Ah, e consultando meus alfarrábios, achei um catálogo deles da época. Eles faziam apenas o Pythagore, Palladio (crono com Valjoux 7750 sem modificações, mas na melhor configuração, como cronômetro), Palladio dual time (7750 GMT) e uma série limitada, com Valjoux 23 e 72, chamada Phebus (fizeram 50 com velhos 23 e 80 com também velhos NOS 72). Para o aniversário da empresa, em 1998, deveriam ter feito 300 cronos chamados Heritage, MUUUUUUUUUUUUUUUUUITO BELOS, com 39 mm e movimentos NOS Venus 175, mas acabaram construindo apenas uns 100. Essas edições limitadas da Minerva para o seu aniversário são MUITO, MAS MUITO RARAS. Na época custavam cerca de 4000 mil dólares o que, pelos preços que viram acima para GPs, Rolexes, etc, era muita grana. Um Submariner na época não custava 4000 dólares. Hoje, para um relógio desses calibre, 4000 dólares parecem ser uma ninharia, ainda que um bom dinheiro. Mas eram bonitos... Encontrei uma página na net com fotos deles:
http://www.vfcapital.com/Minerva/heritage.htmAtualmente, é possível encontrá-los à venda, com alguma sorte, por cerca de 7 a 8 mil dólares em sites especializados. Uma boa grana? Sim. Mas esses relógios são representativos da última leva da Minerva, depois, a fábrica quebrou e acabou sendo comprada pela Montblanc (pelo grupo da Montblanc).
E que fique claro aos novos. Os relógios atuais Montblanc Villeret (e alguns deles vem escrito Minerva) são muito mais fantásticos e bem feitos que os antigos Minverva. Muito! O purismo ao qual me refiro é que a Montblanc, buscando certa "legitimidade" no mundo dos relógios, foi correr atrás justamente da Minerva e, por uma questão de mercado, acabou por implodir a marca, já que o nome Montblanc tinha muito mais peso.
Mas isso ainda me é estranho, mesmo sabendo que, no final das contas, todas as fábricas são farinha do mesmo saco (pertencem a grupos diversos).
Mas dou a mesma explicação com outra coisa que ainda curto, apesar de não fazer mais de forma esportiva, o ciclismo. Em 1993 eu corria com o apoio da representante Trek no Brasil. Em 1994, a Trek bicicletas já havia comprado a Klein, uma famosa marca, Lemond (idem) e Gary Fisher. Todas eram feitas na mesma fábrica mas com designs completamente diferentes. Quem é do "ramo" sabe. Aos poucos, eles foram implodindo as marcas, que só serviam para agregar valor à Trek enquanto durassem, até que a última - a Fisher- foi extinta ano passado. Hoje existe, dentro da linha Trek, uma tal "Gary Fisher" collection. Não consigo explicar caras, mas eu corri pela Fisher, minha relação com as bikes Fisher sempre foi sexual praticamente! Hoje, as Treks nada mais são do que Fishers com o nome Trek escrito. Compraria uma Trek "wanna be" Fisher? Não. Mas como Flávio! Desde 1994 elas eram feitas na mesma fábrica!
Sim, mas cada uma com sua identidade!
Voltando aos relógios, há coisas que vem para o bem e para o mal, mas mesmo quando vem para o bem, não consigo engolir. Por exemplo. Os relógios Montblanc Vilerett são FANTÁSTICOS, mas eu não compraria, simplesmente porque não consigo ver legitimidade na Montblanc como fábrica de relógios. No entanto, se a mesma Montblanc fabricasse os mesmos relógios, mas com o nome Minerva no mostrador (já que tudo é feito mesmo na antiga fábrica da Minerva, que foi modernizada), eu compraria. Freud explica...
A Blancpain. A Blancpain atual é uma farsa como empresa, já que foi tirada do limbo pelo Jean Claude Biver, que comprou o nome Blancpain. A fábrica já não fazia mais nada. No entanto, acho que possuem legitimidade e, apesar de terem mudado muito o estilo dos relógios, para algo mais classudo, qurendo ou não houve uma perpetuação de tradição. Isso ocorre com os carros. A Lamborghini hoje é da Volks. Mas ninguém nega que eles tenham legitimidade, apesar de toda grana e know how que a Volks injetou na Lambo.
Outro exemplo. Os relógios Graham são singulares? Sim, muito. Bem feitos? Claro, não posso negar! No entanto, o que tem a ver Graham, que nunca fabricou relógios em escala industrial e, para dizer, levou seu nome para o túmulo quando morreu, há trocentos anos, com a Graham atual. Nada! Pior: Graham era inglês e os relógios são suíços! Pior ainda: seguem estilo suíço, não inglês, que é bem característico. Pelos mesmos motivos acima, mas invertidos, não compraria um Graham. Não pelo que são, mas pelo nome que colocaram no mostrador. Se tivessem criado uma marca, por exemplo, Maharg (Graham ao contrário), talvez quisesse comprar. Freud também explica. Essa busca de "legitimidade" no mercado de luxo através de ressuscitar os mortos ou assassinar vivos é muito estranha...
Flávio