Menu principal

Caixa em Cerâmica: Vantagens X Desvantagens

Iniciado por João de Deus, 01 Fevereiro 2013 às 21:21:33

tópico anterior - próximo tópico

Adriano

Não é o carbeto de tungstênio. Raros relógios foram feitos com esse material, como alguns Rado mais antigos e uns Omega Seamaster também.

A cerâmica normalmente usada é dióxido de zircônio, que tem uma densidade mais ou menos entre 5,5 e 6 g/cm³. Essa é a cerâmica clássica dos Rado, e os IWC mais antigos. Mas têm se usado bastante atualmente o carbeto de titânio. É mais leve.

Agora, pode ser usado também um material composto de cerâmica, o que deixa ele ainda mais leve. Não sei se essa cerâmica que tem sido usada nos IWC modernos e Panerai é carbeto de titânio. Eles são, realmente, mais leves do que se espera. Mas acho que o núcleo das caixas é de titânio, e não aço, o que ajuda no alívio do peso.

Recentemente manuseei os Chanel que são de um material cerâmico de titânio. Suponho que seja o carbeto de titânio e eles são levíssimos! Na verdade, tão leves quanto o titânio mas resistentes a riscos como a cerâmica traidicional de dióxido de zircônio. Impressionante.

Abraços!

Adriano

flávio

Mais ou menos fora do tópico, uma experiência com o titânio utilizado em bicicletas, de grade aeronáutico (3% alumínio e 4% vanádio na composição. O resto titânio). A cor natural do titânio é grafite e, ao contrário do que o povo acha, arranha muito e oxida (forma uma pátina estranha, quem conhece o material sabe o que estou dizendo).

No caso dos fabricantes atuais de titânio (em bicicletas), há alguns que só utilizam o titânio na sua "cor" original. Exemplo da Moots.

http://mtobikes.com/wp-content/moots-titanium-mountain-bike-frame.jpg

Há, porém, aqueles que fazem um polimento trabalhoso e lustroso parecido com alumínio, exemplo a Lynskey.

http://www.mirrorfinishpolishing.com/PICTURES/POLISHING-PARTS/BICYCLE-PARTS/CHROME-LIKE-POLISHING-BICYCLE-PART-57.JPG

O titânio polido, não sei porque, simplesmente não arranha, ou é muito difícil de arranhar.

Eu nunca vi relógios de titânio com um polimento tão brilhante como o da Lyskey, mas talvez fosse o caminho entre os fabricantes. Digo isso porque meu único relógio de titânio é um Tissot Touch em cor natural, que recebe uma camada de verniz, sei lá o que é, para proteção conta arranhões. Mas se polir, detona tudo.

Seria legal ver um relógio nos moldes da Lynskey, com as propriedades anti alérgicas do titânio, polimento de aço, leveza, e sem os problemas de arranhões.

Flávio

heracles

Citação de: Alberto Ferreira online 05 Fevereiro 2013 às 13:54:55
Certamente não é carboneto (carbeto) de tungstênio.

A questão é que o termo "cerâmica" se tornou (comercialmente) bastante "amplo" e "genérico".
Pode até ser algo não sinterizado (como são os carbetos, onde há uma matriz de cobalto com "grânulos" de tungstênio), mas algo que tenha apenas a característica da dureza e da resistência a riscos.

Eu trabalhei muito tempo no projeto de equipamentos de perfuração de rocha, onde as ferramentas (as brocas) são "calçadas" com pastilhas (ou "botões") de carboneto de tungstênio, e na verdade há diversos nomes comerciais (marcas) para as diferentes formulações, etc.

E usar o termo "cerâmica", de maneira comercial, é mais ou menos como falarmos em "plástico", de forma genérica.
Sim,...  Plásticos...  Mas qual deles?

Alberto


Concordo com Alberto, sem falar que existe compostos "particulares" com teores, materiais e ligas especiais para uso definido e exato.

