Como é notório, após os anos 60, a Suíça afrouxou a norma que determinava o que deveria ser considerado "Swiss Made". Atualmente, considero a norma um verdadeiro estelionato, pois qualquer relógio que tenha 50% de valor agregado ao MOVIMENTO, montagem e inspeção final realizadas na Suíça pode ser considerado suíço. Isso faz com que o resto do relógio possa ser produzido na China. E, falando nos movimentos, basta que apenas o escapamento, por exemplo, seja suíço e a montagem idem que o relógio seja suíço.
E o "Made in Germany"? Para que uma fábrica tenha em seu mostrador não só o Made in Germany como o Glashutte I/SA, as regras são as mesmas suíças, mas mais restritas, pois obrigam o fabricante a estar numa diminuta cidade da Saxônia. Quando visitei a Glashutte Original, questionei ao relações públicas porque o Swatch Group, ao adquirir a marca, havia literalmente implodido a Union, que usava os mesmos movimentos da sua irmã, mas a preços muito menores. Ele me explicou que era justamente para não criar concorrência no próprio grupo e que então, a partir do Swatch Group, os Unions passaram a vir equipados com ETAs... Suíços! Ok, disse eu, mas e o valor agregado, de 50%? Disse ele que isso era obtido através da adição do rotor esqueleto da Union, feito pela Glashutte Original nas suas dependências. Ou seja, um rotor feito em Glashutte era capaz de determinar os 50% de valor do preço do movimento para qualificá-lo como "Made in Germany", na minha opinião um MEGA estelionato.
Vejam, não estou dizendo que os relógios Union sejam ruins, pelo contrário, na faixa de preços atuais são excelentes. Mas se antes do Swatch Group eram completamente Made In Germany (provavelmente menos escapamento), depois passaram a ser um Frankstein.
De qualquer modo, pelo menos alguma coisa no movimento é feita na Alemanha.
Mas... E as demais fábricas alemãs que pouco modificam seus movimentos, como Hanhart (há modificações técnicas legais em alguns modelos, mas a maioria usa movimentos "stock") e Sinn?
Ora, a Sinn fabrica todas as suas caixas na Alemanha e, aliás, na melhor fábrica de lá, a SUG, que inclusive faz para Lange. Por aí imaginem como são pica grossa os caras.
Também faz seus mostradores lá na Alemanha, em Porfzhein, assim como ponteiros. Ou seja, faz tudo na Alemanha, ao contrário de colegas suíços, que não fazem nada na Suíça, mas agregam os 50% de valor ao movimento e... Voilá! Suíço é.
Por outro lado, a Sinn, por exemplo, usa movimentos stock da ETA, nada alemães, sequer com rotores com alguma modificação substancial igual a Union, no máximo uma inscrição diferenciada.
De onde, então, vem a quantidade de peças para qualificá-lo como alemão? Sim, porque se por um lado TUDO no relógio é alemão, o que é bem bacana, por outro, no movimento, não consigo ver nada alemão.
As regras da Saxônia são as mesmas para os outros estados alemães?
Qual o critério legal usado pelos alemães?
Flávio