Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica

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Roger W. Smith, um dos relojoeiros mais puristas atualmente (e que segue os métodos de criação e fabricação de relógios de George Daniels) escreve uma carta aberta, publicada no Hodinkee, sobre o atual estado da relojoaria britânica, fazendo uma crítica às marcas inglesas que dizem estar recuperando a tradição britânica quando na verdade estão produzindo seus relógios com componentes (principalmente movimentos) vindos de fora (grande parte da Suíça) e o quanto isso pode a longo prazo piorar a imagem da indústria britânica, pois não enriquecem a herança histórica do país.

http://www.hodinkee.com/blog/an-open-letter-from-roger-smith

Em especial um ponto em que ele, de forma um pouco indireta, fala sobre a Bremont e o "buzz" que eles tem causado e o quanto isso é negativo para a indústria relojoeira britânica.

"Recently I witnessed a British watchmaking company claiming to have designed and made their new movement in house in England. If you can’t “kid a kidder,” just try kidding probably the best informed collecting community there is! Within minutes, eagle-eyed watch devotees online realised that the movement in question was designed and made in Switzerland. The fallout was astonishing, but not a surprise, because the watch devotees had been lied to and taken for fools. The statement was quickly retracted. But the damage was done – and not just to the individual company. "

Vale destacar que ultimamente Roger W. Smith tem mostrado um pouco mais de seu trabalho na internet em seu site e perfil do Instagram, vale a pena seguir.
http://instagram.com/rogerwsmithltd

http://www.rwsmithwatches.com/
« Última modificação: 07 Novembro 2014 às 01:14:57 por dsmcastro »

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Offline Wadley

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #1 Online: 07 Novembro 2014 às 07:49:53 »
Excelente.
O Mestre deu o grito.     
A maior prova, são os GRAHAM que são fabricados e vendidos hoje em dia.
Wadley

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #2 Online: 07 Novembro 2014 às 09:16:22 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.
"De que serve o dinheiro na mão do tolo, já que ele não quer obter sabedoria?"
Pv 17:16

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Offline RCComes

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #3 Online: 07 Novembro 2014 às 09:20:27 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.

Tio, você se refere a "matar" ou "levantar" determinadas marcas no mercado, dentro dos conglomerados?
Membro do RedBarBrazil

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #4 Online: 07 Novembro 2014 às 10:16:05 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.

Tio, você se refere a "matar" ou "levantar" determinadas marcas no mercado, dentro dos conglomerados?

Eu me refiro ao fato de que são eles que ditam a moda, que dão as cartas no mercado.

Imagine uma dessas marcas inglesas que se dedique a lançar um movimento "in-house" ao custo de muito investimento financeiro...

Qual é o impacto disso atualmente? Quanto tempo vai demorar para o retorno desse capital?
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Offline RCComes

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #5 Online: 07 Novembro 2014 às 10:45:00 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.

Tio, você se refere a "matar" ou "levantar" determinadas marcas no mercado, dentro dos conglomerados?

Eu me refiro ao fato de que são eles que ditam a moda, que dão as cartas no mercado.

Imagine uma dessas marcas inglesas que se dedique a lançar um movimento "in-house" ao custo de muito investimento financeiro...

Qual é o impacto disso atualmente? Quanto tempo vai demorar para o retorno desse capital?

O impacto?

Se você levar pela ótica do negócio, o óbvio. Sobram as que conseguem se sustentar.
Mas francamente não creio seja algo preocupante - no que tange ao desaparecimento dos independentes e ou marcas menores inglesas - já que o público está ai e, pelo que vejo, a cada dia é maior, um exemplo é nosso fórum, o WUS, etc. Tenho que a fatia dos ingleses é grande entre compradores (contumaz ou esporádico). Já aqueles que se dedicam a arte da relojoaria, como o Dufour, o próprio Smith e independentes como a MBF, simplesmente é algo que não importa.
Para essas pequenas o problema não é o investimento em si e sim como levantar valores para investir.
Membro do RedBarBrazil

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #6 Online: 07 Novembro 2014 às 11:11:24 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.

Tio, você se refere a "matar" ou "levantar" determinadas marcas no mercado, dentro dos conglomerados?

