A 2892 é uma excelente máquina, e para o usuário pouca diferença faz. Mas ela não me parece bem resolvida, simplificada; não me parece um projeto bom num geral. Ela funciona perfeitamente, mas desde que alguns pontos cruciais estejam em ordem. Não é um clássico "workhorse", como poderiam ser enquadradas a ETA 2824, quase todas as Rolex, as Valjoux 7750, as Seiko 6119 e várias outras. Todas essas máquinas que citei apresentam desempenho para o usuário igual, mas é sua construção que as permite carregar esse título. Isso, todas elas tem em comum, e isso percebe-se na facilidade de manutenção e as condições em que permanecem em funcionamento mesmo depois de muito mal tratadas. Iria mais longe: são projetadas com tal simplicidade e robustez que saem funcionando bem mesmo depois de revisões desastrosas. Vou citar os pontos específicos:
- sistema de carga: o sistema "Eterna" já não é o sistema mais eficiente e mais "leve" que existe. É um dos menos eficientes bidirecionais que há. No caso da 2892, para piorar, usa-se o molde da primeira patente da Eterna, lá do tempo do Pero Vaz Caminha, que usa somente uma roda inversora. Há um conjunto de 4 rodas, que além de roubar energia considerável, ficam próximas demais umas das outras. Qualquer óleo a mais ali, faz com que todas "colem" e o automático não apenas perde eficiência, mas pára completamente de carregar. Óleo de menos causa desgaste com o tempo e um barulho horrível. É preciso uma lubrificação absurdamente criteriosa, e convenhamos, é uma característica que vai de encontro com o conceito de um projeto bem resolvido, é o oposto dos "workhorses". Ora, outros conseguem fazer a mesma coisa, alguns com a mesma altura total de máquina, e são capazes de funcionar até com "cuspe" sem perder eficiência. Então, comparado com todas as outras máquinas por aí, até com aqueles sistemas de revoir basculante, que é razoavelmente "tosco" como dos JLC 889, esse sistema possui complicantes desnecessários.
- Um detalhe extremamente simples, mas que também não existe em nenhum bom "workhorse": a ponte da rodagem é razoavelmente frágil. No uso, nada muda, e não creio que chegue a deixar a máquina frágil à impactos ou algo assim, mas é o suficiente para necessitar de uma matriz especial para montagem do ponteiro de segundos, cuja função é apoiar a máquina toda e principalmente a ponte da rodagem para que a ponte não empene com a força, que empurra toda a quarta roda para baixo. Claro, toda máquina tem matriz para montar, mas a questão aqui é que ela não é apenas para ajudar a montagem; ela é fundamental na montagem, não há como montar o ponteiro de segundos sem ela, ou algum apoio improvisado que faça seu papel. Claro, estou comparando com extremos, mas um Seiko 6119 ou um Rolex você pode cravar o ponteiro de segundos com uma marreta que não acontece nada.
- a ponte do tambor é ruizinha pacas de se montar. Sem comparação com uma 2824, que é só colocar em cima e ponto final. Possui um conjunto de rodas e uma mola pentelha que vai embaixo da ponte. Só ela é assim.
Em resumo, a 2892 faz tudo que as outras fazem, mas do modo mais complicado possível.
Acho que é mais ou menos por aí.
Abraços!
Adriano