Não tenho dados estatísticos a respeito de qual relógio, hoje, seria mais preciso, um Omega ou Rolex. Aliás, o conceito de "precisão" em relojoaria ultrapassa uma simples marcha média, nem vou discutir isso.
Ambas as marcas, porém, certificam seus relógios como cronômetros e, apesar dos critérios de certificação serem muito tabajara para o atual estado da arte, está de bom tamanho o que mostram.
Mas discordo completamente da afirmação de que não estamos nem aí para a tal "precisão" e que isso é uma bobagem em tempos de relógios eletrônicos em todos os lugares. De fato, ninguém está nem aí para um relógio que adiante, comparativamente falando, cinco segundos por dia ou um. Mas a cronometria, cuja evolução é a história da relojoaria, sempre buscou a excelência para a qual o objeto foi projetado, que é a marcação do tempo. Portanto, ainda que de fato não liguemos para quem de fato se mostra como "melhor" relógio, isso indica o cuidado do fabricante em seus projetos. Mutatis mutantis, quem liga, ou deveria ligar, para veículos que fazem 200 km por hora, sendo que ninguém anda a essa velocidade nas ruas de Pindorama?
Concordo que o mercado atual de relojoaria se tornou um mercado "de gadgets", tal qual a Bovet fazia ao vender seus relógios cheios de penduricalhos para os chineses que não estavam nem aí para "precisão" no século XIX, mas apenas queriam mostrar que tinham bala na agulha para comprar relógios que tinham autômatos, pérolas, rubis...
Nós, em certo sentido, somos os ricos imperadores e membros das castas ricas chinesas do século XIX e seus relógios da Bovet que faziam tudo, menos marcas as horas. Aliás, marcavam, mas isso era só um detalhe.
Mas o cuidado em se obter "precisão" em um relógio é o que faz o purista achar interessante o objeto. Afinal, se assim não fosse, mesmo dentro do mercado de relógios mecânicos, nada justificaria objetivamente a compra de um Rolex ao invés de um Seiko 5 de 500 reais.
Portanto, o cuidado na fabricação do relógio, seja nas suas partes inúteis (decoração), como úteis, é sim o que nos desperta interesse nessa história toda.
Quanto à robustez do relógio, eu ficaria feliz, como já disse alhures, com relógios que, em uso "normal" de dia a dia, não me deixassem na mão por pelo menos uns 5 anos ou um pouco mais. E só... Mas não se iludam, eu já abusei de alguns relógios que tenho, e não foi pouco.
Flávio