Sim. O processo é exatamente o mesmo. Sendo ULTRA simplista, envolve a impressão do desenho querido num disco de silício, a aplicação de "máscara" protetora no desenho, a exemplo do que um grafiteiro faz com fita adesiva quando cria um desenho numa parede e, finalmente, o uso de plasma na superfície, de modo a dissolver o que não estava "protegido", restando as peças fabricadas. É um troço MUUUUUUITTOOO complexo. A crítica dos puristas é que o negócio é tão distante da metalurgia, tem muito mais a ver com a fabricação de componentes eletrônicos, que se torna impossível de replicar pelo relojoeiro independente ou do futuro no caso de quebra. Eu acho essa crítica completamente sem sentido, porque não se contam em dezenas os relojoeiros no planeta capazes de fabricar componentes tão precisos e metálicos como os atuais... Ou você acham que se um relógio da Omega que vocês possuem, com espiral metálica e roda também metálica, se quebrar, terá esses componentes replicados por um relojoeiro? Não é impossível, MAS QUASE IMPOSSÍVEL um relojeiro fodão, e estou falando de cara fodão mesmo, como um Roger Smith, replicar uma espiral de balanço produzida em massa nos dias de hoje. Impossível. Ou seja, tanto faz se o componente de escapamento é feito em metal ou silício, ele nunca será replicado no caso de quebra por um relojoeiro, não só porque é DIFÍCIL pra caralho, exige ferramental específico, como seria economicamente inviável.
Minha crítica ao silício é outra, mas é a mesma crítica feita a toda indústria atual: utiliza-se a mais moderna técnica metalúrgica (ou de eletrônica) para se criar um produto que é intrinsecamente obsoleto na sua função. É como se uma pessoa pegasse um Ford T e, mantendo todas as suas características toscas do início do século XX, gastasse mundos e fundos para retirar seu carburador e nele instalar uma injeção eletrônica. Vejam, minha crítica não afasta minha paixão pelos mecanismos chamados relógios, eu só estou ressaltando a vida como ela é...
Em segundo lugar, não sabemos como esses componentes em silício irão se comportar no longo prazo. Escapamentos metálicos estão aí desde a época do relógio astronômico de Su Sung, há 700 anos. Lubrificados e bem cuidados, duram para sempre, basta ver a quantidade de relógios QUE NÓS MESMOS do FRM temos, alguns com décadas e décadas de fabricação, funcionando perfeitamente. E um escapamento Omega Coaxial em silício, quanto tempo esse troço irá durar sendo submetido a constantes impactos? Eu sei lá... Mas... E daí também se não durarem décadas e décadas, será mesmo que nossos filhos e os filhos dele terão algum interesse por relógios, sobretudo de corda? Quem sabe os nossos netos não olharão um Omega Coaxial num museu e perguntarão, como já vi garotos hoje perguntando sobre vídeo cassetes, vinis, fita cassetes, etc: "para que serve isso?"
Flávio