Olha, não concordo com muita coisa da lista, acho, também, difícil às vezes colocar uma marca dentro do "mundinho" da outra, mas copio e colo aqui o que escrevi há algum tempo sobre o tema, num tópico "famoso" no site, que rolou uma treta com o awatchmaker
Abrem aspas
No mundo da relojoaria, discute-se muito o que seja "alta relojoaria". Na obra recente Time of Change, Carlo Ceppi e Luana Carcano fizeram uma definição razoável, dividindo tudo em 4 nichos ( e não vou nem traduzir os termos, para ficar claro):
- Watchmaking Masters, que são os relojoeiros independentes, que fabricam artesanalmente todo o relógio, possuem uma clientela que não se importa com nome, mas sim com a capacidade técnica e arte envolvidas. Constituem, basicamente, os caras da AHCI, os cabeças de bacalhau. Não basta ter dinheiro para comprar um relógio desses caras, eles se sentiriam ultrajados: deve-se entender o conceito por trás, por isso a dificuldade de se adquirir um relógio deles, muitas vezes até mais baratos do que um Patek, Hublot, ou coisa que o valha. Exemplos? Darei dois, que estão em extremos: Philippe Dufour, considerado o relojoerio que faz o melhor acabamento de relógios no mundo, e em coisas simples (seu relógio chama-se Simplicity, cerca de 60 mil francos suíços, lista de espera de 3 anos, se ele for com sua cara. Fabrica cerca de 10 por ano, junto com mais 3 assistentes). O acabamento dele chega a ser exagerado, basicamente suíço; Roger Smith, discípulo do maior relojoeiro dos últimos 50 anos, George Daniels, que vende seus relógios por cerca de 50 mil libras, nos mesmos moldes também de encomenda, espera, resenha...Tudo feito à mão, nada de CNC. Munheca e torno, como já mostramos vídeos aqui. O acabamento dele, a princípio, parece simples, mas não é, pois extremamente funcional. E, pior, ele se preocupa com o equilíbrio estético, algo que os Suíços às vezes mascaram com acabamentos decorativos. Ele se preocupa mais com formato do movimento, pontes, etc.
Pois bem, esses caras estão em outro patamar. Só quem conhece compra.
No segundo nicho, abaixo (pois os masters são carta branca no baralho), estão as empresas de high watchmaking, ou alta relojoaria, pois possuem tradição, cultura relojoeira, e que normalmente focam em produtos icônicos e de fácil percepção no mercado. Aqui, a importância da marca já começa a fazer diferença, mas a técnica e tradição também são observadas. Exemplos? Rolex, Omega, GP e a maioria das marcas.
Relógios de luxo vem abaixo.
Ainda são considerados alta relojoaria, mas aqui, a importância técnica da marca já é menor, assim como tradição. A Tissot claramente está neste nicho. Foca seu marketing em produtos icônicos, mas possui uma grande gama de "suporte" ao redor, para atingir públicos diversos. Eles, então, fazem às vezes edições limitadas insipiradas em modelos icônicos, na faixa de até 3000 dólares, mas atuam mesmo nos outros produtos, mais baratos, que trazem inovação (exemplo, o Tissot Touch).
Por fim, temos as marcas de luxo (premium watches), que baseiam-se na moda, troca contínua de coleção e tendências. Normalmente fazem parte de grupos grandes de luxo que tem a relojoaria apenas como algo a mais. Exemplo? Versace, Ralph Lauren, Montblanc, no início.
A colocação da Montblanc foi proposital. Ela começou no mercado de luxo, pela qualidade e preço de produtos, mas com fatores basicamente dos relógios premium. Após comprar a Minerva, pulou - mas ainda não chegou lá, pois lhe falta tradição, o que ela tenta tomar emprestado da Minerva - do high watchmaking.
Mas nunca passará disso, pois os Masters impersonam (está correto o termo?) sua personalidade no relógio, tanto é que não há nem marca, a marca é o nome dos caras.
Enfim, há uma diferença brutal entre os independentes e as grandes empresas tradicionais, de high watchmaking. A Patek é high watchmaking e produz relógios talvez mais caros do que o mais caro de um master. No entanto, são nichos diferentes.
E, no mercado, a tendência é sempre a subida, a partir DO CONHECIMENTO do que se compra: começa-se com modismos, pula-se para algo com certa tradição, mas ainda numa faixa de preço razoável, pula-se para as empresas tradicionais, que tem preços para todos os gostos e, fatalmente, se o conhecimento adquirido permitir, aos masters.
Fecham aspas.
Flávio