...O MACACO TÁ CERTO?
Amigos,
Tudo começou com uma troca de MP´s, mas nós achamos que podia "render" um tópico, aqui.
Então,...
Como diria o Chicó,...
..."eu só sei que foi assim"...
CITAÇÃO DE tEMPUSVINENDI
Olá Alberto,
Tudo bem?
Estou insone, aliás como sempre, e estava lendo um livro sobre relógios de bolso.
The Pocket Watch Handbook de M. Gutmore um livro muito interessante que já estava perdido por aqui.
Vamos ao que interessa, se não me engano certa vez você comentou que trabalhava com cerâmica e nesse livro tem um capitulo de como fazer mostradores cerâmicos.
Pela explicação que o autor dá, até um chimpanzé com os pés e uma das mãos amarradas consegue fazer um mostrador cerâmico.
Será isso possível?
Abraço,
PauloCITAÇÃO DE ALBERTO FERREIRASalve, Paulo!
Bom,...
Talvez dependa do "chimpanzé",...
Afinal, já houve alguns que até "ganharam" a vida como astronautas, não é mesmo?
O processo de esmaltação sobre metais não é algo basicamente complicado, mas, dentre outras coisas, depende de materais (os esmaltes em si - materiais vítreos na forma de pó, um para cada cor, etc,... - e de fornos específicos).
Você teria como "escanear" a página do livro que fala do assunto e me mandar?
Eu fiquei curioso,...
Um abraço!
CITAÇÃO DE TEMPUSVINENDI
Oi Alberto,
Realmente tens razão, se já treinaram chimpanzés para enviar ao espaço acho que também possam ser treinados para serem ceramistas.
Você pediu uma coisa para mim que não faço mais que é "scanear" páginas de livros, pois é muito melhor tirar fotos que saem mais nítidas e sem os borrões dos cantos.
A explicação que o autor dá é muito simplória, dei uma olhada e o livro foi escrito em 1985.
Abaixo estão as 2 páginas no livro sobre como fazer um mostrador cerâmico.
Encerrando descobri que na Austrália tem um restaurador de mostradores cerâmicos, só que o japonês que me passou os dados dele já informou que se deixa coração, pulmões, rins, etc. como pagamento pelo trabalho.
Abraço,
Paulo
CITAÇÃO DE TEMPUSVIVENDI
Alberto,
Eu já tinha entendido quase tudo, minhas duvidas são quais materiais cerâmicos a serem usados e segundo que tinta e como aplicar em cima da base branca já feita.
Não entendi o lance do forno especifico, do ponto de vista o chimpanzé aqui desde que a temperatura possa ser controlada todos são iguais.
Realmente ele disse que pode rachar, mas que colocando uma nova camada de cerâmica dá para refazer.
Não é minha pretensão fazer esse tipo de trabalho, mas eu só queria entender.
Abraço,
Paulo
CITAÇÃO DE ALBERTO FERREIRASalve, Paulo!
Eu entendo a sua curiosidade.
Então, eu vou seguir sem qualquer pretensão outra que não seja apenas a de fazer alguns comentários básicos, para que você entenda melhor o "contexto" da coisa, ok?
Bom,...
Para começar uma consideração.
Nós estamos falando de "
esmaltação sobre metal", ok?
Esta "ressalva" cabe, porque é comum haver alguma confusão e até um certo uso indevido de alguns termos.
Eu não vou discutir se chamar o mostrador de "porcelanizado" seria apropriado, afinal muitos leigos o fazem e o importa no fundo é a comunicação.
Mas,...
Na
esmaltação sobre metal, a técnica que normalmente é utilizada nos mostradores de relógios,
o material (o esmalte) é tecnicamente falando, um "vidro".
Portanto, até aqui, nada de cerâmicas, porcelanas, etc., ok?
Esta técnica é milenar, há exemplos de jóias feitas com ela nos tempos dos faraós egípcios.
O tal esmalte, na forma de um finíssimo pó, é fundido diretamente sobre o metal.
Não há tampouco "tintas", mas sim a tal mistura do esmalte (o pó de "vidro", água e o tal aglutinante).
Logicamente, há diversas técnicas de esmaltação.
