Algum relógio que possui apresentou defeito de fábrica? Quais?

Como tenho reiteradamente falado aqui, acredito que um dos calcanhares de Aquiles da indústria atualmente é o pós venda. E por pós venda entenda-se tudo que se encaixa aí, do esclarecimento posterior sobre dúvidas acerca do relógio à manutenção. A manutenção, para mim, é o fator principal, sobretudo quando precisa ser feita não porque os lubrificantes do relógio secaram, ou seja, de forma periódica "normal", assim como a pessoa leva um carro para a oficina a cada 10 mil km, mas por defeitos. Não há nada pior do que defeitos, sobretudo em sistemas já consagrados na indústria que, é certo, foram projetados há décadas e deveriam ser a prova de qualquer problema.

É certo que a precisão de um relógio se deteriora com o tempo e, no uso diário, se um relógio apenas precisasse de manutenção periódica a cada 5 anos, mas tendo funcionado bem durante esses cinco anos, tudo bem. O problema é funcionar mal durante esse período e, depois, apresentar defeitos.

Tome-se, por exemplo, movimento já discutido aqui, o Audemars Piguet 3120, que parece ter algum erro de projeto para carregar tão mal e apresentar defeitos atrás de defeitos. Seus problemas são notórios na indústria e sequer sei se foram corrigidos.

Ou o avançadíssimo Calibre 8500 da Omega que, por mais avançado que seja, teima em quebrar a mola saltadora das horas, uma após a outra, como se também possuísse defeitos de projeto.

O que gostaria de concluir ao final nesse tópico seria por um padrão, relógios que dão defeitos, não porque precisaram de manutenção periódica, mas que de fato quebraram peças que não deveriam ter quebrado.

Eu particularmente nunca tive problemas de defeitos "estranhos" em relógios, mas posso indicar os ETA 2892 como tendo um padrão na minha coleção: eles arregam o sistema de carga muito antes dos 5 anos... A impressão que tenho é que o movimento ETA 2892 é extremamente sensível à lubrificação, parando de funcionar sem motivo aparente poucos anos depois da compra (com exceção das iterações da Omega, no caso os 1120 e 2500, que parecem aguentar mais).

E vocês, quais relógios possuem ou já possuíram que se tornaram um estorvo por defeitos antes do tempo?


Flávio

O movimento eta 7750 que não pode mudar a data pelo quick date change perto de meia noite seria considerado um erro no projeto?

O movimento eta 7750 que não pode mudar a data pelo quick date change perto de meia noite seria considerado um erro no projeto?

Fugas, acho que em nenhum movimento é bom mudar a data no período em que o sistema está engatado (entre 9h e 01h), pois existe um risco maior de danificar o movimento...

Fato. E você pode usá-lo, tomando as precauções, que o sistema nunca irá quebrar. Estou falando de quebras sem qualquer motivo aparente como, por exemplo, as molas saltadoras das horas dos Rolex GMT Master e Omegas 8500. O sistema foi feito para pular de hora em hora, por projeto, mas quebra ao girar, seja com cuidado ou não. E, falando especificamente da Omega, os números são grandes, num grupo paralelo sobre relojoaria do qual participo foram vários, jogando a imagem da marca no buraco, eis que ninguém quer que um bem de milhares de reais apresente problemas, ainda mais em áreas PARA A QUAL FOI PROJETADO.

Falando especificamente sobre os 7750, desconheço problemas constantes neles, funcionam bem por anos. O problema, aliás, é justamente esse: funcionam tão bem por anos que as pessoas esquecem de revisar. Quando apresentam problemas, é porque já "fundiu o motor".

Flávio

Pior do que ver esses possíveis defeitos é saber que existem alguns Miyotas que custam "centavos" e duram um eternidade sem manutenção...  e se não durarem, custam uma merreca e acham fácil para substituir.

Se esses defeitos de fábrica são constantes, como no caso da Omega, é vergonhoso que a empresa não resolva de imediato.
Não desprezando ou zombando de nenhuma marca, mas já vi amigos meus ficarem putos da vida de gastarem milhares de reais em um relógio e com menos de cinco anos gastarem absurdos com revisões / manutenções... não faz sentido.

O movimento eta 7750 que não pode mudar a data pelo quick date change perto de meia noite seria considerado um erro no projeto?

Isso não é erro de projeto. Quase nenhum mecanismo aceita que se faça isso. Eu diria até que o sistema do 7750 é muito bom pois na maioria das vezes que o relógio sofre esse "abuso", ele apenas dessincroniza o calendário (começa a saltar em horários diferentes da meia-noite), sem quebrar nada, ainda que necessite pelo menos remover os ponteiros para refazer a sincronização. Na maioria dos mecanismos, algo se danifica.

Agora, o 7750 tem sim defeitos recorrentes e alguns desgastes prematuros/excessivos. A maioria dos defeitos crônicos foi corrigida ao longo dos anos de produção (como o problema do acumulador de horas e seu conjunto de freio). Mas ele ainda sofre, quando um pouco mais abusado, de desgaste acentuado no rolamento do rotor, com bem mais frequência que outros mecanismos sujeitados às mesmas condições.

Abraços!

Adriano

Ah, e por alguns anos sofreu com o entortamento da curva terminal da espiral especialmente nos Top/Chronometer. Resolveu-se com a adoção do sistema de tratamento térmico na curva Etastable, que acabou sendo adotado em outros (todos?) calibres da ETA.

Abraços!

Adriano