O dia em que a música morreu ....

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O dia em que a música morreu ....
« Online: 03 Fevereiro 2009 às 12:46:00 »
Faz 50 anos que um avião monomotor caiu em um campo coberto de neve em Iowa, matando instantaneamente três homens cujos nomes se tornariam cultuados na história do rock ‘n’ roll. As décadas que passaram não diminuíram a fascinação daquela noite de 2 de fevereiro de 1959 quando Buddy Holly, 22, J.P. “The Big Bopper” Richardson, 28, e Ritchie Valens, 17, se apresentaram em Clear Lake e então embarcaram no avião para um voo planejado de 300 milhas que durou só alguns minutos.

“Foi realmente o primeiro marco do rock ‘n’ roll; a primeira morte”, disse o historiador de rock Jim Dawson, que escreveu alguns livros sobre a música daquela era. “Dizem que essas coisas vêm em três. Bem, todas as três aconteceram ao mesmo tempo”.

Desde quarta-feira, milhares de pessoas se reunem na pequena cidade no norte de Iowa, onde os pioneiros do rock deram sua última performance. Elas foram ao Surf Ballroom para simpósios com os parentes dos três músicos, apresentações com ingressos esgotados e uma cerimônia em que o Hall da Fama do Rock and Roll classificará o edifício como o nono marco nacional.

E todos vão discutir por que depois de tantos anos tantas pessoas ainda se preocupam com o que o compositor Don McLean notoriamente chamou de “o dia em que a música morreu”. “É o local da última performance desses três grandes artistas”, disse Terry Stewart, diretor-geral do Hall da Fama do Rock and Roll em Cleveland. “Merece ser fixado no tempo”.

Clear Lake é um lugar incomum para uma peregrinação do rock ‘n’ roll – especialmente no inverno. A cidade resort que possui um lago homônimo tem dias de inverno em que o frio e o vento tornam a comunidade qualquer coisa, menos um destino turístico. O local da queda está em propriedade privada, a cinco milhas de distância de carro do centro e caminhada de um quilômetro a partir da estrada. O milho cresce em campos adjacentes durante o verão, mas no inverno eles ficam cobertos de neve e o caminho para o pequeno memorial geralmente tem gelo grosso. O memorial tem uma cruz pequena, uma fina guitarra de metal e discos, todos ornados com flores no verão.

“É uma viagem muito mais agradável no verão”, explicou Jeff Nicholas, morador de longa data de Clear Lake que encabeça a diretoria do Surf Ballroom. “Mas no verão, você sente mais o que aconteceu”. Ninguém contabiliza o número de visitantes, mas os fãs fazem uma parada ao longo do ano e em alguns dias do verão os visitantes podem criar um tráfego intenso, estranho em um campo de milho.

Stewart diz que as mortes ainda ressoam porque ocorreram em uma época em que o rock ‘n’ roll estava passando por uma transição de algum tipo. O som de Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Holly estava abrindo caminho para a Invasão Britânica de meados dos anos 1960. “A música estava modificando e mudando naquele momento”, afirmou ele. “O acidente colocou um ponto na mudança”.

Todos os músicos influenciaram o rock and roll à sua maneira. A carreira de Holly foi curta, mas seu estilo vocal soluçado e o talento ao tocar guitarra e escrever músicas tiveram uma influência tremenda mais tarde. Os Beatles, que se formaram na época do acidente, estavam entre seus primeiros fãs e modelaram seu nome a exemplo da banda de Holly, The Crickets. As músicas famosas de Holly incluem "That'll Be The Day," "Peggy Sue" e "Maybe Baby."

Richardson, “The Big Bopper”, geralmente é creditado como o criador do primeiro vídeo de música com sua performance gravada de “Chantilly Lace” em 1958, décadas antes da MTV. E Valens foi um dos primeiros músicos a aplicar a influência mexicana no rock ‘n’ roll. Ele gravou o grande hit “La Bamba” poucos meses antes do acidente.

O avião saiu do aeroporto na cidade próxima de Mason City aproximadamente a uma da manhã em direção a Moorhead, Minnesota, com os músicos querendo fugir de uma cansativa e fria viagem de ônibus pelo norte do meio-oeste. Poucas horas depois, o avião demolido foi encontrado, amassado contra uma cerca de arame. Os investigadores acreditam que o piloto, que também morreu, ficou confuso na noite escura e com neve, e colidiu o avião no chão.

A queda despertou uma onda de lamentos entre os fãs apaixonados, a maioria jovem, por todo o país. Doze anos depois, a queda foi imortalizada como “o dia em que a música morreu” na música de McLean de 1971, “American Pie”.

Vonnie Amosson, que gerencia o hall dos Veteranos de Guerras Estrangeiras em Clear Lake, disse que desde que o avião caiu, a comunidade abraçou a tragédia. É uma sequência continuada de dólares de turismo, e a câmara de comércio da cidade estima que o evento deste ano, apelidado de “Os anos 50 em fevereiro”, vai gerar mais de 4 milhões de dólares para a economia de Clear Lake. “É meio triste o fato de que somos conhecidos por isso”, lamentou Amosson, “mas, em contrapartida, acho que todo esse fim de semana será um grande memorial e uma honra para eles”.

Em parte por conta de seu papel na história do rock, o Surf Ballroom manteve seu visual de época, com uma pista de dança enorme, teto pintado como o céu e máquinas originais de fumaça em cada lado da sala. Dez banners de Buddy Holly estão alinhados na parede oposta do palco. O salão de baile com capacidade para 2.100 pessoas ainda traz muitos artistas nacionais e regionais, sendo que a maioria acrescenta seus nomes em uma parede dos bastidores que agora está cheia de desenhos e assinaturas. “É um lugar bem especial”, disse Nicholas, membro da diretoria da Surf. “Esse lugar parece exatamente como em 1959”.

Fonte : http://musica.ig.com.br/noticias/2009/02/01/morte+de+buddy+holly+e+ritchie+valens+faz+50+anos+3747973.html
« Última modificação: 03 Fevereiro 2009 às 12:49:10 por Daniel »