O post inicial.
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Fotografando nossos relógiosTodos nós desejamos, de tempos em tempos, fotografar nossas “jóias” e, quase sempre, obtemos resultados muito distantes do desejado.
Há neste fórum excelentes fotógrafos e cada um parece ter uma receita diferente das demais:
- “
Use luz diurna, no fundo do quintal, entre as 16h15 e 16h45”
- “
Só fotografe com a máquina no automático”
- “
Corrija com Photoshop, mudando o gamma ...”
- "
Para tirar boas fotos, é necessário uma câmera com X megapixels ou mais"
- Etc.
As minhas primeiras tentativas, a despeito de contar com uma máquina fotográfica bem decente, foram muito pouco animadoras e, como sou teimoso, decidi me "fuçar" mais no assunto.
Observem, por favor, que estou aprendendo.
Como tudo na vida, tomem estas informações com as devidas restrições, mesmo porque, no fundo, tratam-se de uma experiência pessoal, para agradar a um único “cliente”, que sou eu mesmo.
Mas vamos começar:
DefiniçõesPrimeiro, algumas definições, para que todos nós falemos a mesma língua e possamos navegar ao longo deste mar de siglas.
Termo | Descrição |
Point and Shoot / Máquina automática | São as máquinas “amadoras” que se caracterizam por terem recursos, e preços, mais limitados. Observe que pode-se obter, e se obtêm, ótimos resultados com a maioria dessas câmeras.
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DSLR | São as câmeras do tipo “Digital Single Lens Reflex” ou semi-profissionais/profissionais. Caracterizam-se, além do preço mais elevado, por uma ampla gama de recursos e, principalmente, pela facilidade de permitir a troca das lentes. Note que os resultados obtidos com uma DSLR pode ser melhor do que os obtidos por uma “point and shoot”, mas nem sempre. As DSLR exigem um investimento em tempo e estudo (do bendito manual) muito maior.
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Megapixel | É a contagem do número de elementos sensíveis que o sensor (o filme digital) representa. Nem sempre uma máquina com mais elementos (pixel) irá produzir imagens melhores. Isso depende de vários fatores, como a qualidade das lentes, do sensor etc.
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ISO | Em fotografia, sensibilidade ISO é a medida da sensibilidade de superfícies sensíveis à luz (filme fotográfico ou sensor de imagem). Também é conhecido como velocidade ISO ou, em inglês, “ISO speed”. O índice de exposição ou de sensibilidade do filme segue uma escala do padrão ISO que agrupa as escalas ASA (americana) e DIN (alemã). Observe-se que ISO foi criado para filme e o uso em digitais é ... um ajuste. Quanto maior o ISO maior é a sensibilidade. Note-se que quando maior a sensibilidade, maior será o “ruído” (ou sujeira) na foto. Em geral as máquinas respondem bem com fatores ISO de 100 até 400. Mais que ISO 400 o ruído aparece, “sujando” a foto.
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Velocidade ou tempo de exposição | É o tempo, medido em segundos ou fração, em que o obturador permanece aberto expondo o filme ou o sensor digital. Maior velocidade requer mais sensibilidade ISO e/ou maior abertura da lente.
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Abertura da lente | É o ajuste da “íris” da lente e é medido em “F-stop”. Quanto maior esse número, mais fechada ficará a íris, passando menos luz para o filme/sensor. A abertura também tem efeito sobre o foco e a profundidade de campo. Menor a abertura (maior o F-stop) maior será a profundidade de foco (mais partes do objeto aparecerão focadas).
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Balanço de cores ou de branco | Em câmeras digitais, regula a compensação eletrônica para um conjunto de condições de iluminação. No caso simples, temos que considerar a temperatura da iluminação, caso contrário, as fotos ficarão com cores azuladas ou avermelhadas. Isso é extremamente comum, principalmente se tirarmos fotos em ambientes iluminados com luz incandescente ou de filamento.
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Macro fotografia | Por definição, é a fotografia de pequenos seres, objetos ou detalhes que normalmente passam despercebidos no nosso dia a dia; são fotografados em seu tamanho natural ou levemente aumentados por meio de aproximação da câmera ou do uso de acessórios destinados a esse tipo de fotografia; as macro fotografias são normalmente exibidas em tamanho bastante ampliado para maior impacto visual. |
Conheça a câmeraPode parecer óbvio, mas poucos de nós conhecemos bem os equipamentos que usamos.
O manual da câmera, sem qualquer exceção, é um poço de chatice, e poucos têm a paciência necessária para essa leitura.
Vou tentar resumir os pontos importantes que qualquer câmera normalmente tem:
- Modo MacroEsse é o recurso que permite tirar fotos “de perto”. Normalmente, é representado pelo símbolo:
Um problema que ocorre no “modo macro” é que ele geralmente exige uma velocidade baixa (tempo de exposição mais longo), o que pode produzir fotos tremidas.
Uma opção para resolver esse problema é o uso de um tripé (altamente recomendado) ou de algo que faça o papel de fixar a máquina.
