Essa a grande questão... Quando os relógios mecânicos se tornaram obsoletos como objetos ÚTEIS, coube à indústria suíça mudar seu foco, transformando-os em objeto de desejo e luxo. Ou seja, a função principal dos relógios mecânicos, desde sua obsolescência, não é sua utilidade, mas sua função como acessório e luxo.
Meus 2 cents. Mesmo sendo obsoletos, eu sinceramente acho interessante que fábricas se disponham a levar a tecnologia (obsoleta) ao limite da precisão, que afinal era a busca até meados dos anos 70. É um contrassenso, mas... Fazer uma Ferrari para ser usada na rua a 60 km por hora também é, e o maior público da marca certamente não é de automobilistas...
Por outro lado, a questão de preços é algo que tem soado bizarro nos dias atuais, porque os produtos eram EXATAMENTE os mesmos dos anos 70 (a exemplo da Rolex) e custam mmmmmmmmmmmmmmmuuuuuuuuuuuito mais caro hoje. Quando o preço sobe demais, para quem se importa, como eu (pois 99,99 por cento do consumidor alvo não está nem aí), começa a existir um descompasso entre o que o produto é como produto, o que ele oferece, e o que custa.
A título de exemplo, e citando a Rolex, eu tenho um Explorer I comprado lacrado em 2008 por 9 mil reais. Hoje, se me oferecessem o mesmo relógio por 9 mil eu declinaria, pois não acho que ele valha isso como produto que é (é uma porcaria em aço e, no meu caso, ainda com os toscos braceletes Oyster com fecho estampado). Se você mostrar um Rolex a qualquer pessoa que nunca tenha ouvido falar na marca, ela certamente dirá que é algo que vale uns 2000 reais. Porque ele provavelmente deve custar a metade disso para fazer... Mas... Custa 50. O que determina isso? Mercado: enquanto houver idiota pagando, tem esperto vendendo.
E não há crítica ALGUMA da mídia especializada sobre o que o produto oferece como produto, pois a maioria dos blogs gringos (todos...) vivem de "jabá". Ou seja, a gringolândia acha que é normal a Seiko aparecer com um maldito turbilhão com não sei o quê e cobrar 300 mil dólares nisso. Não é normal...
Flávio