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Para a Feira Mundial de Bruxelas, que seria realizada em 1958, o governo suíço contratou o artista Hans Erni para criar a decoração do seu pavilhão. Hans, após discussões com representantes de entidades relojoeiras, que lhe forneceram material teórico necessário, propôs a confecção de três gigantescos painéis que contassem a história da “Conquista do Tempo”. Cada afresco, possuindo 2,90 m x 3,50 m, abordaria uma linha evolutiva: a história da medição do tempo; as técnicas da medição do tempo; e a filosofia da medição do tempo. O conteúdo da obra é uma verdadeira aula de relojoaria, abordando diversos fatos e personagens importantes.
Em uma das cenas, que se passa em Neuchâtel, o vendedor de cavalos chamado Peter encontra-se com Daniel Jean Richard, filho de um fazendeiro da região. Conhecendo suas habilidades manuais, pede-lhe que conserte um objeto que ele nunca havia visto: um relógio. Reza a lenda que Jean Richard não só consertou o relógio como construiu outro. Além disso, ensinou seus vizinhos a fabricá-los, fundando a indústria relojoeira do Jura.
Em um dos afrescos, vemos um homem de peruca branca e casaca vermelha. Trata-se de Thomas Mudge, inventor do escapamento de âncora, usado até hoje na maioria dos relógios. Ao lado, de roupa verde, está Breguet, com um dos seus famosos relógios com mostrador descentralizado. Abaixo, o ganhador do prêmio Nobel de física de 1920 e inventor das ligas metálicas invariáveis (INVAR), Charles Edouard Guillaume. Finalmente, vemos Albert Einstein, ladeado por uma representação esquemática do átomo.
Em uma alegoria, Deus transmite o conhecimento sobre a medição do tempo ao jovem relojoeiro, que imediatamente coloca suas ideias numa prancheta.
A monumental obra, que foi pintada usando pigmentos de tinta diluídos em clara de ovo, também conta as histórias de Ptolomeu, Copérnico, Newton, John Harrison, Huygens, entre outros.
Em 2008, revisitando sua obra, Erni comentou: “fico surpreso com a precisão do que fiz… Foi um trabalho longo e impressionante, num tema sobre o qual não tinha conhecimento algum.” A obra pode ser vista no Centro de Convenções do Museu Internacional de Relojoaria em La Chaux de Fonds.
