Ladrão de relógios é morto no Itaim

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Offline Dicbetts

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Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Online: 29 Setembro 2014 às 09:55:25 »
Menos um vagabundo

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/09/1522917-criminosos-e-vigias-trocam-tiros-em-assalto-no-itaim-bibi.shtml

Isso deixa claro que esses bandidos são acionados por um olheiro, alguém que sabe identificar de longe um relógio de qualidade.

Minha única dúvida é se a polícia sabe ou não quem são esses olheiros. Tenha a achar que os conhece, sim. E tem participação no negócio.

Dic

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Offline CSM

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #1 Online: 29 Setembro 2014 às 11:10:35 »
já foi tarde.. FDP. triste por ser uma criança praticamente. mas antes ele do que a vitima do assalto ou qualqur outra pessoa de bem.

abraços
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Offline Dicbetts

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #2 Online: 29 Setembro 2014 às 11:38:29 »
já foi tarde.. FDP. triste por ser uma criança praticamente. mas antes ele do que a vitima do assalto ou qualqur outra pessoa de bem.

abraços

Aí é que está, Cesar. Essas quadrilhas usam menores de idade porque, se forem em cana, quando completarem 18 anos estão soltos novamente.

Um moleque desses te dá um tiro na cara, ou estupra, e o máximo que pega é até completar a maioridade. E na cadeia, faz mestrado em crime. O doc e o pós-doc, quando estiver em liberdade, assaltando e matando de novo.

Sou pela legislação britânica. Se um garoto de 9 anos matar outro, pega cana conforme a lei criminal. O que vale para um assassino de nove anos (e creia, existe; tem um caso recente sobre um menino de nove que matou um de sete por pura perversidade), vale para um de 25.

Podem me chamar de reacionário. Nesse caso, sou sim.

Dic

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Offline lucius

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #3 Online: 29 Setembro 2014 às 13:26:51 »
O pior é que morre um e nascem dois.

Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

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Offline naio21

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #4 Online: 29 Setembro 2014 às 14:42:41 »
Não devia haver o conceito de maioridade penal para crimes hediondos...
Abs,

Ivan B. Prado

Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #5 Online: 29 Setembro 2014 às 15:31:21 »
Concordo com o Dic e com o Naio.


Absurdo essa molecagem praticando esses crimes!

Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #6 Online: 01 Outubro 2014 às 09:37:38 »
interessante observar que a noticia de um menor de idade morto em um assalto, está na seção "COTIDIANO"  do jornal.

este tipo de crime e a morte é algo tão banalizado no brasil que virou cotidiano, foi absorvido pela população desta forma.

Alvaro Carneiro

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Offline igorschutz

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #7 Online: 01 Outubro 2014 às 09:46:45 »
Semana passada, indo para o trabalho, estava ouvindo o jornal da manhã que passa na Rádio Jovem Pan. Um dos locutores chama o repórter aéreo, que informa que uma avenida lá da Zona Leste estava com trânsito parado, pois um motociclista tinha sido morto num latrocínio ocorrido às 5:30h e desde então o corpo estava bloqueando a faixa central da via. O repórter aéreo devolve ao locutor, que volta a falar das eleições, falta d'água, etc., na maior naturalidade!

Olha que merda de cidade, de Estado e de país eu vivo! Um cara foi assassinado porque quiseram roubar a moto dele e isso é tão corriqueiro e banal que merece apenas uma "notinha" no drops sobre o trânsito. Foi só mais um a entrar nas estatísticas. PQP!!!
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

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Offline RCComes

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #8 Online: 01 Outubro 2014 às 19:52:39 »
já foi tarde.. FDP. triste por ser uma criança praticamente. mas antes ele do que a vitima do assalto ou qualqur outra pessoa de bem.

abraços

Triste por quê? pensa, esse 1 vale 5.
Morrendo agora, não teve a chance de procriar. Como esses pés de chinelo tem, no mínimo, 4 filhos, e por questão de probabilidade todos os filhos seriam ladrões também, nem é o caso de lamentar e sim comemorar.
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Offline CSM

