos se tornaram obsoletos) passou a ser usada nos balanços, que se tornaram mono metálicos, sem separação no meio e sem parafusos. Hoje não tem como equilibrar um balanço empenado colocando material, pois não há onde colocar isso, são rodas perfeitas, mas tirando material. Vejam na seta da foto a "extração" de material do balanço, para equilibrá-lo e desempená-lo. Foto do Walt Odets.




O tio Gambiarra deveria ter RETIRADO material do balanço para equilibrá-lo, não colocar Araldite!  ;D ;D ;D

Mas confesso que na prática do dia a dia não sei como é feito isso, porque os balanços mono metálicos saem de fábrica equilibrados com cortes a laser na sua parte de baixo.

Para isso, chamo o mano Adriano para complementar o que eu disse e, sobretudo, dizer como isso é feito numa oficina, pois não sei.

Flávio

Adriano

Exato Flávio! Essa foto do Odets mostra a marca feita na fábrica para acerta o balanceamento desse aro. Desde a adoção dos balanços monometálicos, é raríssimo precisar balancear um balanço, pois eles vêm de fábrica já praticamente perfeitos, especialmente os de boa qualidade. Ou seja, se num movimento moderno você tem um problema de variação grande entre posições verticais, tudo indica que a última hipótese seja um balanço desbalanceado.

Mas se for o caso, a única solução é retirar material do lado pesado, usando uma broquinha bem fina, fazendo uma pequena marquinha, que mal chega a ser um furo, apenas um arranhãozinho, na lateral do aro ou embaixo dele (por motivos estéticos). Isso mal chega a alterar a massa do balanço e por isso você não tem alteração da frequência. Nos balanços mais antigos, parafusados ou rebitados, você tem a opção de adicionar peso colocando uma arruela entre o parafuso e o aro, ou fazendo um furinho no rebite.

Uma tragédia que costuma-se ver é: o cara tenta fazer o balanceamento e tira material demais, aí desbalanceia mais ainda e tenta corrigir tirando mais material do outro lado, aí denovo vai demais e vai tirando, tirando... resultado? O balanço fica mais leve, a frequência cai e para compensar o cara mete o regulador na posição máxima ou, se o piton permitir, o cara encurta a espiral... e aí já viu. Outra aberração que já vi em balanços parafusados é o cara arrancar parafusos ou colocar um pingo de solda no balanço. A idéia do cara é que, provavelmente o balanço não dá regulagem, pois o regulador passa da escala do regulador (obviamente por outro motivo, pois balanços não mudar de frequência sozinhos, ou não perdem ou ganham massa sozinho) e ao invés de ir buscar a fonte do problema, simplesmente mete ou retira peso do balanço. Aí imagina, além de causar um dano irreversível, ainda desbalanceia mais ainda o aro.

Voltando ao procedimento que seria correto: se você de fato está certo de que todos os parâmetro estão corretos, e que a grande diferença de marcha e amplitude entre posições verticais é por conta de um desbalanceamento, você tem que primeiro se certificar de que o balanço está perfeitamente redondo e plano. Isso você consegue observar com ele funcionando. Estando ok, você desmonta ele todo, retira espiral, mas mantém o eixo, e coloca nesta ferramenta:

http://www.tp178.com/jd/watch-school/5/poising-tool-013.jpg

Com os eixos apoiados naquelas lâminas de rubis, o lado mais pesado do balanço vai pender para baixo. Pronto. Você descobriu o desbalanceamento e basta retirar material naquele ponto. Está feito o balanceamento estático. Isso garante pelo menos que o erro não provém do aro do balanço. Mas uma vez montada a espiral, mesmo ela também estando perfeitamente concêntrica e plana, e os pinos do regulador estando bem ajustados, a centralidade correta entre eles, você ainda vai ter um pequeno desbalanceamento. Não fosse assim, as marchas verticais seriam idênticas em todas as posições e em qualquer regime de amplitudes. Sabemos que não é. Mas um desvio é aceitável, tem que ser aceitável. Agora, se você mesmo sabendo que tudo está correto com tudo montado, e ainda assim você tem um isocronismo ruim, notando que as marchas verticais são instáveis ou que até sejam semelhantes num instante, mas que mudam completamente num outro regime de amplitude, você pode ter que partir para um balanceamento dinâmico.

Isso se faz com tudo montado e o relógio funcionando, com o auxílio de um cronocomparador (Witshci, Vibrograf). Você pega o mecanismo sem corda, observa bem a posição de repouso do balanço e começa a dar corda nele até ele funcionar, na vertical com uma amplitude de 180º, ou seja, uma volta completa (pois ele gira 180º para cada lado). Você vai mudando as posições em 90º, ou seja, começa por exemplo com coroa para cima, muda para coroa para a direita, depois para baixo, depois para a esquerda e vê em qual posição a marcha é mais rápida. Essa posição pode inclusive não ser perfeitamente com a coroa, digamos, para cima, mas sim com ela apontando para as 4 horas. Que seja, você tem que identificar qual a posição mais rápida com amplitude de 180º. Quando isso acontecer, saberá que nessa posição o lado mais pesado do balanço completo está para baixo. Você pode conferir isso dando mais corda e fazendo ele ir para uma volta e meia de giro, ou seja, 270º de amplitude. Nessa condição de amplitude o efeito é o oposto, ou seja, na marcha mais rápida, o ponto mais pesado está em cima.

Identificado o ponto pesado com tudo montado, você vai lá e retira material daquele ponto. Com relógios mais antigos, com frequência mais baixa e balanços mais pesados, você consegue conferir isso a 180º e a 270º, mas parece que com relógios de frequência mais alta ou balanços mais leves, isso fica bem mais pronunciado aos 180º por isso é preferível se basear na conferência a 180º.