Eu me refiro ao fato de que são eles que ditam a moda, que dão as cartas no mercado.

Imagine uma dessas marcas inglesas que se dedique a lançar um movimento "in-house" ao custo de muito investimento financeiro...

Qual é o impacto disso atualmente? Quanto tempo vai demorar para o retorno desse capital?

O impacto?

Se você levar pela ótica do negócio, o óbvio. Sobram as que conseguem se sustentar.
Mas francamente não creio seja algo preocupante - no que tange ao desaparecimento dos independentes e ou marcas menores inglesas - já que o público está ai e, pelo que vejo, a cada dia é maior, um exemplo é nosso fórum, o WUS, etc. Tenho que a fatia dos ingleses é grande entre compradores (contumaz ou esporádico). Já aqueles que se dedicam a arte da relojoaria, como o Dufour, o próprio Smith e independentes como a MBF, simplesmente é algo que não importa.
Para essas pequenas o problema não é o investimento em si e sim como levantar valores para investir.

É um ponto vista a ser considerado!

Também valeria a pena fazer uma pesquisa aqui no fórum sobre "quantas pessoas compraram relógios fabricados pelos ingleses, ao invés das marcas pertencentes aos grupos citados?"

Uma coisa é ter profunda admiração e compartilhar fotos e etc., outra é a decisão efetiva na hora da compra!

Falo isso, porque vejo um crescimento muito forte de pequenas marcas que simplesmente colocam um movimento ETA numa caixinha legal, e praticam preços bem acessíveis ostentando o "swiss made" no mostrador!
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Offline RCComes

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #7 Online: 07 Novembro 2014 às 11:33:21 »
Posso estar falando a maior besteira do mundo, mas...

Para mim, quando você observa o tamanho e a "envergadura financeira" dos conglomerados LVMH e Swatch Group, fica MUITO claro que o canibalismo do mercado é inevitável!

Nesse contexto, a tradição vai pro saco, e fica a necessidade mais básica e primaria, que é a sobrevivência.

Basta imaginar o orçamento disponível desses gigantes, apenas para investir em mídia institucional e na formação de opinião de consumo.

Tio, você se refere a "matar" ou "levantar" determinadas marcas no mercado, dentro dos conglomerados?

Eu me refiro ao fato de que são eles que ditam a moda, que dão as cartas no mercado.

Imagine uma dessas marcas inglesas que se dedique a lançar um movimento "in-house" ao custo de muito investimento financeiro...

Qual é o impacto disso atualmente? Quanto tempo vai demorar para o retorno desse capital?

O impacto?

Se você levar pela ótica do negócio, o óbvio. Sobram as que conseguem se sustentar.
Mas francamente não creio seja algo preocupante - no que tange ao desaparecimento dos independentes e ou marcas menores inglesas - já que o público está ai e, pelo que vejo, a cada dia é maior, um exemplo é nosso fórum, o WUS, etc. Tenho que a fatia dos ingleses é grande entre compradores (contumaz ou esporádico). Já aqueles que se dedicam a arte da relojoaria, como o Dufour, o próprio Smith e independentes como a MBF, simplesmente é algo que não importa.
Para essas pequenas o problema não é o investimento em si e sim como levantar valores para investir.

É um ponto vista a ser considerado!

Também valeria a pena fazer uma pesquisa aqui no fórum sobre "quantas pessoas compraram relógios fabricados pelos ingleses, ao invés das marcas pertencentes aos grupos citados?"

Uma coisa é ter profunda admiração e compartilhar fotos e etc., outra é a decisão efetiva na hora da compra!

Falo isso, porque vejo um crescimento muito forte de pequenas marcas que simplesmente colocam um movimento ETA numa caixinha legal, e praticam preços bem acessíveis ostentando o "swiss made" no mostrador!

Pois é, esse é um ponto forte. A SW não tinha anunciado que ia parar de vender mov. ETA para marcas fora do grupo? quem sabe seja justamente isso que detectaram: marcas menores (inglesas ou qualquer outra) tomando uma fatia considerável do mercado com um mov. confiável e já bem estabelecido no mercado, se aproveitando do status que ele possui). 1% de muito é muito (supondo que corresponda a isso, claro).
Daqui do fórum recordo que ao menos 4 usuários tem ou tinham os Chris Ward. mais uns 2 no R&R, fora os que tem no ML e eu (com sorte) que estou de viagem para as england e pretendo pegar um.
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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #8 Online: 07 Novembro 2014 às 12:10:10 »
E não podemos desprezar completamente a Miyota, claro que num degrau muito mais baixo.