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #9 Online: 02 Outubro 2014 às 10:59:07 »
Caro, toda vez que pensar em um garoto de 17 anos que se enveredou para o crime, e por causa disso foi morto vou achar triste. muito mais triste sem duvida seria se ele matasse um pai de familia, uma crianca, etc. mas nem por isso vou deixar de ficar triste pelo ocorrido.

abraços
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Offline ogum777

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #10 Online: 02 Outubro 2014 às 15:44:31 »
fui professor de 2 ex-ladrões. não vou citá-los aqui pra que não sofram prejuízos.

ambos hoje trabalham em empregos daqueles que as pessoas batem palmas pelo que fazem, e nem sonham que um deles é ex-assaltante de banco, outro ex-punguista.

em comum, a origem em famílias totalmente desestruturadas (um não sabe até hoje o nome dopai, pq a mãe tb não sabia, filho dum estupro, e o outro filho de alcoólatras largado numa febem da vida aos 4 anos), tendo que se virar na rua já na adolescência só com conselhos ruins e, como um deles disse, "com cabeça fraca querendo tudo o que aparece em tv e revista".

os dois cumpriram pena, os dois na cadeia viraram evangélicos e isso parece os ter consertado. não, não estou aqui fazendo proselitismo pois não sou evangélico.

o que suas respectivas duas religiões trouxe a eles foi algo que nunca tiveram: estruturas sociais que os valorizassem por outros fatores que não o $$$.

eu não vejo a menor diferença entre um punguista e um sonegador de tributos, ou aquele que sonega direitos trabalhistas de seus empregados. mas se alguém pode ser um ex-sonegador, tb pode ser um ex-ladrão. existe até ex-crackeiro. acho que só não existe ex-viado.

o fato é que o brasil é uma fábrica de ladrões. mas como diz um amigo meu, neguim quer carro europeu mas não quer limpar casa como europeu, quer uma mucama... e uma coisa me marcou a infância, vivida em parte numa cidade dum estado pobre: facilidade pra se encontrar empregadas domésticas e geladeira com chave. demorei a entender que uma coisa não existe sem a outra...

Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #11 Online: 07 Outubro 2014 às 12:24:03 »
fui professor de 2 ex-ladrões. não vou citá-los aqui pra que não sofram prejuízos.

ambos hoje trabalham em empregos daqueles que as pessoas batem palmas pelo que fazem, e nem sonham que um deles é ex-assaltante de banco, outro ex-punguista.

em comum, a origem em famílias totalmente desestruturadas (um não sabe até hoje o nome dopai, pq a mãe tb não sabia, filho dum estupro, e o outro filho de alcoólatras largado numa febem da vida aos 4 anos), tendo que se virar na rua já na adolescência só com conselhos ruins e, como um deles disse, "com cabeça fraca querendo tudo o que aparece em tv e revista".

os dois cumpriram pena, os dois na cadeia viraram evangélicos e isso parece os ter consertado. não, não estou aqui fazendo proselitismo pois não sou evangélico.

o que suas respectivas duas religiões trouxe a eles foi algo que nunca tiveram: estruturas sociais que os valorizassem por outros fatores que não o $$$.

eu não vejo a menor diferença entre um punguista e um sonegador de tributos, ou aquele que sonega direitos trabalhistas de seus empregados. mas se alguém pode ser um ex-sonegador, tb pode ser um ex-ladrão. existe até ex-crackeiro. acho que só não existe ex-viado.

o fato é que o brasil é uma fábrica de ladrões. mas como diz um amigo meu, neguim quer carro europeu mas não quer limpar casa como europeu, quer uma mucama... e uma coisa me marcou a infância, vivida em parte numa cidade dum estado pobre: facilidade pra se encontrar empregadas domésticas e geladeira com chave. demorei a entender que uma coisa não existe sem a outra...

Obrigado por seu post. Penso do mesmo jeito e tenho me achado meio solitário na maioria das vezes...

Um abraço!

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Offline Dicbetts

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #12 Online: 08 Outubro 2014 às 12:13:45 »
Se formos descer às origens da criminalidade no Brasil, vamos voltar muito lá atrás. E como não sou sociólogo ou antropólogo, nem tampouco historiador, só posso assumir uma condição: a de cidadão-contribuinte-eleitor. Essas três coisas são, na verdade, uma só.

Mas têm algumas questões que são contemporâneas, e com jeito de eternas. E estão na raiz da distorção e a desproporção que vivemos.