Feito isso e, sendo isso mesmo a fonte da falta de isocronismo, voilà! Você terá um ajuste bacaninha, mantendo marchas próximas em diferentes condições de amplitude, um relógio redondinho.

Mas isso é coisa para relojoeiro top, top mesmo.

Abraços!

Adriano


naio21

Será que existe algum equipamento para ajuste de balanços semelhante àqueles com luz estroboscópica utilizados para balancear rodas nas "DPaschoais" da vida (matendo-se obviamente as devidas proporções)?
Abs,

Ivan B. Prado

Alberto Ferreira

Bem...
Eu não conheço e não creio muito que exista, algo parecido com isso que você imaginou, ou assim tão "simples" ::), baseado no efeito estroboscópico, Naio.
Ou seja, feito diretamente, com o balanço montado, ou algo parecido com aquelas "máquinas" de balanceamento.

E esta minha opinião, até prova em contrário  :D, baseia-se principalmente no fato de que, além das dimensões e dos esforços envolvidos, na verdade são coisas (princípios) totalmente diferentes.
Não nos esqueçamos que no caso das rodas o giro é contínuo, por assim dizer, e no balanço o movimento é oscilatório, retardado por uma mola (a espiral) etc.

E, por outro lado, logicamente, retirar e desmontar o volante do balanço apenas para balancear o aro seria, no mínimo  ;), uma certa "missão inglória".
Fazer assim na fábrica, ao produzir o aro, antes da montagem, é uma coisa, mas fazer numa manutenção ou ajuste, seria bem outra coisa.

Alberto

chip

Citação de: Adriano online 18 Julho 2014 às 09:21:35

você pode ter que partir para um balanceamento dinâmico.

você tem que identificar qual a posição mais rápida com amplitude de 180º. Quando isso acontecer, saberá que nessa posição o lado mais pesado do balanço completo está para baixo.



Olá a todos os leitores do RM... Não é à toa que este é o meu Fórum de eleição

Mestre Adriano, não percebi essa parte... Como identifico esse ponto... Marco o balanço antes?

Depois se o balanço está devidamente calibrado na balança, pode não acontecer no dinâmico?

Desculpe as questões, mas gostaria imenso de tirar estas duvidas... muito obrigado

Saúde para Todos
Aquele abraço

Adriano

Olá Chip! Não é muito difícil ver a olho nú a amplitude de 180°, bastando observar os seus aros. Mas pode também fazer um risco sobre ele com aquelas canetas de marcar CD's. Basta limpar com álcool isopropílico depois.

E sim, mesmo que o balanceamento estático esteja perfeito, lembre-se que ele é feito sem a espiral. Quando você monta a espiral, você desequilibra ligeiramente o balanço e isso é inevitável. Aí entra o balanceamento dinâmico.

Um abraço!

Adriano

chip

Citação de: Adriano online 09 Agosto 2014 às 18:59:51
Olá Chip! Não é muito difícil ver a olho nú a amplitude de 180°, bastando observar os seus aros. Mas pode também fazer um risco sobre ele com aquelas canetas de marcar CD's. Basta limpar com álcool isopropílico depois.

Olá  Mestre ;)

Sim, eu pensava numa marcação do género (caneta de acetato ou similar), para não acontecer o que por vezes vejo (arranhões e outras coisas mais)   :-\
Deduzo que nessa marcação, (o ponto marcado) nas posições verticais, deverá ser equidistante em "cima e em baixo"? Essa uma das duvidas  :-\ (tipo, "traçar" um raio e um angulo de 180º, para os dois lados... é isto Mestre?

Citação de: Adriano online 09 Agosto 2014 às 18:59:51
E sim, mesmo que o balanceamento estático esteja perfeito, lembre-se que ele é feito sem a espiral. Quando você monta a espiral, você desequilibra ligeiramente o balanço e isso é inevitável. Aí entra o balanceamento dinâmico.

Ok, este ponto foi percebido na perfeição...  ;)

Muito obrigado

Saude
Aquele abraço

Adriano

Exato! Você vai ver a marcação "parar e voltar" em ambos os sentidos num ângulo equidistante, exatamente aos 180° de amplitude!

Abraços!

Adriano

chip

Citação de: Adriano online 10 Agosto 2014 às 16:10:41
Exato! Você vai ver a marcação "parar e voltar" em ambos os sentidos num ângulo equidistante, exatamente aos 180° de amplitude!

Abraços!

Adriano

Muito, mas muito obrigado pelo Seu tempo/paciência  :) ;)

Tudo de bom com muita saúde
Aquele abraço

Dicbetts

Citação de: shun online 17 Julho 2014 às 17:23:47
O cara tava gripado e deu uma catarrada no balanço e esqueceu de limpar gente.bahuahahahauah

Catarrada não. Isso aí é o famoso Durepoxi.

Uma lixadinha com lima de polir unha e... voilá, fica como novo!

Se vai funcionar direito depois, aí o dono do relógio já está querendo demais.

Dic

PS - lembra o tempo das lanternagens nas quais, em vez de cortar e ressoldar a chapa podre, o cara enchia de Black Solda. Não dava seis meses e a tinta começava a estufar parecendo bolha de queimadura.

Brasil-il-il...

Lourival

Já vi um idiota fazer isto num Atmos!
Saiu colando pesinhos ao longo da circunferência do pêndulo com Araldite ou coisa que o valha!
Deu vontade de chorar  :'( :'( :'( ... ou melhor, de matar  >:( >:( >:(