Exato Aguiar, não influencia em nada. Mas não é tão simples assim.
Tenhamos em mente que um mecanismo automático nada mais é que um mecanismo de corda adicionado de um sistema extra que carrega a corda com o movimento do pulso.
A precisão do relógio começa na corda e envolve tudo o que estiver no caminbo da força entre ela e o escapamento. O sistema de carregamento da corda, seja qual for, está "antes" da corda, e porém não tem influência direta na precisão.
Mas pode ter influência indireta, porque a corda de um relógio de corda e de um automático são ligeiramente diferentes e podem entregar seu torque de maneiras um pouco diferentes. Peguemos um exemplo concreto, como de um Valjoux 7750 e um 7760. Mesma máquina, apenas que a última é de corda manual. Além da ausência do sistema do automático, a única coisa diferente é a corda, que possui brida fixa ao invés de deslizante como no automático. Ela é calibrada para oferecer torque da maneira mais plana possível nas primeiras 30 horas, de modo que você tenha pouca variação de amplitude, e consequentemente, pouca variação de marcha entre os intervalo de corda diária que você dará, supostamente uma vez por dia, mais ou menos no mesmo horário. Ou seja, mesmo que a corda seja carregada em segundos e depois vá se descarregando ao longo de 24 horas, a marcha deve se manter mais ou menos a mesma. Se o mecanismo for de boa qualidade, ela vai. Pois a corda é calibrada para entregar a energia de maneira estável por pelo menos 24 horas, variando o mínimo possível a amplitude, e o escapamento é bem ajustado e regulado, com bom isocronismo, para manter a mesma marcha mesmo que a amplitude do balanço varie um pouco ao longo das horas.
Já o automático teoricamente será usado em parte dar horas do dia e sua corda será carregada durante essas horas. Em teoria, a corda se manterá em um nível mais ou menos estável ao longo de um dia e isso também colabora para que a amplitude varie pouco e consequentemente a marcha também. Logicamente, aí influenciará muito a maneira como você usa e quantas hoas usa.
Pensando em uma comparação entre mecanismos de qualidade, você não vai encontrar diferença no desempenho pois tudo é pensado e regulado para eles não sofrerem influência do regime de descarga da corda.
E mesmo se entrarmos no âmbito de mecanismos vagabundos, os resultados de um automático comparado com um de corda será semelhante. Neste caso, ao contrário de um mecanismo de qualidade, a precisão é demasiadamente dependente da corda e o que vai acontecer é que o automático vai se beneficiar da corda automática porque ela vai passar boa parte do dia com mais ou menos a mesma corda, enquanto o de corda a marcha vai variar tanto de um dia para o outro que vai se compensar, seja porque vai acelerar muito ou desalecerar muito com corda cheia, e se compensar ao longo das horas conforme a corda for desenrolando.
Mas isto não pode ser regra. A regra tem que ser um mecanismo cuja precisão se afete o mínimo possível em relação à quantidade de corda. Essa é uma das funções do isocronismo. Se a precisão depender demais da corda, algo está errado ou o mecanismo não presta.
Abraços!
Adriano