Apesar de o relógio eletrônico possuir um microprocessador que "conta" a passagem do tempo de forma não mecânica, ao contrário de um escapamento, o efetivo marcador do tempo funciona pelo mesmo princípio de um relógio de corda. Explico. Você pode usar, por exemplo, as batidas do seu coração como marcador do tempo. Se você acredita que suas batidas de coração ocorrem uma a cada segundo, se você contar 60, um minuto terá se passado. No caso, o marcador do tempo é o seu coração, o contador, sua mão sobre o coração e cérebro. No relógio mecânico, o marcador de tempo é o balanço, projetado para vibrar a uma frequência predeterminada. O contador é o escapamento. Ocorre que nem sempre o balanço vibra na frequência teórica para qual foi projetado, sendo influenciado por batidas do pulso, variações de temperatura que "aumentam e diminuem" o tamanho da espiral, do balanço, etc. Nos relógios a quartzo, o contador de tempo é um cristal de quartzo em forma de diapasão que, submetido a eletricidade, vibra também a uma frequência pré determinada. Bem... Deveria vibrar... Nos relógios a quartzo, duas coisas influenciam a precisão disso: temperatura, que atua do mesmo modo nos pêndulos, balanços, etc, alterando seu comprimento útil e, assim, sua frequência; e "fadiga de material", sendo simplista (a vibração continua do cristal o "estressa", e lá pelas tantas ele passa a sofrer variação. Deixemos isso de lado, pois é questão de desgaste). No final das contas, o que influencia mesmo um relógio de quartzo é a temperatura. Como se corrige isso? O quanto de variação em segundos que tantos graus de variação de temperatura acarreta no relógio é conhecido. Então, basta ao fabricante instalar um termômetro no sistema e este monitorar a todo momento a temperatura. À medida que as mudanças vão ocorrendo, o processador aplica a solução ao horário.
O que diferencia um excelente movimento quartzo de outro, pois, é a compensação para temperatura. Quem começou isso, salvo engano, foi a Rolex, com o Oysterquartz (dê uma pesquisada no fórum pois há tópicos sobre o relógio). Atualmente, os movimentos ETA certificados como cronômetros (quartz) também são termocompensados.
Há apenas um ponto fora da curva aí, o Citizen Chronomaster, ou "The Citizen", que não usa compensação, mas sim um corte diferente no cristal, que é menos influenciado pela temperatura. O relógio é atualmente um dos mais precisos do mundo e tem faixa de variação de 10 segundos ao ano.
Flávio
Ps. Resolvi editar o texto e colocar um post script. Eu acho o Oysterquartz um relógio muito legal, porque coloca todo DNA da Rolex numa caixa padrão "Gerald Genta", que estava na moda na época. Ademais, tem o inusitado da coisa, porque ninguém vincula a Rolex ao quartzo. Mas não só: do início da sua produção nos anos de 1976 ou 77 até o fim, em 2001 (o último foi vendido uns dois anos depois, apesar de produzido anos antes), apenas 25 MIL FORAM PRODUZIDOS, o que faz dele um dos Rolex de menor produção da história. É um relógio bastante colecionável e, para quem curte Rolex, indispensável numa coleção.