O Código Penal é claramente ultrapassado. Não sou eu que digo isso, mas alguns dos principais criminalistas brasileiros. Há, sim, uma pressão feroz para que seja mantido da forma que está, pois, se mexerem, corre o risco de ficar mais duro, ainda que mais atual.

Quando digo mais duro, quero dizer indistintamente. Mas, conhecendo o Brasil como conheço, sei que será um código para a parte de cima da pirâmide e outro para a parte de baixo. Prova disso é que o Artigo 281, que juntava no mesmo saco usuário e traficante. Foi modificado porque todos dançavam indistintamente - do malandrinho ao filho do senador.

(Dividiram em dois: 16 é usuário e 12 traficante. O vagabundinho que for pego com 15 quilos pode dizer que era para uso próprio que será enquadrado no 12. Já o bacana do Lago Sul pode estar com outros 15 quilos que um bom advogado conseguirá que seja enquadrado como usuário.)

Mas não é somente o Código Penal que é ultrapassado. A educação fundamental, a cargo dos municípios e estados, é fonte de todo e qualquer desvio de verba. O cara embolsa, separa para a campanha, faz o cacete.

O Estado brasileiro paga uma barbaridade em custeio e tem pouco para investir onde realmente interessa.

(Agora mesmo, o CNJ aprovou auxílio-moradia para juízes e desembargadores de R$ 4,7 mil. E não é para o magistrado que mora em zona de fronteira, ou é deslocado para uma comarca no interior. É também para aquele que atua em Brasília e mora em Brasília em imóvel próprio.)

Esses são dois breves exemplos da sucessão de erros que temos no País. Mas vamos em frente.

Famílias desestruturadas podem ser o ambiente para o surgimento de um futuro bandido. Mas não existem famílias desestruturadas apenas nas favelas. Têm na classe média, até na classe alta. E família desestruturada não necessariamente é família que passa necessidade. Fosse assim, o Lula jamais teria chegado à Presidência. Ele pode ter cometido vários erros políticos, mas ninguém tem notícia de que seja ladrão, saqueador dos cofres públicos. Não há contra ele um único processo com essa acusação.

Já o Paulo Maluf... E é dono da Eucatex, entre outros negócios. Aliás, Lula e Maluf se abraçaram pela campanha do Haddad. Isso deve dizer alguma coisa - no mínimo que a amoralidade leva a alianças dessa natureza.

Reduzir a questão às classes sociais é um maniqueísmo que temos a obrigação de vencer.

E para mim, não há a menor diferença entre o Maluf e o Marcola do PCC, ou o Alberto Yousseff, ou o Paulo Roberto Costa. A periculosidade deles é a mesma. Eles deveriam estar no mesmo lugar: na cadeia.

Mas isso não me faz ver com melhores olhos, ou de forma paternalista, o garoto de 17 que bota um revólver na cintura, sobe na garupa da moto e enfia o berro na tua cara quando você está no sinal. Ou que estupra e mata, tal como aconteceu com um grupo de traficantes cariocas, esses dias, que torturaram uma jovem - o vídeo circula na net para quem quiser ver.

Ah!, a garota era metida com marginais! Pagou o preço pela escolha.

Tal como pagou o preço pela escolha o garoto que foi assinado pelos seguranças ao tentar roubar o relógio do bacana.

Então, é só por que o cara tem um bom relógio que ele é, por definição, ladrão dos cofres públicos?

O Lula, esse mesmo que citei aí em cima, disse na campanha eleitoral que na época da ditadura não achava ruim quando assaltavam um banco. No raciocínio dele, era ladrão roubando ladrão. Mas e o sujeito que estava no caixa, que eventualmente levava um tiro, e morria? Esse não era nem banqueiro, nem bandido - era correntista.

É muito reducionismo para o meu gosto.