Antes das pedradas, pelos comentários que tenho visto no mundo afora, parece que ela deu um "salto no espaço" com o 9015!

Ao que tudo indica, a aceitação tem sido fantástica, sendo utilizado como  "movimento de combate" por muitas empresas, para baratear o custo final do relógio.

Vejo uma nítida tendência de "beliscar o andar superior"!

Lembrando que minhas opiniões são fruto de percepção pessoal, ou seja, nem longe espero acertar o que realmente está acontecendo.

É só um ponto de vista, pela ótica de mercado.
"De que serve o dinheiro na mão do tolo, já que ele não quer obter sabedoria?"
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Offline FALCO

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #9 Online: 07 Novembro 2014 às 12:12:54 »
Eu assim como muitos acho o R. W. Smith "o que tem de melhor" hoje.
Seus méritos, valor e conquistas são inquestionáveis e merecidos.
Isto dito e para oferecer um contraponto, é muito fácil quando se vende relógios de us$100k ou mais e com lista de espera de anos criticar o modelo dos outros.
Eu acho que projetar um movimento de 3 ponteiros é muito mais barato do que se imagina. A tecnologia existe a séculos, não tem segredo. A existência de dezenas de independentes confirma isto. Talvez esta fosse uma real contribuição que o R. W. Smith poderia dar a industria britânica, uma que não fosse restrita a 50 ou 100 pessoas.

PS. sendo coerente com minhas contribuições ao fórum eu nem li a tal carta.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

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Offline CSM

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #10 Online: 07 Novembro 2014 às 12:26:07 »
boa falco rsrsrs.... cara eu tive uma experiencia com uma micro que acho que pode acontecer com qualquer um, e é um risco que se corre. tenho um anonimo militare chrono, que inclusive esta no meu pulso hoje. é um relógio bacanissimo, muito bem feito, acabado etc. ele era feito pelos antigos funcionarios da panerai em florenca, na antiga fabrica da panerai. a marca simplesmente quebrou e foi comprada por uns investidores que resolveram manter o nome m as mudaram completamente tudo levando a producao para a suica. em resumo, se acontecer algum problema com o relogio to phudido. em termos de movimento nao terei problema porque é um eta com modulo DD de chrono. porem se precisar de ponteiros, parafusos etc to phudido. acho que isso tem que ser bem levado em consideracao ao comprar um relogio de uma micro destas com producao independente. principalmente estes que sao bem caros......

abracos
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Offline RCComes

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #11 Online: 07 Novembro 2014 às 12:43:32 »
E não podemos desprezar completamente a Miyota, claro que num degrau muito mais baixo.

Antes das pedradas, pelos comentários que tenho visto no mundo afora, parece que ela deu um "salto no espaço" com o 9015!

Ao que tudo indica, a aceitação tem sido fantástica, sendo utilizado como  "movimento de combate" por muitas empresas, para baratear o custo final do relógio.

Vejo uma nítida tendência de "beliscar o andar superior"!

Lembrando que minhas opiniões são fruto de percepção pessoal, ou seja, nem longe espero acertar o que realmente está acontecendo.

É só um ponto de vista, pela ótica de mercado.

Verdade. Tanto que os próprios japas anunciaram o  9015 como o mov. para concorrer pau a pau com os ETA.
Membro do RedBarBrazil

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Offline Dicbetts

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #12 Online: 07 Novembro 2014 às 15:06:22 »

é muito fácil quando se vende relógios de us$100k ou mais e com lista de espera de anos criticar o modelo dos outros.
Eu acho que projetar um movimento de 3 ponteiros é muito mais barato do que se imagina. A tecnologia existe a séculos, não tem segredo. A existência de dezenas de independentes confirma isto. Talvez esta fosse uma real contribuição que o R. W. Smith poderia dar a industria britânica, uma que não fosse restrita a 50 ou 100 pessoas.

