Como é notório, a indústria passava por uma crise nos anos 70, mas um pedido de um distribuidor AP para fabricar relógios de luxo em aço surgiu como uma boa pedida. Reza a lenda que Gerald Genta criou o desenho básico do Royal Oak, inspirado nas portinholas de navios e, também, nos capacetes de mergulho, em apenas uma madrugada.
O troço, na época, não foi um sucesso de vendas e as 1000 primeiras unidades encalharam. Afinal, custavam, diz a reportagem, 3000 dólares na época, enquanto um Rolex Sub tinha valor de 300. Na verdade há um erro na reportagem, porque já vi anúncio da própria AP da época colocando o modelo com preço de lista de 4000 e um Sub, na época, não chegava a 250. Era muita grana para um relógio, ainda mais feito em aço.
Parte dos custos adveio da escolha do material, porque a caixa era por demais complexa para fazer em metal duro, assim como seu polimento. Aliás, é até hoje. Não há como cortar caminho no polimento de um Royal Oak, só mesmo com politrizes da indústria de jóias e, se houver algum "dente" na caixa, abraço, já era. Aliás "playssons" que possuem o modelo no site, cuidado com o relógio, marcou, dançou!
O artigo, porém, joga toda a questão do preço na dificuldade de fazer a caixa, o que é meia verdade. Nos anos 70, as empresas de relojoaria top inflacionaram demais seus preços, seguindo a máxima de Veblen que, nas altas camadas sociais, o alto preço estimula demanda, não o contrário.
Aliás, é o que aconteceu com a maioria da indústria, em menor ou maior grau.
Enfim, ainda acho os Royal Oak tradicionais muito, mas muito foda e, se estivesse disposto a gastar grana em algum, passaria longe dos Off Shore que, aliás, são ressaltados no texto. A linha, lançada em 1993, de fato "salvou" a AP, porque colocou a marca, antes conhecida apenas como fabricantes de relógios para barões com mais certa idade, no mainstream de yuppies. E, querendo ou não, lançou o gênero dos relógios grandalhões com design meio "industrial". Quem pensou na Hublot como filha dessa vibe, pensou certo, muito embora o Jean Claude Biver, em entrevista, tenha tendado dar outra conotação ao tema.
Quem não sabe ler em inglês vale a pena jogar no tradutor. E vou além: quem nunca teve um AP Royal Oak em mãos, vá até uma loja e, sem vergonha, peça para o vendedor deixá-lo analisar o trabalho de caixa. Nos AP, o movimento, eu diria, entra em segundo plano. O trabalho de caixa é o que chama atenção algo que, nos Off Shore, talvez pelo visual "bruto" do relógio, passe um tanto quanto batido.
http://gearpatrol.com/2013/08/06/timekeeping-icon-audemars-piguet-royal-oak/Flávio