Dic

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Offline RCComes

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #13 Online: 08 Outubro 2014 às 13:46:13 »
Essa dos magistrados está entalada na garganta mesmo.
No mais, a legislação brasileira, como um todo, só funciona em um caso, via de regra: a serviço do legislador que, também via de regra, é outro bandido. Lei de Gerson prospera sempre.
Agora quanto a vagabundo ladrão, particularmente defendo a teoria do risco. Quer roubar, furtar, etc, sem problemas, pois o inevitável acontece seja pela mão de um ou de outro. O problema, aqui, é que esse um ou outro, acabará sentadinho na frente de um juri, composto de desqualificados e será tratado como bandido. Mais que absurdo é repugnante, mesmo que venha a ser inocentado.
Repugnante por que a lei está sendo cumprida? Não, repugnante pois nosso amiguinho promotor, nesses casos, em pelo menos 80% das vezes pede a absolvição do acusado, tem embasamento legal para absolvê-lo mas o obriga passar pela amargura de um Juri para fazer média. Para quando não tiver razão, contar uma história triste e dizer: vocês sabem que quando é inocente eu peço a absolvição".
Agora, voltando ao ponto que o Dic discorreu, muito pouco pode se esperar de um pais que é podre em seu âmago, composto da escória portuguesa que para cá veio, escravos e outras misturas (nem tentem entrar em questões raciais pois não é esse o ponto).
Claro que, hoje, todas as esferas seriam podres.
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Offline Dicbetts

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #14 Online: 08 Outubro 2014 às 15:10:56 »
Essa dos magistrados está entalada na garganta mesmo.
Agora, voltando ao ponto que o Dic discorreu, muito pouco pode se esperar de um pais que é podre em seu âmago, composto da escória portuguesa que para cá veio, escravos e outras misturas (nem tentem entrar em questões raciais pois não é esse o ponto).

RCComes,

As escória portuguesa não veio para cá, não. O que veio foi a elite portuguesa, na primeira e na segunda etapa. Na primeira, com o beneplácito do rei. Na segunda, encagaçada com a invasão de Napoleão.

Depois veio a corte, que não conseguiu a proteção inglesa contra as forças do francês (ou corso?).

Escória foi mandada para a Austrália, para a África do Sul. Esses países foram compostos por desterrados; o Brasil não.

O que se tem aqui, e desde sempre, é o patrimonialismo em sua forma mais vil, mais crua, mais degenerada. O que se tem aqui desde sempre é a ideia de que o Estado não serve à sociedade, mas serve a um grupo. Quanto mais próximo do Estado, mais próximo do poder, maior é o sentimento de propriedade.

Os donos das capitanias hereditárias (olha a merda aí: hereditárias!, ou seja, de pai para filho) eram gente próxima do rei, cupincha, puxa-saco. Foram esses caras que, chegando aqui, disseram que era terra de ninguém, e se era de ninguém era deles, com a lei deles.

A Corte portuguesa, em vez de botar ordem na casa, deu sinal verde para a espoliação. Exploraram o Brasil de todas as maneiras. Até hoje se utiliza a expressão "derrame" para definir o pagamento em excesso, o saco sem fundo. Vem da expressão "derrama", que era o pagamento em ouro ao rei de Portugal.

Junte-se a isso um clero interesseiro, que vendia a absolvição mediante uma boa quantia. Assim, a elite e a corte portuguesa tinham tudo que podiam almejar naqueles tempos: paz financeira e paz espiritual. Quer mais?

Ah!, mas como é que a Austrália deu certo? Por que foram desterrados, mesmo. Foram mandados para lá para morrer. Ou sobreviver, ainda que matando - sobretudo os aborígenes.

E não foram mandados para lá somente bandidos - assaltantes, punguistas, estelionatários. Não! Foram mandados também os inimigos da família real e os inimigos da igreja anglicana.

Foi um país que nasceu, acima de tudo, sem relação alguma com qualquer espécie de clero. E muitos dos que foram enviados tinham experiência na administração do estado.

Mas essa história é outra. E igualmente longa.

Dic

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Offline RCComes

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #15 Online: 08 Outubro 2014 às 15:32:46 »
Isso me lembra um poema do Gregório de Matos Guerra, o boca do inferno

Epílogos (Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da república)

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objetos?... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?... Guardas.
Quem as tem nos aposentos?... Sargentos.

Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia?... Simonia.
E pelos membros da Igreja?... Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?... Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?... Freiras.
Em que ocupam os serões?... Sermões.
Não se ocupam em disputas?... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.