PS. sendo coerente com minhas contribuições ao fórum eu nem li a tal carta.

Matou a pau. Perfeito.

Há várias fórmulas para se chegar a um único resultado. Não fosse assim, até hoje haveria apenas um fabricante de motor a explosão.

Ou seja, o R.W. Smith poderia perfeitamente colocar seus dotes artísticos e de engenharia em favor de projetos próprios, mas acessíveis. Porque quem faz para cima, faz para baixo.

Se o R.W. Smith quer continuar fazendo obras de arte, é um direito - e o admiro por isso. Mas, quando se busca a produção em larga escala, há que se deixar de lado certos purismos.

Sobre a Bremont, a CW e poucas outras, tiveram a meu ver o mérito de relembrar que a Inglaterra tem tradição no ramo.

Dic

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #13 Online: 07 Novembro 2014 às 15:33:05 »
E não podemos desprezar completamente a Miyota, claro que num degrau muito mais baixo.

Antes das pedradas, pelos comentários que tenho visto no mundo afora, parece que ela deu um "salto no espaço" com o 9015!

Ao que tudo indica, a aceitação tem sido fantástica, sendo utilizado como  "movimento de combate" por muitas empresas, para baratear o custo final do relógio.

Vejo uma nítida tendência de "beliscar o andar superior"!

Lembrando que minhas opiniões são fruto de percepção pessoal, ou seja, nem longe espero acertar o que realmente está acontecendo.

É só um ponto de vista, pela ótica de mercado.

Verdade. Tanto que os próprios japas anunciaram o  9015 como o mov. para concorrer pau a pau com os ETA.


Pode ser maluquice, mas eu tenho a impressão que se os caras gostarem do jogo, vão produzir mais munição.

Não deve demorar muito para vir um Chrono no estilo "7750"!
"De que serve o dinheiro na mão do tolo, já que ele não quer obter sabedoria?"
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Offline flávio

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #14 Online: 11 Novembro 2014 às 12:07:34 »
A visão dele é a minha. Lembram-se quando lancei o tópico sobre o que caracteriza o relógio alemão? Pois é... Para mim o grande problema, muito além de surrupiar nomes e dizer que estão continuando o seu trabalho, quando nunca é verdade, ou mesmo usar compontentes suíços, é a falta de identidade visual. Um relógio britânico possui características bem claras, e uma delas é o acabamento sem frescuras, algo que a Smiths, por exemplo, fazia nos seus relógios produzidos em massa. Você olhava um Smiths e sabia que aquilo não era suíço.

Portanto, na minha opinião, o relógio tem que ser sim produzido no Reino Unido, mas nada adianta isso ocorrer e este possuir um visual "suíço".


Flávio

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Offline flávio

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #15 Online: 11 Novembro 2014 às 14:45:54 »
Já que toquei no assunto, o tal tópico sobre relógios alemães:


http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=10563.0


Flávio

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #16 Online: 11 Novembro 2014 às 15:20:41 »
Caras vocês pregam algo como em filosofia existiu o movimento ou melhor a escola histórica ou idealista com nítido resgate a tradição ("tradere"= passagem) em combate ao universalismo. Querem na maior boa vontade reviver o "espírito do povo" tal do Wolksgheist de Savigny.

Isto é fato recorrente na história e sempre aparece quando combater um império, tal como fora contra o tal Bonaparte. Entendam que o Roger Smith não está preocupado com tal e qual estamento social. Ele apenas quer mostrar a origem a qual certamente não é daqueles alpes...

Ele quer o nacionalismo, o tradicional do "seu povo"; verdadeira exaltação romântica. Vejam como Flávio que bem identifica o inconsciente coletivo do relógio bretão.

Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #17 Online: 11 Novembro 2014 às 15:40:53 »
Caras vocês pregam algo como em filosofia existiu o movimento ou melhor a escola histórica ou idealista com nítido resgate a tradição ("tradere"= passagem) em combate ao universalismo. Querem na maior boa vontade reviver o "espírito do povo" tal do Wolksgheist de Savigny.

