Realmente, o que o Igor falou acima foi objeto de uma "interpelação" minha a Union, respondida pelo próprio presidente em e mail. São relógios que valem a pena? Sim, comentei isso em outro tópico. Possuem custo benefício muito bom. São fabricados na Alemanha? Well my dear...
A Alemanha segue o mesmo padrão suíço para que algo seja considerado Made in Germany, algo em torno de 50% de valor agregado alemão e montagem e ajuste feito pelos chucrutes. O problema é que não tem absolutamente NADA A VER com relógio alemão um movimento suíço e, pior, com design suíço. Ora, parafusos azuis? Desde quando isso tem a ver com característica singular alemã.
Em síntese, para mim tanto faz se o critério do Swiss made, Germany made é meio furado. Se o produto segue padrão de DESIGN e QUALIDADES do lugar, para mim, ok.
Vamos aos problemas. Ter o nome Glashutte no mostrador, assim com o Swiss Made, é importantíssimo e isso já foi parar nas barras dos tribunais de lá, tendo a Nomos com ré e Lange com autora. Claro, Lange e Glasutte original propalam ser as únicas fábricas que realmente seguem a tradição fodástica da indústria de Glashutte, como se tivessem continuado uma tradição e, ÓBVIO, não continuaram, até mesmo porque a região da Saxônia ficou sob o manto soviético por décadas!
Adolph Lange e Lange e Sohne de hoje, em que pese ser uma puta marca, não tem nada a ver com o cabra do passado, assim como a Graham atual não tem (muito embora a Graham não tenha nada a ver mesmo, pois seus relógios em nada lembram algo feito por um inglês). Glashutte Original? A fábrica é nova, nem existia há menos de 15 anos!
No fim do processo, deram ganho de causa a Nomos que, claro, tinha todo direito de usar o glashutte no mostrador como as outras e vou além e em caixa alta: TALVEZ SEJA A MARCA MAIS HONESTA, COM O MELHOR CUSTO BENEFÍCIO E MAIS SINGULAR E ATRELADA A UM DESIGN EXISTENTE NO MUNDO! Disse mundo!
Peguemos, para ilustrar, seu relógio síntese, o Tangente:
- Sua caixa é claramente inspirada nas linhas funcionais do Bauhaus, claramente alemãs;
- Aliás, o modelo pertencia a Lange (projeto), mas que nunca foi levado pela frente justamente porque todas as fábricas da Saxônia, em algum momento, foram colocadas sobre um mesmo nome, planta, whatever, em virtude do domínio soviético;
- Tem 33 mm e não mudou nesses 15 anos, mesmo com os modismos do mercado. Sim, há modelos na Nomos com 36 mm, etc, mas nada seguindo modismos, até mesmo porque o movimento usado por eles entraria em desconformidade com o tamanho da caixa;
- Sobre o movimento. Característica clássica dos relógios alemães é a platina em 3/4. A Nomos usa ebauche ETA 7001. Ué Flávio, e a platina 3/4, isso não existe no 7001! Pois é. Por isso disse ebauche. A Nomos fabrica em casa regulador do balanço (triovis), cliquê (padrão alemão, o cliquê em forma de dedo, que os suíços não usam), parafusos, caixa e, inclusive, A PLATINA SUPERIOR em 3/4! Tudo em casa! E decoram tudo de acordo com a tradição alemã, com seus parafusos azuis, o double sunburst na roda rochet, etc. Em síntese, no final das contas, a Nomos usa da ETA o escapamento, rodagem e platina inferior. O resto eles fazem em casa, em na cidade de Glashutte!
A melhor parte? Sabem quanto custa um Tangente? 800 euros. Digam onde encontrarão um relógio feito em casa, com mão de obra européia, produzido em pouca quantidade ( a Nomos faz cerca de 20 mil relógios por ano) por esse preço?
Claro que a Lange e Glashutte tinham que ficar putas!
Aliás, o Swatch group detonou a Union justamente porque tanto ela quanto Original usavam os mesmos calibres, muito embora fossem mais bem acabados na última, mas a Union cobrava 1/10 do preço nos seus relógios! O consumidor deveria pensar: ora, vou comprar esse tal de Original porque se o Union usa os mesmos movimentos, é feito na mesma fábrica e custa 1/10?
Para encerrar. Ano que vem pretendo ir a Alemanha, que não conheço. Claro, nunca poderá ser uma viagem totalmente temática como a que fiz para a Suíça, onde se RESPIRA relógios. Mas eu pretendo ir a Dresden, até mesmo por outros motivos. E vou a Glashutte. E vou também trazer um relógio da Nomos, de preferência, se puder, comprando-o na própria fábrica. Antigamente eles permitiam visitas à fábrica (a Original ainda permite, até mesmo porque a fábrica foi construída de um modo que dá para circular por lá sem incomodar os trabalhadores: o prédio tem vão central livre).
Flávio