Correto, mas um detalhe importante, que infelizmente nem relojoeiros sabem: isso não é um teste para certificar a estanqueidade, mas um teste para identificar onde está o vazamento (uma vez que você já detectou que há uma falha, mas só não conseguiu identificar onde). Ele não certifica nada, até porque ele vai até 3 bar apenas.
Muitos técnicos não sabem disso para falar a verdade (tenho sempre cuidado ao falar isso pois muita gente nesse ramo me odeia por dizer isso). Como esse equipamento é mais simples e mais barato que um de alta pressão, muitos técnicos só têm ele e confiam apenas nele, mas infelizmente ele não certifica a estanqueidade de um relógio, apesar de muita gente não gostar que eu diga isso.
O teste na água a que me refiro é o teste de condensação. Nesse teste o relógio é literalmente submetido à pressão máxima dele, dentro de um tanque/câmara com água. Esse teste não é recomendado em relógios que não sejam de mergulho, mas pode sim ser feito. E sendo um relógio de mergulho, submete-se ele à 25% a mais da pressão máxima, ou seja, um de 300m testa-se a 375 (37,5 bar), um de 600m testa-se a 750, e assim vai. O aparelho normalmente é fabricado pela Roxer, chama-se Natator, e tem um que vai até 40 bar e outro até 120 bar, para teste individual (um por um), e tem também um panelão onde testa-se vários por vez e não lembro qual pressão ele suporta.
Mas é isso, existe um procedimento, que varia de marca para marca, o relógio normalmente fica na água sem pressão por alguns minutos, para a água preencher todos os espaços externos, depois a pressão é incrementada aos poucos até o limite, permanece nesse limite por alguns minutos ou horas (às vezes 2~3 horas), aí retira, seca, aquece para se caso humidade tenha entrado, ela evapore, e aí faz-se o controle final, pingando água fria sobre o vidro. Se umidade tiver entrado, ela vai condensar sob o vidro.
Esse teste é potencialmente destrutivo. Aliás a única vez que presenciei isso foi justamente eu testando pessoalmente um relógio do Igor que tinha acabado de passar por revisão. Era um Seiko Diver. Estava com um vidro aftermarket, visualmente idêntico ao original. Passou no teste a seco perfeitamente, estava prontinho, mas no teste na água o vidro quebrou, muito antes dos 200m. Literalmente implodiu e o relógio encheu de água na hora. Não danificou nada, mas precisou que tudo fosse desmontado e seco imediatamente, e feita uma nova revisão e tudo.
Por isso que esse teste só deve ser feito se tiver checado que tudo esteja em ordem, com peças novas, originais, etc. Vejam aí como um simples vidro, ao não ser original, mesmo tendo todas as dimensões, espessura, tudo igual ao original, não tinha a mesma resistência mecânica. Por isso, sem chance fazer esse teste sem ser um relógio em perfeitas condições.
Abs.,
Adriano