Sobre salários, é por isso que sempre defendo, ao analisar o custo de um objeto no passado, que se compare com salários ou outros valores, além da simples atualização monetária.
Sobre os EUA, os salários não são uma Brastemp até hoje. Para praças e oficiais de baixa patente, gira em torno de 20 a 30 mil dólares POR ANO! Tudo bem que exército americano dá cama, roupa e sistema de saúde extensível à família, mas não é muita grana. Mas enfim, fiquemos com 2 mil dólares. 2 mil dólares hoje, PARA QUALQUER PESSOA, é grana prabaralho, sobretudo se pago em um objeto com um relógio de pulso. O problema é que os relógios subiram além dos 2 mil dólares. Um GMT hoje custa 8 mil dólares... Por outro lado, hoje, se uma pessoa quiser algo de altíssima qualidade para realizar a função que um Rolex realizava nos anos 60, digamos, um G Shock, irá pagar uns 500 reais.
Há um paradoxo aí... O preço do bem subiu sim além do que era razoável no passado. Mas no passado, o bem, relógio de pulso, era bem caro, enquanto que hoje, não tanto. Vejam, estou falando de relógios, não de Rolexes e, acreditem, há uma diferença aí...
Ah! Os salários no exército hoje:
http://www.goarmy.com/benefits/money/basic-pay-active-duty-soldiers.html
Isso que o Flávio observa, sobre o aumento vertiginoso dos preços, se descolando dos salários, faz todo sentido.
50 anos atrás, quem queria um relógio comprava um dos inúmeros genéricos oferecidos pela indústria suíça. Rolex, Omega, Breitling era coisa para quem podia e conhecia. E quem podia era a classe média-média informada. Pobre perguntava as horas no ponto do ônibus. Rico investia em Pateks, Vacherons ou relógios-jóia (esses dias estava revendo o filme "O comboio do medo", do Friedkin, e um dos personagens ganha um Lucien Piccard de ouro. O que é a Lucien Piccard hoje? Nada.)
Aí, na década de 1970, os japoneses invadiram. Pobre e classe média desinformada/desinteressada puderam compra-los. Os suíços, a quartzo ou não, sempre foram para aqueles que moravam a partir do 5º andar do prédio social. Mas, malandramente, os japoneses também dispunham de peças para a turma de cima, se quisesse.
Entram em cena, com força, os países do Oriente Médio, prenhes de petróleo. Os príncipes compram quilos de relógios em ouro e pedrarias. E como muitos deles tinham formação militar (na Inglaterra, claro), levam a ostentação para baixo das fardas. Basta ver o que existe de Rolex com as armas de forças sauditas, iraquianas, dos Emirados... O mesmo acontece com alguns países africanos e mesmo sul-americanos, quase todos sob ditaduras e com brasões no dial.
Passam os anos e entram em cena os Tigres Asiáticos. Nova explosão de luxo e riqueza. De 20 anos para cá é a vez da China. Aí bateu na lua.
Vejam os preços dos Top Time ali por 1965.
Os salários? Ficaram lá embaixo.
Dic