Isto é fato recorrente na história e sempre aparece quando combater um império, tal como fora contra o tal Bonaparte. Entendam que o Roger Smith não está preocupado com tal e qual estamento social. Ele apenas quer mostrar a origem a qual certamente não é daqueles alpes...

Ele quer o nacionalismo, o tradicional do "seu povo"; verdadeira exaltação romântica. Vejam como Flávio que bem identifica o inconsciente coletivo do relógio bretão.

o post ta ficando filosófico   ;D abraço atodos
sic transit gloria mundi

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Offline ogum777

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Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #18 Online: 11 Novembro 2014 às 18:17:28 »
partindo da filosofia e trazendo pra economia.

no século XIX sim, poderíamos falar em grande impacto do volksgeist na economia: técnica alemã, pragmatismo industrial inglês...

mas hoje?

a produção industrial universalizou-se.  se antes marca e produtos estavam colados, hoje naõ estão mais. vide qq publicidade da nike, que não vende nada em particular, apenas a marca.

e panerai? acaso a panerai atual é a mesma que fez aqueles reloginhos lindos de antigamente, com caixa rolex, e que davam câncer? não.

o fato é que grande parte dos mecâncios ao redor do mundo usam hoje movimentos asiátios. não só chineses. acaso miyota, orient, seiko, não são asiáticos? perceberam que hoje invictas estão saindo com movimentos seiko nh-35 e até começou aquela mania de modificar seikos pra cima de alguns invictas?

esse é o estado da indústria. bilhões feitos pelos asiáticos, milhões feitos pela rolex.

roger w. smith lembrou-me um pouco o yukio mishima, que em 1970 tentou um golpe de estado restaurando os poderes do imperador. riram dele.

mas lembrou-me apenas um pouco. de fato, a inglaterra inteira desendustrializou-se.  agora volto ao volksgeist: há por acaso um zeitgeist na inglaterra que permita haver uma massa de pessoas que realmente pensem da mesma forma, em número suficiente pra levantar uma indústria que produz algo que outrora foi essencial e hoje cada vez mais é supérfluo?

relojoaria tá cada vez mais parecida com a moda. o povão usa aquilo que é produzido em série pelas confecções, uns poucos comprar da alfaiataria. e das alfaiatarias não saem mais roupas pra quem tem quem que andar, subir escadas e etc. as casas de saville row que já fizeram uniformes de combate  hoje só fazem os de gala, e olha lá.

podemos disturi se o trench coat foi criado por burberry ou aquascutum. mas não esqueçamos que, se aquascutum diz ter feito o trenchcoat em 1850, desde 2012 o controle da empresa é chinês...

roger w. smith pode estrilar. sim, é fato que técnicas irão se perder. o tempo está mudando. mas a alta relojoaria não perecerá, apenas ficará como a alfaiataria. não há mais um alfaiate em cada esquina. e nunca foi tão caro mandar fazer um terno. e o próprio terno está deixando de ser feito e usado. muitas empresas já aboliram a gravata...

duvido que ressurja uma grande indústria que produza tudo in-house, na inglaterra ou mesmo em alguns outros países europeus. tá tudo vindo com seiko nh-XX ou miyota 90XX.... senão chinoca mesmo. e rolex e ômega metendo ouro e diamantes nos seus relógios pra vender.

esqueçam. depois que a notícia do desbaratamento de quadrilha de ladrões de relógios mostrou os relógios de luxo como rolex, omega e invicta, tudo junto (os invictas douradões tendo destaque da câmera), o mundo já era.


















Re: Carta aberta de Roger W. Smith sobre o atual estado da relojoaria britânica
« Resposta #19 Online: 11 Novembro 2014 às 22:49:35 »
Concordo com sua ponderação e acho muito válida.

Apenas saliento que tudo isto se mostra inserido em um contexto maior. Talvez não seja algo contra a cidadania européria? Algo contra o asseptico produto americano?

Vejo diversas manifestações contrárias a isto e podemos, s.m.j., dizer que a carta em tela se mostra alinhada.

Não sei prospectivamente se há mercado para o ideal do mestre relojoeiro, mas campo para o nacionalismo a europa já revelou ser bastante fértil.

E por fim, o tópico não virou filosófico, mas o assunto é por natureza.

Abraço.

Renato