O moderador da Zenith no The Purists postou uma análise longa do que ele acha do mercado atual, com a qual concordo quase que integralmente. O texto é denso e precisa ser lido com cuidado. Recomendo aos que não falam inglês a tradução através do Google Translator que, é claro, coloca tudo no "Mr Yoda" style, mas dá para o gasto...
O povo costuma ressaltar - e eu o fazia até alguns anos atrás - que a grande causa da quebradeira suíça nos anos 70 fora a invenção do relógio a quartzo. A mudança de paradigma, porém, responde apenas pela metade do que aconteceu. Na verdade, a grande causa da quebradeira naquela época foi a repentina desvinculação da paridade dólar/yen/ouro, o que ocasionou uma desvalorização de moedas em face ao Franco suíço. Os produtos suíços, portanto, de uma hora para outra passaram a ser pouco competitivos. E vejam, a quebradeira foi repentina...
Atualmente, o Franco mais uma vez encontra-se valorizado em relação ao dólar e, para dizer a verdade, ao que realmente interessa, o euro. Não precisa ir longe... Eu comprei na Suíça há alguns anos um Rolex Milgauss que, com os descontos, saiu por cerca de 6000 francos, o que representava, na época, cerca de uns 20% a menos do que o valor em dólar, equivalendo-se ao euro. Hoje esses 6000 corresponderiam a mais valor em euro e, pior, a Rolex SUBIU seus preços.
A saúde da Rolex não costuma servir muito de parâmetro, pois eles estão sozinhos, independentes, e vendem muito. E não costumam divulgar balanços...
Mas em média toda a indústria sofreu revezes este ano na casa dos 10%. Algumas fábricas, como já discutimos aqui, BAIXARAM seus preços, com a Zenith.
Outras, passaram a oferecer relógios em aço, antes somente vendidos em ouro, ou modelos mais acessíveis de entrada, conquanto apresentando qualidade superior, a exemplo da Montblanc.
Segundo o articulista, a salvação do mercado poderia advir em:
1) Criar inovações mecânicas de fato relevantes, que tornassem o relógio de corda interessante novamente. Concordo, mas ao contrário de turbilhões que dão saltos mortais, acredito que isso deve vir em um caminho: DURABILIDADE DO APARATO, afastando o máximo possível o consumidor de revisões chatas. As empresas tem desenvolvido materiais para isso, tanto é que várias aumentaram suas garantias, confiando que o relógio não vá dar pau antes do tempo.
2) Apresentar relógios de custo benefício imbatível. Concordo também. Eu sinceramente não sei de onde tiram esses preços para os relógios. A impressão que tenho é que jogam na sorte e o número que cai determinam para o relógio. Há preços surreais aí e, conquanto seja difícil determinar com muita certeza, num mercado "emocional", o que vale e o que não vale, acho que todos concordam, por exemplo, que um GP Laureato de aço com um movimento "pedestrian" não vale 13 mil dólares...
3) Juntar-se à moda do smart watch. Eh... Eu sei lá se isso pode dar certo. Ainda acredito que tais produtos são descartáveis e não possuem nada a ver com o que a indústria suíça faz, mesmo as abertas a esse tipo de inovação, com a Tissot.
4) Melhorar a experiência de compra para o consumidor. Concordo e venho falando isso há séculos. As empresar devem colocar na sua cabeça DE UMA VEZ POR TODAS que o pré venda, venda e pós venda de um produto de luxo tem que ter algo diferenciado para justificar ao consumidor ele ter gasto uma fábula de dinheiro na aquisição do produto. Eu já comprei relógios e outros troços de luxo que, convenhamos, os caras pareciam estar vendendo bananas na feira.
5) Considerar outras formas de retorno financeiro, sobretudo EM REVISÕES, no pós venda. Mas vejam: isso não quer dizer que tenham que AUMENTAR os preços dos serviços, pelo contrário. A abordagem deve ser em AUMENTAR o volume de serviços realizado e ganhar em volume, não em uma revisão. Esse, como já ressaltei aqui umas mil vezes, é o calcanhar de aquiles da indústria. Os filhos de quenga gastam zilhões em propaganda e venda, mas esquecem-se que se o consumidor ficar PUTO DEPOIS, nunca mais irá comprar produtos da marca. Eu acho que o serviço de pós venda e assistência técnica das empresas tende a ser caro, demorado e nem sempre bom. Pode parecer utopia, mas o serviço deveria ter preços razoáveis, ser rápido e ser SEMPRE bom.
Enfim, deixo aqui tais considerações para reflexão.
O texto do cara:
http://www.watchprosite.com/?page=wf.forumpost&fi=17&ti=1005858&pi=7082793Flávio