Nos 46941 ainda mais antigos, o dedo de arraste era de metal também. Não é uma solução boa para esse caso, pois com todas as peças de metal, caso o calendário seja forçado pelo ajuste rápido na fase de mudança, sai detonando tudo: o dedo, a roda, os revoir e principalmente a roda canon, que é de latão.
A adoção do dedo de arraste de plástico já melhora as coisas. Mas a solução com toda a roda e o dedo de plástico é a melhor solução. Além das propriedades autolubrificantes, em caso de ser forçado, apenas uma peça é sacrificada. E ao contrário do que os leigos vão pensar, não é uma questão de custos não: aquela roda ali do 46943 toda de plástico é bem mais complicada e possivelmente mais cara de se produzir do que a simples roda de metal.
Notem também que não apenas a roda do calendário e seu dedo são de plástico (provavelmente Delrin ou Hytrel) como a revoir também.
Uma das coisas que me impressionam na maioria das máquinas japonesas dessa época, e isso se deve em boa parte à Seiko, de onde esse projeto da Orient é derivado, é a maneira como as peças são projetadas para facilitar a manutenção, com molas integradas, parafusos o mais padronizados possível, e etc. Os mecanismo suíços da mesma época eram normalmente bem mais complicados, cheio de "molas voadoras", e outras dificuldades. Parace que levou quase uma década para os suíços começarem a pensar nisso. Mas, quando isso ocorreu, a crise do quartzo chegou e tudo que dizia respeito a relógios mecânicos ficou em stand-by por mais uma década.
Na década de 1980 a indústria suíça de mecânicos foi sobrevivendo com mecanismos antigos. Uma das primeiras "modernidades" que me recordo é o F. Piguet 1180, adotando uma construção, para não dizer filosofia, realmente moderna com a facilidade de manutenção em mente, e já era final da década de 1980. Os cara só começaram a levar a questão do "gargalo da manutenção" a sério no meio da década de 1990, quando perceberam que estavam inundando o mercado de mecanismos mecânicos, ano a ano, e que dali uma década aquilo voltaria tudo para manutenção. Lá para os anos 2000 é que começamos a ver o resultado com calibres realmente inteligentes como o Rolex 4130, Breitling B01 e outros.
Vixe, fugi do assunto? Acho que não muito, se pensar bem.
Abraços!
Adriano