Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa

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Offline flávio

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Como já ressaltei aqui algumas vezes, a evolução do escapamento praticamente se confunde com a evolução do relógio mecânico. O que se buscou durante a evolução do escapamento foi eliminar as perdas de energia do sistema através do atrito e possibilitar a não utilização de lubrificantes, que com o tempo começavam (começam...) a secar e influenciavam a marcação do tempo. Ou seja, ao invés de buscar encontrar lubrificantes que não se deteriorassem no tempo (isso foi buscado, com os óleos sintéticos, mas não solucionou o problema...), a relojoaria procurou ELIMINAR o lubrificante. Essa foi a busca, por exemplo, de George Daniels, que culminou com a adoção do escapamento Coaxial pela Omega, certamente num modelo que nem em sonho o grande relojoeiro teria imaginado. Porém, conquanto um escapamento coaxial, em tese, mantenha a precisão durante seu período de funcionamento maior do que o modelo de âncora, o resto do mecanismo é todo lubrificado. Aliás, já ressaltei aqui, a título de exemplo, que mecanismos extra plano como o ETA 2892 tem a IRRITANTE característica de arregarem em outras áreas antes do escapamento abrir bico. Eu já tive relógios com mecanismos 2892 (Omega Speedmaster Auto, Longines Avigation e, agora, o Omega PO), que colocados num timer, corda cheia, mantinham se num parâmetro bem razoável de marcação de tempo. Mas os malditos haviam se tornado inúteis (o meu PO ainda dá para usar, mas parece-me que está abrindo bico...), porque não pegavam mais carga... Ou seja, o escapamento estava ok, o resto não.

O que o Roger Smith quer agora com essa parceria é auxiliar a Universidade de Manchester, e as aplicações vão muito além da relojoaria, a ELIMINAR totalmente a lubrificação, através da cobertura das peças por uma camada de dissulfeto de molibidênio em nanopartículas. Todas as peças do relógio submetidas a atrito seriam "folheadas", por assim dizer, com a camada de lubrificante em nanopartículas, de modo que se tornassem autolubrificantes. É meio paradoxal o Roger Smith, um cara que sequer usa fresas computadorizadas para fazer seus relógios, firmar tal parceria. Mas paciência... Ele, segundo informado, pretende já apresentar um protótipo de relógio em até um ano, no qual não haverá lubrificação, em nenhum ponto do relógio, do escapamento, passando pelos pivôs, à mola principal. Segundo ele, o objetivo é ELIMINAR totalmente a necessidade de revisões, a não ser que isso seja necessário por questões de quebra. Oremos... Se em alguns anos conseguirem fazer isso, até volto a comprar relógios  :P


https://www.hodinkee.com/articles/roger-w-smith-nanotechnology-collaboration-manchester-metropolitan-university


Ps. Esses movimentos dos relógios do Roger Smith são bonitos demais, taquiupariu

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Offline Cosentino

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Re:Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa
« Resposta #1 Online: 05 Abril 2019 às 15:33:50 »
Dito isso, e caso se confirme dentro de um nível de custo compatível, as autorizadas terão de se reinventar. A quebra apesar de ocorrer, não tem a mesmo volume do que as revisões, e isso pode trazer um impacto significativo ao longo do tempo. Sei que os relógios a quartzo também representam um segmento importante, mas no geral, as revisões dos mecânicos tem uma relevância bem maior.
Mas.. só veremos isso com o passar dos anos, e é claro, o restante que já foi fabricado ainda estará por ai por um bom tempo.

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Offline igorschutz

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Re:Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa
« Resposta #2 Online: 05 Abril 2019 às 15:41:20 »
A quebra apesar de ocorrer, não tem a mesmo volume do que as revisões, (... )

Será? Fico com a impressão que a enorme maioria das pessoas só procura uma autorizada quando o relógio abre o bico.

O Adriano poderia nos falar um pouco sobre isso.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

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Offline Adriano

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Re:Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa
« Resposta #3 Online: 05 Abril 2019 às 15:53:07 »
Será? Fico com a impressão que a enorme maioria das pessoas só procura uma autorizada quando o relógio abre o bico.

O Adriano poderia nos falar um pouco sobre isso.

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Sério, clientes pedindo revisão preventiva, confirmando que o relógio não tem defeito nenhum nenhum, aparecem uma vez por ano, quiça uma vez a cada dois anos. Entre cerca de 8 mil consertos por ano...

Abs.,

Adriano

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Offline Cosentino

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Re:Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa
« Resposta #4 Online: 05 Abril 2019 às 16:11:28 »
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Sério, clientes pedindo revisão preventiva, confirmando que o relógio não tem defeito nenhum nenhum, aparecem uma vez por ano, quiça uma vez a cada dois anos. Entre cerca de 8 mil consertos por ano...

Abs.,

Adriano
Sim, mas não abre o bico grande parte das vezes por problemas de lubrificação?

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Offline Adriano

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Re:Roger Smith firma parceria com Universidade de Manchester para pesquisa
« Resposta #5 Online: 05 Abril 2019 às 16:45:42 »
Ah sim, nesse sentido sim. Digamos que, entre os mecânicos, a maioria, digamos aí uns 60 a 70%, "arregou" na lubrificação apenas, sem peças defeituosas ou desgastadas.

Precisa ver se a proposta aí é só eliminar a lubrificação, e seu impacto no desempenho cronométrico ao longo do tempo, ou reduzir o desgaste também. Pois se o desgaste permanecer ocorrendo, cedo ou tarde peças precisarão de troca.

Lembro também que elementos elásticos, e mais exatamente, a corda, perdem suas características ao longo do tempo. Uma hora a corda vai precisar de troca para conseguir promover o mesmo torque.

Abs.,

Adriano