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Da paixão pessoal ao mercado global de luxo

Iniciado por flávio, 24 Agosto 2025 às 10:25:58

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flávio


Octávio Ferraz

Em minha desimportante opinião, a coisa advém de esfera de outra abrangência, há um cenário, um moinho satânico que, muito antes de se desdobrar nos efeitos descritos no seu texto, cristaliza a mercantilização e financeirização do próprio tempo. Se os preços, calcados na especulação, são inacessíveis para gente normal, o entretenimento gerado, por sua vez, está nas mentes e mãos, e assim, o mundo da relojoaria se reduz a uma diversão distinta, competindo com outros passatempos quaisquer, como assistir a vídeos de visitas a mansões, conserto de sapatos, criação de galinhas. E possíveis escapes, contrapontos, com tendências de gostos, gradações de maturidade do consumidor, aprendizagem etc., disseminam bolhas segmentadas, também no seio da rentabilidade...
Os influenciadores podem até ter certa inclinação crítica ou discernimento comparativo a respeito da qualidade dos relógios. Mas, os influenciadores estão dentro de um contexto de métricas e desempenho, e seu triunfo se deu exatamente nesse mesmo ambiente cronicamente distorcido. Sistematicamente, têm que seguir o compasso da música dos números. O peso de um ingenieur na casa dos 80k, ou mesmo de um Cartier a bateria a 60k, não recai por sobre quem está no palco, é um fardo para quem está na plateia e, contudo, dispõe, com todo esse espetáculo circense armado, de um remédio contra o tédio. O canal do Andrew Morgan, por exemplo: ele tem esses atributos referenciados por você, mas observe as thumbs dos vídeos, os títulos. Há algo que ele não consegue contornar, tem que seguir uma abordagem apelativa.