Na área de prospecção de petróleo nos usamos o termo "Metal duro" e temos ainda um "composto-metal duro" ou "especia"l
Que é a adção de grânulos de diamante além de outros materiais ( não lembro, havendo um próximo embarque pergunto ao especialista )

Fico pensando o uso dessa tecnologia em caixas de relógio...
é lógico não levando em conta os valores já que uma broca especial custa
mais caro que um excelente carro.

Abraço
Heracles



Alberto Ferreira

#23
E há uma vertente interessante.

Nos materiais sinterizados, os pós (da matriz e dos grânulos do material duro) são misturados nas proporções exatas e prensados em um molde.
E a sinterização em si, por aplicação de calor (menor que o ponto de fusão dos pós) e compressão, torna a peça em um bloco único e muito duro.

Isto, se aplicado nos relógios, poderia permitir formatos específicos, sem a necessidade de muitas usinagens (e/ou polimentos - caros) em certos pontos da caixa.

Aquele meu Rado vintage, mostrado aí acima, como dito pelo amigo Adriano, é de carboneto de tungstênio, basicamente o mesmo material das brocas de perfuração de rochas ou das ferramentas de corte (usinagem mecânica).

Mas, no caso dos relógios, como nós vimos, isso já é mesmo coisa do passado.

Os materiais evoluem constantemente, o que torna esta vertente da Engenharia de Materiais simplesmente fascinante.

Alberto

PS:
Se eu pretendesse corrigir aquela "lascada" vista na aresta da caixa do meu Rado eu teria que usar ferramentas diamantadas (rebolos de granas específicas).

É assim que são "afiadas" aquelas brocas que eu mencionei, muitas vezes apenas para (com o polimento) retirar as microfissuras que acumulariam tensões e partiriam a pastilha sob os impactos do uso. As perfuratrizes são roto-percussivas.

João de Deus

E quanto à Cerâmica que se quebra?

Veja fotos de um IWC Pilot Cerâmica quebrado::

http://superiorwatch.com/scans/how.hard.doc

João
João

Alberto Ferreira

João,

Neste caso...


Fonte da imagem: o site citado na mensagem anterior.

Eu creio que nada poderia ser feito para restabelecer as características originais da caixa, no que tange à integridade e à resistência como um todo.

Esteticamente falando, eu não sei dizer se haveria alguma solução aceitável.

Alberto

heracles

Acho que esteticamente da pra fazer uma "gambiarra"
se não houve perda de pedaços da caixa.

Por outro lado quem tem bala para uma peça dessas manda colocar
outra caixa e pronto!

Sim usinagem em larga escala tem de ser de carbeto.
Bocas de aço rápido ou outro materia não aguenta.

Sim é necessário um rebolo especifico diamantado.

Até certo ponto da para "afiar" ferramentas de carbeto
No caso das brocas de perfuração de poços existe vários
tipos de modelos para muitas aplicações diferentes com peças
móveis ou não, em geral não afiamos esse tipo específico de brocas
( eu sei que você sabe disso ) só estou completando o raciocínio.

Na tornearia mecânica com gabarito e rebolo certo é comum "afiar"

"A engenharia de Materiais simplesmente fascinante" concordo plenamente!!!

Abraço
Heracles

Alberto Ferreira

Ainda no off-topics...
Sim. Nós não falamos das ferramentas para perfuração de poços de petróleo.
Aí, literalmente, o buraco é (muito) mais embaixo.

O leigo talvez custe a acreditar...
Mas na indústria de perfuração de óleo a regra é...
Saiu do furo, não volta.

O custo da simples possibilidade de uma ferramenta quebrar num daqueles poços profundos, imaginem a 3.000 metros de profundidade, por exemplo, literalmente proíbe.
Usou uma vez, mesmo que por poucos metros, tirou, troca.

As ferramentas são reutilizadas em outras perfurações, poços de água por exemplo. São revendidas para tal.