Na mais simples delas, o esmalte é misturado a um aglutinante (uma espécie de cola para permitir o manuseio e aplicação) e depois fundido sobre a base metálica (as temperaturas de fusão dependem dos diversos esmaltes em si, mas anda em torno de 800 - 900 graus centígrados).
Há também esmaltes (os pós) especialmente desenvolvidos (numa miríade de cores, transparências, etc.) para aplicação em diferentes metais.
Assim, meu amigo, um esmalte aplicável sobre o ferro (aquele chamado de ágata - que é usado para panelas, placas de ruas, peças de fogões, banheiras, penicos, etc.) não serve para aplicação sobre o cobre (o usado nos mostradores) ou sobre o ouro ou a prata (os usados em jóias, etc.). São simplesmente materiais ("vidros") diferentes.
Por outro lado, há uma outra coisa completamente diferente que é a esmaltação sobre cerâmica (sobre "porcelana").
Neste caso, o esmalte (que tecnicamente falando, também continua sendo um pó de vidro) é aplicado sobre uma peça de cerâmica (porcelana, etc).
É isso o que vemos em bandejas, pratos decorados, panelas de fondue, etc.
Para um leigo, essas duas coisas podem ser facilmente confundidas, mas na verdade há muitas diferenças fundamentais.
Algumas:
- A fusão do esmalte pode ser feita num forno (onde a temperatura é mais fácil de controlar) ou com o auxílio de um maçarico (técnica geralmente mais usada em peças
muito grandes).
- A grande "encrenca" da esmaltação é justamente o fato de que o produto final (a peça esmaltada) ser um misto de pelo menos dois materiais muito diferentes entre si, metal e vidro, ou cerâmica e vidro.
Os esmaltes são intrinsecamente aderidos às respectivas bases por fusão, mas
possuem coeficientes de dilatação térmica muito diferentes do da base e, por conta disso, são aplicados em camadas finas.
O produto final tem a beleza e a durabilidade do vidro. Não mancha, não desbota, não perde o brilho, etc.
Mas é frágil.
Levou uma pancada,... Trincou... Lascou,...
Variou muito a temperatura, ou sofreu leves esforços mecânicos, torção, flexão, etc,... Trincou... Mesmo que de forma finíssima (os chamados "cabelos").
- E onde é que entram os fornos nessa parada?
Na esmaltação sobre metal, após a fusão do(s) esmalte(s) sobre a base,
a peça é simplesmente deixada fora do forno para esfriar gradativa e naturalmente.
Na esmaltação sobre cerâmica, o gradiente de temperatura durante o resfriamento
tem que ser controlado no interior do forno.
Há, portanto, a necessidade de um programa específico para controlar isso, dependendo do volume (massa) das peças esmaltadas.
Por isso, por exemplo, eu tenho aqui dois fornos.
- Um (menor - dadas as peças que eu me proponho a esmaltar) para esmaltação sobre metais. Nele o controle eletrônico mantém a temperatura no interior do forno na faixa que for pré-determinada.
- Um (bem maior) para esmaltação sobre cerâmica, ou como alternativa de um outro tipo de trabalho - a execução de certas peças com vidros planos. E em ambos os casos, as peças são em geral bem maiores.
Neste forno, o sistema eletrônico de controle de temperatura pode ser programado tanto para aquecer quanto para desaquecer de acordo com um padrão pré-estabelecido. Caso contrário, as peças quebrariam pela diferente contração dos materiais.
Detalhes:
- Naquele artigo, quando ele mencionou que o aquecimento com o maçarico deva ser sempre feito pelo "verso" da peça, é porque o próprio fluxo do gás já poderia "mover" (e borrar) a impressão feita em preto.
- É muito mais difícil controlar um aquecimento (uniforme) com o maçarico,...
- Ele nem menciona como a peça (o mostrador) seria segura durante a fusão (que ocorre em um par de minutos!...).
Na verdade, foi por isso que eu disse que com um forno específico seria muito mais fácil de controlar.
Bem,...
Eu espero ter lhe dado uma "idéia geral" da coisa.
Abraços!
