Nilo,
Um G-Shock, anos 80, dura bastante (tenho um, que uso como relógio de reserva) mas dificilmente atingirá a duração de um mecânico. Compare com os relógios dos anos 30, mecânicos.
Dê tempo ao G-Shock. A gente só vai poder dizer se isso é verdade daqui a 50 anos.
O que sei dizer é que você encontra por aí muitos GP com cal. série 350 funcionando perfeitamente. E são relógios do início da década de 70.
O principal, e que não ficou claro, é que os relógios com tecnologias eletrônicas podem, e devem, ser superados como tudo que é parte desta tecnologia. Compare, por exemplo, um Motorola Star Tac (que era o celular da moda nos anos 90) com um iPhone ou Blackberry. Não se vê ninguém querendo um Star Tac, nos dias de hoje. A superação é parte/consequência da própria tecnologia.
Com relógios essa regra não funciona.
A função do relógio é marcar horas, e ele vai funcionar perfeitamente bem tendo um modelo novo no mercado ou não. Um Swatch de 1983 se passa por um modelo de 2009 tranquilamente.
Um relógio com tecnologia nova, ou então com novas funções, não necessariamente substitui o anterior.
Por acaso, estou usando hoje um Omega Speedmaster X33 (o chamado Mars Watch, pelos marqueteiros da Omega). Será que ele vai durar tanto quanto o meu Omega Seamaster CK 14755-61? Acho que não. O mostrador do X33, de LCD, tem uma vida útil determinada e quando ela acabar acho que não irei encontrar um outro mostrador para ele.
Aí são dois pesos e duas medidas.
Será que seu Seamaster vai durar infinitamente sem que seja preciso trocar qualquer componente? Nem mesmo a mola do tambor ou algum eixo desgastado? E se param de fabricar a mola ou o eixo, como é que fica?
O X-33 sofre do mesmo problema. Se a tela parar e a Omega não tiver peça de reposição, o problema é com a Omega, e não com a tecnologia, pois foi a Omega que decidiu não abastecer seu estoque.
Acontece que, por razões comerciais, a Omega jamais ficará sem molas e eixos no seu estoque, mas pode ser que ela abra mão da tela do X-33...
Quanto ao Rainbow, as peças dele não tem uma vida útil definida. Acho, e posso apostar, que dentro de 20 anos ele estará funcionando como hoje.
Algumas peças tem vida útil definida sim, como é o caso da mola do tambor, que falei acima.
Quanto à outros componentes, se a revisão for feita a contento, pode não haver problemas. Mas dentro de 20 anos, vai-se embora uma bela grana em manutenção (ainda mais um Zenith El Primero que for usado diariamente).
Quanto as baterias, não sei não. Lembre-se de que as baterias originais (de mercúrio, particularmente tóxicas) do teu Accutron não existem mais.
Mas existem substitutas, e aí resolve-se o problema.
Baterias não deixaram de existir, apenas as de mercúrio.
Meu único termo compensado, um Breitling B-1, não é tão preciso como os "da propaganda". Acerto ele, que reside em uma gaveta, e passados alguns meses da para perceber um desvio significativo.
Os relógios termocompensados, para ficarem iguais ao "da propaganda", precisam passar no mínimo 12 horas ao dia no pulso, senão a margem de precisão dobra.
Um Breitling B-1 passa de +/- 10 segundos/ano para +/- 20 segundos/ano.
Concordo que se pode fazer uma joia de quartzo mas ... fica bem sem graça, não. Mesmo aqueles que usam aquela "cozinhada" da Seiko (o Spring Drive), não tem muita alma.
Eu discordo.
Um Spring Drive, ou um Grand Seiko quartzo qualquer, recebe muito mais mão humana que um Rolex, um Breitling, um Omega do mesmo preço...
Se um desses tiver alma (o que é uma grande bobagem), certamente serão os primeiros.
A não ser que a tal "alma" seja um balanço virando pra lá e pra cá... mas aí é blasfêmia...
O fato de não termos o capital para empatar em uma joia de pulso, não tira o mérito da joia. Não é caro, apenas ganhamos pouco.
Com certeza.
O problema é que muita gente fala mil maravilhas de um relógio automático comum, enquanto na verdade este é um produto tão massificado quanto um relógio de McLanche Feliz (mas em menor escala).
Relógio-jóia, relógio-arte, relógio-alma é aquele que recebeu os cuidados de um verdadeiro artista, e não o
Poljot montado a mão num fabriqueta em que toca pagode russo...
Tem gente que adora falar que seu Rolex tem alma. Deve ser a maneira que ele encontra para justificar pagar mais de R$ 15 mil num relógio...
Quanto a "alma", ela tanto pode existir em um relógio de milhões como em um belo Seiko 6105 e um 6105, bem comprado, é um relógio bem acessivel, não?
Usei o Breguet como exemplo extremado e acho que v. entendeu.
Aí vai do conceito de alma de cada um.
No meu, se um relógio realmente não for um trabalho singular (e com isto não estou falando em "edição única"), então é só mais um.
Um abraço,
Igor