Ver, em seguida, o tópico “self timer”. Reafirmo que um tripé é fundamental.
- Self TimerA maioria das máquinas tem essa função -originalmente criada para tirar fotos de nós mesmos- mas ela é extremamente útil para fotos de relógios.
Usando essa função, podemos acionar o disparador e sair de perto da máquina e do relógio, evitando assim “aparecer na foto”.
Já vi fotos bastante boas onde se pode ver, no reflexo, que o fotógrafo estava de ... cuecas!!
Outra vantagem dessa função é que, ao acionarmos o disparador, qualquer tremor causado por essa ação será dissipado, pois a foto somente ocorrerá alguns segundos mais tarde.
- FocoO maior problema em se fotografar um objeto de perto, como um relógio, é o foco.
Não há programa de computador, ainda, que conserte uma foto sem foco (só nos filmes - ver C.S.I, por exemplo, isso existe mas ... é só filme).
Caso a máquina permita, o ideal para fotos em modo macro é colocar o foco em modo manual.
Assim podemos focar o exato detalhe que queremos fotografar (Há uma “lei” não escrita que diz que o foco em um mostrador deve estar na marca ou logo do relógio).
Caso o foco seja só automático, a solução é tirar um monte de fotos e achar a que ficou mais em foco.
- AberturaComo já foi visto nas definições, quanto maior a abertura (F-stop menor), menor será a “profundidade” do foco. Isso quer dizer que, com uma menor profundidade, menos partes ficarão em foco.
Isso pode ter lá as suas finalidades artísticas mas como, em geral, queremos mostrar a peça inteira, o ideal é usar uma abertura pequena (F-stop grande).
Normalmente, eu uso aberturas entre F11 e F28 (quando a lente aguenta).
Em qualquer caso, não se deve usar a abertura máxima de uma câmera/lente ou a mínima, pois isso pode ressaltar as imperfeições das lentes.
PreparaçãoParece óbvio, mas devemos verificar se o relógio está bem limpo.
É impressionante como uma foto, ainda mais em modo macro, destaca qualquer pontinho de sujeira e, ainda mais, as nossas impressões digitais.
Limpe o relógio. Se for “diver”, lave com escova de dente de nenê, sabão neutro e água morna, e tenha sempre por perto um paninho de microfibra, desses que servem para limpar óculos.
O restante depende da arte do fotógrafo e do destino que se quer dar para a foto (artística, destaque para alguma característica, venda etc.).
IluminaçãoA menos que seu relógio seja de metal fosco e que tenha um anti-reflexo perfeito, a peça irá refletir a luz, e isso é um grande desafio nesse tipo de fotografia.
Tirar uma foto de um relógio ou de qualquer objeto brilhante com o sol brilhando é virtualmente impossível.
Outra coisa muito difícil é fotografar em ambiente iluminado com luz de tungstênio (amarela).
Não há câmera neste mundo que ajuste o balanço de cores corretamente para luz de tungstênio, e todos já viram aquelas fotos avermelhadas que aparecem sempre.
Felizmente, alguém inventou técnicas para difundir a luz, o que irá minimizar os reflexos.
Eu uso uma caixa de luz, que nada mais é do que uma embalagem de plástico onde colei umas folhas de papel vegetal. Ponho o relógio e os outros participantes da cena dentro e giro a caixa até que os reflexos estejam sob controle.
Para fotos com luz artificial (a maioria que tiro são assim –só posso fotografar à noite) uso um arranjo um pouco diferente e ainda estou por determinar o melhor processo.
Vejam aqui o arranjo que uso:
Observem que a minha caixa de luz foi feita em casa usando uma caixa de plástico que foi envolta em papel vegetal (para difundir a luz ainda mais).
Os dois refletores (na verdade, lâmpadas de mesa das baratinhas) estão equipados com luz fluorescente.
Outra possibilidade do arranjo:
Aqui, mudei a luz para dentro da caixa e usei um papel como refletor.
O resultado até que ficou (acho) relativamente bom.
FotografandoLembrem-se, em especial os mais senectos (“vintage” fica melhor), de que fotos digitais não custam.
Tire um monte delas e escolha as que ficarem melhor.
Não se limite, experimente até achar uma técnica que produza fotos de que você goste.
Depois de fotografarTiradas as fotos, importe-as para o seu computador e (isto é muito pessoal) faça retoques
mínimos com algum software que você tenha.
Um ponto importante, se o seu software permite, é ajustar o balanço tonal de forma que o branco fique branco, se for o caso.
Nessa fase, é muito importante ajustar o enquadramento, cortar aquilo de que você não goste e pronto.
Qualquer dia, entro em mais detalhes sobre esse processo e, principalmente, sobre o enquadramento.
ConclusãoFotografar relógios é uma atividade cheia de desafios, mas altamente recompensadora.
É um barato quando se obtêm bons resultados e acreditem ... é mais fácil do que parece.
Abs,
Nilo
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