CITAÇÃO DE TEMPUSVIVENDI
Alberto,
Ajuda o quatro braços aqui (personagem de um desenho animado Ben 10), porque como chimpanzé não vai dar.
Eu li todo o texto do livro, mas para quem não conhece é um bicho de 7 cabeças.
Primeiro o que significa gauge no texto, porque pesquisei e pelo que entendi é uma medida de tolerância que varia de acordo como o material a ser trabalhado.
Segundo, tenta dizer em termos leigos o que o autor disse. Estou assim eu leio o texto, mas não consigo entender o processo.
Abraço,
Paulo CITAÇÃO DE ALBERTO FERREIRASalve!
Ao falar em "gauge" ele está se referindo à espessura da lâmina de metal.
As chapas, de cobre, etc..., são fornecidas em espessuras "padronizadas", seja, digamos em milímetros, seja através de um número (o tal "gauge").
Basicamente é o seguinte,...
Na técnica mais simples e direta o esmalte, um pó de "vidro" finíssimo, é misturado com água e um aglutinante especial.
Isso permite que o material seja convenientemente espalhado (para criar um fundo), ou "pintado" (para criar uma "arte" ou impressão) sobre a base de metal.
Após secar em condições ambientais, para evaporação da água, o material (o mostrador) é posto em um forno, a cerca de 800 - 900 graus.
Lá o esmalte funde e se fixa ao metal.
Abraços!
CITAÇÃO DE TEMPUSVIVENDI
...
Aqui no Brasil quando anuncio algum relógio tenho que dizer que são cerâmicos ou de porcelana, lá fora que são enameled o correto.
Acho impressionante algumas coisas;
1- a camada de esmalte são grossas e planas
2- que tecnica usavam para impressão dos numerais e marcas
3- para terminar os mostradores com rebaixos o mais comum para os ponteiros de segundos e o outro centrado no meio do mostrador (double sunk).
E tudo isso sem fornos com controle eletrônico de temperatura, coreldraw e outras ferramentas.
...CITAÇÃO DE ALBERTO FERREIRASalve!
Sim, nos mostradores "lisos" (uma cor única no fundo e dísticos) podemos até dizer que em sua base a técnica é relativamente "simples".
A sua confecção estaria mais para "artesão", bem teinado e equipado, do que para artista, no verdadeiro sentido do termo.
Coisa de
ARTISTA mesmo, é algo assim,...
Fonte das imagens: TimeZone
Eu não preciso lembrar a você o diâmetro destes mostradores e o conseqüente tamanho dos "detalhes", não é?
E estes são penas meros exemplos, até "simples", diga-se, pois há muitos muito mais detalhados e complicados (com gravuras com nuances, sombras, transparências, texturas,... o escambau!
E agora, lembre-se de uma coisinha.
Aliás como em qualquer processo de esmaltação,...
Após a fusão, o bebê nasceu.
Seja ele uma obra de arte ou tenha ele algum defeito,...
...
nasceu!
Ou seja, se algo não ficar "satisfatório", o artista senta em uma pedra, respira fundo, e,...
...chora!
Depois, ele se levanta e começa
tudo de novo!
Ah!
Não acredite (muito) naquele "papo" de que seja possível "restaurar" uma coisa dessas, viu?
Abraços!
CITAÇÃO DE TEMPUSVIVENDI
Alberto,
Os exemplos dados eu já conhecia, inclusive o de bolso com caixa esmaltada é relativamente comum em certo período da relojoaria para relógios femininos. Muitos eram feitos em Viena.
Esses realmente não dão para restaurar, mas eu vi na Sarica um mostrador simples restaurado se não me engano o Alexandre disse que o serviço era feito em Portugal, mas dava para perceber a tonalidade diferente no mostrador.
Agora uma coisa, essa nossa troca de mensagens acho que vira um tópico legal. O que pensa?
Abraço,
Paulo
CITAÇÃO DE ALBERTO FERREIRA...
Eu vou abrir um tópico e exportar parte da nossa troca de mensagens.
Abraços!
Bem, amigos,...
Desculpem, todo o "bla-bla-bla" e o "piriri-pororó",...
,...
Mas talvez interesse (a quem gosta de ler textos longos...
).
Abraços a todos!