Olha, de volta à velha questão. A lei suíça define o que seja swiss made. Basicamente, 50% do valor agregado ao movimento feito na Suíça e controle e inspeção finais suíços. E só! Ou seja, é possível que você esteja usando um relógio que seja Swiss Made mas...Bem, ele não é tão swiss made assim. A Tissot por exemplo. Tenho certeza absoluta que as caixas e braceletes da Tissot são feitos no oriente, muito embora sob supervisão suíça, etc, simplesmente porque não poderiam nunca vender algo do preço deles totalmente feito na Suíça. Mas o movimento tem 50% de valor agregado suíço e a inspeção final, controle, etc, são feitos em Le Locle. Para a lei basta.
Para alguns conhecedores e mesmo para a Federação Suíça de relojoaria, isso não basta. Há anos vem tentando uma alteração na lei para subir o patamar para 80%, parece que vai mudar para 60%.
A excelente revista Watch Around tem uma seção em toda edição que procurar conseguir relógios de menos de 5000 dólares que sejam pelo menos 80% suíços (critérios que eles, da revista, defendem). Não é tarefa fácil...
Na Alemanha, até onde eu saiba, isso não foi definido em lei para relógios especificamente (mas existe lei genérica para outras áreas), mas em caso judicial que envolveu a Nomos que, na época (faz uns 10 anos) usava ebauches Peseux suíços e não atingia o critério que, salvo engano, a Lange alegou, de o relógio ser "alemão".
A Nomos retrucou: ora, mas vocês usam molas, escapamento e balanço da NIvarox suíça!
No final das contas, o tribunal da Saxônia definiu mais ou menos a mesma coisa: metade do valor agregado ao movimento deve ser alemão. Isso acabou impulsionando a Nomos, que passou a fabricar tudo em casa, menos rubis e escapamento e, hoje, se gabam de ter pelo menos 85% do valor agregado a TODO O RELÓGIO alemão. Nos relógios deles, só pulseira não é feita na Alemanha (americana), rubis e escapamento (suíço). A Lange tem relógios 99% alemães, mas os rubis, pelo menos, ainda são suíços. Eles estão usando molas próprias agora, assim como balanços.
Mas há coisas estranhas e questionei isso quando visitei Glashutte. A Union era uma PUTA fábrica dentro do Swatch Group, mas que acabava competindo com a Glashutte Original, já que usava os mesmos movimentos, com menos acabamento, mas a um preço MUITO menor. O Swatch Group implodiu a marca, diminuiu seu preço, é verdade, e passou a utilizar movimentos ETA neles. E aí Flávio, eles ainda são Made in Germany? Sim, porque são montados na Saxônia, com caixas feitas na Saxônia (aliás, todo mundo em Glashutte usa caixas do mesmo fabricante, cujo nome esqueci). Mas o movimento é suíço! Sim, mas o rotor - vejam só! - é feito pela Glashutte Original. E no custo total do movimento, só o rotor equivale a 50% do seu valor!
O que quero dizer: nem sempre o swiss made e o made in germany são o que parecem ser.
Mas no caso do relógio citado, há algo muito estranho. Ele não tem a designação de origem no mostrador, mas tem na caixa. Afinal, a caixa é alemã ou querem se passar por relógio alemão? Há algo estranho aí...Digo isso porque o movimento está escrito swiss made!
No final das contas, atualmente, o único relógio MUITO alemão que se pode comprar por lá é o Nomos. O resto são alemães na estética, etc, mas ALEMÃO mesmo, não são.
Flávio