E... Voltando ao nosso tema.
A imagem, guardadas as proporções, de certa forma talvez valha um pouco para a caixa do IWC...
Quebrou?  Troca!
Não tem "sentido" tentar consertar, pressupondo as condições financeiras, é claro.

Alberto

Adriano

Citação de: flavio online 05 Fevereiro 2013 às 14:45:10

Eu nunca vi relógios de titânio com um polimento tão brilhante como o da Lyskey, mas talvez fosse o caminho entre os fabricantes. Digo isso porque meu único relógio de titânio é um Tissot Touch em cor natural, que recebe uma camada de verniz, sei lá o que é, para proteção conta arranhões. Mas se polir, detona tudo.


Flávio

Patrão, de onde você tirou esse negócio de verniz? Não, seu T-Touch não tem nada não. É titânio puro. Se riscar, é polir normalmente, como aço. O que existe sim é o T-Touch de "titânio polido", que na verdade é um titânio com um revestimento PVD prata, como se fosse uma folheação prateada. Esse sim, não pode polir de jeito nenhum. É como um relógio folheado: riscou, lascou-se.


Citação de: flavio online 05 Fevereiro 2013 às 14:45:10

Seria legal ver um relógio nos moldes da Lynskey, com as propriedades anti alérgicas do titânio, polimento de aço, leveza, e sem os problemas de arranhões.

Flávio

Humm, já vi polimentos em Seiko de titânio que dá um acabamento muito, muito bom. Não dá o lustre do aço inox, e nem acredito que essa bike aí, olhando de perto, dê também. Mas é um puta acabamento. Outro assim também é o Speedmaster Solar Impulso. Animal. O acabamento dá, mas a resistência a risco não.

Nesse outro sentido, tem o Duratect da Citizen, aquele que vai no Autozilla. O acabamento é escovado, mas aquela porcaria não risca nem a paulada, literalmente. Quer dizer, já vi um acabamento Duratect sobre o aço todo riscado. Num "The Citizen", por sinal. Mas não vou revelar o nome do dono do relógio.  ;D Mas que tá todo riscado, tá.

Abraços!

Adriano


rpaoliello


No final acabei não entendendo.

As caixas dos relógios são em carbeto de tungstenio, popular "wídia", ou são somente as brocas de impacto?

Diga-se de passagem, se realmente for a caixa do relógio qual a vantagem a não ser de quebrar na primeira pancada.

Eu também já usei brocas e fresas com este material inclusive recobertas com PVD. Só para ter uma idéia da fragilidade do material; se for usar na máquina em comando manual, sem avanço automático ou CNC era uma vez...uma boa fresa ou broca.

Um abraço.

Renato

Alberto Ferreira

Citação de: rpaoliello online 05 Fevereiro 2013 às 20:36:56
...

As caixas dos relógios são em carbeto de tungstenio, popular "wídia", ou são somente as brocas de impacto?

...


Só nos mais antigos, Renato.
Como o Rado que eu mostrei, dentre outros vintages.
Os relógios mais modernos não usam mais o carbeto de tungstênio em suas caixas endurecidas (ditas hoje como sendo "de cerâmica" - aqui um termo "genérico" para este tipo de material duro) os materiais são os mencionados nas mensagens anteriores.


Bom,...
Aquelas brocas (das perfuratrizes roto-percussivas) até hoje têm pastilhas (assim nós chamamos os bits - os insertos) de Widia - Wi e Diamant - Como o Diamante...), sim...
Mas esta é uma marca registrada.

Por exemplo, na empresa em que eu trabalhei nós chamávamos a coisa (um produto similar à Widia) de Coromant!
Mas ambas são marcas comerciais...   ;)  8)

Alberto

rpaoliello

Alberto, muito obrigado pela resposta.
Muito interessante o uso na caixa de relógio. Tenho um certo receio apenas por ser um pouco quebradiço. De qualquer forma engenhoso.