Agora em relação ao que veio de Portugal, a linha que os separa da escória, é tênue, convenhamos.
Não esqueçamos, jamais, o porque e o por quem da criação do Brasil (avançando um pouco o colonialismo), que teve cunho político estrito, para manter, justamente, a família real e a aristocracia no controle. Ou seja: a podridão, conforme referi, é sindrômica e sistemática.
Membro do RedBarBrazil

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Offline Betocd

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Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #16 Online: 10 Outubro 2014 às 01:42:42 »
fui professor de 2 ex-ladrões. não vou citá-los aqui pra que não sofram prejuízos.

ambos hoje trabalham em empregos daqueles que as pessoas batem palmas pelo que fazem, e nem sonham que um deles é ex-assaltante de banco, outro ex-punguista.

em comum, a origem em famílias totalmente desestruturadas (um não sabe até hoje o nome dopai, pq a mãe tb não sabia, filho dum estupro, e o outro filho de alcoólatras largado numa febem da vida aos 4 anos), tendo que se virar na rua já na adolescência só com conselhos ruins e, como um deles disse, "com cabeça fraca querendo tudo o que aparece em tv e revista".

os dois cumpriram pena, os dois na cadeia viraram evangélicos e isso parece os ter consertado. não, não estou aqui fazendo proselitismo pois não sou evangélico.

o que suas respectivas duas religiões trouxe a eles foi algo que nunca tiveram: estruturas sociais que os valorizassem por outros fatores que não o $$$.

eu não vejo a menor diferença entre um punguista e um sonegador de tributos, ou aquele que sonega direitos trabalhistas de seus empregados. mas se alguém pode ser um ex-sonegador, tb pode ser um ex-ladrão. existe até ex-crackeiro. acho que só não existe ex-viado.

o fato é que o brasil é uma fábrica de ladrões. mas como diz um amigo meu, neguim quer carro europeu mas não quer limpar casa como europeu, quer uma mucama... e uma coisa me marcou a infância, vivida em parte numa cidade dum estado pobre: facilidade pra se encontrar empregadas domésticas e geladeira com chave. demorei a entender que uma coisa não existe sem a outra...

Obrigado por seu post. Penso do mesmo jeito e tenho me achado meio solitário na maioria das vezes...

Um abraço!

+ 1

Ótimo,post.

Abs

Re: Ladrão de relógios é morto no Itaim
« Resposta #17 Online: 16 Outubro 2014 às 19:34:15 »
fui professor de 2 ex-ladrões. não vou citá-los aqui pra que não sofram prejuízos.

ambos hoje trabalham em empregos daqueles que as pessoas batem palmas pelo que fazem, e nem sonham que um deles é ex-assaltante de banco, outro ex-punguista.

em comum, a origem em famílias totalmente desestruturadas (um não sabe até hoje o nome dopai, pq a mãe tb não sabia, filho dum estupro, e o outro filho de alcoólatras largado numa febem da vida aos 4 anos), tendo que se virar na rua já na adolescência só com conselhos ruins e, como um deles disse, "com cabeça fraca querendo tudo o que aparece em tv e revista".

os dois cumpriram pena, os dois na cadeia viraram evangélicos e isso parece os ter consertado. não, não estou aqui fazendo proselitismo pois não sou evangélico.

o que suas respectivas duas religiões trouxe a eles foi algo que nunca tiveram: estruturas sociais que os valorizassem por outros fatores que não o $$$.

eu não vejo a menor diferença entre um punguista e um sonegador de tributos, ou aquele que sonega direitos trabalhistas de seus empregados. mas se alguém pode ser um ex-sonegador, tb pode ser um ex-ladrão. existe até ex-crackeiro. acho que só não existe ex-viado.

o fato é que o brasil é uma fábrica de ladrões. mas como diz um amigo meu, neguim quer carro europeu mas não quer limpar casa como europeu, quer uma mucama... e uma coisa me marcou a infância, vivida em parte numa cidade dum estado pobre: facilidade pra se encontrar empregadas domésticas e geladeira com chave. demorei a entender que uma coisa não existe sem a outra...

Obrigado por seu post. Penso do mesmo jeito e tenho me achado meio solitário na maioria das vezes...

Um abraço!

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Ótimo,post.

Abs

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''All we are is dust in the wind.''

Abraços da Watchgirl!