Gravina e demais
Essa definição da FHH é o troço mais subjetivo que já vi na minha vida e define os contornos da discussão lançada pelo Igor ainda na Europa, e que me pegou de jeito.
Colocar a Rolex na rodada é um perigo porque há os passionais. Eu, por exemplo, sempre fui muito fiel: gostava da marca, mas não tanto assim. Achava (acho) a Omega algo mais interessante para meus olhos.
Por outro lado, poderíamos pegar uma marca surgida ontem, como as do portfolio British Masters, e pensar: qual a tradição desse troço?
A Omega mesmo. Ela tem uma linha que vai de relógios de 2 mil dólares a 200000. A Rolex idem, muito embora não faça nada " complicado".
Na minha mente, quando comecei a prosa de boteco com o Igor, coloquei na minha cabeça um preconceito: "ora, marca de alta relojoaria tem que fazer algo desafiador".
Aí o Igor falou. E o que seria isso? Comprar, como a Hublot fez, uma fábrica de movimentos top, colocar sob seu guarda chuvas e, mesmo sem tradição, "transformar-se" num dia para o outro em algo "pica grossa"?. Aliás, coincidências à parte, quem colocou a marca no mainstream foi o Biver, que fez a mesma coisa com a Blancpain que, convenhamos, antes dos anos 80, paradoxalmente, era uma merda de marca.
E retornamos à questão. A Rolex fabrica cerca de um milhão de relógios ao ano com qualidade indiscutível, tudo feito em casa, o que não é fácil. Quantos Rolex já ouviram falar que deram defeito por projeto, por montagem mal feita, etc? Aí você pega uma fábrica mais ou menos que lança no ano uma série com 5 turbilhões comprados de terceiro e essa se transforma em alta relojoaria?
Sei lá...Como já disse aqui, essa conversa de in house, magos fazendo relógios, etc, é algo que pouco existiu na indústria relojoeira e Breguet é seu maior exemplo: o cara fez pouquíssimos relógios na sua vida. Aliás, era impossível ter feito 5 mil relógios sozinho. Comprava tudo de terceiros, mas tinha NOME, exigia controle de qualidade rígido e, enfim, era alta relojoaria, mesmo nos seus relógios mais simples.
Em síntese, acho que a tradição e esmero na construção definem a alta relojoaria. O problema é compatibilizar as duas coisas. Vejo fábricas que possuem ambas qualidades ao mesmo tempo. Ok. Mas há uma linha tênue em marcas que possuem uma das duas. E aí? Só para pensarem. Ninguém nega que um Seiko militar não seja alta relojoaria. Mas a Seiko tem potência, pois faz relógios de espantar, como os GS. Mas a Seiko como um todo é alta relojoaria? A Tissot - que na minha opinião é a correspondente da marca no mundo Suíço - é?
Enfim, perguntas e pensamentos sem resposta.
Flávio