Caros, fui presenteado por um amigo de fórum com uma sucata de um Seiko 7016-5020 que servirá de fornitura para manutenção do meu exemplar.
Nada posso fazer para retribuir o gesto à altura, por isso, o mínimo que pensei em fazer é retribuir ao fórum com um breve desmonte deste mecanismo. O mecanismo foi limpo e remontado sem lubrificação, pois tem o intuito de servir de doador de peças.
Sem enrolação, vamos lá:
O relógio e detalhes de sua construção de caixa, sistema de fixação da luneta por grampo, orifício para acesso à alavanca de liberação da tige, para remover o mecanismo do bloco inferior...
Visão geral do mecanismo, frente e verso, destaque para o prático sistema de fixação dos pés do mostrador por parafuso excêntrico. Vê-se como sua base é compartilhada com todos os 70xx.
Basta remover a ponte do automático para ter acesso às alavancas do crono. Vê-se claramente a simplicidade do sistema, que basicamente é composto por seis peças: alavanca de comando da roda de colunas, roda de colunas, alavanca de zeramento integrada com ambos os martelos, roda dentral do cronógrafo e garfo da embreagem.
Sequência de desmontagem:
Aqui, processo de desmontagem do Diashock, tirando uma perninha da mola, depois outra:
Aqui, sequência da contra-pedra suja e com óleo seco, depois ela completamente limpa e por fim ela corretamente lubrificada. Essa lubrificação fiz somente para ilustrar, pois como disse, montei o relógio a seco pois só servirá de peças. Aliás, ele não funciona pois tem um rubi quebrado na parte do automático e a bucha da roda central do crono está fuzilada. A bucha é a mesma peça que serve de rosca e eixo do rotor. Em algum momento ela foi retirada e remontada, numa tentativa bem ruim de cravar novamente esse eixo. Ou seja, está mal colocado e enferrujado, num ponto crítico do movimento. Não funciona.
Mas voltando à contra-pedra, estas fotos evidenciam como sua desmontagem, limpeza e lubrificação são essenciais para o funcionamento do relógio. Revisão sem isso não é revisão.
E aqui, como falei em um tópico recente, duas abordagens diferentes de remontagem da contra-pedra no bloco. Eu prefiro a primeira, ou seja, levando a contra-pedra ao bloco, ao invés de levar o bloco à contra-pedra virada de cabeça para baixo.
E a remontagem do bloco. Com uma pinça, apoio o centro do bloco por dentro da mola, enquanto com a outra mão monto a mola com o palito de laranjeira. Desse modo, com a pinça por dentro da mola, se ela "espirrar", não perco ela pois ficará presa pela pinça. Não consegui mostrar o processo todo pois só tenho duas mãos e com uma eu tinha que tirar a foto...
E aqui o estado de algumas peças. O pinhão da roda de centro, bem enferrujado, foi razoavelmente salvo com um pincel de fibra. A ponte de base do crono também antes e depois da lavagem e a alavanca integrada principal do crono bem enferrujada, também recuperei com pincel de fibra.
É isso.
Abraços!
Adriano