Muito obrigado.




Renato

Adriano

Citação de: Alberto Ferreira online 05 Fevereiro 2013 às 16:08:52
João,

Neste caso...


Fonte da imagem: o site citado na mensagem anterior.

Eu creio que nada poderia ser feito para restabelecer as características originais da caixa, no que tange à integridade e à resistência como um todo.

Esteticamente falando, eu não sei dizer se haveria alguma solução aceitável.

Alberto

Se isso acontecer, a primeira providência é puxar uma cadeira... pra poder sentar e chorar. A segunda, é tratar de trocar a carrure. Lembrando denovo, que não é a caixa completa, mas a carrure.

Ou, faz como alguns por aí e...




Moral da história: não quer passa por isso? Compre relógio de aço.

Abraços!

Adriano

vinniearques

Citação de: Adriano online 05 Fevereiro 2013 às 22:45:55


Moral da história: não quer passa por isso? Compre relógio de aço.

Abraços!

Adriano

E que na minha opinião é bem mais bonito que de cerâmica!

Alberto Ferreira

Adriano,
Acaba de me ocorrer uma coisa, ilustrar aqui para os colegas o que é a carrure e a caixa como um todo, num mesmo relógio.

Eu não tenho fotos aqui. Você teria?

Alberto

Adriano

Imagens eu não tenho agora. Vou tentar explicar em palavras, mas não é simples pois a diferença entre caixa e carrure, QUANDO EXISTE, não é clara, pois na maioria dos casos, os termos se confundem.

A carrure (em francês, ou carrura em português, ou middle-case em inglês) é a parte intermediária da caixa ou a parte que envolve uma caixa interna, caso ela exista. A carrure não obrigatoriamente tem função estrutural; a caixa sim. Na maioria dos relógios a caixa é a própria carrure, ou seja, a parte intermediária da caixa onde vão instalados os tubos, pulsadores, lunetas, vidros, tampas do fundo. Mas em outros, como é o caso desse IWC, a caixa dá estrutura ao mecanismo, e nela são instaladas os tubos, pulsadores, vidro, fundo, etc. Sobre essa caixa vai uma carrure de cerâmica, que dá a forma ao relógio e também prende a pulseira, mas não tem função estrutural.

Vou dar uma busca em imagens para clarificar quando uma carrure é algo totalmente separado da caixa e quando as duas são a mesma coisa.

Abraços!

Adriano

shun

Pode-se dizer que um G-Shock antigo, com caixa em aço e fundo de rosca é um exemplo disso?

Adriano

Citação de: shun online 06 Fevereiro 2013 às 10:33:34
Pode-se dizer que um G-Shock antigo, com caixa em aço e fundo de rosca é um exemplo disso?

Exato!!!

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Adriano,
E aquilo que nós podemos ver através do "buraco" da foto do IWC aí acima, é parte da caixa de aço ou já seria o movimento?

Alberto

Adriano

Aquilo é a caixa mesmo! A caixa "interna". Não sei dizer se ela é de aço ou titânio, mas é a caixa. O mecanismo está devidamente protegido lá dentro. Os tubos, pulsadores, vidro, tampa do fundo, vai tudo montado nessa caixa aí que você está vendo lá dentro. A carrure de cerâmica é só uma espécie de "capa" que vai sobre a caixa.

Um exemplo clássico também, que tenho um: os Seiko 7016 retangulares. Não tenho foto dos meus mas achei fotos na internet que exemplificam bem mais um caso em que a caixa e a carrure são peças diferentes. O núcleo é a caixa. É onde vai o movimento, os tubos, etc. A "capa" externa é a carrure.




Fotos deste tópico: http://forums.watchuseek.com/f366/1974-seiko-7016-5011-monaco-chronograph-review-284371.html


E mais esta:



Deste site: http://kimama-sennin.eco.coocan.jp/watch/collection/23_seiko7016coaxial.htm


Abraços!

Adriano